Magnetismo e Fluidos
FRANZ
ANTON MESMER
Nasceu em 23
de maio de 1734, e pertencia a uma família numerosa, na região de Iznang,
território atual da Alemanha, fronteira com a Áustria e a Suíça.
Aos nove
anos de idade, foi encaminhado pelos pais ao monastério Reichenau, em
Constança, onde receberia uma formação refinada, despertando a sua paixão para
as ciências e a música.
Aos quinze
anos recebeu uma bolsa de estudos para uma Universidade em Dillingen, onde
permaneceu por quatro anos, estudando filosofia, e complementou seus estudos em
Teologia na Universidade de Ingolstadt, por mais cinco anos.
Em 1759, aos
vinte e cinco anos, estabeleceu-se em Viena, Áustria, onde cursou Direito
durante um ano para, posteriormente, ingressar na Universidade de Viena, onde,
finalmente, dedicar-se-ia a Medicina.
Tomou-se
doutor em Medicina em 1765, através de uma dissertação sobre a influência dos
planetas sobre o corpo humano.
Nesta tese,
Mesmer nomeou de magnetismo animal a propriedade do corpo animal que o toma
sensível a ação dos corpos celestes e da terra. Ele utilizou a expressão fluido
universal para designar a origem de todas as forças do universo tais como a
gravidade, o magnetismo, a luz, a eletricidade, e tudo o mais que nele existe.
Este mesmo
conceito foi resgatado por Allan Kardec em 1857, na obra “O Livro dos
Espíritos”.
Cada força
encontrar-se-ia em um estado diferente de vibração, mas com a origem comum no
fluido universal.
Suas ideias
foram desenvolvidas a partir da observação dos fatos, ou seja, dentro do método
científico. Por exemplo, em uma determinada ocasião, Mesmer observou, ao
aproximar-se de um ferido de guerra, que o sangramento do ferimento do soldado
cessava quando ele, Mesmer, dirigia a sua atenção para a lesão.
Quando ele
se afastava, o sangramento reiniciava. Repetiu os movimentos várias vezes e
estabeleceu uma relação de causa e efeito entre a sua vontade e o fenômeno
observado.
Inicia-se o
desenvolvimento de toda uma ciência do magnetismo animal.
Embora a
constatação do fluido proposto por Mesmer não fosse possível cientificamente, a
aplicação de sua terapêutica em inúmeros pacientes, com resultados positivos,
era uma prova indireta de sua teoria.
Inúmeros
casos corroboram essa afirmativa, como o caso da Senhora de Berny que o
procurou, com um quadro de cegueira parcial, insônia, dores nos braços, na
cabeça, no abdômen, além de melancolia. Ela já havia sido avaliada por quatro
médicos tradicionais, submetida a diversos tratamentos da medicina oficial daquela
época, sem melhora da sintomatologia apresentada. Após dois anos de tentativas,
procurou Mesmer e através de sua terapêutica apresentou regressão completa de
todos os sintomas, inclusive da cegueira.
Nos
primeiros tempos, muitos magnetizadores como Mesmer utilizavam alguns
instrumentos como a tina (“baquet”), a varinha de metal, a magnetização das
águas, de garrafas e de árvores para que o magnetismo animal fosse aplicado. Estes
objetos serviriam como facilitadores da ação do magnetizador.
Entretanto,
pouco tempo depois, Mesmer passa a praticar a imposição de mãos, a utilização
de sopros, já que ele acreditava que a vontade do magnetizador tinha grande
importância no alivio e nas curas dos enfermos que o procuravam. Além disso, o
recurso do sonambulismo passa a ser aproveitado como uma importante medida
terapêutica.
Mesmer
transfere-se para Paris em 1778, na esperança de demonstrar seus postulados,
baseados na ciência do magnetismo animal, e esclarecer seus métodos
terapêuticos para uma infinidade de doenças. Não foi bem aceito nem pela
sociedade médica, nem pela cientifica.
Logo as
opiniões científicas foram sendo divididas, e foi se formando uma oposição
sistemática as suas ideias.
Em 1781, publicou
em Paris a obra: “Resumo Histórico dos Fatos Relativos ao Magnetismo Animal”.
Através de
suas técnicas auxiliou inúmeros pacientes, principalmente os que não
encontravam alivio na Medicina oficial da época.
Sua
contribuição não se restringiu apenas a Medicina.
As obras de
Mesmer apresentam assuntos variados quanto a Filosofia, a Física, a Fisiologia
e a Sociologia. A ciência do magnetismo animal abriu caminho para outras
ciências como a Psicologia e a própria Ciência Espírita.
Mesmer pode
ser considerado um grande humanitário; defendeu suas teorias até o final de sua
vida, com persistência e vigor invejáveis, apesar de todas as perseguições
sofridas.
Sua
trajetória demonstra uma luta imensa, não por prestigio ou renome, que ele
poderia ter adquirido como médico dedicado que era, mas por querer ir além do
óbvio e confortar os que não encontravam alivio na ciência oficial.
Em 1815,
desencarnou na região de Suábia, atual Alemanha, deixando ao mundo sua
exemplificação e um passo adiante no conhecimento da alma humana.
ALLAN
KARDEC E O MAGNETISMO
Hippolyte
Léon Denizard Rivail iniciou o estudo sobre magnetismo animal por Volta de
1823.
Buscou
estudar o magnetismo animal e o sonambulismo durante trinta e cinco anos, mesmo
antes de tomar-se o codificador da Doutrina Espírita. Dedicou-se,
principalmente, ao estudo do sonambulismo, em todas as suas fases.
Allan Kardec
tornou-se um estudioso do magnetismo.
Chegou a
participar da Sociedade de Magnetismo de Paris, dirigida à época pelo barão de
Potet, considerado um magnetizador da segunda geração, o qual utilizava
técnicas para provocar o sonambulismo.
Fez bons
amigos entre os magnetizadores, pois não podemos esquecer que foi o Sr. Fortier
experiente magnetizador, que chamou a atenção do futuro codificador espírita
para o fenômeno das mesas girantes, como relatado em “Obras Póstumas”:
(Fortier) –
Sabeis que se acaba de descobrir no magnetismo uma singular propriedade? Parece
que não são somente as pessoas que se magnetizam, mas também as mesas que giram
e andam a nossa vontade.
(Kardec) - E
com efeito singular; respondi-lhe; mas isso não me parece rigorosamente
impossível. O fluido magnético, espécie de eletricidade, pode muito atuar sobre
os corpos inertes e fazê-los mover Tempo depois, tornei a encontrar Fortier que
me disse:
(Fortier) -
Mais extraordinário do que fazer uma mesa girar e andar é fazê-la falar:
perguntam e ela responde.
(Kardec) -
Isso é outra questão, respondi-lhe. Só acreditarei se ver ou se me provarem que
a mesa tem cérebro para pensar, nervos para sentir e que pode tomar-se
sonâmbula. Até então, permita-me que considere isso uma história fabulosa.
Este fato
impulsionou a curiosidade e a sede de saber de Kardec para que buscasse
respostas ao fenômeno das mesas girantes, e em pouco tempo, todo um mundo novo
se descortinou aos olhos do grande pesquisador e pedagogo, culminando com a
codificação de “O Livro dos Espíritos” em 1857.
Já nesta
obra, ao comentar a questão 555, Kardec refere-se à importância do magnetismo:
“O Espiritismo e o magnetismo nos dão a chave de uma infinidade de fenômenos
sobre os quais a ignorância teceu muitas fábulas, em que os fatos são
exagerados pela imaginação...”
Complementando
essa assertiva, o codificador assinala na “Revista Espírita” de 1858: “O
magnetismo preparou o caminho do espiritismo, e os rápidos progressos desta
última doutrina são incontestavelmente devidos as vulgarização das ideias sobre
a primeira. Dos fenômenos magnéticos, do sonambulismo e do êxtase das
manifestações espíritas há apenas um passo; sua conexão é tal que, por assim
dizer é impossível falar de um sem falar de outro”.
Com o
desenrolar das pesquisas e dos estudos, Kardec expandiu a Ciência Espírita a
partir do conhecimento do magnetismo, ampliando- a sobejamente com as
informações obtidas através do mundo espiritual. Em “O Livro dos Médiuns”, em
1861, buscou deixar bem claro a diferença entre a terapêutica magnética propriamente
dita e a mediunidade de cura. A magnetização comum seria uma forma de
tratamento, com sua própria técnica sequencial, enquanto nos médiuns curadores,
a faculdade é natural, afiançada pela intervenção espiritual, sem a qual não
seria possível a cura.
A pesquisa
de Kardec continuou e vemos na obra “A Gênese”, de 1868, todo um
desenvolvimento sobre os fluidos, inclusive o magnético, sem os quais não seria
possível a explicação sobre muitos dos fenômenos tidos como “sobrenaturais” ou
“milagres”, dando uma nova dimensão da atuação de Jesus entre nós e da nossa capacidade
de, em o seguindo, fazer, como ele mesmo disse, o que ele fazia e muito mais.
Diante dessa
cumplicidade de ideias entre os dois pensadores, não nos surpreende a
existência de comunicações de Mesmer, já no mundo espiritual, na “Revista
Espírita”, como a de 1864:
“A vontade
tanto desenvolve o fluido animal quanto o espiritual, porque, todos sabeis
agora, há vários gêneros de magnetismo, em cujo numero estão o magnetismo
animal, e o magnetismo espiritual que, conforme a ocorrência, pode pedir apoio
ao primeiro. Um outro gênero de magnetismo, muito mais poderoso ainda, é a prece
que uma alma pura e desinteressada dirige a Deus”.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
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sobre a importância do Magnetismo para a Doutrina Espírita
Fonte da imagem: Internet Google.
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