Esmola e Oração
Esmola
“Guardai-vos
de praticar a vossa justiça diante dos homens para serdes vistos por eles. Do
contrário, não recebereis recompensa junto ao vosso Pai que esta nos céus. Por
isso, quando deres esmola, não te ponhas a trombetear em publico, como fazem os
hipócritas nas sinagogas e nas ruas, com o propósito de ser glorificados pelos
homens. Em verdade vos digo: já receberam sua recompensa. Tu, porém, quando
deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, para que
tua esmola fique em segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará.”
(Mt 6:1-4).
Neste trecho
do Evangelho de Mateus, temos ainda a continuação dos amorosos conselhos de
Jesus no Sermão da Montanha. Jesus ensina-nos a fazer simplesmente o bem pelo
bem, sem desejar ser reconhecido ou aclamado por nossa ação, sem esperar
receber alguma vantagem seja ela qual for, sem nenhuma ostentação, visando
unicamente o alívio e o auxílio do necessitado, tomando o cuidado de poupá-lo
em sua sensibilidade e dignidade humana, sem expô-lo a humilhações e cobranças
de qualquer espécie. Essa atitude acrescenta a caridade material outra muito
maior: a caridade moral.
Em “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. XIII, item 3, diz Kardec: “Fazer o bem
sem ostentação tem grande mérito. Esconder a mão que dá é ainda mais meritório,
é o sinal incontestável de uma grande superioridade moral”. [...] “É
necessário, numa palavra, colocar-se acima da Humanidade, para renunciar a satisfação
do testemunho dos homens e esperar a aprovação de Deus”.
E ainda no
mesmo item: “Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita é uma figura que
caracteriza admiravelmente a beneficência modesta. Mas, se existe modéstia
real, também existe falsa modéstia, o simulacro da modéstia, pois há pessoas
que escondem a mão, tendo o cuidado de deixar perceber que o fazem”.
E, como
disse Jesus, estes já receberam a sua recompensa, pois obtiveram o que
desejavam: serem vistos, reconhecidos, elogiados; e é isso o que terão; somente
a recompensa terrena.
Se assim é,
o que dizer daqueles que além de exibirem o bem que fazem, exaltando a própria
generosidade, cobram dolorosa e cruelmente daquele que recebeu a ajuda que lhe
foi prestada? Para estes, não haverá, decerto, nem mesmo a recompensa do
reconhecimento humano, pois sua vaidade e orgulho não serão alimentados pela
satisfação de serem considerados benfeitores e não receberão as bênçãos de
ninguém...
E continua
Kardec “[...] há quem aceite um serviço, mas recusa a esmola”. Converter um
serviço em esmola, pela maneira que é testado, é humilhar o que o recebe, e há
sempre orgulho e maldade em humilhar a alguém.
A verdadeira
caridade, ao contrario, é delicada e habilidosas para dissimular o benefício e
evitar até as menores possibilidades de melindre, porque todo choque moral
aumenta o sofrimento provocado pela necessidade. Ela sabe encontrar palavras
doces e afáveis, que põem o beneficiado a vontade diante do benfeitor enquanto
a caridade orgulhosa o humilha. O sublime da verdadeira generosidade está em
saber o benfeitor inverter os papéis, encontrando um meio de parecer ele mesmo
agradecido àquele a quem presta o serviço. Eis o que querem dizer estas
palavras: “Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita”.
Muitas
pessoas se eximem de fazer a caridade por se considerarem sem condições
financeiras para tanto.
Outras, por
estarem envolvidas em tantas atividades na vida que não tem tempo disponível
para pensar no próximo.
Muitas vezes
estas pessoas se limitam a dar esmolas de maneira esporádica e aleatória para
alguém que lhes peça ou contribuir para alguma instituição, mais para aliviar
sua consciência ou livrar-se do que já não lhes é útil, do que para praticar
verdadeiramente a caridade.
É bom
lembrar que não precisamos ter posses para fazer a caridade; podemos exercê-la
distribuindo donativos, sim, mas também por inúmeras outras ações. Mais do que
isso, podemos exercitá-la por gestos, olhares, palavras e pensamentos.
Não há lugar
no Universo que não possa ser alcançado por um ato de amor: podemos deixar
fluir do nosso coração o amor e o desejo do bem para toda a Humanidade;
respeitar a nos mesmos, o próximo, a Natureza; orar pelos que sofrem e pelos
doentes; saber ouvir, saber calar e também saber falar; acolher com palavras e abraços;
distribuir sorrisos e bom humor. Podemos escrever e ensinar e humildemente,
sempre aprender; podemos educar com firmeza e doçura, corrigir com carinho,
estimular e apoiar, sustentar os que fraquejam, levantar os que caíram,
suportar sem revolta o desequilíbrio do companheiro; usar de paciência e compreensão;
esquecer as queixas; cooperar espontaneamente fazendo da solicitude uma rotina
em nossa vida; podemos aprender a perdoar, e mais ainda, podemos exemplificar,
com a nossa vida, o verdadeiro sentido da caridade ensinada por Jesus...
A esmola é a
caridade mais fácil de praticar, exige pouco de nós... Mas, se bem direcionada
ela é o prelúdio do sentimento de compaixão que nos envolve à medida que
compreendemos que a caridade é a base da convivência social e o próximo é o
instrumento que nos oferece a oportunidade de evoluir espiritualmente.
A caridade
material é a que se traduz pela doação de algum valor como alimentos, roupas,
remédios e outros objetos, muitas vezes desnecessários ou dispensáveis a quem
os possui, mas de primeira necessidade para quem os recebe; portanto, deve ser
praticada com amor e com equilíbrio, acompanhada, sempre que possível, de um
olhar ou sorriso amigo e de alguma outra ajuda que permita ao necessitado ir
abandonando essa condição, para que no futuro, possa caminhar por si mesmo e
aprender, ele também, a dividir e auxiliar.
A caridade
moral é a essencial, não depende de bens terrenos ou materiais para ser
praticada, não custa nada, mas é mais difícil de exercer, pois pede
sensibilidade e o esforço da conquista interior de Valores como a tolerância, a
indulgência, a mansuetude, a simplicidade de coração, a empatia, o perdão; pede
também a vontade de compartilhar e acolher e o desejo da prática do bem
incondicionalmente.
No Novo
Testamento, na Primeira Carta de Paulo aos Coríntios, Cap. 13, está escrito o
mais belo Hino a Caridade, nas palavras poéticas e amorosas de Paulo:
“Ainda que
eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse a caridade,
seria como bronze que soa ou como címbalo que tine. Ainda que eu tivesse o dom
da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que
tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se eu não tivesse a
caridade, nada seria. Ainda que distribuísse todos os meus bens aos famintos,
ainda que entregasse meu corpo às chamas, se não tivesse a caridade, isso nada
me adiantaria... Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade
jamais passará... Agora, portanto, permanecem fé, esperança, caridade, essas
três coisas. A maior delas, porém, é a caridade”.
A
ORACAO
“E quando
orardes, não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de fazer oração
pondo-se de pé nas sinagogas e nas esquinas, afim de serem vistos pelos homens.
Em verdade vos digo: já receberam sua recompensa. Tu, porém, quando orares,
entra no teu quarto e, fechando tua porta, ora a teu Pai que esta lá, no segredo;
e teu Pai, que vê no segredo, te recompensará. Nas vossas orações, não useis de
vãs repetições, como os gentios, porque imaginam que é pelo palavreado
excessivo que serão ouvidos. Não sejais como eles, porque vosso Pai sabe do que
tendes necessidade antes de lho pedirdes.” (Mt 6:5-8).
A leitura
deste trecho do Novo Testamento nos remete à história do Fariseu e do
Publicano, na qual o primeiro se colocava em evidência no templo, alardeando em
altas vozes as suas preces enquanto o Segundo o fazia humildemente, silencioso,
no fundo da sinagoga, falando com Deus no seu coração.
Jesus
definiu claramente como devemos orar, sem orgulho, sem excesso de palavras ou
palavras vazias de sentimento, recolhidos interiormente, conscientes de que não
é preciso estar continuamente solicitando favores e “milagres” ao Pai, pois Ele
esta na essência de cada um de nos e conhece bem as nossas necessidades e
merecimentos.
Na obra
“Emmanuel” encontramos que: “a prece deve ser cultivada, não para que sejam
revogadas as disposições da Lei Divina, mas a fim de que a coragem e a
paciência inundem o coração de fortaleza, nas lutas ásperas, porém
necessárias”.
Deus nos
oferecerá sempre os meios para vencermos as nossas tribulações e dificuldades,
mas como Pai e educador justo e amoroso, receberemos Dele na exata proporção do
nosso merecimento e necessidade; Ele jamais fará por nos aquilo que somos
capazes de realizar.
No livro
“Cartas do Coração”, psicografia de Chico Xavier, Isabel Campos nos diz: “A
prece é como que uma escada invisível, por onde subimos aos mais altos campos
da experiência humana. Por intermédio dela, nossa alma recebe forças
multiplicadas e só mesma junta a essa fonte bendita, poderemos encontrar o
suprimento de energias com que vamos vencendo as provas redentoras.”
Jesus
convidou-nos não apenas a orar, mas também a vigiar; não vigiar os companheiros
de caminhada, mas a nos mesmos, nossas atitudes e pensamentos. Quando vigiamos
a nos mesmos, conseguimos perceber as nossas reais necessidades e também as possibilidades
que surgem para auxiliar-nos sempre, a quem quer que seja, sem julgar ou
condenar, sem cobranças, sem orgulho, sem vaidade...
Em “Agenda
Crista”, André Luiz escreve: “Vigiar não é desconfiar. É acender a própria luz,
ajudando os que se encontram nas sombras”.
MODO
DE ORAR
Podemos orar
para pedir, para louvar e para agradecer; por nós mesmos e pelos outros, os que
estão caminhando conosco nesta jornada física e os que já partiram para o Plano
Espiritual.
Oramos
principalmente para pedir, sem nos lembrarmos de que os desígnios de Deus são
perfeitos, mesmo que não os compreendamos naquele momento.
Dificilmente
nos lembramos de agradecer. Podemos transformar o próprio viver numa oração,
quando vivemos em harmonia com a lei natural, com os ensinamentos de Jesus,
estando bem conosco e com os outros.
O jeito de
orar, o lugar, a hora, a posição física, não têm nenhuma importância; o poder
da prece está no nosso pensamento. O que isso significa?
A prece é
uma forma de nos ligarmos ao Plano Espiritual: através dela nos colocamos em
ligação mental com o Pai, Jesus ou outros seres a quem direcionamos o nosso
pensamento.
Quer dizer
que quando oramos com o nosso sentimento mais sincero, a nossa mensagem chega
ao seu destino, onde quer que seja.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Comente com
suas palavras: “É necessário, portanto, cultivar a prece, para que ela se torne
um elemento natural da vida, como a respiração”. (do livro “Boa Nova”, Irmão
X).
Fonte da imagem: Internet Google.
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