CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 1 de setembro de 2016

16ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Esmola e Oração

Esmola

“Guardai-vos de praticar a vossa justiça diante dos homens para serdes vistos por eles. Do contrário, não recebereis recompensa junto ao vosso Pai que esta nos céus. Por isso, quando deres esmola, não te ponhas a trombetear em publico, como fazem os hipócritas nas sinagogas e nas ruas, com o propósito de ser glorificados pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam sua recompensa. Tu, porém, quando deres esmola, não saiba a tua mão esquerda o que faz a tua direita, para que tua esmola fique em segredo; e o teu Pai, que vê no segredo, te recompensará.” (Mt 6:1-4).

Neste trecho do Evangelho de Mateus, temos ainda a continuação dos amorosos conselhos de Jesus no Sermão da Montanha. Jesus ensina-nos a fazer simplesmente o bem pelo bem, sem desejar ser reconhecido ou aclamado por nossa ação, sem esperar receber alguma vantagem seja ela qual for, sem nenhuma ostentação, visando unicamente o alívio e o auxílio do necessitado, tomando o cuidado de poupá-lo em sua sensibilidade e dignidade humana, sem expô-lo a humilhações e cobranças de qualquer espécie. Essa atitude acrescenta a caridade material outra muito maior: a caridade moral.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. XIII, item 3, diz Kardec: “Fazer o bem sem ostentação tem grande mérito. Esconder a mão que dá é ainda mais meritório, é o sinal incontestável de uma grande superioridade moral”. [...] “É necessário, numa palavra, colocar-se acima da Humanidade, para renunciar a satisfação do testemunho dos homens e esperar a aprovação de Deus”.

E ainda no mesmo item: “Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita é uma figura que caracteriza admiravelmente a beneficência modesta. Mas, se existe modéstia real, também existe falsa modéstia, o simulacro da modéstia, pois há pessoas que escondem a mão, tendo o cuidado de deixar perceber que o fazem”.

E, como disse Jesus, estes já receberam a sua recompensa, pois obtiveram o que desejavam: serem vistos, reconhecidos, elogiados; e é isso o que terão; somente a recompensa terrena.

Se assim é, o que dizer daqueles que além de exibirem o bem que fazem, exaltando a própria generosidade, cobram dolorosa e cruelmente daquele que recebeu a ajuda que lhe foi prestada? Para estes, não haverá, decerto, nem mesmo a recompensa do reconhecimento humano, pois sua vaidade e orgulho não serão alimentados pela satisfação de serem considerados benfeitores e não receberão as bênçãos de ninguém...

E continua Kardec “[...] há quem aceite um serviço, mas recusa a esmola”. Converter um serviço em esmola, pela maneira que é testado, é humilhar o que o recebe, e há sempre orgulho e maldade em humilhar a alguém.

A verdadeira caridade, ao contrario, é delicada e habilidosas para dissimular o benefício e evitar até as menores possibilidades de melindre, porque todo choque moral aumenta o sofrimento provocado pela necessidade. Ela sabe encontrar palavras doces e afáveis, que põem o beneficiado a vontade diante do benfeitor enquanto a caridade orgulhosa o humilha. O sublime da verdadeira generosidade está em saber o benfeitor inverter os papéis, encontrando um meio de parecer ele mesmo agradecido àquele a quem presta o serviço. Eis o que querem dizer estas palavras: “Que a mão esquerda não saiba o que faz a direita”.

Muitas pessoas se eximem de fazer a caridade por se considerarem sem condições financeiras para tanto.

Outras, por estarem envolvidas em tantas atividades na vida que não tem tempo disponível para pensar no próximo.

Muitas vezes estas pessoas se limitam a dar esmolas de maneira esporádica e aleatória para alguém que lhes peça ou contribuir para alguma instituição, mais para aliviar sua consciência ou livrar-se do que já não lhes é útil, do que para praticar verdadeiramente a caridade.

É bom lembrar que não precisamos ter posses para fazer a caridade; podemos exercê-la distribuindo donativos, sim, mas também por inúmeras outras ações. Mais do que isso, podemos exercitá-la por gestos, olhares, palavras e pensamentos.

Não há lugar no Universo que não possa ser alcançado por um ato de amor: podemos deixar fluir do nosso coração o amor e o desejo do bem para toda a Humanidade; respeitar a nos mesmos, o próximo, a Natureza; orar pelos que sofrem e pelos doentes; saber ouvir, saber calar e também saber falar; acolher com palavras e abraços; distribuir sorrisos e bom humor. Podemos escrever e ensinar e humildemente, sempre aprender; podemos educar com firmeza e doçura, corrigir com carinho, estimular e apoiar, sustentar os que fraquejam, levantar os que caíram, suportar sem revolta o desequilíbrio do companheiro; usar de paciência e compreensão; esquecer as queixas; cooperar espontaneamente fazendo da solicitude uma rotina em nossa vida; podemos aprender a perdoar, e mais ainda, podemos exemplificar, com a nossa vida, o verdadeiro sentido da caridade ensinada por Jesus...

A esmola é a caridade mais fácil de praticar, exige pouco de nós... Mas, se bem direcionada ela é o prelúdio do sentimento de compaixão que nos envolve à medida que compreendemos que a caridade é a base da convivência social e o próximo é o instrumento que nos oferece a oportunidade de evoluir espiritualmente.

A caridade material é a que se traduz pela doação de algum valor como alimentos, roupas, remédios e outros objetos, muitas vezes desnecessários ou dispensáveis a quem os possui, mas de primeira necessidade para quem os recebe; portanto, deve ser praticada com amor e com equilíbrio, acompanhada, sempre que possível, de um olhar ou sorriso amigo e de alguma outra ajuda que permita ao necessitado ir abandonando essa condição, para que no futuro, possa caminhar por si mesmo e aprender, ele também, a dividir e auxiliar.

A caridade moral é a essencial, não depende de bens terrenos ou materiais para ser praticada, não custa nada, mas é mais difícil de exercer, pois pede sensibilidade e o esforço da conquista interior de Valores como a tolerância, a indulgência, a mansuetude, a simplicidade de coração, a empatia, o perdão; pede também a vontade de compartilhar e acolher e o desejo da prática do bem incondicionalmente.

No Novo Testamento, na Primeira Carta de Paulo aos Coríntios, Cap. 13, está escrito o mais belo Hino a Caridade, nas palavras poéticas e amorosas de Paulo:

“Ainda que eu falasse línguas, as dos homens e as dos anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como bronze que soa ou como címbalo que tine. Ainda que eu tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que tivesse toda a fé, a ponto de transportar montanhas, se eu não tivesse a caridade, nada seria. Ainda que distribuísse todos os meus bens aos famintos, ainda que entregasse meu corpo às chamas, se não tivesse a caridade, isso nada me adiantaria... Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. A caridade jamais passará... Agora, portanto, permanecem fé, esperança, caridade, essas três coisas. A maior delas, porém, é a caridade”.

A ORACAO

“E quando orardes, não sejais como os hipócritas, porque eles gostam de fazer oração pondo-se de pé nas sinagogas e nas esquinas, afim de serem vistos pelos homens. Em verdade vos digo: já receberam sua recompensa. Tu, porém, quando orares, entra no teu quarto e, fechando tua porta, ora a teu Pai que esta lá, no segredo; e teu Pai, que vê no segredo, te recompensará. Nas vossas orações, não useis de vãs repetições, como os gentios, porque imaginam que é pelo palavreado excessivo que serão ouvidos. Não sejais como eles, porque vosso Pai sabe do que tendes necessidade antes de lho pedirdes.” (Mt 6:5-8).

A leitura deste trecho do Novo Testamento nos remete à história do Fariseu e do Publicano, na qual o primeiro se colocava em evidência no templo, alardeando em altas vozes as suas preces enquanto o Segundo o fazia humildemente, silencioso, no fundo da sinagoga, falando com Deus no seu coração.

Jesus definiu claramente como devemos orar, sem orgulho, sem excesso de palavras ou palavras vazias de sentimento, recolhidos interiormente, conscientes de que não é preciso estar continuamente solicitando favores e “milagres” ao Pai, pois Ele esta na essência de cada um de nos e conhece bem as nossas necessidades e merecimentos.

Na obra “Emmanuel” encontramos que: “a prece deve ser cultivada, não para que sejam revogadas as disposições da Lei Divina, mas a fim de que a coragem e a paciência inundem o coração de fortaleza, nas lutas ásperas, porém necessárias”.

Deus nos oferecerá sempre os meios para vencermos as nossas tribulações e dificuldades, mas como Pai e educador justo e amoroso, receberemos Dele na exata proporção do nosso merecimento e necessidade; Ele jamais fará por nos aquilo que somos capazes de realizar.

No livro “Cartas do Coração”, psicografia de Chico Xavier, Isabel Campos nos diz: “A prece é como que uma escada invisível, por onde subimos aos mais altos campos da experiência humana. Por intermédio dela, nossa alma recebe forças multiplicadas e só mesma junta a essa fonte bendita, poderemos encontrar o suprimento de energias com que vamos vencendo as provas redentoras.”

Jesus convidou-nos não apenas a orar, mas também a vigiar; não vigiar os companheiros de caminhada, mas a nos mesmos, nossas atitudes e pensamentos. Quando vigiamos a nos mesmos, conseguimos perceber as nossas reais necessidades e também as possibilidades que surgem para auxiliar-nos sempre, a quem quer que seja, sem julgar ou condenar, sem cobranças, sem orgulho, sem vaidade...

Em “Agenda Crista”, André Luiz escreve: “Vigiar não é desconfiar. É acender a própria luz, ajudando os que se encontram nas sombras”.

MODO DE ORAR

Podemos orar para pedir, para louvar e para agradecer; por nós mesmos e pelos outros, os que estão caminhando conosco nesta jornada física e os que já partiram para o Plano Espiritual.

Oramos principalmente para pedir, sem nos lembrarmos de que os desígnios de Deus são perfeitos, mesmo que não os compreendamos naquele momento.

Dificilmente nos lembramos de agradecer. Podemos transformar o próprio viver numa oração, quando vivemos em harmonia com a lei natural, com os ensinamentos de Jesus, estando bem conosco e com os outros.

O jeito de orar, o lugar, a hora, a posição física, não têm nenhuma importância; o poder da prece está no nosso pensamento. O que isso significa?

A prece é uma forma de nos ligarmos ao Plano Espiritual: através dela nos colocamos em ligação mental com o Pai, Jesus ou outros seres a quem direcionamos o nosso pensamento.

Quer dizer que quando oramos com o nosso sentimento mais sincero, a nossa mensagem chega ao seu destino, onde quer que seja.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente com suas palavras: “É necessário, portanto, cultivar a prece, para que ela se torne um elemento natural da vida, como a respiração”. (do livro “Boa Nova”, Irmão X).


Fonte da imagem: Internet Google.

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