CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 30 de agosto de 2016

15ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Amor aos Inimigos – Julgamento

“Ouvistes que foi dito: Amareis o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; desse modo vos tornareis filhos do vosso Pai que está nos Céus, porque ele faz nascer o seu sol igualmente sobre maus e bons e cair à chuva sobre justos e injustos. Com efeito, se amais aos que vos amam, que recompense: tendes? Não fazem também os publicanos a mesma coisa? E se saudais apenas os vossos irmãos, que fazeis de mais? Não fazem também os gentios a mesma coisa? Portanto, deveis ser perfeitos como vosso Pai Celeste é perfeito.” (Mt 5:43-48).

A citação acima nos faz refletir sobre o amor e a amizade que nutrimos pelos nossos amigos. O amigo que desenvolve o papel de companheiro de todas as horas, que suaviza as nossas dores, que embalsama as nossas feridas, sendo sempre indulgente e tolerante para com os nossos erros.

O Mestre indaga-nos dizendo: “Se amais os que vos amam que recompensa tereis?” Qual é a virtude de amar aqueles que nos amam? O mérito não esta em amarmos os nossos amigos e sim em amarmos os nossos inimigos; são estes que nos impulsionam ao progresso espiritual, quando nos apontam os nossos erros através da critica, e nos propiciam uma oportunidade de aprendizado.

Jesus deu-nos o exemplo manifestando o amor e o perdão aos seus perseguidores.

Entretanto, sabemos que não podemos amar aos nossos inimigos com a mesma intensidade que amamos aos nossos amigos. As leis físicas, por meio das forças de atração e repulsão, nos esclarecem quanto às sensações contrarias que sentimos a aproximação de um amigo, a alegria de um encontro e a uma certa aversão quando sentimos a presença de nossos desafetos.

O Companheiro Divino não quis ensinar-nos que devemos ter pelo inimigo a mesma ternura, a mesma confiança que temos pelo amigo, como também a mesma satisfação em estarmos juntos. Entretanto ele quis nos dizer que não devemos alimentar em relação a eles o sentimento de ódio, de rancor e o desejo de vingança.

Allan Kardec, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capitulo XII, item 3, esclarece: Amar os inimigos não é pois, ter por eles uma afeição que não é natural... E perdoar-lhes sem segunda intenção e incondicionalmente, pelo mal que nos fizeram. É não opor nenhum obstáculo a reconciliação. E desejar-lhes o bem em vez do mal.

Nós, Espíritas, diante do inimigo, quando não encontrarmos as causas dos nossos sofrimentos e animosidades nesta vida, devemos lançar o nosso olhar para o passado, para outras existências. Façamos uma reflexão sobre a condição do planeta, qual a nossa finalidade na Terra e consequentemente concluiremos que devemos aproveitar a oportunidade que o Pai nos oferece, na presente existência, para a realização das nossas tarefas, para a quitação das nossas dívidas, para processarmos os resgates e conquistarmos a harmonia com os nossos irmãos.

A Doutrina Espírita ensina-nos que a maldade no coração do Homem é um estado transitório, que é uma decorrência do mal praticado, e que à medida que galgar estágios de crescimento aprenderá a corrigir os seus erros, operando uma mudança em si para o bem.

Em “O Evangelho dos Humildes”, no capitulo 5, item 44, Eliseu Rigonatti nos diz que “O ódio liga pelos laços do sofrimento, ao passo que o amor une pelos laços da felicidade. A morte não nos livra dos inimigos, como não nos separa dos amigos”.

Quando alimentamos o sentimento do amor em nós, conquistamos o sentimento de alegria, de felicidade e quando fortalecemos as correntes do ódio, caminhamos em direção do sofrimento, da dor.

Sabemos que com o desencarne não nos livramos dos nossos inimigos e que a lei de reencarnação diz que os Espíritos que se odeiam ou que são credores podem encamar no mesmo grupo, para que através da convivência do dia a dia, dos trabalhos realizados em conjunto, das alegrias e tristezas, tenham a oportunidade, a bênção, de transformar aqueles sentimentos em amizade fraterna. Assim procedendo, nos livramos de um pesado fardo, resgatando as nossas dívidas.

JULGAMENTO

À antiga lei Jesus acrescentou: “Não julgueis para não serdes julgados. Pois com o julgamento com que julgais sereis julgados”. (Mt 7;1-2),

Certa vez, um homem solicitou ao Mestre: “Mestre, dize ao meu irmão que reparta comigo a herança”. Ele respondeu: “Homem, quem me estabeleceu juiz ou árbitro da vossa partilha”? (Lc 12:13- 14).

Jesus, o Espírito mais puro que já esteve na Terra, investido de autoridade para tal ação, não concordou em exercer o papel de juiz, diante de uma simples ocorrência. E nós, criaturas imperfeitas, egoístas, podemos julgar os atos dos nossos irmãos?

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no capitulo X, item 13, lemos: “... que não devemos julgar os outros mais severamente do que nos julgamos a nós mesmos, nem condenar nos outros o que nos desculpamos em nós. Antes de reprovar uma falta de alguém, consideremos se a mesma reprovação não nos pode ser aplicada.”

O julgamento pertence a Deus.

Jesus acrescenta ainda no capitulo 7, item 2: “Com a medida com que medís sereis medido”. Esta sentença estabelece plena ligação com outra afirmação do Mestre: “Quem com ferro fere, com ferro será ferido”, o que implica em dizer que de acordo com a lei de causa e efeito poderemos ser feridos pelos mesmos instrumentos com os quais ferimos os nossos irmãos, durante as nossas existências.

Portanto, quando realizamos um falso juízo, diante das atitudes e atos do nosso próximo, um julgamento parcial, prejudicando alguém, assumimos compromissos de reajustes com a nossa consciência e com as Leis Divinas, uma vez que não ha efeito sem causa.

Diante das nossas imperfeições julgamos sempre de forma unilateral, atendendo aos nossos interesses pessoais. Sendo assim, a justiça Divina se exercera sobre todos que desta forma procederem.

Portanto, com o exercício do maior mandamento: “Amai ao vosso próximo como a vós mesmos...”, jamais usaremos de juízos apressados, provocando dores e injustiças aos nossos irmãos.

Nós, Espíritas, sabemos as consequências dos maus julgamentos e dos atos maldosos. A lei de Reencarnação é bênção que permite que reparemos e tenhamos novas oportunidades de crescimento a cada momento de nossas existências.

O Mestre convida-nos a análise: “Porque reparas no cisco que está no olho do teu irmão, quando não percebes a trave que estás no teu? Ou como poderás dizer ao teu irmão deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tu mesmo tens uma trave no teu”.

A criatura humana, de um modo geral, de acordo com o seu estágio de evolução, busca sempre apontar os erros e as falhas do seu semelhante, não admitindo as suas próprias imperfeições.

Jesus, referindo-se a este trecho, recomendou-nos que procurássemos remover a trave, os obstáculos, que estão em nossos próprios olhos, e assim poderemos ver com o olho bom as qualidades boas que existem em nosso irmão.

Podemos citar como origem deste mal, o orgulho, o egoísmo e a inveja. Muitas pessoas observam qualidades nobres em seus semelhantes, e, não as possuindo, tentam denegri-las, atribuindo-lhes falhas que às vezes elas mesmas possuem.

Isso não quer dizer que devamos fechar os olhos a tudo que há de mal no mundo. Ha dois tipos de censura: uma positiva e uma negativa. A censura positiva é branda e construtiva. Visa apenas auxiliar alguém a encontrar melhores caminhos ou a desembaraçar-se dos próprios vícios. A censura negativa, porém, é maledicente e tem por fim apenas denegrir a imagem de quem é criticado.

Desta forma, o aprendiz, diante das tribulações do dia a dia, ao analisar a conduta alheia, deve usar o bom discernimento, o senso crítico caridoso, não assumir o papel de juiz ou de acusador. O bom proceder consiste em examinar a situação, não atribuir ao ofensor uma condenação ou castigo, mas tentar compreender o outro.

O Companheiro Divino, que sabia examinar sem julgar, muito menos punir, soube ser compreensivo e generoso com os necessitados. O ser humano atinge a maturidade quando aprende a ter uma postura saudável, uma atitude correta no convívio com o seu semelhante.

Logo, o Mestre, na sua sabedoria, aconselha-nos a busca de si mesmo, a autoanálise, o autodescobrimento, para não apontarmos falsamente defeitos e criticas aos outros. A partir do momento que passamos a nos conhecer, a nossa consciência se torna lúcida, facilitando o nosso aprimoramento em direção à evolução.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Reflita e comente a afirmação: É comum enxergarmos um cisco no olho do vosso irmão e não percebermos a trave que está em vosso olho.

Bibliografia
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Godoy, Paulo Alves – Os Quatro Sermões de Jesus
- Rigonatti, Eliseu – O Evangelho dos Humildes
- Schutel, Cairbar - Parábolas e Ensinos de Jesus.


Fonte da imagem: Internet Google.

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