Divórcio
“O divórcio
é uma lei humana, cuja finalidade é separar legalmente o que já estava separado
de fato. Não é contrário à lei de Deus, pois só reforma o que os homens já
fizeram, e só tem aplicação nos casos em que a lei divina não foi
considerada...”.(ESE, cap. XXIL item 5).
Prossegue
Kardec, afirmando que nem mesmo Jesus consagrou a indissolubilidade absoluta do
casamento. Do Evangelho de Mateus, capitulo 19, versículo 8, podemos extrair a
seguinte passagem, quando os fariseus tentavam Jesus, perguntando se era
permitido repudiar a mulher por qualquer causa:
“Moisés, por
causa da dureza dos vossos corações, vos permitiu repudiar vossas mulheres, mas
no princípio não era assim...”.
Como observa
Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, capitulo XXII, item 5, a
separação podia tomar-se necessária desde os tempos de Moisés por não ser a
afeição mútua o motivo único do casamento.
Além do mais
complementa: “no principio não foi assim”, ou seja, na origem da Humanidade,
quando os homens ainda não estavam pervertidos pelo egoísmo e pelo orgulho, e
viviam segundo a lei de Deus, as uniões, fundadas na simpatia recíproca e não
sobre a vaidade ou a ambição, não davam motivo ao repúdio.
Logo, quando
avança moralmente, o Espírito reconhece o verdadeiro valor do casamento; valor
este que podemos encontrar nesta síntese de Emmanuel, no cap. 8 - Divórcio, do
livro “Vida e Sexo”:
“O casamento
será sempre um instituto benemérito, acolhendo, no limiar em flores de alegria
e esperança, aqueles que a vida aguarda para o trabalho do seu próprio
aperfeiçoamento e perpetuação. Com ele, o progresso ganha novos horizontes e a
lei do renascimento atinge os fins para os quais se encaminha.”
Não
obstante, prossegue:
“Ocorre,
entretanto, que a Sabedoria Divina jamais institui princípios de violência, e o
Espírito, conquanto em muitas situações agrave os próprios débitos, dispõe da
faculdade de interromper, recusar; modificar, discutir o adiar transitoriamente,
o desempenho dos compromissos que abraça”.
Nestas
sábias palavras de Emmanuel podemos reconhecer uma prerrogativa, um direito do
Espírito, o de usar o seu livre arbítrio de acordo com suas convicções.
Vislumbramos ainda a sublimidade das Leis de Deus que é soberanamente Justo e
Bom.
Não ha,
assim, que haver violência, não ha que haver fardos mais pesados do que alguém
pode carregar.
Considerando
que no casamento há o encontro de dois Espíritos, duas mentes pensantes e com
convicções próprias; considerando que podem agir diferentemente, muitas são os
quadros familiares que poderemos observar.
Haverá,
pois, casos em que, apesar de toda a boa vontade, um cônjuge, apesar de sua
dedicação, apesar de sua lealdade, não encontrará, em contrapartida, um sentimento
de reciprocidade, de respeito, de amizade, etc.
Mas o
Espiritismo, por todas suas revelações, inclusive por diversos dramas reais que
trouxe à luz a título de ensinamento, esclarece que não existe a possibilidade
de dois Espíritos nutrirem entre si, para sempre, sentimentos de desamor,
rancor e ódio.
Um dia,
infalivelmente, a reconciliação devera prevalecer! E não será por imposição,
pois certo é que o amor não se impõe, eis que ele brota no coração daquele que
aprendeu a amar incondicionalmente.
Não havendo,
então, imposições pela Misericórdia Divina, é permitido que os Espíritos que
faliram em seus relacionamentos tenham uma outra oportunidade, em uma outra
existência, de se reconciliarem.
Pela
Sabedoria Providencial, então, os Espíritos dissidentes renascerão, se não
compromissados a nova união conjugal, muitas vezes no papel de pais e filhos,
irmãos, amigos..., e assim, um dia, fatalmente, serão parentes por laços
espirituais.
Antes que
isso ocorra, no entanto, numa dada existência, o divorcio, então, como lei
humana, trata de homologar uma separação que já existe em pensamento e
sentimento, isto é, regularizar separações onde não há mais amor.
A dissolução
legal do casamento é o ato jurídico pelo qual se termina o casamento.
Efetiva-se, na maioria das legislações, por sentença de juiz competente.
Em “Após a
Tempestade”, Joanna de Angelis assevera:
“Imprescindível
que, antes da atitude definitiva para o divórcio, tudo se envide em prol da
reconciliação, ainda mais considerando quanto aos filhos, que merecem que os
pais se imponham em uma união respeitável, de cujo esforço muito dependerá a
felicidade deles. Na dissolução dos vínculos matrimoniais, e que padeça a
prole, será considerado responsabilidade dos genitores, que se somassem esforço
poderiam ter contribuído com proficiência, através da renuncia pessoal, para a
vida dos filhos.”
Não existem,
há que se enfatizar, uniões conjugais ao acaso. No entanto, o Espírito dispõe,
repetimos, a faculdade de decidir e modificar ou adiar os compromissos que
abraça.
O divórcio
acaba ocorrendo quando o companheiro ou a companheira praticam atos de
crueldade, de menosprezo, de desrespeito, violência ou deslealdade. Surge assim
a separação como uma solução.
O
Espiritismo não é de modo algum uma doutrina repressora. É uma doutrina que
consola e orientam encarnados e desencarnados, mostra os caminhos convenientes
a seguir caso queiramos ser felizes.
No cap. 9 -
União Infeliz, da obra acima citada de Emmanuel, afirma-se: “Dolorosa, sem dúvida,
a união considerada menos feliz. E, claro, que não existe obrigatoriedade para
que alguém suporte, a contragosto, a truculência, o peso de alguém, ponderando-se
que todo espírito é livre em pensamento para definir-se, quanto às próprias
resoluções. Que haja, porém, equilíbrio suficiente nos casais jungidos pelo
compromisso afetivo, para que não percam a oportunidade de construir a
verdadeira libertação”.
Somos, acima
de tudo, Espíritos imortais de passagem pela face da Terra a fim de progredir
num corpo masculino ou feminino. Para que a união seja perfeita entre dois
seres é essencial que haja comunhão de pensamentos e de sentimentos. Somente
nesta mutua compreensão de dois seres que se amam e se compreendem é que
podemos encontrar a felicidade na face da terra.
No entanto,
tendo ocorrida a separação, podemos refletir sobre as seguintes palavras de
Joanna de Angelis, na obra “Após a Tempestade”: “Se alguém não mais deseja,
espontaneamente, seguir contigo, não te transformes em algema ou prisão. Cada
ser ruma pela rota que melhor lhe apraz e vive conforme lhe convém... Quando se
modifica uma circunstancia ou uma muda uma situação, não infiras disso que a
vida, a felicidade, se acabaram. Prossegue animado de que aquilo que hoje não
tens será fortuna amanhã em tua vida. Se estiveres a sós e não dispuseres de
forças, concede-te outra oportunidade, que enobrecerás pelo amor e pela dedicação.”
Bendita é a
lei da reencarnação! Lei de Justiça e Amor!
QUESTÃO
REFLEXIVA:
“O divórcio
é uma lei humana, cuja finalidade é separar o que já estava separado de fato”.
Conhecedores da lei de reencarnação, podemos recorrer ao divórcio sob qualquer
pretexto?
Bibliografia
- A Bíblia
de Jerusalém.
- Kardec,
Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Kardec,
Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Peralva,
Martins – Estudando a Mediunidade.
- Barcelos,
Walter – Sexo e Evolução – Ed. FEESP.
- Santo
Neto, F./Hammed – Renovando Atitudes.
- Xavier,
Francisco C./Emmanuel – Vida e Sexo
- Xavier,
Francisco C./André Luiz – Sinal Verde
Fonte da imagem: Internet Google.
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