Casamento, Família e Divórcio
Casamento e Família
A família é
uma instituição de origem divina. Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo,
no capitulo XXII, item 3, esclarece: “...Deus quis que as seres se unissem, não
somente pelos laços carnais, mas também pelos da alma, a fim de que a mutua
afeição dos esposos se estenda aos filhos, e para que sejam dois, em vez de um,
a amá-los, tratá-los e fazê-los progredir...”
Nesta bela
descrição do casamento, vemos como é grande a sua abrangência, pois implica no desenvolvimento
da capacidade de amar, implica na expansão da afeição que existe entre os
cônjuges para que este sentimento de afeto e ternura também alcance os filhos e
estes possam progredir.
Emmanuel, na
obra “Vida e Sexo”, traz o seguinte conceito de casamento: “O casamento ou a
união permanente de dois seres, como é óbvio, implica o regime de vivência pelo
qual duas criaturas se confiam uma a outra, no campo da assistência mútua. Essa
união reflete as Leis Divinas que permitem seja dado um esposo para uma esposa,
um companheiro para uma companheira, um coração para outro coração ou
vice-versa, na criação e desenvolvimento de valores para a vida”.
Em “O Livro
dos Espíritos”, na questão nº 695, encontramos: P. “O casamento, ou seja, a
união permanente de dois seres é contrária à Lei da Natureza?” R. “É um progresso
na marcha da Humanidade”.
Refletindo
sobre as causas desse progresso, podemos constatar que quanto mais regressarmos
na história, mais encontraremos, nos estados primitivos, as uniões livres que,
nas palavras de Kardec em comentário a questão nº 696, pertence ao estado de
natureza, e, ainda, a abolição do casamento representaria o retomo a infância
da Humanidade.
O matrimônio
na Terra pode ser um meio de fortalecer laços de pura afinidade espiritual, ou,
em outros casos, pode ser o reencontro para o necessário reajuste.
Desse modo,
por vezes, o lar é um templo para se vivenciar o amor sublimado, onde reina a
compreensão, a união; outras vezes os lares são cadinhos de purificação, pelos
quais por meio de provações e sofrimentos, Espíritos caminham em direção à
evolução.
Há, pois,
uma diversidade de situações que podem ser consideradas como determinantes das
uniões conjugais. Em nosso planeta, que é um mundo de expiação e prova, podemos
concluir que a grande parte das uniões matrimoniais decorre de compromissos
diante da Lei de Causa e Efeito.
Nesse
sentido, Emmanuel, na mesma obra acima citada, afirma: “Acontece, no entanto,
que milhões de almas, detidas na evolução primária, jazem no Planeta,
arraigadas a débitos escabrosos perante a lei de causa e efeito e, inclinadas
que ainda são ao desequilíbrio e ao abuso...”
Mas, podemos
questionar: todos os casamentos e nascimentos são programados no plano
espiritual? Isto é, ninguém se casa com a pessoa errada ou tem mais ou menos
filhos do que foi programado? A Doutrina Espírita ensina-nos que muitos dos
nossos compromissos são definidos no plano espiritual, porém, devemos lembrar que
o Espírito tem o livre arbítrio, e a partir de suas escolhas pode avançar mais
rápido, ou, às vezes, desistir de alguma provação e ficar estacionado por tempo
indeterminado.
Reencarnação
Sobre o
casamento ha uma passagem no Evangelho de Marcos, no capitulo 12, versículos 18
a 27, em que os Saduceus, interrogam Jesus:
“Mestre,
Moises deixou-nos escrito: Se alguém tiver irmão que morra deixando mulher sem
filhos, tomará ele a viúva e suscitará descendência para seu irmão. Havia sete
irmãos. O primeiro tomou mulher e morreu sem deixar descendência. E o mesmo
sucedeu ao terceiro. E os sete não deixaram descendência. Depois de todos também
a mulher morreu. Na ressurreição, quando ressuscitarem, de qual deles será a
mulher? Pois que os sete a tiveram por mulher Jesus disse-lhes: ‘Não estais
errados, desconhecendo tanto as Escrituras como o poder de Deus? Pois quando
ressuscitarem dos mortos, nem eles se casam, nem elas se dão em casamento, mas
serão como anjos nos céus. Quanto aos mortos que há de ressurgir não lestes no
livro de Moisés, no trecho sobre a sarça, como Deus lhe disse: Eu sou o Deus de
Abraão, o Deus de Isaac e o Deus de Jacó? Ora, ele não é Deus dos mortos, mas
sim de vivos. Estais muito errados!”.
Nesta
passagem vemos que os Saduceus, maliciosamente – eis que não acreditavam em
ressurreição - queriam enredar Jesus com alguma palavra.
O Mestre
então responde, de forma alegórica, figurada, que os mortos, quando
“ressuscitarem”, serão como os “anjos nos céus”.
Jesus, como
bem sabemos, numa época em que ainda não era chegada a hora, falava de forma
simbólica, pois todo grande conhecimento, toda grande verdade depende de bases
solidas, depende de um alicerce, de uma pedra fundamental. Esse conhecimento
então, de forma clara, aberta, publica, caberia a Doutrina Espírita.
O
Espiritismo então, em seu tempo, revelou-nos, a propósito, que:
- Os
Espíritos não têm sexo da forma que entendemos, porque sexo depende da
constituição orgânica. (LE q. 200).
- São os
mesmos Espíritos que ora animam um corpo de homem, ora animam um corpo de
mulher. (LE q. 201).
- Há duas
espécies de família: as famílias por laços espirituais e as famílias por laços
corporais. Estas; as de laços corporais, são frágeis como a própria matéria,
extinguem-se com o tempo. Por outro lado, as famílias por laços espirituais são
duradouras e se perpetuam no mundo dos Espíritos. (ESE, XlV item 8).
Vemos, pois,
que o estudo do Espiritismo conduz-nos a observações e reflexões que nos
impelem ao aprimoramento dos laços familiares, impelem-nos a tolerância, ao
entendimento, a compreensão, que se obtém da vida o que se lhe da, colhe-se o
material do plantio.
A
consciência da realidade de nossas vidas passadas impulsiona-nos a renovação.
Sendo assim, a Doutrina Espírita exerce influência salutar na vida, no destino,
e na felicidade do ser humano.
E por meio
da reencarnação que amigos se aproximam no mesmo lar, e também no mesmo
ambiente, adversários se encontram para definitiva extinção de ódios cuja
origem se encontra em alguma preexistência.
Sem a
reencarnação não teríamos a oportunidade de reconciliação com aqueles a quem
ofendemos ou ferimos, ou que nos ofenderam ou feriram.
Diz Emmanuel
na mesma obra “Vida e Sexo”: “Os débitos contraídos por legiões de companheiros
da Humanidade, portadores de entendimento verde para os temas do amor;
determinam a existência de milhões de uniões supostamente infelizes, nas quais
a reparação de faltas passadas confere a numerosos ajustes sexuais, sejam eles
ou não acobertados pelo beneplácito das leis humanas, o aspecto de ligações
francamente expiatórias, com base no sofrimento purificador. De qualquer modo,
é forçoso reconhecer que não existem no mundo conjugações afetivas, sejam elas
quais forem, sem raízes nos princípios cármicos, nos quais as nossas responsabilidades
são esposadas em comum”.
Sem a
reencarnação, como poderíamos buscar a reconciliação com almas que semearam
espinhos em nosso caminho e com almas que tiveram em seu caminho pedras
colocadas por nós?
Sem a
reencarnação não teríamos a oportunidade de retomarmos na condição de filhos, esposos,
esposas, parentes e amigos que tiveram suas vidas e seus destinos complicados
pela nossa ignorância aos preceitos do evangelho. O divino Mestre disse:
“Ninguém verá o reino de Deus se não nascer de novo”.
Há, assim,
que haver esforço para aprimorarmos nossos relacionamentos. Na obra “Sinai
Verde”, André Luiz deixa-nos diversas recomendações para a vida conjugal.
Vejamos algumas:
- Não
deprecie os ideais e preocupações do outro;
- Antes de observar
os possíveis erros ou defeitos do outro, vale mais procurar-lhe as qualidades e
dotes superiores para estimulá-los ao desenvolvimento justo;
- Não
sacrifique a paz do lar com discussões e conflitos, a pretexto de honorificar
essa ou aquela causa da Humanidade, porque a dignidade de qualquer causa da
Humanidade começa no reduto doméstico.
- E a
Doutrina Espírita diz: “Nascer, crescer; morrer, renascer ainda, progredir
continuamente, tal é a lei”.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Reflita e
comente: O casamento pode ser um caminho de reajuste, perante as nossas faltas
em vidas anteriores.
Fonte da imagem: Internet Google.
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