CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 16 de agosto de 2016

13ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Não Vim Destruir a Lei

“Não penseis que vim revogar a Lei e os Profetas. Não revogá-los, mas dar-lhes pleno cumprimento, porque em verdade vos digo que, até que passem o céu e a terra, não será omitido nem um só i, uma só vírgula da Lei, sem que tudo seja realizado. Aquele, portanto, que violar um só desses menores mandamentos e ensinar os homens a fazerem o mesmo, será chamado o menor no Reino dos Céus. Aquele, porém, que os praticar e os ensinar esse será chamado grande no Reino dos Céus.”

“Com efeito, eu vos asseguro que se a vossa justiça não exceder a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no Reino dos Céus.” (Mt 5;17-20).

Nesta passagem, Jesus afirma que não veio para alterar a Lei. A que lei o Mestre refere-se?

Como vimos anteriormente, na história do povo hebreu sempre houve diversos homens que tinham por missão revelar a Lei Divina. Esses homens chamados profetas, estiveram presentes em todos os tempos da saga daquele povo.

A palavra profeta, conforme definição de Kardec em “O Evangelho Segundo Espiritismo” era atribuída àqueles que eram capazes de fazer previsões. No entanto, na acepção evangélica, profeta é todo aquele que veio para transmitir as grandes verdades ao povo.

Mesmo, antes de Moisés, podemos lembrar que Abraão, o primeiro grande patriarca hebreu, nesse sentido, pode ser considerado um profeta.

Moisés, um dos mais importantes vultos do povo judaico, teve dupla atuação: não só era um grande profeta, mas também um grande legislador.

Esse é um aspecto importante que temos a destacar. Há, assim, duas partes distintas na Lei Mosaica: a Lei Divina (o decálogo) e a Lei Civil ou Disciplinar. Essa segunda parte, a Lei Civil, ha que se ressalvar, era apropriada aquela época, hoje, porém, vemos que seus dispositivos são muito rígidos e destinavam, assim, ao povo rebelde daquele momento histórico.

Após Moisés, muitos outros profetas surgiram até a chegada do Mestre. Podemos aqui, por exemplo, lembrar de alguns desses profetas, e notar que em suas pregações também orientavam espiritualmente o povo.

Vejamos:

“Purifica teu coração da maldade, Jerusalém, para que seja salva. Até quando abrigarás em teu seio os teus pensamentos culpáveis.” (Jeremias 4:14)

“Procurai Iahweh enquanto ele se deixa encontrar; invocai-o enquanto está perto. Abandone o ímpio o seu caminho, e o homem mau seus pensamentos, e volte a Iahweh, pois terá compaixão dele, ao nosso Deus, porque é rico em perdão.” (Isaias 55:6-7).

Notamos bem, nestas passagens, como suas exortações convocavam as pessoas a seguir um caminho de religiosidade e da prática das virtudes.

E por que Jesus disse que não veio para revogar a Lei? Porque o Mestre, em todos os seus ensinamentos, não veio para instituir, como Moisés, a legislação civil, esta que é transitória, isto é, modifica-se com o tempo, mas, para anunciar a Boa Nova que se referia a Lei Divina que é imutável, eterna.

Nesse sentido, todos os ensinamentos que foram anteriormente trazidos pelos antigos profetas, e que representavam a Lei Divina, não necessitavam ser alterados. Eis o motivo por que Jesus, em muitas passagens, pergunta aos fariseus, escribas ou outros que o interpelavam:

“O que está escrito na Lei?”.

Em relação ao Decálogo, por exemplo, Jesus não o revogou, mas o sintetizou em: “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

No entanto, embora o Mestre não tenha vindo para modificar a Lei e os Profetas, ele veio sim para ampliar, para dar-lhes o verdadeiro sentido, de acordo com o adiantamento dos homens. Ainda na mesma passagem bíblica citada no inicio, Jesus afirmou: ”... até que passem o céu e a terra, não será omitido um só i, uma só vírgula da Lei, sem que tudo seja realizado".

Paulo Godoy, na obra “Crônicas Evangélicas”, ensina-nos que: “... poderemos dilatar a duração de nosso processo evolutivo, malbaratar as dádivas generosas das reencarnações sob o mesmo Céu e a mesma Terra, mas enquanto não tivermos praticado tudo aquilo que está contido nas leis morais e eternas, jamais seremos promovidos a estágios mais elevados na Espiritualidade, nas muitas moradas que existem na Casa do Pai.”

Os ensinamentos de Jesus, repetimos, representam a mais pura moral. A Doutrina dos Espíritos, assim, vem restabelecer a verdade, reviver esses preceitos na sua forma mais cristalina, que aproxima os homens e promove a prática da fraternidade.

RECONCILIAÇÃO PERANTE A LEI DIVINA

“Portanto, se estiveres para trazer a tua oferta ao altar e ali te lembrares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar e vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão; e depois virás apresentar a tua oferta. Assume logo uma atitude conciliadora com teu adversário, enquanto estás com ele no caminho, para não acontecer que o adversário te entregue ao juiz e o juiz ao oficial de justiça e, assim, sejas lançado na prisão. Em verdade te digo: dali não sairás, enquanto não pagares o ultimo centavo.” (Mt 5:23-26)

Nesta passagem, Jesus indica qual é a oferta mais agradável a Deus: é a reconciliação com o próximo.

De acordo com as tradições e costumes religiosos dos judeus da época, era um dever religioso fazer oferendas que consistiam em sacrifícios de animais como cordeiros, pombos, ou ainda de produtos da terra. Estas práticas externas, muitas vezes desprovidas de sentimento religioso verdadeiro, foram combatidas veementemente por Jesus. Assim, temos neste ensinamento a orientação da verdadeira espiritualização, que consiste na busca da renovação interior, a qual enseja o convívio fraterno.

Podemos compreender facilmente o valor deste ensinamento. Com efeito, temos que admitir que sem o sacrifício do amor próprio, do orgulho, da magoa, do ressentimento, não pode haver verdadeira conciliação com nosso semelhante, pois, então, estaremos com o coração fechado, com a mente em desarmonia.

Para que tenhamos sentimentos mais nobres, e estejamos com os pensamentos e emoções equilibradas, precisamos esforçar-nos; e assim agindo rompemos as amarras, estabelecendo a nossa ligação com Deus. Em síntese, podemos concluir que a verdadeira ligação com Deus baseia-se em uma ligação amorosa e uma convivência fraterna com o nosso semelhante.

“Assume logo uma atitude conciliadora com o teu adversário, enquanto estás com ele no caminho, para não acontecer que o adversário te entregue ao juiz e o juiz ao guarda e, assim, sejas lançado na prisão. Em verdade te digo dali não sairás, enquanto não pagares o último centavo”. (Mt 5:25 e 26).

Neste outro trecho, além da exortação à conciliação, encontramos as consequências de uma atitude de animosidade, de má vontade para restabelecer um relacionamento que sofreu uma ruptura, uma cisão.

Esta lição é bastante oportuna, pois qual de nós já não teve momentos difíceis em algum relacionamento familiar ou de amizade?

As pessoas são; bem sabemos; diferentes uma das outras. Para que um relacionamento perdure precisamos ter tolerância com as diferenças e aceitar as pessoas como elas são. Temos que nos livrar de qualquer atitude caprichosa, ou de qualquer imposição de preferências. Há que existir respeito mútuo.

Quando ocorrem as desavenças, precisamos de um esforço ainda maior para nos superarmos e ter uma atitude verdadeiramente Cristã, condizente com os ensinamentos de Jesus.

A Doutrina Espírita ensina-nos que estamos aqui na Terra para nos aprimorarmos. Portanto, devemos aproveitar as oportunidades para aprendermos, crescermos e nos tomarmos pessoas melhores.

Esse crescimento a que estamos destinados pode ser alcançado pelo esforço pessoal em aprender, pelo esforço em deixar as más paixões e cultivar as virtudes.

Quando, porém, pelo nosso livre arbítrio, pelas nossas escolhas, desperdiçamos as oportunidades de crescimento e seguimos um caminho que seja diferente dos ensinamentos evangélicos, estaremos gerando, segundo a lei de causa e efeito, situações aflitivas para o futuro, inclusive para as próximas existências.

É que, como ensinou o Mestre, da mesma forma que tratamos o nosso semelhante, seremos tratados. Como, pois, poderíamos querer ser perdoados se não estendermos esse benefício ao nosso irmão?

A capacidade de perdoar é uma das mais belas virtudes que podemos cultivar. O perdão é libertador, pois permite que nos desvencilhemos da situação dolorosa que tenhamos vivenciado, e evita o comprometimento negativo de nossa sintonia vibratória.

Ser entregue ao juiz representa, então, sofrer os efeitos de nossas ações negativas, quando esquecemos os ensinamentos evangélicos e a Lei nos obriga a uma reparação.

Sobre o perdão, podemos trazer este trecho do “Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. X, item 15: “Perdoar aos inimigos é pedir perdão para vós mesmos; perdoar aos amigos é dar prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar que se melhora. Perdoai, pois, meus amigos, para que Deus vos perdoe”.

Aproveitemos, pois, todas as oportunidades que o Pai nos oferece para nos reconciliarmos com os nossos irmãos.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Reflita e comente sobre a necessidade de nos reconciliarmos com os nossos semelhantes.

Bibliografia
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan – A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Xavier, Francisco C./Emmanuel – Vinha de Luz.


Fonte da imagem: Internet Google.

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