Não Vim Destruir a Lei
“Não penseis
que vim revogar a Lei e os Profetas. Não revogá-los, mas dar-lhes pleno
cumprimento, porque em verdade vos digo que, até que passem o céu e a terra,
não será omitido nem um só i, uma só vírgula da Lei, sem que tudo seja
realizado. Aquele, portanto, que violar um só desses menores mandamentos e
ensinar os homens a fazerem o mesmo, será chamado o menor no Reino dos Céus.
Aquele, porém, que os praticar e os ensinar esse será chamado grande no Reino
dos Céus.”
“Com efeito,
eu vos asseguro que se a vossa justiça não exceder a dos escribas e dos
fariseus, não entrareis no Reino dos Céus.” (Mt 5;17-20).
Nesta
passagem, Jesus afirma que não veio para alterar a Lei. A que lei o Mestre
refere-se?
Como vimos
anteriormente, na história do povo hebreu sempre houve diversos homens que
tinham por missão revelar a Lei Divina. Esses homens chamados profetas,
estiveram presentes em todos os tempos da saga daquele povo.
A palavra
profeta, conforme definição de Kardec em “O Evangelho Segundo Espiritismo” era
atribuída àqueles que eram capazes de fazer previsões. No entanto, na acepção
evangélica, profeta é todo aquele que veio para transmitir as grandes verdades
ao povo.
Mesmo, antes
de Moisés, podemos lembrar que Abraão, o primeiro grande patriarca hebreu,
nesse sentido, pode ser considerado um profeta.
Moisés, um
dos mais importantes vultos do povo judaico, teve dupla atuação: não só era um
grande profeta, mas também um grande legislador.
Esse é um
aspecto importante que temos a destacar. Há, assim, duas partes distintas na
Lei Mosaica: a Lei Divina (o decálogo) e a Lei Civil ou Disciplinar. Essa
segunda parte, a Lei Civil, ha que se ressalvar, era apropriada aquela época,
hoje, porém, vemos que seus dispositivos são muito rígidos e destinavam, assim,
ao povo rebelde daquele momento histórico.
Após Moisés,
muitos outros profetas surgiram até a chegada do Mestre. Podemos aqui, por
exemplo, lembrar de alguns desses profetas, e notar que em suas pregações
também orientavam espiritualmente o povo.
Vejamos:
“Purifica
teu coração da maldade, Jerusalém, para que seja salva. Até quando abrigarás em
teu seio os teus pensamentos culpáveis.” (Jeremias 4:14)
“Procurai
Iahweh enquanto ele se deixa encontrar; invocai-o enquanto está perto. Abandone
o ímpio o seu caminho, e o homem mau seus pensamentos, e volte a Iahweh, pois
terá compaixão dele, ao nosso Deus, porque é rico em perdão.” (Isaias 55:6-7).
Notamos bem,
nestas passagens, como suas exortações convocavam as pessoas a seguir um
caminho de religiosidade e da prática das virtudes.
E por que
Jesus disse que não veio para revogar a Lei? Porque o Mestre, em todos os seus
ensinamentos, não veio para instituir, como Moisés, a legislação civil, esta
que é transitória, isto é, modifica-se com o tempo, mas, para anunciar a Boa
Nova que se referia a Lei Divina que é imutável, eterna.
Nesse
sentido, todos os ensinamentos que foram anteriormente trazidos pelos antigos
profetas, e que representavam a Lei Divina, não necessitavam ser alterados. Eis
o motivo por que Jesus, em muitas passagens, pergunta aos fariseus, escribas ou
outros que o interpelavam:
“O que está
escrito na Lei?”.
Em relação
ao Decálogo, por exemplo, Jesus não o revogou, mas o sintetizou em: “Amar a
Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.
No entanto,
embora o Mestre não tenha vindo para modificar a Lei e os Profetas, ele veio
sim para ampliar, para dar-lhes o verdadeiro sentido, de acordo com o adiantamento
dos homens. Ainda na mesma passagem bíblica citada no inicio, Jesus afirmou:
”... até que passem o céu e a terra, não será omitido um só i, uma só vírgula
da Lei, sem que tudo seja realizado".
Paulo Godoy,
na obra “Crônicas Evangélicas”, ensina-nos que: “... poderemos dilatar a
duração de nosso processo evolutivo, malbaratar as dádivas generosas das
reencarnações sob o mesmo Céu e a mesma Terra, mas enquanto não tivermos
praticado tudo aquilo que está contido nas leis morais e eternas, jamais seremos
promovidos a estágios mais elevados na Espiritualidade, nas muitas moradas que
existem na Casa do Pai.”
Os
ensinamentos de Jesus, repetimos, representam a mais pura moral. A Doutrina dos
Espíritos, assim, vem restabelecer a verdade, reviver esses preceitos na sua
forma mais cristalina, que aproxima os homens e promove a prática da
fraternidade.
RECONCILIAÇÃO
PERANTE A LEI DIVINA
“Portanto,
se estiveres para trazer a tua oferta ao altar e ali te lembrares de que o teu
irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta ali diante do altar e vai
primeiro reconciliar-te com o teu irmão; e depois virás apresentar a tua
oferta. Assume logo uma atitude conciliadora com teu adversário, enquanto estás
com ele no caminho, para não acontecer que o adversário te entregue ao juiz e o
juiz ao oficial de justiça e, assim, sejas lançado na prisão. Em verdade te
digo: dali não sairás, enquanto não pagares o ultimo centavo.” (Mt 5:23-26)
Nesta
passagem, Jesus indica qual é a oferta mais agradável a Deus: é a reconciliação
com o próximo.
De acordo
com as tradições e costumes religiosos dos judeus da época, era um dever
religioso fazer oferendas que consistiam em sacrifícios de animais como
cordeiros, pombos, ou ainda de produtos da terra. Estas práticas externas, muitas
vezes desprovidas de sentimento religioso verdadeiro, foram combatidas veementemente
por Jesus. Assim, temos neste ensinamento a orientação da verdadeira
espiritualização, que consiste na busca da renovação interior, a qual enseja o
convívio fraterno.
Podemos
compreender facilmente o valor deste ensinamento. Com efeito, temos que admitir
que sem o sacrifício do amor próprio, do orgulho, da magoa, do ressentimento,
não pode haver verdadeira conciliação com nosso semelhante, pois, então,
estaremos com o coração fechado, com a mente em desarmonia.
Para que
tenhamos sentimentos mais nobres, e estejamos com os pensamentos e emoções
equilibradas, precisamos esforçar-nos; e assim agindo rompemos as amarras,
estabelecendo a nossa ligação com Deus. Em síntese, podemos concluir que a
verdadeira ligação com Deus baseia-se em uma ligação amorosa e uma convivência
fraterna com o nosso semelhante.
“Assume logo
uma atitude conciliadora com o teu adversário, enquanto estás com ele no
caminho, para não acontecer que o adversário te entregue ao juiz e o juiz ao
guarda e, assim, sejas lançado na prisão. Em verdade te digo dali não sairás,
enquanto não pagares o último centavo”. (Mt 5:25 e 26).
Neste outro
trecho, além da exortação à conciliação, encontramos as consequências de uma
atitude de animosidade, de má vontade para restabelecer um relacionamento que
sofreu uma ruptura, uma cisão.
Esta lição é
bastante oportuna, pois qual de nós já não teve momentos difíceis em algum
relacionamento familiar ou de amizade?
As pessoas
são; bem sabemos; diferentes uma das outras. Para que um relacionamento perdure
precisamos ter tolerância com as diferenças e aceitar as pessoas como elas são.
Temos que nos livrar de qualquer atitude caprichosa, ou de qualquer imposição
de preferências. Há que existir respeito mútuo.
Quando
ocorrem as desavenças, precisamos de um esforço ainda maior para nos superarmos
e ter uma atitude verdadeiramente Cristã, condizente com os ensinamentos de
Jesus.
A Doutrina
Espírita ensina-nos que estamos aqui na Terra para nos aprimorarmos. Portanto,
devemos aproveitar as oportunidades para aprendermos, crescermos e nos tomarmos
pessoas melhores.
Esse
crescimento a que estamos destinados pode ser alcançado pelo esforço pessoal em
aprender, pelo esforço em deixar as más paixões e cultivar as virtudes.
Quando,
porém, pelo nosso livre arbítrio, pelas nossas escolhas, desperdiçamos as
oportunidades de crescimento e seguimos um caminho que seja diferente dos
ensinamentos evangélicos, estaremos gerando, segundo a lei de causa e efeito,
situações aflitivas para o futuro, inclusive para as próximas existências.
É que, como
ensinou o Mestre, da mesma forma que tratamos o nosso semelhante, seremos
tratados. Como, pois, poderíamos querer ser perdoados se não estendermos esse
benefício ao nosso irmão?
A capacidade
de perdoar é uma das mais belas virtudes que podemos cultivar. O perdão é
libertador, pois permite que nos desvencilhemos da situação dolorosa que
tenhamos vivenciado, e evita o comprometimento negativo de nossa sintonia
vibratória.
Ser entregue
ao juiz representa, então, sofrer os efeitos de nossas ações negativas, quando
esquecemos os ensinamentos evangélicos e a Lei nos obriga a uma reparação.
Sobre o
perdão, podemos trazer este trecho do “Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap.
X, item 15: “Perdoar aos inimigos é pedir perdão para vós mesmos; perdoar aos
amigos é dar prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar que se melhora.
Perdoai, pois, meus amigos, para que Deus vos perdoe”.
Aproveitemos,
pois, todas as oportunidades que o Pai nos oferece para nos reconciliarmos com
os nossos irmãos.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Reflita e
comente sobre a necessidade de nos reconciliarmos com os nossos semelhantes.
Bibliografia
- A Bíblia
de Jerusalém.
- Kardec, Allan – A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec,
Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec,
Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Xavier,
Francisco C./Emmanuel – Vinha de Luz.
Fonte da imagem: Internet Google.
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