CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

24ª Aula Parte B – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO 2º ANO – FEESP

HOMENAGEM A ALLAN KARDEC

LIVRO “O CÉU E O INFERNO OU A JUSTIÇA DIVINA SEGUNDO O ESPIRITISMO”

“Dizei a aquele que sabe que vai morrer que ele vivera ainda, que sua hora será retardada, dizei-lhe, sobretudo, que será mais feliz do que nunca fora, e seu coração vai palpitar de alegria” (O Céu e o Inferno, 1ª parte, Cap. I, item 1).

A 30 de Setembro de 1863, como se pode ver em Obras Póstumas; Kardec recebeu dos Espíritos Superiores este aviso: “Chegou a hora de a Igreja prestar contas do depósito que lhe foi confiado, da maneira como praticou os ensinamentos do Cristo, do uso que fez de sua autoridade, enfim, do estado de incredulidade a que conduziu os espíritos”. Esse julgamento começava com a preliminar constituída pelo Evangelho Segundo o Espiritismo e devia continuar com O Céu e o Inferno. Dentro de dois anos, em seu número de Setembro de 1865, a Revista Espírita publicaria em sua seção bibliográfica a notícia do lançamento do quarto livro de Codificação Espírita: O Céu e o Inferno. Faltava apenas A Gênese para completar a obra da Codificação da III Revelação.

Dois capítulos de O Céu e o Inferno foram publicados antecipadamente na Revista: o capitulo intitulado: Da apreensão da morte, no numero de Janeiro de 1865, e o capitulo: Onde é o Céu, no numero de Março do mesmo ano.

Apareceram ambos como se fossem simples artigos para a Revista, mas o ultimo trazia uma nota final anunciando que ambos pertenciam a uma “nova obra que o Sr. Allan Kardec publicará proximamente”.

Em Setembro a obra já aparece anunciada como à venda. Kardec declara que, não podendo elogiá-la nem criticá-la, a Revista se limitava a publicar um resumo do seu prefacio, revelando o seu conteúdo. Os capítulos antecipadamente publicados aparecem; o primeiro com o mesmo titulo com que saíra e o Segundo com o titulo reduzido para O Céu. (José Herculano Pires, na introdução de O Céu e o Inferno, edições Lake).

O Céu e o Inferno A Justiça Divina Segundo o Espiritismo é uma das Cinco obras básicas que compõem a Codificação Espírita.

Foi publicada em 1865, portanto a penúltima obra editada.

O objetivo dela é demonstrar a imortalidade do Espírito e a condição que este usufruirá no Plano Espiritual, como consequência de seus próprios atos.

Este livro coloca ao alcance de todos os conhecimentos do mecanismo pelo qual se processa a Justiça Divina, em concordância com o principio evangélico: “A cada um segundo suas obras”.

Compõe-se de duas partes:

Primeira: (DOUTRINA), com XI capítulos, Kardec realiza um exame crítico da doutrina católica sobre a transcendência, procurando apontar contradições filosóficas e incoerências com o conhecimento científico, superáveis, segundo ele, mediante o paradigma espírita da fé raciocinada.

Na primeira parte, são expostos vários assuntos: causas do temor da morte, porque os espíritas não temem a morte, o céu, o inferno, o inferno cristão imitado do pagão, os limbos, quadro do inferno pagão, esboço do inferno cristão, purgatório, doutrina das penas eternas, código penal da vida futura, os anjos segundo a Igreja e o Espiritismo.

Também aborda vários pontos relacionados com a origem da crença dos demônios, segundo a igreja e o Espiritismo, intervenção dos demônios nas modernas manifestações, a proibição de evocar os mortos.

Estabelece um exame teórico das doutrinas religiosas sobre o após morte. Mostra fatos como á morte de crianças, seres nascidos com deformações, acidentes coletivos, e uma gama de problemas que só a imortalidade da alma e a reencarnação oferecem condições de entendimento.

Segunda parte: (EXEMPLOS), com 66 comunicações, em 8 capítulos; são diálogos que foram estabelecidos entre Kardec e diversos Espíritos, nos quais estes narram as impressões que trazem do além-túmulo.

É dedicada ao Pensamento; Kardec reuniu várias dissertações de casos reais, a fim de demonstrar a situação da alma, durante e após a morte física, proporcionando ao leitor amplas condições para que possa compreender a ação da Lei de Causa e Efeito, em perfeito equilíbrio com as Leis Divinas; assim, constam desta parte, narrações de diversas classes de Espíritos. Mostra a situação do Espírito em consequência do que ele foi quando encarnado. São depoimentos de criminosos arrependidos, Espíritos endurecidos, felizes, medianos, sofredores, suicidas e Espíritos em expiação terrestre.

Evidentemente, tem-se aqui apenas o esboço deste trabalho que compõe o todo da Codificação Espírita; seu estudo pormenorizado permitira desmistificar o simbolismo bíblico acerca dos supostos lugares, após a morte, de venturas ou sofrimentos.

Portanto, este livro oferece uma excelente base para a ética e a moral no relacionamento humano.

Podemos verificar que há 48 Comunicações de Espíritos bem parecidos conosco e 18 de Espíritos Felizes.

São verdadeiras entrevistas com o outro mundo apresentadas por Allan Kardec; podemos classificá-las como:

Autênticas, Variadas, Inéditas e Instrutivas.

AUTÊNTICAS: pelo critério e escrúpulo do Codificador na sua escolha.

VARIADAS: pelo cuidado em apresentar as mais diversas situações dos desencarnados, a fim de que nos pudéssemos mirar em tamanha variedade.

INÉDITAS: pois, pela primeira vez, uma Doutrina se atrevia em mostrar aos homens a realidade Espiritual, após a desencarnação.

INSTRUTIVAS: porque de todas elas Allan Kardec extrai preciosos ensinamentos para nossa edificação Moral.

A cada uma das 66 comunicações, Allan Kardec aduz suas judiciosas conotações Doutrinarias de par com as dos Espíritos colaboradores, o que significa um rico repositório de ensinamentos que é o Espiritismo.

BREVE RESUMO

PRIMEIRA PARTE

CAPÍTULO I - O FUTURO E O NADA

Porque pensamos, agimos, tendo todos os sentidos em plena ação, temos certeza que estamos vivos, mas temos também a certeza que morreremos. Para onde vamos?

Podemos sugerir três hipóteses:

1ª) Para o nada; morreu o corpo, tudo acabou.

2ª) Absorção ao Todo Universal.

Temos uma parcela desse princípio, e isso nos dá uma alma, ou seja, nos dá a vida, a inteligência, os sentimentos; já somos alguma coisa.

Por essa hipótese quando morremos somo absorvidos ao Todo Universal. E por isso perdemos a nossa individualidade.

É muito melhor que a primeira hipótese, mas ainda irracional.

3ª) Individualidade da alma antes e depois da morte do corpo físico.

Isso é extremamente lógico e racional; Nesse princípio, todas as religiões têm seu ponto de apoio.

O nosso futuro depende exclusivamente de nossas qualidades, se forem boas, seremos felizes; se más, infelizes, ou seja, teremos gozos ou penas futuras.

É nesse ponto que as religiões diferem, porque muitas pararam no tempo.

“A dúvida sobre a vida espírita não sendo mais permitida; o temor da morte não tem mais razão de ser; encarasse a sua chegada a sangue frio, como uma libertação, como a porta da vida e não como a porta do nada”. (Cap. II, nº 10).

CAPÍTULO II - TEMOR DA MORTE

“O temor da morte é um efeito da sabedoria da Providência e uma consequência do instinto de conservação comum a todos os seres vivos. Ele é necessário enquanto o homem não estiver bastante esclarecido sobre as condições da vida futura, como contrapeso ao arrebatamento que, sem esse freio, levá-lo-ia a deixar prematuramente a vida terrestre, e negligenciar o trabalho, neste mundo, que deve servir ao seu próprio adiantamento”. (O Céu e o Inferno, Allan Kardec, cap. II)

“Quando se compreende melhor a vida futura, o temor da morte diminui.” (Cap. II, n° 3).

CAPÍTULO III - O CÉU

A palavra céu geralmente é definida como o espaço indefinido que circunda Terra; a parte acima do horizonte. (Cap. III, item l)

Antigamente se acreditava em sete céus superpostos e que eram formados de matéria solida, onde o nosso Planeta era o centro. Quem habitava o sétimo céu já tinha alcançado a suprema felicidade.

Os Mulçumanos acreditavam em nove céus; Ptolomeu em onze e a teologia cristã reconhece três.

Kardec diz no Cap. II, item 3: “... a Terra não aparece senão como um ponto imperceptível, e um dos menos favorecidos para a habitabilidade... A vida está por toda parte, que a humanidade é infinita como Universo”.

No item 18 da mesma referência, o codificador nos diz: “... Onde esta o céu? Está por toda parte; nada o cerca nem lhe serve de limites; os mundos felizes são as últimas estações que a ele conduzem; as virtudes lhe franqueiam o caminho, os vícios lhe interditam o acesso”.

CAPÍTULO IV - O INFERNO

O modelo atual de inferno aceito pelo Cristianismo foi imitado dos Pagãos. Tem o fogo material como base de todos os sofrimentos. O fogo eterno é somente uma figura de que o homem se utilizou para materializar a ideia do inferno, de modo a ressaltar sua crueldade, por considerar o fogo como o suplício mais atroz e que produz o tormento mais efetivo. Tal sorte de conceitos serviu, em certo período da historia da Humanidade, para controlar as paixões da infância da razão. Porém, não serve ao homem do século da inteligência, que nela não pode ver sentido lógico.

O Céu é localizado no alto e o inferno nas profundezas. Com essas localizações, os Cristãos têm duas opções: Felicidade perfeita ou sofrimento absoluto. Quem resolveria isso: Jesus: “Há muitas moradas na casa de meu pai” Jesus também nos disse: “a cada um segundo as suas obras”

Onde se situa o inferno?

“É inútil procurar o inferno em regiões desconhecidas e longínquas, pois ele está em nós: se oculta nos recessos ignorados da alma culpada, e somente a expiação pode fazer cessar as dores. Não há penas eternas” (Leon Denis, O Porquê da Vida. 1ª parte, cap. VI)

O Limbo foi admitido pela Igreja até há pouco tempo, mas o Papa Bento XVI o eliminou. Era destinado as crianças desencarnadas em tenra idade e que por essa situação não tinha feito o mal, assim como os selvagens não batizados. A permanência naquele lugar também não tinha fim, assim como no inferno e sem uma situação definida.

CAPÍTULO IV - O PURGATÓRIO

“O Evangelho não faz nenhuma menção ao purgatório, que não foi admitido pela Igreja senão no ano 593. E seguramente, um dogma mais racional e mais conforme a justiça de Deus do que o do Inferno, uma vez que estabelece penas menos rigorosas e resgatáveis, por faltas de uma menor gravidade” (Cap. IV, item l)

O fogo no Purgatório é mais brando que o do Inferno e a permanência nesse local funciona como alternativa, ou seja, se a pessoa não é tão boa para merecer o Céu e não tão má para ir para o Inferno, vai para Purgatório.

A Igreja nunca determinou o local exato do purgatório e muito menos a natureza das penas, daqueles que lá se encontram. Ficou reservado ao Espiritismo o preenchimento do vazio, nos dando as explicações das causas das misérias humanas, com as diversas reencarnações.

Kardec nos diz no item 4 do referido capitulo, que “o purgatório não é pois uma ideia vaga e incerta, é uma realidade que vemos, tocamos e experimentamos; está nos mundos de expiação, e a Terra é um desses mundos; os homens nela expiam seu passado e seu presente em proveito de seu futuro. Mas contrariamente, a ideia que deles se faz, depende de cada um abreviar ou prolongar a sua estada, segundo o grau de adiantamento e de depuração, que tenha alcançado pelo seu trabalho sobre si mesmo; deles se sai, não porque se terminou seu tempo, ou por méritos de outrem, mas pelo fato de seu próprio mérito, segundo estas palavras do Cristo: “A cada um Segundo as suas obras”. Palavras que resumem toda a justiça de Deus”.

CAPÍTULO VI - DOUTRINA DAS PENAS ETERNAS

As tradições de diversos povos registram a crença, muitas vezes intuitiva, de castigos para os maus e recompensas para os bons, na vida de além-túmulo. Diante da imortalidade da alma, com efeito, a razão e o sentimento de justiça levam a compreensão de que tratamento diferenciado deve ser dado aos homens pelas leis divinas, de conformidade com a natureza das obras que executaram durante a vida no colpo físico. Todavia, a tese da eternidade das penas reservadas a aqueles que infringem as leis do bem e do amor, e, em consequência, a existência do inferno, não resistem à análise objetiva.

Cumpre considerar também que a condenação perpétua não se coaduna com a ideia Cristã da sublimidade, da justiça e da misericórdia divina O sofrimento não é eterno, pois o mal também não o é, de vez que todos foram criados para o aperfeiçoamento maior.

CAPÍTULO VII - AS PENAS FUTURAS SEGUNDO O ESPIRITISMO

“A Doutrina Espírita muda inteiramente a maneira de se encarar o futuro. A vida futura não é mais uma hipótese, mas uma realidade.” (CEI, cap. II).

As explicações do Espiritismo sobre a crença na vida futura, não se fundamentam em teorias nem em sistemas preconcebidos, mas nas constantes observações oferecidas pelas almas que deixaram a matéria e gravitam na erraticidade nos diferentes planos evolutivos.

Há quase século e meio, essas informações são cuidadosamente anotadas, comparadas e selecionadas e formam um compêndio que esclarece devidamente o estado das almas no mundo espiritual.

A advertência dos espíritos nessa nossa escalada é objetiva e segura. Dizem que “o bem e o mal que fazemos decorrem das qualidades que possuímos. Não fazer o bem quando podemos, é, portanto, o resultado de uma imperfeição.” Observem que não basta não fazer o mal. É preciso fazer o bem.

Os espíritos advertem, também, que não é suficiente que o homem se arrependa do mal que fez, embora seja o primeiro e importante passo; são necessárias a expiação e a reparação. O sofrimento, em resumo, é inerente a imperfeição. Livre-se o homem da imperfeição pela sua própria vontade e anulara os males dela decorrentes; conquistara nesse momento a sonhada felicidade.

CAPÍTULO VIII - OS ANJOS

Os anjos segundo a Igreja:

Todas as religiões têm tido anjos sob vários nomes, isto é, seres superiores à Humanidade, intermediários entre Deus e os homens.

“O principio geral resultante dessa doutrina é que os anjos são seres puramente espirituais, anteriores e superiores a Humanidade, criaturas privilegiadas e votadas à felicidade suprema e eterna desde a sua formação, dotadas, por sua própria natureza, de todas as virtudes e conhecimentos, nada tendo feito, alias, para adquiri-los. Estão, por assim dizer, no primeiro plano da Criação, contrastando com o último onde a vida é puramente material; e, entre os dois, medianamente existe a Humanidade, isto é, as almas, seres inferiores aos anjos e ligados a corpos materiais” (cap. VIII, item 3).

Os anjos segundo o Espiritismo:

“As almas ou Espíritos são criados simples e ignorantes, isto é, sem conhecimentos nem consciência do bem e do mal, porém, aptos para adquirir o que lhes falta. O trabalho é o meio de aquisição, e o fim - que é a perfeição - é para todos o mesmo. Conseguem-no mais ou menos prontamente em virtude do livre-arbítrio e na razão direta dos seus esforços; todos têm os mesmos degraus a franquear, o mesmo trabalho a concluir. Deus não aquinhoa melhor a uns do que a outros, porquanto é justo, e, visto serem todos seus filhos, não tem predileções.

Ele lhes diz: Eis a lei que deve constituir a vossa norma de conduta; ela só pode levar-vos ao fim; tudo que lhe for conforme é o bem; tudo que lhe for contrário é o mal. Tendes inteira liberdade de observar ou esta lei, e assim sereis os árbitros da vossa própria sorte”. (cap. VIII, item 12)

CAPÍTULO IX - OS DEMÔNIOS

Os demônios segundo a Igreja:

Satanás, o chefe ou o rei dos demônios, não é, segundo a Igreja, uma personificação alegórica do mal, mas uma entidade real, praticando exclusivamente o mal, enquanto que Deus pratica exclusivamente o bem.

Os demônios Segundo o Espiritismo:

“Segundo o Espiritismo, nem anjos nem demônios são entidades distintas, por isso que a criação de seres inteligentes é uma só. Unidos a corpos materiais, esses seres constituem a Humanidade que povoa a Terra e as outras esferas habitadas”. (Cap. IX, item 20)

CAPÍTULO X - INTERVENÇÃO DOS DEMÔNIOS NAS MODERNAS MANIFESTAÇÕES

As críticas levantadas pela Igreja Católica às manifestações espíritas são objeto de análise de Allan Kardec nestes itens. Eis como esta explica a intervenção exclusiva dos demônios nas manifestações Espíritas: “Ora Se apresentam como divindades e bons gênios, ora assimilam nomes e mesmo traços de memorados mortos. Com o auxilio de tais fraudes dignas da antiga serpente, falam e são ouvidos; dogmatizam e são acreditados; misturam com suas mentiras algumas verdades e inculcam o erro debaixo de todas as formas”. (Cap. X. item 4)

CAPÍTULO XI - DA PROIBIÇÃO DE EVOCAR OS MORTOS

“Alguns membros da Igreja apoiam-se na proibição de Moisés para proscrever as comunicações com os Espíritos. Mas se sua lei deve ser rigorosamente observada neste ponto, deve sê-lo igualmente em todos os outros. Porque seria boa em relação às evocações e má em outras partes? Há que ser consequente: Se reconhece que sua lei não mais esta em harmonia com os nossos costumes e a nossa época. Aliás, é necessário nos reportarmos aos motivos que os levaram a fazer tal proibição, motivos que, então, tinham uma razão de ser, mas que, seguramente, não mais existem”. (Allan Kardec, Revista Espírita, outubro de 1863)

2ª Parte - EXEMPLOS - A PASSAGEM

ESPÍRITOS E TIPO DE EXPIAÇÃO

1 - Marcel (menino de 8 anos) - doente incurável;

2 - Szymel Slizgol - Mendigo - Distribuía tudo;

3 - Julienne Marie - Mendiga;

4 - Max - Mendigo;

5 - Um criado;

6 - Antônio B. - Enterrado vivo;

7 - Letil - Um industrial;

8 - Senhor B - Um sábio ambicioso;

9 - Charles de Saint G. - Idiota;

10 - Adelaide Marguerite Gosse - Criada;

11 - Carla Rivier (de 10 anos) - Doente;

12 - Françoise Vernhes - Cega de Nascença;

13 - Anna Bitter - Sofredora;

14 - Joseph Maitre - Cego aos 20 anos.

BIBLIOGRAFIA

Kardec, Allan, “O Céu e o Inferno”
Kardec, Allan, “Revista Espírita, de outubro de 1863
Pires, José Herculano, na introdução de O Céu e o Inferno, edições Lake.
Denis, Leon , “O Porquê da Vida”. 1ª parte, cap. VI


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quinta-feira, 5 de novembro de 2015

24ª Aula Parte A – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO 2º ANO – FEESP

HOMENAGEM A ADOLFO BEZERRA DE MENEZES

“UMA CARTA DE BEZERRA DE MENEZES”

Quando Adolfo Bezerra de Menezes declarou publicamente sua adesão ao Espiritismo, sua família, que era tradicionalmente católica, reprovou sua atitude. Seu irmão mais velho, Manoel Soares da Silva Bezerra, envia-lhe uma carta, lamentando seu afastamento da educação religiosa que recebera. Em resposta, Bezerra também lhe dirige uma carta, com mais de cem paginas, nas quais defende, com grande sabedoria, os principais preceitos da Doutrina Espírita. Essa carta foi transformada no livro que ora resumimos.

Entre outras coisas, Bezerra explica que foge de discutir crenças religiosas, por estar convencido de que a salvação não esta só na igreja, mas que muitos caminhos levam a casa do Pai, não só aquele.

A salvação pode ser alcançada não pela adoração a Deus neste ou naquele templo, desta ou daquela forma, mas simplesmente, adorando-O em espírito e verdade, que significa amá-Lo sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Embora respeite, acate e dê grande merecimento à missa como uma forma de prece erguida pelos filhos ao Pai, prefere fazer o que Jesus recomendou: “Quando orardes, retirai-vos ao vosso quarto, fechai a porta e rezai em segredo pois, a oração em segredo isola mais facilmente a alma do mundo, que se concentra de modo a quase poder conversar com Deus. Na igreja, ha muitas coisas que nos privam da concentração. O essencial não é a forma, é o fundo; não é o meio, é o fim.

As confissões também têm o seu valor. Porém, mais vale o esforço para renunciar ao mal que se fez e propor-se a melhorar, do que dez mil confissões.

Bezerra começa a fazer, então, uma minuciosa analise sobre a origem do Espiritismo, esclarecendo, inicialmente que o Espiritismo estabelece, sim, a pluralidade das existências, mas todas com o puro caráter humano. O Espírito é criado para a perfeição, pelo saber e pela virtude, e segue progredindo, através dos séculos, até chegar a um estado de pureza, que é o seu destino.

O Espiritismo também não é filho do politeísmo. Ele reconhece o mesmo Deus dos Cristãos, a quem é submisso e a quem invoca pelas preces, assim como reconhece o Cristo, o qual toma por modelo em todo o seu ensino. O Espiritismo não empresta a Deus as paixões humanas, como fazia o politeísmo, nem dá aos homens os atributos divinos como fez a Igreja.

A mais completa prova de que Jesus admitia as reencarnações pode ser constatada na passagem em que Nicodemos pediu-Lhe explicações sobre a vida futura e Jesus lhe respondeu que ninguém poderia ver o reino do céu se não nascer de novo. E, como, Nicodemos lhe perguntasse como um velho poderia voltar ao seio materno, Ele respondeu que aquele que não renascesse da água e do Espírito Santo não poderia entrar no reino do céu.

Jesus não deu maiores explicações, certamente porque essa era uma daquelas verdades que Ele disse não poder ensinar ainda, por não ser oportuno.

Apos citar vários pensadores e suas ideias sobre as vidas sucessivas, Bezerra concluiu: “Eis, para não continuar com citações, a origem do Espiritismo, ou da ideia em que ele assenta. Uma ideia que vem do princípio do mundo, que encarna em todo movimento civilizador dos povos, que prossegue através dos séculos sem se perder; uma ideia que passa de geração a geração, de povo a povo, de raça a raça e, nestes tempos de luz, acende o facho das maiores inteligências do mundo; uma ideia que apresenta esses atestados não pode ser repelida, sem estudo, sem exame, sem repetidas experiências, senão pelos fanáticos ou pelos possessos”.

O autor passa, em seguida, a analisar a razão de ser do Espiritismo.

Começa explicando que a Sinagoga não aceitou o Cristo, porque Ele atacou muitas das supostas verdades nas quais o sacerdócio hebreu acreditava. Bezerra afirma que, se tivessem estudado melhor a lei da revelação divina, teriam compreendido o “Filho Dileto do Altíssimo”.

Essa lei foi revelada ao homem, progressivamente, conforme a marcha da humanidade.

Quase vinte séculos depois de Moises, Jesus veio a Terra para ampliar os ensinamentos dados até então. Sua revelação é mais ampla, porque se destina a todos os povos da Terra, não somente a uma família, como a de Abraão, e a um povo, como o de Moisés. Ela regula todos os sentimentos humanos em relação a Deus e em relação ao próximo e elimina o que havia de falso ou de humano na religião ate então.

Se a perfectibilidade do homem tem se desenvolvido lenta e progressivamente, diz Bezerra, é intuitiva no caráter humano, a sua natural explicação; a razão de sua periodicidade e de sua progressividade.

A revelação divina não se completou com a do Cristo, porque o mundo ainda não estava em condições de receber, compreender e cultivar todas as verdades. Assim Jesus prometeu que mais tarde elas nos seriam ensinadas.

Bezerra analisa que o mundo tinha caminhado cerca de dois mil anos após a primeira revelação, quando Deus revelou a Moisés. Outros tantos séculos depois de Moises se passaram e cumprindo uma programação divina chega a Terra Jesus, com seu legado de amor e perdão.

Jesus em sua infinita sabedoria sabia que nem todas as verdades poderiam ser reveladas, sendo que seriam trazidas mais tarde, pelo Consolador Prometido.

E o Espiritismo tem como razão de ser:

1° - a eterna lei das revelações divinas, que corresponde ao desenvolvimento humano, incontestável nos dezenove séculos decorridos e,

2° - as palavras de Jesus prometendo futuro ensino.

A Igreja alega contra o Espiritismo, que, para revelar as novas verdades, o Redentor fez baixar à Terra o Divino Espírito Santo, que a assiste. Alega ainda que não compôs um só livro sagrado, porque não é inspirada, mas, sim, interpreta todos os livros sagrados, porque é assistida por ele. Portanto, ela própria declara que a assistência que recebe é para que ela interprete o que já está revelado em todos os livros sagrados. E, apesar do grande progresso feito pela humanidade, ela não teve de Jesus qualquer revelação de novas verdades.

A Igreja classifica o Espiritismo como obra de Satanás. Por outro lado, que provas ela tem de que a vida única e o inferno são verdades eternas?

Embora a doutrina de Jesus ainda não esteja totalmente pura, pois ainda não encerra todas as verdades eternas, por não terem recebido ainda o Máximo de luz, como disse o próprio Jesus, sua parte humana ainda se manterá até que a parte divina seja completada.

O critério para se saber se os princípios de uma religião são verdadeiros ou não, são as perfeições infinitas do Criador. Tudo o que as exaltar e pura verdade. Tudo o que as rebaixar e mentira. E os princípios da vida única e das penas eternas as rebaixam.

No desabrochar da vida, os homens apresentam disposições para o bem ou para o mal. Se Deus nos criasse no momento em que devemos entrar na vida, as disposições para o bem ou para o mal seriam dadas por Ele. Se assim fosse, Ele não seria justo, porque, criando almas com disposições opostas, como poderia, no fim da vida, tomar-lhes contas iguais, dizendo que tiveram igual liberdade?

O Espiritismo explica que é pelas vidas sucessivas que o Espírito se depura. O Espírito adiantado, quando reencarna, apresenta inclinação para o bem a que já está afeiçoado, e essa inclinação é conquista sua e não obra do Criador. Por outro lado, o Espírito atrasado apresentará reencarnado inclinação para o mal a que ainda é afeiçoado e essa inclinação é consequência de suas obras e não de seu criador.

Bezerra encerra sua analise sobre a razão de ser do Espiritismo, dizendo que: “O Espiritismo, pois, firmado na lei da progressividade da revelação e na promessa do divino Jesus, de que mandaria mais tarde revelar as verdades que não era oportuno ensinar; apresenta-se como seu enviado, ensinando uma Teogonia baseada na pluralidade da existência, que justifica ser uma daquelas verdades, pelo confronto com o infalível critério de toda a verdade. Eis a sua razão de ser".

Em seguida, passa a relatar o Modo de Ensino do Espiritismo.

Entre vários pontos que analisa, diz que o Espiritismo confirma tudo o que foi ensinado por Jesus, sem alterar seus fundamentos com as novas ideias que apresenta; irrompeu de todos os pontos do Planeta e não de um único lugar; trazido por vários mensageiros invisíveis e não por um único mensageiro, etc.

Não há uma família que não tenha tido provas de comunicação dos mortos com os vivos. Seja para pedirem alguma coisa, seja para se despedirem ou para darem noticia, seja para falarem sobre males que afetam o organismo, seja para indicarem meios curativos, etc. Bezerra cita vários casos que chegaram ao seu conhecimento, como também que aconteceram com ele próprio e com sua família.

Com o aparecimento do Espiritismo, também se multiplicaram os médiuns, que recebem comunicações de todos os gêneros. E que são chegados os tempos de o mundo receber mais amplo conhecimento dos mistérios humanos, que Deus vai aclarando à medida que o mundo vai podendo compreender. Porém, temos que ter o maior cuidado ao receber as comunicações dos desencarnados, assim como tomamos cuidado com o aconselhamento dos encarnados, porque nem todos são ligados ao bem.

Em resposta a afirmativa do irmão de que o Espiritismo era obra de Satanás, Bezerra afirma que sempre houve um único Deus, sendo o mal pura criação humana. Portanto, Satanás não existe. Também com base no ensinamento de Jesus de que pelo fruto se conhece a árvore, os frutos do Espiritismo só podem ser bons, porque não alteram a moral de Jesus, além de ser também baseado na revelação abraâmica e na revelação mosaica. O Espiritismo não faz alteração alguma nos Evangelhos, só modificando as questões da vida única e das penas eternas.

Na conclusão da carta, Bezerra afirma crer em Deus, em Jesus e em algumas outras crenças da Igreja. Ao relatar no que não crê e por quais motivos, ele praticamente faz um resumo dos principais pontos de sua carta. Vale à pena ressaltar:

“Não creio na lenda dos anjos decaídos, porque crer nisso valeria por negar a onipotência e a onisciência do Senhor”.

“Não creio que o mal possa triunfar do bem, eternizando-se, como este, no reino de Satanás”.

“Não creio que um Espírito criado pelo Senhor possa fazer-lhe frente, resistir-lhe e destruir lhe os planos e nem que o Senhor permita isso, servindo-se do rebelde para castigar o rebelde, porque, neste caso, Deus não criou o homem para o bem, para a felicidade”.

“Não creio na vida única, porque o homem é perfectível”.

“Não creio nas penas eternas, porque Deus é Pai”.

“Não creio na infalibilidade do Papa, porque assim teríamos um Deus no Céu e outro na Terra”.

E a comunhão dos santos significa, para mim, a comunhão dos Espíritos. E a ressurreição da carne significa a reencarnação dos Espíritos. “Eis o meu credo e digo-lhe que tenho fé viva e esperança firme de subir com ele à sociedade de Deus na eternidade”.

A carta é datada de 31 de maio de 1886.

BIBLIOGRAFIA:

A. Menezes, Bezerra de - Uma carta de Bezerra de Menezes

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quinta-feira, 29 de outubro de 2015

23ª Aula Parte ÚNICA – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO 2º ANO – FEESP

VISÃO GERAL DO LIVRO DOS ESPÍRITOS

Trata a conclusão de O Livro dos Espíritos, muito e enfaticamente, dos adversários do Espiritismo, iniciando como apelo e a súplica a todos que se puderem considerar “adversários de boa fé”: que se deem ao trabalho de estudar o que criticam mesmo porque em boa lógica, a crítica somente comporta algum valor, quando quem a expõe conhece o assunto.

Se o Espiritismo devesse crédito ao cérebro humano, como obra desse, talvez fosse menos combatido e merecido as honras do exame daqueles que pretendem opinar-lhe respeito, por parte dos que o criticam.

Muitos dos adversários do Espiritismo são exatamente os materialistas, já que é gritante o antagonismo entre ambos: Espiritismo e Materialismo. Os materialistas sequer aceitam assim ser chamados visto que apontados pelas próprias consciências demonstram-se fracos, ao que largam mão então da ciência, da razão e, até mesmo da Religião.

Almejam o maravilhoso e o sobrenatural que não aceitam como no que diz respeito aos milagres e as comunicações com o “além”; esquecendo-se que todos os autores sagrados comprovam esses fatos. Vê-se daí que a rejeição ao maravilhoso como são os milagres ao sobrenatural como exemplificam tais comunicações, estão esses adversários a rejeitar as próprias bases da Religião.

O Espiritismo prova esses fenômenos que são em verdade naturais aos nossos olhos. Sobrenaturais são os fenômenos científicos que em outras épocas pareciam maravilhosos.

Os fenômenos espíritas são consequências das leis gerais que revelam-nos as forças ainda incompreendidas por agora, mas que estão no prelo da observação.

“Se a vossa ciência, que nos ensinou tantas coisas, não vos revelou que o domínio da natureza é infinito; sois apenas meio sábios” (LE Conclusão, item II). A incredulidade provoca o relaxamento dos laços familiares e a maioria das desordens que minam a sociedade. O Espiritismo reaviva a fé no futuro por crer na imortalidade do Espírito, fazendo suportar com resignação as vicissitudes da vida; assim consola e descortina o futuro.

Podem os críticos fazer a apologia da fraternidade e do progresso, mas a primeira supõe o desinteresse e a própria abnegação que não condiz com o orgulho que barra essa fraternidade. O Progresso deve advir da lei de justiça, amor e caridade, da qual advêm todas as demais a que esta condicionada à felicidade humana. Em sendo essa lei melhor compreendida e praticada, os povos melhoram sua condição como esta para ocorrer neste terceiro milênio.

A sociedade vai se destituindo de velhos preconceitos e faz o progresso ter por objetivo a busca e aumento da felicidade.

Na verdade, os que combatem o Espiritismo estão a proclamar a sua força, porque possui fundamento lógico.

Com ele a Humanidade entra na fase do progresso moral. As ideias espíritas se propagam com rapidez e satisfazem os que nelas se aprofundam.

O desenvolvimento dessas ideias apresenta três períodos diferentes:

1) Da curiosidade: provocada pelos fenômenos - já passou

2) Do raciocínio e da Filosofias - já começou. A filosofia explica pelo raciocínio o que interessa ao homem no mais alto grau, quanto ao seu futuro (a calma, a segurança e a confiança que livra o tormento da incerteza) deixando a matéria em segundo plano.

3) Da aplicação e das consequências: seguirá naturalmente, pois o progresso esta ligado a compreensão da sua essência. Ai está à causa da propagação da Doutrina Espírita.

O Espiritismo é forte porque se apoia nas próprias bases da Religião (Deus, alma, penas e recompensas).

A forca do Espiritismo não decorre das manifestações, mas da filosofia, no apelo que faz a razão e ao bom senso.

Os preceitos espíritas são contemporâneos à criação humana e encontra-se em todas as religiões, mais ainda no catolicismo, onde se encontram os princípios das manifestações relações com Espíritos, anjos guardiões, reencarnação, dupla vista, visões, aparições tangíveis, etc. A moderna ciência espírita cancela a superstição e a ignorância, deixando somente o que é real.

As ideias espíritas surgem concomitantemente com os abusos nascidos do orgulho e do egoísmo e só terá por adversários os interessados na manutenção desse mal. Essas ideias já tem tornado os homens melhores, menos ávidos dos interesses materiais e mais resignados ante os decretos de Deus.

O Espiritismo se apresenta sob três aspectos:

1) Manifestações

2) Princípios da Filosofia e Moral

3) Aplicação deste princípios

Quantos aos Adeptos:

1) Os que creem nas manifestações e se limitam a constatá-las, com se fosse uma ciência de experimentação.

2) Os que compreendem as suas consequências morais.

3) Os que praticam ou se esforçam por praticar essa moral.

Quando aos adversários:

1) Os que negam a tudo e nada admitem fora do testemunho dos sentidos: estes não querem se aprofundar por medo de terem de convir que não tem razão, são os incrédulos de posição fixada. São orgulhosos e presunçosos.

2) Os que mesmo sabendo o que devem pensar, combatem as ideias espíritas por interesse pessoais, ou seja, acreditam que o Espiritismo existe, mas temem suas consequências para consigo mesmo e o atacam como um inimigo. São dotados da ambição.

3) Os que encontram na moral espírita uma censura demasiado severa para os seus atos ou tendências, não o rejeitando nem o aprovando, mas fechando os olhos. São egoístas.

Entre os que compreendem o Espiritismo filosófico, enxergando além de fenômenos curiosos ha três efeitos:

1) Desenvolvimento do sentimento religioso até indiferentes as coisas espirituais (aceitação da morte inevitável como algo antes feliz do que terrível, ciente do que sobrevém ao depois).

2) Resignação em face das vicissitudes da vida (o homem não se perturba diante das tribulações, tem coragem na aflições, moderação nos desejos, afastamento do pensamento suicida, etc.).

3) Desperta a indulgência para os defeitos alheios, porém o mais potente dos sinais do progresso é a abnegação de si mesmo (no que concerne ao dinheiro a ao supérfluo cujo desprendimento é muito difícil ainda).

O Espiritismo não encera moral diversa da de Jesus e por consequência Ele também assim não o fazia com a contida na Lei de Deus revelado a Moises. Não se pode negar a utilidade da moral espírita denominada caridade universal.

Os Espíritos veem somente confirmá-la e mostrar sua utilidade prática, tomando inteligíveis a patentes as verdades que haviam sido ensinadas de forma alegórica, “portanto não se deve usar do mesmo raciocínio do califa Omar sobre a Biblioteca de Alexandria” (LE, item da Conclusão).

O Espiritismo matando o materialismo através dos fatos, comprovadas as comunicações com o “além”, fazendo compreender a vida futura iniciando os homens nos princípios das penas e dos gozos que os esperam Segundo seus méritos, faz a humanidade se curvar diante da evidência e mostra os inevitáveis efeitos do mal e, por conseguinte, a necessidade do bem.

Os Espíritos ensinam a não nos inquietarmos com os adversários, as divergências de opiniões, os contraditórios, pois que já fez unidade (unanimidade) sobre a maioria das questões.

Devemos saber distinguir os Espíritos pela linguagem, pelo conjunto do que dizem, pelo encadeamento lógico das ideias e, se nada denunciar ignorância, orgulho ou malevolência, este poderá revelar sua superioridade.

Assim estamos aprendendo a distinguir o erro da verdade e nos adiantar pela experiência. As dissidências são mais de forma que o definido.

Assim, o alvo final: fazer o bem, pouco importando a rota desde que conduza ao alvo, razão e moderação, triunfam sobre a inveja e o ciúme dos que são contraditórios as ideias citadas.

Sob que influência espiritual estão então as diversas seitas que se repartem o mundo?

Diz Santos Agostinho que basta verificar suas obras e seus princípios, pois os bons Espíritos não instigam o mal, não aconselham a violência, não excitam o ódio, a sede de riquezas e poder e muito menos dos bens terrenos.

Somente os bons para com todos são preferidos de Jesus por seguirem a rota indicada para levar ao Pai.

Não devemos nos inquietar com a oposição, pois tudo o que fazem contra, se tornará favorável e os maiores adversários servirão a causa sem o querer, pois contra a vontade de Deus, a má vontade dos homens não pode prevalecer.

COM JESUS E POR JESUS

Na introdução de “O Livro dos Espíritos”, recolhemos de Allan Kardec esta afirmação expressiva: “As comunicações entre o mundo espiritual e o mundo corpóreo estão na ordem natural das coisas e não constituem fato sobrenatural, tanto que de tais comunicações se acham vestígios entre todos os povos e em todas as épocas. Hoje se generalizaram e tomaram patentes a todos”.

No item VIII das páginas de conclusão do mesmo livro, o Codificador assevera com segurança: “Jesus veio mostrar aos homens o caminho do verdadeiro bem. Por que, tendo-o enviado para fazer lembrar sua lei que estava esquecida, não havia Deus de enviar hoje os Espíritos, a fim de a lembrarem novamente aos homens, e com maior precisão, quando eles a olvidam para tudo sacrificar ao orgulho e a cobiça?”

E sabemos que, de permeio, o grande livro que lançou os fundamentos do Espiritismo trata, dentre valiosos assuntos, das leis de adoração, trabalho, sociedade, progresso, igualdade, liberdade, justiça, amor, caridade e perfeição moral, bem como das esperanças e das consolações.

Reportamo-nos a tais referências para recordar que o fenômeno espírita sempre esteve presente no mundo, em todos os lances evolutivos da Humanidade, e que Allan Kardec, desde o inicio do ministério a que se consagrou, imprimiu a sua obra o carisma religioso de que não podia ela ausentar-se, tendo até acentuado que o Espiritismo é forte porque assenta sobre os fundamentos mesmos da Religião: Deus, a alma, as penas e as recompensas futuras.

Aceitamos, perfeitamente, as bases cientificas e filosóficas em que repousa a Doutrina Espírita, as quais nos ensejam adquirir a “fé raciocinada capaz de encarar a razão face a face”, contudo, sobre semelhantes alicerces, vemo-la, ainda e sempre, em sua condição de Cristianismo restaurado, aperfeiçoando almas e renovando a vida na Terra, para a vitória do Infinito Bem, sob a égide do Cristo, nosso Divino Mestre e Senhor.

O apostolo da Codificação não desconhecia o elevado mandato relativamente aos princípios que compilava, e, por isso mesmo, desde á primeira hora, preocupou-se com os impositivos morais de que a Nova Revelação se reveste, tendo salientado que as consequências do Espiritismo se resumem em melhorar o homem e, por conseguinte, tomá-lo menos infeliz, pela prática da mais pura moral evangélica.

Sabemos que a retorta não sublima o caráter e que a discussão filosófica nada tem que ver com caridade e justiça. Com todo o nosso respeito, pois, pela filosofia que indaga e pela ciência que esclarece, reconheceremos sempre no Espiritismo o Evangelho do Senhor, redivivo e atuante, para instalar com Jesus a Religião Cósmica do Amor Universal e da Divina Sabedoria sobre a Terra.

Espíritos desencarnados aos milhões e em todos os graus de inteligência enxameiam o mundo, requisitando, tanto quanto os encarnados, o concurso da educação.

Por isso, não podemos acompanhar os que fazem de nossa Redentora Doutrina mera tribuna discutidora ou simples caçada a demonstrações de sobrevivência, apenas para a realização de torneios literários ou para longos cavacos de gabinete e anedotas de salão, sem qualquer consequência espiritual para o caminho que lhes é próprio.

Estudemos, assim, as lições do Divino Mestre e aprendamo-las na prática de cada dia.

A morte a todos nos reunira para a compreensão da verdadeira vida... E, sabendo que a justiça definir-nos-á segundo as nossas obras, abracemos a codificação kardequiana, prosseguindo para a frente, com Jesus e por Jesus.

BIBLIOGRAFIA:

Kardec, Allan, “O Livro dos Espíritos”, Conclusão
Emmanuel (Espírito) “Fonte Viva”, Introdução, pelo Médium Francisco Cândido Xavier

Fonte da imagem: internet Google.

terça-feira, 27 de outubro de 2015

22ª Aula Parte ÚNICA – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO 2º ANO – FEESP

BREVES HISTÓRIAS DO LIVRO OBRAS PÓSTUMAS E REVISTA ESPÍRITA

Pelo ano de 1855, Allan Kardec inicia seus trabalhos a observações sobre fenômenos espíritas. Entreviu as relações do mundo visível com o mundo invisível e reconheceu suas forcas seu dilema e seu valor.

Assim começou o seu trabalho que resultou nas seguintes obras:

1. O Livro dos Espíritos (Abril/1857).

2. O livro dos Médiuns (Janeiro/1861).

3. O Evangelho Segundo o Espiritismo (Abri1/1864).

4. O Céu e o Inferno (Agosto/1865).

5. A Gênese (Janeiro/1868).

6. A Revista Espírita (Janeiro/1858 a Junho/1869).

Trabalhador infatigável, sempre o primeiro a tomar a obra e o último a deixá-la, Allan Kardec sucumbiu, a 31 de março de 1869, quando se preparava para uma mudança de local, imposta pela extensão considerável de suas múltiplas tarefas. Diversas obras que ele estava quase a terminar, ou que aguardavam oportunidade para vir a lume, demonstrarão um dia, ainda mais, a extensão e o poder das suas concepções.

Morreu trabalhando, sofria a longos anos de uma enfermidade no coração e desta maneira o mundo se viu órfão de um dos maiores pensadores que a Terra já presenciou.

O Livro Obras Póstumas apresenta uma biografia de Allan Kardec e uma sinopse do seu trabalho. Este livro inicia-se com um discurso de Camile Flammarion junto ao túmulo de Allan Kardec traçando num esboço rápido as linhas principais da sua carreira literária.

Logo em seguida o livro é dividido em duas partes, a primeira apresentando a tríade Deus, A Alma e a Criação, as manifestações dos Espíritos, caráter e consequências religiosas das manifestações dos Espíritos, controvérsias sobre a ideia da existência de seres interplanetários entre o homem e Deus, causa e natureza da clarividência sonambúlica, conhecimento do futuro, estudo sobre a natureza do Cristo.

As alternativas da humanidade, a morte espiritual, a vida futura e uma ligeira resposta aos detratores do Espiritismo. A segunda parte já apresenta um resumo do seu trabalho, desde a iniciação no Espiritismo, os livros da codificação a missão o futuro do Espiritismo e os princípios fundamentais da doutrina Espírita, reconhecidos como verdade inabalável.

Um exemplo do livro Obras Póstumas é a historia: a música celeste, segue texto abaixo: Um dia, numa das reuniões da família, o pai lera uma passagem de O Livro dos Espíritos, concernente a musica celeste. Uma de suas filhas, boa musicista, dizia a si mesma: Mas não ha música no mundo invisível; isso lhe parecia impossível, todavia, não deu a conhecer o seu pensamento. À noite, ela mesma escreveu, espontaneamente, a comunicação seguinte:

“Esta manhã, minha filha, teu pai te leu uma passagem de O Livro dos Espíritos; tratava-se de música; tu aprendeste que a do céu é muito mais bela do que a da Terra, os Espíritos a acham muito superior a vossa. Tudo isto é a verdade; entretanto, te dizias a parte e a ti mesma: Como Bellini poderia vir me dar conselhos e ouvir a minha música? Provavelmente, foi algum Espírito leviano e farsante. (Alusão aos conselhos que o Espírito de Bellini lhe dava, às vezes, sobre a música.) Tu te enganas, minha filha, quando os Espíritos tomam um encarnado sob a sua proteção, seu objetivo é fazê-lo avançar”.

“Assim, Bellini não acha mais a sua música bela, porque não pode compará-la a do espaço, mas ele vê a tua aplicação e o teu amor por essa arte, se te dá conselhos é por satisfação sincera; deseja que teu professor seja recompensado por todo o seu trabalho; mesmo achando teu divertimento muito infantil, diante das sublimes harmonias do mundo invisível, aprecia teu talento que se pode chamar grande sobre essa Terra. Crede-o, minha filha, o som de vossos instrumentos, vossa mais bela voz, não poderiam vos dar a mais fraca ideia da música celeste e de sua suave harmonia.”

Alguns instantes depois, a jovem disse: “Papai, papai, eu adormeço, eu caio...” Logo abateu-se sobre uma poltrona exclamando: “Ó! papai, papai, que música deliciosa!... Desperte-me, porque para lá me vou.”

Os assistentes, assustados, não sabendo como despertá-la, ela disse: “Água, água.” Com efeito, algumas gotas lançadas sobre o seu rosto produziram um pronto resultado; de início aturdida, retornou lentamente a si, sem ter a menor consciência do que se passara.

Na mesma noite, estando o pai só, obteve a explicação seguinte do Espírito de São Luis: “Quando lias, para a tua filha, a passagem de O Livro dos Espíritos tratando da musica celeste, ela estava na duvida; não compreendia que a música pudesse existir no mundo espiritual”. Eis porque, esta noite, eu lhe disse a verdade; isso não podendo persuadi-la, Deus permitiu, para convencê-la, que lhe fosse enviado um sono sonambúlico. Então, seu Espírito, se desligando de seu corpo adormecido, lançou-se no espaço e foi admitido nas regiões etéreas, seu êxtase era produzido pela impressão da harmonia celeste; também ela exclamou: “Que música”! “Que música”! Mas sentindo-se cada vez mais transportada nas regiões elevadas do mundo espiritual, pediu para ser despertada, tendo indicado o meio para isso, quer dizer, com água.

“Tudo se faz pela vontade de Deus”. O Espírito de tua filha não duvidara mais; embora não tenha, estando desperta, conservado a memória nítida do que se passou, seu Espírito sabe no que ater-se.

“Agradecei a Deus pelos favores com os quais cumula essa criança; agradecei-lhe por dignar-se, cada vez mais, vos fazer conhecer a sua onipotência e a sua bondade. Que suas bênçãos se derramem sobre vós e sobre esse médium feliz entre mil”!

Nota. Perguntar-se-á, talvez, que convicção pode resultar para essa jovem daquilo que ouviu, se disso não se lembra mais. Se, no estado de vigília, os detalhes se apagaram de sua memória, o Espírito se lembra; resta nele uma intuição que modifica os seus pensamentos; em lugar de fazer oposição, aceitara sem dificuldade às explicações que lhe serão dadas porque as compreendera, e, intuitivamente, as achara de acordo com o seu sentimento íntimo.

O que se passou aqui, por um fato isolado, no espaço de alguns minutos, durante a curta excursão que o Espírito da jovem fez no mundo espiritual, e análogo ao que ocorre de uma existência a outra quando o Espírito, que se encarna, possui luzes sobre um assunto qualquer; ele se apropria, sem dificuldade, de todas as ideias que se relacionam com esse assunto, se bem que não se lembre, como homem, da maneira pela qual as adquiriu. As ideias, ao contrario, para as quais não está maduro, entram com dificuldade em seu cérebro.

Assim se explica a facilidade com que certas pessoas assimilam as ideias espíritas. Essas ideias não fazem senão despertar nelas as que já possuíam; são espíritas de nascimento como outras são poetas, músicos ou matemáticos. Elas compreendem da primeira palavra, e não tem necessidade de fatos materiais para se convencerem. Incontestavelmente, é um sinal de adiantamento moral e do principio espiritual.

Na comunicação acima está dito: “Agradecei a Deus pelos favores com os quais cumula essa criança; que suas bênçãos se derramem sobre este médium, feliz entre mil.” Estas palavras pareceriam indicar um favor, uma preferência, um privilegio, ao passo que o Espiritismo nos ensina que Deus, sendo soberanamente justo, nenhuma de suas criaturas é privilegiada, e que não facilita mais o caminho a uns do que aos outros. Sem nenhuma dúvida, o mesmo caminho esta aberto a todo mundo, mas nem todos o percorrem com a mesma rapidez: e com o mesmo fruto; nem todos aproveitarão igualmente as instruções que recebem. O Espírito dessa criança, embora jovem como encarnada, sem dúvida, já viveu muito, e certamente progrediu.

Os bons Espíritos, encontrando-a então dócil aos seus ensinos, se alegram em instruí-la, como faz o professor com o aluno em que encontra felizes disposições; é a esse título que é médium feliz entre muitos outros que, por seu adiantamento moral, não tiram nenhum fruto de sua mediunidade. Não há, pois, neste caso, nem favor, nem privilegio, mas sim uma recompensa; se o Espírito cessasse de ser digno dela, logo seria abandonada por seus bons guias, para ver acorrer, ao seu redor, uma multidão de maus Espíritos.

O êxito do Livro dos Espíritos ultrapassara todas as expectativas. Allan Kardec recebia de todos os lados relatórios de extraordinários fatos espíritas, cartas interrogando sobre esse e aquele ponto de doutrina, visitas inesperadas de pessoas com dúvidas e pedindo esclarecimentos maiores, ao mesmo passo que recortes de jornais contra o Espiritismo.

Nesta época só existiam duas revistas em francês que atendiam ao público espírita, o “Journal de l’âme” de Genebra e nos Estados Unidos o jornal francês “Le Spiritualiste de La Nouvelle-Orléans” e dezessete jornais na língua inglesa, consagrados a esses assuntos.

Apesar de faltar tempo ao codificador da Doutrina Espírita, ele percebeu a necessidade de um periódico mais abrangente que pudesse atender ao público interessado sobre o assunto. Nasce em 1 de Janeiro de 1858 a Revista Espírita e superando todas as expectativas com as suas 36 páginas toma-se uma das revistas mais procuradas do Velho Continente.

Kardec frequentemente aproveitava as noticias da imprensa diária, mesmo as que não tivessem relação alguma com o Espiritismo, para comentá-las sob o angulo espírita, e, quando necessário, realizava a evocação de Espíritos que lançassem luz sobre diferentes aspectos dos fatos apresentados. Os jornais, dizia ele, estão cheios de casos de todos os gêneros, louváveis ou censuráveis, que podem oferecer assunto para estudos morais sérios, são para os espíritas uma mina inesgotável de observações e instruções.

Inúmeras manifestações físicas espontâneas, ruídos, pancadas, arremesso de projéteis de natureza diversa, deslocamento e quebra de objetos, estrondos, etc., etc., tudo devidamente comprovado, sem que ninguém descobrisse o autor ou os autores visíveis, nem mesmo com a vigilância ativa da policia, narradas pela imprensa francesa e de outros países, foram transcritas por Allan Kardec na Revista Espírita, dele recebendo explicações e esclarecimentos que lhes tiravam todo o caráter de sobrenaturais.

Embora lhe fosse pesada a tarefa, Allan Kardec dirigiu a Revista Espírita durante onze anos e pouco, por ela se responsabilizando sozinho, sem entraves de nenhuma vontade estranha. Enfrentou incessantemente as mais ásperas lutas, as mais violentas tempestades, a fim de deixar aos continuadores de sua querida revista um campo de trabalho menos árduo e de horizontes mais bem definidos.

De certa forma, pode-se dizer, com o próprio Kardec, que a “Revue Spirite” é, nos seus primeiros dez anos, ‘o complemento e o desenvolvimento’ da obra doutrinária por ele encetada em 1857, e tanto isso é verdade que nos livros da Codificação se deparam trechos inteiros e até mesmo capítulos anteriormente publicados na revista, que a partir de 1913 tomaria o nome de “La Revue Spirite”.

Centenas de colaboradores, de varias nações, entre encarnados e desencarnados, entre sábios e eruditos, entre criaturas do povo e de elevada posição social, entre cientistas, filósofos e literatos, entre espíritas e não espíritas, levantaram, com Kardec e apos Kardec, a admirável pirâmide de mais de cem volumes da “Revue Spirite”, pirâmide que encerra a força e a beleza indescritíveis do Espiritismo, nos seus três aspectos: ciência, filosofia e religião.

Um exemplo prático da Revista Espírita de outubro de 1867 explica os médicos médiuns: A Sra. Condessa de Clérambert, da qual falamos no artigo anterior, oferecia uma das variedades da faculdade de curar, que se apresenta sob uma infinidade de aspectos e de nuanças, apropriadas às aptidões especiais de cada indivíduo. Em nossa opinião, era o tipo do que poderia ser entre muitos médicos, de que muitos poderão ser, sem dúvida, quando entrarem na via da espiritualidade, que lhes abre o Espiritismo, porque muitos verão
desenvolver-se em si faculdades intuitivas, que lhes serão um precioso auxílio na prática.

Dissemos, e repetimo-lo, seria um erro crer que a mediunidade curadora venha destronar a medicina e os médicos. Ela vem lhes abrir uma nova via; mostrar-lhes na natureza, recursos e forças que ignoravam e com as quais podem beneficiar a ciência e os doentes, numa palavra, provar-lhes que não sabem tudo, desde que há pessoas que, fora da ciência oficial, conseguem o que eles mesmos não conseguem. Assim, não temos a menor dúvida de que um dia haverá médicos-médiuns, como há médiuns-médicos que, a ciência adquirida, juntarão o dom de faculdades mediúnicas especiais.

Apenas como essas faculdades só tem valor efetivo pela assistência dos Espíritos, que podem paralisar os seus efeitos pela retirada de seu concurso, que frustram à sua vontade os cálculos do orgulho e da cupidez, é evidente que não prestarão sua assistência aos que os renegarem e entenderem servir-se deles secretamente, em proveito de sua própria reputação e de sua fortuna. Como Espíritos trabalham para a humanidade e não vêm para servir a interesses egoístas individuais; como, em tudo o que fazem, agem em vista da propagação das doutrinas novas, são-lhes necessários soldados corajosos e devotados, e nada tem que fazer com poltrões, que tem medo da sombra da verdade. Assim, secundarão os que, sem resistência e sem premeditação, colocarem suas aptidões ao serviço da causa que se esforçam por fazer prevalecer.

O desinteresse material, que é um dos atributos essenciais da mediunidade curadora, será, também, uma das condições da medicina mediúnica? Então, como conciliar as exigências da profissão com uma abnegação absoluta? Isto requer algumas explicações, porque a posição não e a mesma.

A faculdade do médium curador nada lhe custou. Não lhe exigiu estudo, nem trabalho, nem despesas. Recebeu-a gratuitamente, para o bem dos outros, e deve usá-la gratuitamente. Como antes de tudo e preciso viver, se, por si mesmo, não tem recursos que o tomem independente, deve achar os seus meios no seu trabalho ordinário, como o teria feito antes de conhecer a mediunidade. Não dá ao exercício de sua faculdade senão o tempo que lhe pode consagrar materialmente. Se tira esse tempo de seu repouso e se emprega em tomar-se útil aos seus semelhantes o que teria consagrado a distrações mundanas, e o verdadeiro devotamento, e nisto só tem mais mérito. Os Espíritos não pedem mais e não exigem nenhum sacrifício desarrazoado.

Não se poderia considerar devotamento e abnegação o abandono de seu trabalho para entregar-se a um trabalho menos penoso e mais lucrativo. Na proteção que eles concedem, os Espíritos, aos quais a gente não se pode impor, sabem perfeitamente distinguir os devotamentos reais dos devotamentos fictícios.

Muito outra seria a posição dos médicos-médiuns. A medicina é uma das carreiras sociais que se abraça para dela fazer uma profissão, e a ciência medica só se adquire a titulo oneroso, por um trabalho assíduo, por vezes penoso. O saber do médico é, pois, uma conquista pessoal, o que não é o caso da mediunidade. Se, ao saber humano, os Espíritos juntam seu concurso pelo dom de uma aptidão mediúnica, é para o médico um meio a mais para se esclarecer, para agir mais segura e eficazmente, pelo que deve ser reconhecido, mas não deixa de ser sempre medico; é a sua profissão, que não deixa para fazer-se médium. Nada há, pois, de repreensível em que continue a dela viver, e isto com tanto mais razão quanto a assistência dos Espíritos por vezes é inconsciente, intuitiva, e sua intervenção se confunde, às vezes, com o emprego dos meios ordinários de cura.

Porque um médico tomou-se médium e é assistido por Espíritos no tratamento de seus doentes, não se segue que deva renunciar a toda remuneração, o que o obrigaria a procurar os meios de subsistência fora da medicina e, assim, renunciar sua profissão. Mas se for animado do sentimento das obrigações que lhe impõe o favor que lhe é concedido, saberá conciliar seus interesses com os deveres de humanidade.

Não se dá o mesmo com o desinteresse moral que, em todos os casos, pode e deve ser absoluto. Aquele que, em vez de ver na faculdade mediúnica um meio a mais de tomar-se útil aos seus semelhantes, nela se procurasse uma satisfação ao amor-próprio; que considerasse um mérito pessoal os sucessos obtidos por esse meio, dissimulando a causa verdadeira, faltaria ao seu primeiro dever. Aquele que, sem renegar os Espíritos, não visse em seu concurso, direto ou indireto, senão um meio de suplementar a deficiência de sua clientela produtiva, com alguma aparência filantrópica que se cobre aos olhos dos homens, faria, por isso mesmo, ato de exploração. Num caso, como no outro, tristes decepções seria a sua consequência inevitável, porque os simulacros e as saídas falsas não podem enganar os Espíritos, que leem no fundo do pensamento.

Dissemos que a mediunidade curadora não matará a medicina nem os médicos, mas não pode deixar de modificar profundamente a ciência médica. Sem dúvida haverá sempre médiuns curadores, porque sempre os houve, e esta faculdade esta na natureza, mas serão menos numerosos e menos à medida que aumentar o número de médicos-médiuns, e quando a ciência e a mediunidade se prestarem mútuo apoio. Ter-se-á mais confiança nos médicos quando forem médiuns, e mais confiança nos médiuns quando forem médicos.

Não podem ser contestadas as virtudes curativas de certas plantas e de outras substâncias que a Providência pôs ao alcance do homem, colocando o remédio ao lado do mal. O estudo dessas propriedades é do campo da medicina. Ora, como os médiuns curadores só agem por influência fluídica, sem o emprego de medicamentos, se um dia devessem suplantar a medicina, resultaria que, dotando as plantas de propriedades curativas, Deus teria feito uma coisa inútil, o que é inadmissível. Há, pois, que considerar a mediunidade curadora como um modo especial e não como meio absoluto de cura. O fluido, como um novo agente terapêutico aplicável em certos casos e vindo juntar um novo recurso à medicina. Por consequência, a mediunidade curadora e a medicina como devendo de agora em diante marchar concomitantemente, destinadas a se auxiliarem mutuamente, a se suplementar e a se completar uma a outra. Eis porque se pode ser médico sem ser médium curador, e médium curador sem ser médico.

Então porque esta faculdade hoje se desenvolve quase que exclusivamente nos ignorantes, em vez de nos homens de ciência? Pela razão muito simples que, ate agora, os homens de ciência a repelem. Quando a aceitarem, vê-la-ão desenvolver-se entre si, como entre os outros. Aquele que hoje a possuísse iria proclamá-la?

Não: ocultá-la- ia com o maior cuidado. Desde que ela é inútil em suas mãos, porque lha dar? Seria o mesmo que dar um violão a um homem que não sabe e não quer tocar.

A este estado de coisas junta-se outro motivo capital. Dando aos ignorantes o dom de curar males que os sábios não podem curar, é para provar a estes que nem tudo sabem, e que ha leis naturais além das que a ciência reconhece. Quando maior a distancia entre a ignorância e o saber, mais evidente é o fato. Quando se produz naquele que nada sabe, é uma prova certa de que ali em nada participou o saber humano.

Mas como a ciência não pode ser um atributo da matéria, o conhecimento do mal e dos remédios por intuição, como a faculdade de vidência, só podem ser atribuídos ao Espírito. Elas provam no homem a existência do ser espiritual, dotado de percepções independentes dos órgãos corporais e, muitas vezes, de conhecimentos adquiridos anteriormente, numa precedente existência. Esses fenômenos têm, pois, ao mesmo tempo, a consequência de serem a humanidade, e de provar a existência do principio espiritual.

BIBLIOGRAFIA

KARDEC, Allan - Obras Póstumas;
Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos - Índice Geral Remissivo;
Revista Espírita - Jornal de Estudos Psicológicos - I Ano - 1858 - “Apresentação”.

Fonte da imagem: internet Google.