CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

24ª Aula Parte A – CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO 2º ANO – FEESP

HOMENAGEM A ADOLFO BEZERRA DE MENEZES

“UMA CARTA DE BEZERRA DE MENEZES”

Quando Adolfo Bezerra de Menezes declarou publicamente sua adesão ao Espiritismo, sua família, que era tradicionalmente católica, reprovou sua atitude. Seu irmão mais velho, Manoel Soares da Silva Bezerra, envia-lhe uma carta, lamentando seu afastamento da educação religiosa que recebera. Em resposta, Bezerra também lhe dirige uma carta, com mais de cem paginas, nas quais defende, com grande sabedoria, os principais preceitos da Doutrina Espírita. Essa carta foi transformada no livro que ora resumimos.

Entre outras coisas, Bezerra explica que foge de discutir crenças religiosas, por estar convencido de que a salvação não esta só na igreja, mas que muitos caminhos levam a casa do Pai, não só aquele.

A salvação pode ser alcançada não pela adoração a Deus neste ou naquele templo, desta ou daquela forma, mas simplesmente, adorando-O em espírito e verdade, que significa amá-Lo sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo.

Embora respeite, acate e dê grande merecimento à missa como uma forma de prece erguida pelos filhos ao Pai, prefere fazer o que Jesus recomendou: “Quando orardes, retirai-vos ao vosso quarto, fechai a porta e rezai em segredo pois, a oração em segredo isola mais facilmente a alma do mundo, que se concentra de modo a quase poder conversar com Deus. Na igreja, ha muitas coisas que nos privam da concentração. O essencial não é a forma, é o fundo; não é o meio, é o fim.

As confissões também têm o seu valor. Porém, mais vale o esforço para renunciar ao mal que se fez e propor-se a melhorar, do que dez mil confissões.

Bezerra começa a fazer, então, uma minuciosa analise sobre a origem do Espiritismo, esclarecendo, inicialmente que o Espiritismo estabelece, sim, a pluralidade das existências, mas todas com o puro caráter humano. O Espírito é criado para a perfeição, pelo saber e pela virtude, e segue progredindo, através dos séculos, até chegar a um estado de pureza, que é o seu destino.

O Espiritismo também não é filho do politeísmo. Ele reconhece o mesmo Deus dos Cristãos, a quem é submisso e a quem invoca pelas preces, assim como reconhece o Cristo, o qual toma por modelo em todo o seu ensino. O Espiritismo não empresta a Deus as paixões humanas, como fazia o politeísmo, nem dá aos homens os atributos divinos como fez a Igreja.

A mais completa prova de que Jesus admitia as reencarnações pode ser constatada na passagem em que Nicodemos pediu-Lhe explicações sobre a vida futura e Jesus lhe respondeu que ninguém poderia ver o reino do céu se não nascer de novo. E, como, Nicodemos lhe perguntasse como um velho poderia voltar ao seio materno, Ele respondeu que aquele que não renascesse da água e do Espírito Santo não poderia entrar no reino do céu.

Jesus não deu maiores explicações, certamente porque essa era uma daquelas verdades que Ele disse não poder ensinar ainda, por não ser oportuno.

Apos citar vários pensadores e suas ideias sobre as vidas sucessivas, Bezerra concluiu: “Eis, para não continuar com citações, a origem do Espiritismo, ou da ideia em que ele assenta. Uma ideia que vem do princípio do mundo, que encarna em todo movimento civilizador dos povos, que prossegue através dos séculos sem se perder; uma ideia que passa de geração a geração, de povo a povo, de raça a raça e, nestes tempos de luz, acende o facho das maiores inteligências do mundo; uma ideia que apresenta esses atestados não pode ser repelida, sem estudo, sem exame, sem repetidas experiências, senão pelos fanáticos ou pelos possessos”.

O autor passa, em seguida, a analisar a razão de ser do Espiritismo.

Começa explicando que a Sinagoga não aceitou o Cristo, porque Ele atacou muitas das supostas verdades nas quais o sacerdócio hebreu acreditava. Bezerra afirma que, se tivessem estudado melhor a lei da revelação divina, teriam compreendido o “Filho Dileto do Altíssimo”.

Essa lei foi revelada ao homem, progressivamente, conforme a marcha da humanidade.

Quase vinte séculos depois de Moises, Jesus veio a Terra para ampliar os ensinamentos dados até então. Sua revelação é mais ampla, porque se destina a todos os povos da Terra, não somente a uma família, como a de Abraão, e a um povo, como o de Moisés. Ela regula todos os sentimentos humanos em relação a Deus e em relação ao próximo e elimina o que havia de falso ou de humano na religião ate então.

Se a perfectibilidade do homem tem se desenvolvido lenta e progressivamente, diz Bezerra, é intuitiva no caráter humano, a sua natural explicação; a razão de sua periodicidade e de sua progressividade.

A revelação divina não se completou com a do Cristo, porque o mundo ainda não estava em condições de receber, compreender e cultivar todas as verdades. Assim Jesus prometeu que mais tarde elas nos seriam ensinadas.

Bezerra analisa que o mundo tinha caminhado cerca de dois mil anos após a primeira revelação, quando Deus revelou a Moisés. Outros tantos séculos depois de Moises se passaram e cumprindo uma programação divina chega a Terra Jesus, com seu legado de amor e perdão.

Jesus em sua infinita sabedoria sabia que nem todas as verdades poderiam ser reveladas, sendo que seriam trazidas mais tarde, pelo Consolador Prometido.

E o Espiritismo tem como razão de ser:

1° - a eterna lei das revelações divinas, que corresponde ao desenvolvimento humano, incontestável nos dezenove séculos decorridos e,

2° - as palavras de Jesus prometendo futuro ensino.

A Igreja alega contra o Espiritismo, que, para revelar as novas verdades, o Redentor fez baixar à Terra o Divino Espírito Santo, que a assiste. Alega ainda que não compôs um só livro sagrado, porque não é inspirada, mas, sim, interpreta todos os livros sagrados, porque é assistida por ele. Portanto, ela própria declara que a assistência que recebe é para que ela interprete o que já está revelado em todos os livros sagrados. E, apesar do grande progresso feito pela humanidade, ela não teve de Jesus qualquer revelação de novas verdades.

A Igreja classifica o Espiritismo como obra de Satanás. Por outro lado, que provas ela tem de que a vida única e o inferno são verdades eternas?

Embora a doutrina de Jesus ainda não esteja totalmente pura, pois ainda não encerra todas as verdades eternas, por não terem recebido ainda o Máximo de luz, como disse o próprio Jesus, sua parte humana ainda se manterá até que a parte divina seja completada.

O critério para se saber se os princípios de uma religião são verdadeiros ou não, são as perfeições infinitas do Criador. Tudo o que as exaltar e pura verdade. Tudo o que as rebaixar e mentira. E os princípios da vida única e das penas eternas as rebaixam.

No desabrochar da vida, os homens apresentam disposições para o bem ou para o mal. Se Deus nos criasse no momento em que devemos entrar na vida, as disposições para o bem ou para o mal seriam dadas por Ele. Se assim fosse, Ele não seria justo, porque, criando almas com disposições opostas, como poderia, no fim da vida, tomar-lhes contas iguais, dizendo que tiveram igual liberdade?

O Espiritismo explica que é pelas vidas sucessivas que o Espírito se depura. O Espírito adiantado, quando reencarna, apresenta inclinação para o bem a que já está afeiçoado, e essa inclinação é conquista sua e não obra do Criador. Por outro lado, o Espírito atrasado apresentará reencarnado inclinação para o mal a que ainda é afeiçoado e essa inclinação é consequência de suas obras e não de seu criador.

Bezerra encerra sua analise sobre a razão de ser do Espiritismo, dizendo que: “O Espiritismo, pois, firmado na lei da progressividade da revelação e na promessa do divino Jesus, de que mandaria mais tarde revelar as verdades que não era oportuno ensinar; apresenta-se como seu enviado, ensinando uma Teogonia baseada na pluralidade da existência, que justifica ser uma daquelas verdades, pelo confronto com o infalível critério de toda a verdade. Eis a sua razão de ser".

Em seguida, passa a relatar o Modo de Ensino do Espiritismo.

Entre vários pontos que analisa, diz que o Espiritismo confirma tudo o que foi ensinado por Jesus, sem alterar seus fundamentos com as novas ideias que apresenta; irrompeu de todos os pontos do Planeta e não de um único lugar; trazido por vários mensageiros invisíveis e não por um único mensageiro, etc.

Não há uma família que não tenha tido provas de comunicação dos mortos com os vivos. Seja para pedirem alguma coisa, seja para se despedirem ou para darem noticia, seja para falarem sobre males que afetam o organismo, seja para indicarem meios curativos, etc. Bezerra cita vários casos que chegaram ao seu conhecimento, como também que aconteceram com ele próprio e com sua família.

Com o aparecimento do Espiritismo, também se multiplicaram os médiuns, que recebem comunicações de todos os gêneros. E que são chegados os tempos de o mundo receber mais amplo conhecimento dos mistérios humanos, que Deus vai aclarando à medida que o mundo vai podendo compreender. Porém, temos que ter o maior cuidado ao receber as comunicações dos desencarnados, assim como tomamos cuidado com o aconselhamento dos encarnados, porque nem todos são ligados ao bem.

Em resposta a afirmativa do irmão de que o Espiritismo era obra de Satanás, Bezerra afirma que sempre houve um único Deus, sendo o mal pura criação humana. Portanto, Satanás não existe. Também com base no ensinamento de Jesus de que pelo fruto se conhece a árvore, os frutos do Espiritismo só podem ser bons, porque não alteram a moral de Jesus, além de ser também baseado na revelação abraâmica e na revelação mosaica. O Espiritismo não faz alteração alguma nos Evangelhos, só modificando as questões da vida única e das penas eternas.

Na conclusão da carta, Bezerra afirma crer em Deus, em Jesus e em algumas outras crenças da Igreja. Ao relatar no que não crê e por quais motivos, ele praticamente faz um resumo dos principais pontos de sua carta. Vale à pena ressaltar:

“Não creio na lenda dos anjos decaídos, porque crer nisso valeria por negar a onipotência e a onisciência do Senhor”.

“Não creio que o mal possa triunfar do bem, eternizando-se, como este, no reino de Satanás”.

“Não creio que um Espírito criado pelo Senhor possa fazer-lhe frente, resistir-lhe e destruir lhe os planos e nem que o Senhor permita isso, servindo-se do rebelde para castigar o rebelde, porque, neste caso, Deus não criou o homem para o bem, para a felicidade”.

“Não creio na vida única, porque o homem é perfectível”.

“Não creio nas penas eternas, porque Deus é Pai”.

“Não creio na infalibilidade do Papa, porque assim teríamos um Deus no Céu e outro na Terra”.

E a comunhão dos santos significa, para mim, a comunhão dos Espíritos. E a ressurreição da carne significa a reencarnação dos Espíritos. “Eis o meu credo e digo-lhe que tenho fé viva e esperança firme de subir com ele à sociedade de Deus na eternidade”.

A carta é datada de 31 de maio de 1886.

BIBLIOGRAFIA:

A. Menezes, Bezerra de - Uma carta de Bezerra de Menezes

Fonte da imagem: Internet Google.

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