CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 21 de junho de 2016

12ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Bem-Aventurados os Pacíficos

Os Pacíficos

“Bem aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5:9)

A palavra “pacificare” vem do latim e é composta por duas palavras: pax (paz) e facere (fazer), ou seja, pacificador é aquele que “faz ou promove a paz”. Pacífico se origina da mesma palavra.

Pacífico significa ter conquistado a paz dentro de si mesmo, mas ainda é um estado passivo de paz, uma atitude de não violência perante si mesmo e o mundo.

Pacificador significa ter conquistado a paz dentro de si mesmo, mas possuir também a capacidade e o dinamismo interior para transformar uma situação não pacifica e estabelecer ou restabelecer ativamente a serenidade necessária.

Uma pessoa pode ser pacífica e não ser pacificadora, mas jamais será uma pacificadora se não tiver antes pacificado a si mesma. E preciso notar também a diferença entre uma pessoa verdadeiramente pacífica e uma pessoa aparentemente pacífica, apenas contida; esta, em algum momento, mostrara sua real natureza e “perderá a paciência” (a atitude pacífica e tolerante), por exemplo, expondo o conflito interior que ainda a domina. Não perdemos o que não temos, nem exteriorizamos realmente o que não somos. E fácil pedir ou falar de paz, mas não é fácil vivê-la.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. IX, item 7, Instruções dos Espíritos, encontramos: “Sede pacientes, pois a paciência é também caridade, e deveis praticar a lei de caridade, ensinada pelo Cristo, enviado de Deus. A caridade que consiste em dar esmolas aos pobres é a mais fácil de todas. Mas há a uma bem mais penosa e consequentemente bem mais meritória, que é a de perdoar os que Deus colocou em nosso caminho, para serem instrumentos de nossos sofrimentos e submeterem a prova a nossa paciência. Sede, pois, pacientes, sede cristãos: esta palavra resume tudo.”

A maior das batalhas que um ser humano pode enfrentar é o confronto consigo mesmo, a identificação e o enfrentamento de suas limitações, a necessidade de desenvolvimento das qualidades espirituais. Se não existissem conflitos interiores dentro de cada um de nós, também não existiriam os conflitos exteriores, alguns que parecem intransponíveis, na família, na sociedade, entre as nações.

Sem paz, a nossa inquietação e desconforto interior manifestam-se em atitudes grosseiras e impacientes, gerando mais conflitos e instabilidade ao nosso redor. Somos até capazes de conviver sem grandes confrontos, mas se ainda houver desarmonia dentro do nosso coração, o equilíbrio dificilmente será conquistado assim como a paz interior.

No Sermão do Cenáculo, quando Jesus fala ao coração de seus discípulos e diz (Jo 14:27): “Deixo-vos a paz, minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe nem se intimide vosso coração”, qual o significado de suas palavras? Essa era a paz interior, plena de alegria e esperança no futuro, sólida e conquistada por esforço próprio e não a paz instável e ilusória que o mundo material oferece. A paz do Mestre é apresentada ao mundo sem temor algum.

Quem é realmente um pacificador, um promotor da paz?

É aquele que transformou o “homem velho” que tinha dentro de si, arraigado aos costumes e crenças, dogmas e imperfeições do passado no “homem novo”, de mente e coração abertos ao autoconhecimento e ao crescimento espiritual. É o Homem que Vive no mundo, mas sem apego as ilusões que ele oferece.

A paz interior promove um estado de alegria e bem-estar que se exterioriza em paciência, tolerância, compreensão e respeito por si mesmo e por todos os seres. Para aquele que a tem em si, já faz parte de sua natureza ser bom e desapegado, partilhar bens e experiências e servir com amor e humildade, como Jesus ensinou, depois de lavar os pés dos discípulos, ao dizer (Jo 13:16): “o servo não é maior do que o seu senhor nem o enviado maior do que quem o enviou”.

Quem tem a paz em si mesmo, irradia imperceptível e continuamente esse estado de alma e envolve a tudo e a todos, gerando um ambiente de bem-estar e harmonia, contagiando as pessoas ao seu redor e multiplicando a paz na família, na sociedade e no mundo.

OS PERSEGUIDOS POR CAUSA DA JUSTIÇA

“Bem aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reina dos Céus.” (Mt 5:10).

Nesta bem-aventurança, Jesus mostra a transitoriedade da injustiça na Terra e a recompensa futura que aguarda os injustiçados.

O Homem justo é aquele que já compreendeu no seu intimo a Lei Divina e já põe em prática o amor e a caridade para consigo mesmo e para com o seu próximo. Parece impossível acreditar que alguém sofra perseguição por ser bom e praticar o bem, mas a história da Humanidade esta repleta de relatos que comprovam esses fatos.

O Homem bom incomoda aqueles que não praticam o bem, é como se os censurasse, o que os faz sentirem-se inferiores e inseguros, feridos, agredidos. O Homem bom muitas vezes acende em outros o desejo de ser igualmente bom, mas inúmeras vezes é submetido a perseguições provocadas pelo despeito, pela inveja e pela antipatia.

No “Livro dos Espíritos” em seus diálogos com os Espíritos da Codificação, Kardec faz todo um estudo sobre o tema. Façamos uma rápida reflexão: O que é justiça?

Em “O Livro dos Espíritos”, Q. 875 e 875a, encontramos o seguinte diálogo entre Kardec e os Espíritos:

“Como se pode definir a justiça?” “A justiça consiste no respeito aos direitos de cada um”.

“O que determina esses direitos?” “São determinados por duas coisas: a lei humana e a lei natural. Como os homens fizeram leis apropriadas aos seus costumes e ao seu caráter, essas leis estabeleceram direitos que podem variar com o progresso. Vede se hoje as vossas leis, sem serem perfeitas, consagram os mesmos direitos que os da Idade Média. Esses direitos superados, que vos parecem monstruosos, pareciam justos e naturais naquela época. O direito dos homens, portanto, nem sempre é conforme a justiça. Só regula algumas relações sociais, enquanto na vida privada ha uma infinidade de atos que são de competência exclusiva do tribunal da consciência”.

Q. 873: “O sentimento da justiça é natural ou é resultado de ideias adquiridas?" “É de tal modo natural, que vos revoltais ao pensamento de uma injustiça. O progresso moral desenvolve sem duvida esse sentimento, mas não o dá; Deus o pôs no coração do homem. Eis porque encontrais frequentemente, entre os homens simples e primitivos, noções mais exatas de justiça do que entre pessoas de muito saber”.

JUSTIÇA DIVINA OU NATURAL

Q. 803: “Todos os homens são iguais perante Deus?”

"Sim, todos tendem para o mesmo fim e Deus fez as suas leis para todos. Dizeis frequentemente: ‘O Sol brilha para todos ’, e com isso dizeis uma verdade maior e mais geral do que pensais.” Todos os homens estão submetidos às mesmas leis naturais; todos nascem com a mesma fragilidade, estão sujeitos às mesmas dores e o corpo do rico se destrói como o do pobre. “Deus não concedeu, portanto, superioridade natural a nenhum homem, nem pelo nascimento, nem pela morte; todos são iguais diante dele”.

Q. 876: “Fora do direito consagrado pela lei humana, qual a base da justiça fundada sobre a lei natural?”

“O Cristo vos disse' ‘Querer para os outros o que quereis para vos mesmos’.”

A Lei Divina ou Natural é, portanto, eterna como o Pai e perfeita, o que a torna imutável e absolutamente justa.

LEI HUMANA

Q. 874: “Se a justiça é uma lei da natural, como se explica que os homens a entendam de maneiras tão diferentes, que um considere justo o que a outro parece injusto?"

“É que em geral se misturam paixões ao julgamento, alterando esse sentimento, como acontece com a maioria dos outros sentimentos naturais, e fazendo ver as coisas sob um falso ponto de vista”.

A lei do “olho por olho, dente por dente” estava entre as primeiras a serem instituídas e, embora, ainda hoje, esteja presente entre nós, a Lei Humana passa por constantes ajustes.

Aos poucos, à medida que cresce a evolução moral dos homens, a Lei Humana vai se aprimorando, aproximando-se lentamente da Lei Divina, como a conquista dos direitos humanos fundamentais, que vem acontecendo nos últimos séculos.

Justiça Natural aplicada a Lei Humana e ao comportamento individual tendemos a pensar que os perseguidores dos homens justos e bons são os homens maus, mal-intencionados, o que é verdadeiro em muitas situações; no entanto, ao longo da História percebemos que terríveis injustiças foram praticadas por homens que acreditavam estar defendendo causas justas, cumprindo o seu dever e fazendo um bem a sociedade ou a comunidade, como por exemplo, as perseguições de Saulo (Paulo de Tarso) aos cristãos, as cruzadas, as guerras Santas.

Entretanto, muitos dos perseguidos por causa da justiça, são Espíritos que nos trazem grandes lições pela forma que enfrentam essas situações, transformando-as em aprendizados para o bem comum.

Podemos lembrar, entre uma infinidade de exemplos, Sócrates, condenado injustamente a beber veneno, por ensinar a juventude a pensar; Estevão, o primeiro mártir do Cristianismo nascente, morto a pedradas; Gandhi e Martin Luther King, assassinados por lutar pela paz e a igualdade; Kardec, acusado de usar indevidamente a arrecadação da Sociedade Espírita de Paris e atacado por sua firmeza na divulgação da Doutrina dos Espíritos.

Q. 879: “Qual seria o caráter do homem que praticasse a justiça em toda a sua pureza?”

“O verdadeiro justo, a exemplo de Jesus; porque praticaria também o amor ao próximo e a caridade, sem os quais não há verdadeira justiça”.

Q. 886: “Qual o verdadeiro sentido da palavra “caridade como a entende Jesus?”

“Benevolência para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão das ofensas”.

E Kardec comenta: “O amor e a caridade são o complemento da lei de justiça, porque amar o próximo é fazer-lhe todo o bem possível, que desejaríamos que nos fosse feito”. Tal é o sentido das palavras de Jesus: “Amai-vos uns aos outros, como irmãos.”

“A caridade, segundo Jesus, não se restringe a esmola, mas abrange todas as relações com os nossos semelhantes, quer se tratem de nossos inferiores, iguais ou superiores. Ela nos manda ser indulgentes porque temos necessidade de indulgência e nos proíbe humilhar o infortúnio, ao contrario do que comumente se pratica.”

Diz Emmanuel, no livro “Religião dos Espíritos”, na mensagem “Justiça e Amor”: “Não permitas que a justiça de tua alma caminhe sem amor para que se não converta em garra de violência. [...] Ora e auxilia em silêncio, porque não sabes se amanhã raiará teu instante de abatimento e de angústia, e manda a regra divina façamos ao outro aquilo que desejamos nos seja feito. Justiça sem amor é como terra sem água”.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Reflita e comente: “Querer para os outros o que queremos para nós mesmos.”


Fonte da imagem: Internet Google.

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