Quando Vos Insultarem
“Bem
aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem
todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque
será grande a vossa recompensa nos céus, pois foi assim que perseguiram os
profetas, que vieram antes de vós”. (Mt 5:11-12)
Há a Lei dos
homens que julga, condena ou absolve, dentro dos padrões de moralidade e
intelectualidade de cada época do desenvolvimento humano. Essa Lei é ainda
imperfeita e por vezes, ao nos sentirmos injustiçados ou insultados,
desanimamos e sofremos nos tornamos descrentes e frios perante a vida. Porém, essas
situações têm sempre alguma coisa a nos ensinar, buscando nos tomar mais justos,
a não humilhar ou injuriar alguém e a não julgar ninguém pelo comportamento
inadequado ou constrangedor, pois não conhecemos as circunstancias; as
motivações e as dores que movem as pessoas.
Em “O Livro
dos Espíritos”, Q. 937, encontramos: “As decepções provocadas pela ingratidão e
pela fragilidade dos laços da amizade não são, também, para o homem de coração,
uma fonte de amarguras?”
R. “Sim;
mas, já vos ensinamos a lastimar os ingratos e os amigos infiéis, que serão
mais infelizes do que vós. A ingratidão é filha do egoísmo e o egoísta
encontrara mais tarde corações insensíveis como ele próprio o foi. Pensai em
todos os que fizeram maior bem do que vós, que valiam mais do que vós e no
entanto foram pagos com a ingratidão. Pensai que o próprio Jesus, quando na
Terra foi injuriado e desprezado, tratado de patife e impostor e não vos
admireis de que o mesmo vos aconteça. Que o bem que fizestes seja a vossa
recompensa neste mundo e não vos importeis com o que dizem os beneficiados”
E na Q. 938:
”As decepções causadas pela ingratidão não podem endurecer o coração e torná-lo
insensível?”
R. “Seria um
erro pensar assim, porque o homem de coração, como dizes, será sempre feliz
pelo bem que praticar. Ele sabe que, se não o reconhecerem nesta vida, na outra
o farão, e o ingrato sentirá então remorso e vergonha”.
Mesmo quando
compreendemos que as decepções, insultos, injúrias, violências verbais,
psicológicas e físicas fazem ainda parte da realidade do nosso planeta, é
difícil não sofrer nessas situações, pois é inerente ao ser humano o desejo de
amar e ser amado, acolhido e valorizado.
Não há pior
escolha do que nos isolarmos em nosso sofrimento, nos tomarmos insensíveis,
distantes ou amargos, pois a vida perde o sentido se não convivemos uns com os
outros, trocando experiências, amor e dores também.
E nessa
convivência por vezes tão dolorida que aprendemos a nos relacionar uns com os
outros e a transformar sentimentos mesquinhos em amor, mas durante esse
processo, muitas vezes esquecemos da brandura e da fraternidade, deixamos de
nos respeitar mutuamente e criamos situações dentro e fora do nosso lar, que
farão nos sentir injustiçados, insultados e perseguidos.
Jesus chamou
a nossa atenção para isso, quando disse que percebemos com mais facilidade um
pequeno cisco no olho do nosso irmão do que uma trave no nosso próprio olho, ou
seja, que os nossos enganos são quase sempre maiores e mais graves do que os
daqueles que condenamos.
Nossa
memória é curta e esquecemos facilmente as ocasiões em que não controlamos nossos
pensamentos e palavras e agimos do mesmo modo com os outros. Quantas vezes
fomos tolerados, compreendidos e perdoados? Experimentemos analisar uma
situação na qual estejamos nos sentindo injuriados e recordemos em quantas
situações semelhantes já pensamos, nos expressamos e agimos da mesma forma...
Jesus também
nos disse que é fácil amar aqueles que nos amam, ser amoroso com quem nos
agrada, mas aceitar e amar aqueles que nos afrontam e ofendem, exige de nos um
equilíbrio interior apoiado na compreensão e tolerância, uma atitude de
humildade e o exercício real do desapego.
Como agir
perante ingratidões, insultos e injúrias?
Quando
conseguimos analisar as situações com serenidade, somos capazes de enxergar que
aquele que nos insultou ou injuriou, o fez por ignorância ou em relação a um
determinado comportamento nosso. Por vezes, trata-se de um companheiro enfermo
do corpo ou da alma ou que esteja atravessando um momento infeliz - portanto,
temos condições de compreender seu desequilíbrio e não podemos permitir que a
mágoa e o ressentimento se instalem em nos, nos acorrentando a aquela pessoa ou
situação, nos envenenando e nos causando mais sofrimento.
Lembremos
que emoções como a cólera, o ódio, o desejo de vingança são forças negativas
que prejudicam o nosso equilíbrio físico e mental, interferindo em nossas
atividades diárias e que podem até nos levar a sérios desajustes orgânicos e
espirituais.
A verdadeira
caridade consiste em não nos fixarmos nas imperfeições alheias, mas em procurar
nas pessoas o que há de bom e positivo. Todos, sem exceção, temos no nosso
intimo, as sementes de bons sentimentos e muitas qualidades positivas.
É preciso
aprender a aproveitar sempre aquilo que nos seja útil e construtivo numa
situação dolorosa e jamais perder as oportunidades de desfazer incompreensões,
criando entendimento por onde passarmos, tornando menos difícil a nossa vida e
a dos que caminham conosco.
O mundo
ensina-nos a revidar sempre, mas Jesus nos mostra com o exemplo de sua vida, o
perdão a todos, infinitamente.
Deus
aceita-nos como somos, é infinitamente paciente para com as nossas
imperfeições, jamais nos cobra por aquilo que ainda não temos condições de
entender e ainda assim nos oferece sempre a oportunidade de corrigir nossos
enganos, de nos aprimorarmos espiritualmente e de servir segundo a nossa
capacidade.
É, portanto,
dever do nosso coração, cultivarmos o amor espelhando-nos em Jesus, buscando
compreender as situações que nos ferem e a nossa participação nelas, aceitando
os companheiros difíceis como eles são e perdoando sempre, para que nossa vida
se transforme em luz ainda no plano terreno, antecipando as alegrias futuras
que teremos no Plano Maior.
Emmanuel, no
livro “Refúgio”, na bela mensagem “Humildade do Coração”, nos deixa palavras de
estímulo e reflexão: [...] “O Mestre recordava-nos, no capítulo das
bem-aventuranças, que é preciso trazer a mente descerrada à luz da vida para
que a sabedoria e o amor encontrem seguro aconchego em nossa alma. [...]
Cada
companheiro da estrada é campo a que podemos arrojar as sementes abençoadas da
renovação. Cada dar é uma bênção para os que prosseguem acordados no
conhecimento edificante. “Cada hora na marcha pode converter-se em plantação de
beleza e alegria, se caminhamos obedecendo aos imperativos do trabalho constante
no infinito Bem.”
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Como lidamos
com ato de ingratidão, insulto ou injúria, a que todos estamos sujeitos em
nosso mundo?
Bibliografia
- A Bíblia
de Jerusalém.
- Kardec,
Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Kardec,
Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Xavier,
Francisco C./Emmanuel – Religião dos Espíritos.
- Xavier,
Francisco C./Emmanuel – Refúgio.
Fonte da imagem: Internet Google.
Nenhum comentário:
Postar um comentário