O Sermão do Monte: As Bem-Aventuranças -
(Mt 5: 1-12)
Os Sermões do Novo Testamento
OS
POBRES DE ESPÍRITO E OS AFLITOS
“Bem-Aventurados
os pobres de espírito, porque deles é o Reino dos Céus”. ( Mt 5:3)
No Sermão da
Montanha, quando Jesus se referiu aos “pobres de espírito”, ele não estava
falando das pessoas de pouca inteligência ou cultura, nem de pobreza material;
referia-se às pessoas simples de coração e sentimentos, aos humildes de
espírito, não escravizados as paixões e bens terrenos, ou seja, aos “pobres
pelo espírito”, aqueles que aceitam as coisas do Espírito com naturalidade, tem
consciência de sua condição espiritual e se empenham em transformar-se
interiormente, buscando o amparo do Pai e dos bons Espíritos.
Em “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”, estudam-se as principais bem-aventuranças,
mas sempre observadas à luz do processo reencarnatório. O estudo todo é voltado
para a reflexão sobre as nossas experiências enquanto encarnados e a
necessidade da nossa transformação interior para evoluirmos espiritualmente.
No Cap. VII,
it. 2, encontramos: “Ao dizer que o reino dos Céus é para os simples, Jesus
ensina que ninguém será nele admitido sem a simplicidade de coração e a
humildade de espírito; que o ignorante que possui essas qualidades será
preferido ao sábio que acreditar mais em si mesmo do que em Deus. Em todas as circunstâncias,
ele coloca a humildade entre as virtudes que nos aproximam de Deus, e o orgulho
entre os vícios que dele nos afastam”.
E no mesmo
capitulo (Instruções dos Espíritos), it. 11: “Todos os homens são iguais na
balança divina; somente as virtudes os distinguem aos olhos de Deus. Todos os
Espíritos são da mesma essência e todos os corpos foram feitos da mesma massa.
Vossos títulos e vossos nomes em nada os modificam; ficam no túmulo; não são
eles que dão a felicidade prometida aos eleitos; a caridade e a humildade são
os seus títulos de nobreza”.
São inúmeras
as passagens evangélicas em que Jesus ensinou o valor da humildade:
“Aquele,
portanto, que se tornar pequenino como esta criança, esse é o maior no Reino
dos Céus”. (Mt 18:4).
“Aquele que
quiser tornar-se grande entre vos seja aquele que serve e o que quiser ser o
primeiro dentre vos, seja o vosso servo. Desse modo, o Filho do Homem não veio
para ser servido, mas para servir e dar a sua vida como resgate para muitos”.
(Mt 20;26-28).
“Pois todo
aquele que se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado”. (Lc
14:11).
E em “O
Livro dos Espíritos”, à Q.785: “Qual o maior obstáculo do progresso?”, os
Espíritos respondem: “São o orgulho e o egoísmo. Quero referir-me ao progresso
moral, porque o intelectual avança sempre”.
O que é
humildade? O que é orgulho? E egoísmo?
Humildade: “É a chave da nossa
libertação espiritual. Não é servidão nem humilhação, mas independência, liberdade
interior. É feita de amor; respeito, tolerância, indulgência, paciência,
mansuetude; é imune a insultos e ofensas, pois estes sempre permanecem presos a
sua origem.” (trechos dos conceitos do vocábulo no livro “O Espiritismo de A a
Z”, pg 432 e 433).
Humildade é
o sentimento que resulta do esforço do conhecimento de si mesmo; é saber
exatamente o que se é, com algumas virtudes em burilamento e imperfeições por
corrigir, nem mais, nem menos. Humildade é o estado permanente e sincero do se
considerar aprendiz. Não tem relação com atitudes exteriores.
Egoísmo e Orgulho: “O egoísmo e o
orgulho nascem de um sentimento natural: o instinto de conservação. Todos os
instintos têm sua razão de ser e sua utilidade, porquanto Deus nada pode ter
feito inútil. Ele não criou o mal; o homem é quem o produz, abusando dos dons
de Deus, em virtude do seu livre-arbítrio”.
“Logo, com esses vícios, não é possível a verdadeira fraternidade, nem,
por conseguinte, igualdade, nem liberdade, dado que o egoísta e o orgulhoso
querem tudo para si.” (“Obras Póstumas”, 1ª parte).
O
Espiritismo nos mostra, através de muitos exemplos, que no mundo dos Espíritos,
os grandes são aqueles que têm autoridade moral, ou seja, os que lapidaram suas
fraquezas se tornaram humildes e cresceram em qualidades espirituais; servem à
Vontade Divina, não a própria.
“Bem-Aventurados
os aflitos, porque serão consolados”. (Mt 525).
Em “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. V item 3, Kardec escreve: “compreende-se
dificilmente a utilidade de sofrer para ser feliz. Diz-se que é para haver mais
mérito. Mas, então, se pergunta: Por que uns sofrem mais do que outros; por que
uns nascem na miséria e outros na opulência, sem nada terem feito para justificar
essa posição; por que para uns nada da certo, enquanto para outros tudo parece
sorrir? Mas o que ainda menos se compreende é ver os bens e os males tão
desigualmente distribuídos entre o vicio e a virtude; ver homens virtuosos
sofrerem ao lado de malvados que prosperam. A fé no futuro pode consolar e proporcionar
paciência, mas não explica essas anomalias, que parecem desmentir a justiça de
Deus”.
E ainda: “As
vicissitudes da vida tem, pois, uma causa, e como Deus é justo, essa causa deve
ser justa”. Eis do que todos devem compenetrar-se. “Deus encaminhou os homens
na compreensão dessa causa pelos ensinos de Jesus e hoje, considerando-os
suficientemente maduros para compreendê-la, revela-a por completo através do
Espiritismo, ou seja, pela voz dos Espíritos”.
Se
acreditarmos realmente num Deus justo e bom, a dor e o sofrimento que todos
vivenciam num planeta de provas e expiações como a Terra, deve também ter uma
causa justa. O Pai jamais permitiria que alguém sofresse sem justa razão.
As causas
das nossas aflições podem ser devidas ao nosso comportamento na vida atual ou
serem consequência dos nossos atos em vidas passadas, atos dos quais não nos
recordamos conscientemente, mas que precisam ser reparados em alguma época da
existência, para que se conquiste ou se retome o equilíbrio espiritual.
Enquanto não dominamos nossos vícios e paixões, principalmente o orgulho e o
egoísmo, estamos expostos ao sofrimento que eles ocasionam; mesmo assim, temos
a tendência de responsabilizar Deus, a má sorte, as outras pessoas e o mundo
pelas nossas dores, dificilmente assumindo que somos os autores das nossas
tribulações.
Muitas
vezes, o próprio Espírito, ao reencarnar, pede e obtém determinadas provas, que
irão avaliar a firmeza de seus propósitos de regeneração, ajudando no processo
de despertamento para o bem e o amor.
Existem
também situações dolorosas em que o Espírito, ainda endurecido e obstinado no
mal, esta expiando seus erros. Em “O Céu e o Inferno”, Parte 1, cap. VII,
Kardec escreve: “A expiação varia segundo a natureza e gravidade da falta,
podendo, portanto, a mesma falta determinar expiações diversas, conforme as circunstâncias,
atenuantes ou agravantes, em que for cometida”.
Em “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. V, item 9, encontramos: “A expiação
serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação. Provas e
expiações, todavia, são sempre sinais de relativa inferioridade, porquanto o
que é perfeito não precisa ser provado”.
Na Revista
Espírita, setembro de 1863, Kardec esclarece: “A expiação implica
necessariamente a ideia de um castigo mais ou menos penoso, resultado de uma
falta cometida. A prova não tem relação com falta anterior, mas implica sempre
um estado de inferioridade real ou presumível do Espírito, porque quem chegou
ao ponto culminante a que aspira não necessita mais de provas”. Kardec diz
ainda que em certos casos a prova se confunde com a expiação, ou seja, a
expiação pode servir de prova e a prova servir de expiação. E cita o exemplo do
aluno que se apresenta para receber a graduação, submetendo-se a uma prova. Se
falhar, terá de recomeçar o trabalho, por vezes penoso, cuja carga é uma
espécie de punição da negligência no primeiro. A Segunda prova é, portanto,
além de prova, uma expiação. Kardec esclarece, por fim, que é um erro pensar
que o caráter essencial da expiação seja o de ser imposta, pois o próprio
Espírito pode solicitá-la.
O
esquecimento do passado é sempre uma bênção, pois sua lembrança poderia nos
causar mais sofrimentos, constrangimentos e humilhações; embora não nos
recordemos, guardamos as tendências de outros tempos, a intuição do que vivemos
e a voz da consciência está sempre conosco, portanto, temos os instrumentos
para superar as situações dolorosas que nos são oferecidas como oportunidades
de equilíbrio e crescimento espiritual.
Abrandar ou
aumentar a dor dos nossos problemas depende de como compreendemos a vida: se
estamos apegados aos afetos, situações e coisas materiais, a dor nos parece
interminável, eterna e geralmente nos leva a raiva, mágoa, rebeldia, aumentando
o sofrimento, de onde dificilmente conseguimos sair. Quanto maior a revolta,
maior será a dor (mal sofrer), mas se tivermos consciência da transitoriedade
das coisas materiais e da brevidade da vida corpórea, as coisas do mundo
diminuem na sua importância, conseguimos controlar nossos impulsos, aceitamos
melhor as nossas dores, adquirimos serenidade e resignação (bem sofrer).
As palavras
de Jesus: “Bem-aventurados os aflitos, porque eles serão consolados”, sinaliza
a recompensa futura a aqueles que exercitam o “bem sofrer”, ou seja, aceitam as
dificuldades com fé e resignação ativa, buscando aprender com elas, sem revolta
ou desespero.
O consolo para
as dores, a paz interior, o equilíbrio, o Reino dos céus no interior da
criatura, fazem parte dessa recompensa.
Embora
muitas vezes tenhamos a sensação de que a perversidade humana esta aumentando e
que o mal domina o mundo, é preciso aprender a “olhar com olhos de ver” e a
“ouvir com ouvidos de ouvir” para perceber que dia a dia a Humanidade se
transforma e que o progresso material e moral são contínuos e irreversíveis.
(LE. - Lei do Progresso).
Em “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. V, item 18, Lacordaire (Espírito)
escreve: “Bem-aventurados os aflitos, pode, portanto, ser assim traduzido:
Bem-aventurados os que têm a oportunidade de provar a sua fé, a sua firmeza, a
sua perseverança e a sua submissão à vontade de Deus, porque eles terão centuplicadas
as alegrias que lhes faltam na Terra e após o trabalho virá o repouso“.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Reflita e
comente: “Bem-aventurados os pobres de espírito porque deles é o reino dos
céus”.
Bibliografia
- A Bíblia
de Jerusalém.
- Kardec,
Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Kardec,
Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec,
Allan - Obras Póstumas.
- Kardec,
Allan - O Céu e o Inferno.
- Xavier,
Francisco C./Emmanuel - Pão Nosso.
- Schutel,
Cairbar - Parábolas e Ensinos de Jesus.
- O
Espiritismo de A a Z.
Fonte da imagem: Internet Google.
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