CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 24 de maio de 2016

10ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

Os Sermões do Novo Testamento

Sermões do Monte, Profético, do Cenáculo, dos Oito “Ais”

A palavra SERMÃO significa discurso religioso, doutrinário ou moral; pode ter também o sentido de uma repreensão, uma admoestação ou crítica com a intenção de moralizar, corrigir um comportamento ou situação.

No Novo Testamento, estão relatados quatro sermões proferidos por Jesus em sua vida pública, em seus contatos e diálogos com as pessoas, cada um deles com destinação e objetivos definidos:

1) Sermão do Monte ou da Montanha ou das Bem-Aventuranças (Mt 5:1-12; Lc 6:20-23):

Bem-aventurados os pobres no espírito, porque deles é o Reino dos Céus.

Bem-aventurados os mansos porque herdarão a terra.

Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados.

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.

Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.

Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus.

Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.

Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos Céus.

Bem-aventurados sois, quando vos injuriarem e vos perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal contra vos por causa de mim. Alegrai-vos e regozijai-vos, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois foi assim que perseguiram os profetas, que vieram antes de vos.

Iniciando sua vida publica, Jesus foi morar em Cafarnaum, começando então a pregar, e logo as multidões o seguiam.

O Sermão da Montanha foi uma das primeiras mensagens coletivas de Jesus ao povo judeu e a Humanidade.

Podemos imaginá-lo falando com imensa doçura à multidão que o escutava, os olhos cheios de luz e amor, as palavras consolando e curando as almas doloridas.

Este é o mais profundo, expressivo e também o mais conhecido dos Sermões de Jesus e foi pronunciado aos pés de um monte próximo ao Mar da Galiléia (Lago de Genesaré).

Nele, Jesus se mostra em toda a sua plenitude espiritual e convida a Humanidade a uma reflexão interior, mostrando a bondade, a justiça e o acolhimento de Deus a todos os seus filhos, sem exceção. O Mestre não condena a Lei existente, mas traz uma nova interpretação da moral bíblica, conduzindo as pessoas a uma interiorização e aprofundamento dos seus ensinamentos e ao desejo de se transformar intimamente.

Jesus explica a todos como devem viver para chegar a perfeição espiritual e apresenta um Deus de Amor e Paz, que jamais deixa de ouvir nenhum de seus filhos. As pessoas ficavam surpresas e encantadas ao ouvirem uma interpretação das Escrituras tão diferente da ensinada pelos sacerdotes e fariseus, uma Lei dura, cheia de rituais e imposta pelo medo.

No Sermão da Montanha, Jesus convida o Homem a abandonar o “homem velho”, sua inferioridade espiritual, suas antigas crenças, vícios e hábitos e a deixar surgir em si mesmo o “homem novo”, edificado em novos e verdadeiros Valores morais.

2) Sermão Profético (Mt 24:1-51 e 25:1-30; Lc 21:5-7; Mc 13:1-4):

Este Sermão, também chamado de Discurso Escatológico (previsões sobre a consumação do tempo e da história), foi pronunciado no Horto das Oliveiras e revela uma serie de profecias (predições ou previsões do futuro), as mais importantes do Novo Testamento: descreve acontecimentos que ocorreriam nos anos ou séculos seguintes, por causa da dureza dos corações humanos, que resistiam e resistem, ainda hoje, em acolher e viver a mensagem de amor trazida pelo Mestre.

Pelas palavras que Jesus usou nesse Sermão, pode-se perceber nele uma certa tristeza, pela incompreensão dos homens diante de seus ensinamentos, cujo objetivo básico é a transformação moral da Humanidade.

Entre outras profecias, Jesus descreve a destruição do Templo de Jerusalém, que se cumpriu no ano 69 d.C., quando o exército romano de Tito invadiu Jerusalém.

O Mestre descreve também o sofrimento que estava por vir pela ação dos falsos profetas, aqueles que, embora conhecedores das verdades espirituais deturpam e manipulam os ensinamentos evangélicos para seu beneficio próprio, submetendo os desavisados ao seu poder de dominação e sedução, a fé cega, ao fanatismo, ao ritualismo, a discórdia e a superstição.

Jesus fala da perseguição e morte dos seus discípulos, os daquela época e os que o seguissem no futuro, pagando com a própria vida a defesa dos princípios ensinados por ele; alerta sobre guerras, fome e outras tragédias que atingiriam a Humanidade pela persistência do Homem no orgulho e no egoísmo, pelo seu apego as instituições, dogmas e as ideias moralmente distorcidas.

Em “A Gênese”, Cap. XVIII, it. 9, Kardec escreve: *...] a Humanidade se transforma como já se transformou noutras épocas, e cada transformação é marcada por uma crise que é, para o gênero humano, o que são as crises de crescimento para os indivíduos; crises, muitas vezes penosas, dolorosas, que arrastam consigo as gerações e as instituições, mas, sempre seguidas de uma fase de progresso material e moral”.

O retorno de Jesus, também citado por ele, não afirma um retorno físico, mas a vitória de seus ensinamentos, a compreensão e a vivência da Lei do Amor pelos homens, instalando no planeta um mundo novo de paz e progresso, quando eles aprenderem não apenas a ler, mas, sobretudo a viver os Evangelhos.

No Sermão Profético, Jesus nos legou ainda algumas analogias e três parábolas que resumem todo o ensinamento e as advertências do Mestre para que possamos superar as tribulações e os sofrimentos causados pela nossa pouca evolução espiritual do “Mordomo ou dos Dois Servos” (Mt 24:45-51), das “Dez Virgens” (Mt 25:1-13) e dos “Talentos” (Mt 25:14-30).

Nesse Sermão são descritas grandes dificuldades, mas é preciso enxergar através e além da dor, a mensagem de esperança e de certeza num futuro muito melhor, construído pela transformação moral dos seres humanos. Para construir, muitas vezes é necessário destruir. (LE. – Lei de destruição).

3) Sermão do Cenáculo (Mc 14:1-31; Mt 26:1-35; Lc 22:1-38; Jo 13:1-38; 14:1-31;15:1-27; 16:1-33; 17:1-26):

Esse Sermão é conhecido como “Sermão do Cenáculo”, por ter acontecido num recinto fechado, uma sala para refeições, um lugar onde Jesus se reuniu com os doze discípulos para a ceia da Páscoa Judaica, a última que faria na vida terrena junto a aqueles a quem tanto amava. E ali ele preveniu e preparou os discípulos para os acontecimentos que iriam ocorrer nos próximos dias.

Para os judeus, a Páscoa (Pesach = passagem) é a data em que comemoram sua saída do Egito, o fim de uma longa e sofrida escravidão.

Para os cristãos, a Páscoa relembra a ressurreição de Jesus e tem um sentido simbólico de libertação, pois demonstra, sem duvida, a imortalidade da alma, que não fica presa a vida física nem se anula com a morte, mas representa, sobretudo, a renovação do Espírito, o fim da escravidão da ignorância espiritual.

Nessa ceia, Jesus partilhou com os discípulos o pão e o vinho, simbolizando a sua entrega total de amor pela Humanidade. Foi também nessa ocasião que ele nos deixou uma profunda lição de humildade, ao lavar os pés dos discípulos e mostrar que a autoridade só pode ser entendida como função de servir aos outros. O amor conduz ao sentimento fraterno e exclui qualquer tipo de superioridade entre as pessoas.

Ele se despede dos discípulos e reafirma sua ida para o Pai, com as palavras que talvez sejam o seu mais belo pronunciamento, nos entregando o mandamento maior da Lei e nos dando a diretriz que deve nortear o nosso comportamento como seres humanos irmãos:

Em João 13:33-35: “Filhinhos, por pouco tempo ainda estou convosco. Para onde vou vós não podeis ir. Dou-vos um mandamento novo: Que vos ameis uns aos outros como eu vos amei. Nisto reconhecerão todos que sois meus discípulos se tiverdes amor uns aos outros”.

O Mestre anunciou também a vinda do Paráclito (o Consolador, o Espírito de Verdade). Esta predição é uma das mais importantes, do ponto de vista religioso, porque em Suas palavras se percebe claramente que: Jesus não disse tudo o que tinha a dizer, mas caberia a “outro Consolador” complementar e relembrar os seus ensinamentos; quando se refere a “outro Consolador”, é obvio que Jesus não se reporta a si mesmo; e quando diz que esse Consolador ficaria eternamente conosco, ele não poderia ser uma pessoa, mas poderia ser uma doutrina consoladora inspirada pelo Espírito de Verdade.

A Doutrina Espírita tem as condições para ser o Consolador prometido por Jesus, pois não é uma doutrina individual, nem de concepção humana, mas foi uma Doutrina trazida por uma coletividade de Espíritos; não suprime nada do Evangelho, antes o complementa e esclarece; com a ajuda das novas leis que revela, aliadas as leis que a Ciência já descobriu e continua descobrindo, permite o entendimento do que era até então incompreensível ou inadmissível para nós.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. VI, “O Cristo Consolador”, it. 4, Kardec escreve: “O Espiritismo vem, no tempo assinalado, cumprir a promessa do Cristo: o Espírito de Verdade preside ao seu estabelecimento. [...] O Cristo disse: “que ouçam os que têm ouvidos para ouvir”. O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos, porque ele fala sem figuras e alegorias. Levanta o véu propositadamente lançado sobre certos mistérios e vem, por fim, trazer uma suprema consolação aos deserdados da Terra e a todos os que sofrem, ao dar uma causa justa e um objetivo útil a todas as dores”.

Terminada a ceia, Jesus orou serena e amorosamente por ele mesmo, pelos discípulos e por todos os que viriam a ser seus seguidores em todas as épocas e foi com eles para o Jardim de Getsêmani, onde deveria acontecer a prisão e o inicio de sua paixão.

4) Sermão dos oito “Ais” (Mt 23:13-36):

Este Sermão foi uma severa repreensão aos escribas (Doutores da Lei) e Saduceus, mas principalmente aos fariseus, a mais influente seita entre os judeus. Eles cerceavam a liberdade religiosa e moral do povo, devido ao poder e domínio que detinham e a imposição de suas ideias cristalizadas e apego aos rituais.

É chamado “Sermão dos Oito Ais”, porque a maioria das advertências do Mestre iniciavam-se com as palavras: ‘Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas...”

Na Bíblia de Jerusalém, em Mt 23:13-36, são consideradas sete advertências de Jesus aos fariseus, mas levando-se em conta também o trecho encontrado em Mc 12:40 e Lc 20:47, elevam-se a oito as suas repreensões a eles, a quem se dirige enfaticamente.

Jesus adverte-os principalmente a respeito das falsas virtudes com que se apresentavam publicamente, da corrupção e da desonestidade de seus propósitos perante os menos favorecidos intelectual e socialmente, da injustiça que praticavam de todas as maneiras. E os chama de serpentes e raça de víboras, alertando-os sobre as consequências espirituais no futuro.

Por isso não hesitaram em insuflar e manipular a multidão que dominavam com tanta facilidade, para condenar Jesus à morte.

QUESTÃO REFLEXIVA

No Sermão da Montanha, Jesus ensinou-nos o caminho para a nossa transformação individual e coletiva. Faça uma reflexão sobre esse ensinamento na sua vida diária.


Fonte da imagem: Internet Google.

Nenhum comentário:

Postar um comentário