A Missão dos Apóstolos
Jesus
ensinava por parábolas. Muitas vezes, os discípulos, após ouvirem uma parábola,
não a compreendiam.
Como consta
do Evangelho de Mateus, cap. 13, após Jesus ter contado a parábola do semeador
à multidão: “Aproximando-se os discípulos, perguntaram-lhe: ‘Por que lhes falas
em parábolas? ’Jesus respondeu: ‘Parque a vós foi dado conhecer os mistérios do
Reino dos Céus, mas a eles não. Pois aquele que tem, lhe será dado e lhe será
dado em abundância, mas ao que não tem, mesmo o que tem lhe será tirado. É por
isso que lhes falo em parábolas: porque veem sem ver e ouvem sem ouvir nem
entender, e “neles” que se cumpre a profecia de Isaias, que diz: Certamente
haveis de ouvir e jamais entendereis, certamente haveis de enxergar e nada
vereis ’.(...)” (Mt 13:10-14).
E adiante:
“Mas felizes os vossos olhos, porque veem e os vossos ouvidos, porque ouvem. Em
verdade vos digo que muitos profetas e justos desejaram ver o que vedes e não
viram, e ouvir o que ouvis e não ouviram”.
Por esta
passagem, vemos que Jesus tinha um cuidado especial para ensinar seus
discípulos que eram mais próximos. Essa atenção justificava-se exatamente
porque eles estavam sendo preparados para assumir suas missões.
Os
apóstolos, podemos deduzir pela análise conjunta dos Evangelhos, por certo
tempo, nutriram a ideia comum aos judeus: a do Messias que iria libertá-los do
jugo estrangeiro e se tomar um monarca.
Eles
demoraram algum tempo para entender a verdadeira missão de Jesus, e também a
natureza de seus próprios compromissos. É relevante citar também que, além dos
doze discípulos que se tomaram apóstolos, muitos outros discípulos seguiram
Jesus.
Em Lucas,
10:1, encontramos a citação da missão dos setenta e dois discípulos: “Depois
disso, o Senhor designou outros setenta e dois, e os enviou dois a dois a sua
frente a toda cidade e lugar aonde ele próprio devia ir. E dizia-lhes: ‘A
colheita é grande, mas os operários são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita
que envie operários para sua colheita. Ide! Eis que vos envio como cordeiros
entre lobos.”
No discurso
aos seus discípulos, Jesus faz diversas recomendações. Citemos algumas, como
consta em Mateus, cap.10 e Lucas, caps. 9 e 10:
- “Não
tomeis o caminho dos gentios, nem entreis em cidade de samaritanos. Dirigi-vos,
antes, as ovelhas perdidas da casa de Israel. Dirigindo-vos a elas, proclamai
que o Reino dos Céus esta próximo”.
- “Curai os
doentes, ressuscitai os mortos, purificai os leprosos, expulsai os demônios. De
graça recebestes, de graça dai”.
- “Não leveis
ouro, nem prata, nem cobre nos vossos cintos, nem alforje para o caminho, nem
duas túnicas, nem sandálias, nem cajado, pois o operário é digno do seu
sustento”.
- “Eis que
vos envio como ovelhas entre lobos. Por isso, sede prudentes como as serpentes
e sem malicia como as pombas”.
- “Por causa
de mim, sereis conduzidos à presença de governadores e de reis, para dar
testemunho perante eles e perante as nações. Quando vos entregarem, não fiqueis
preocupados em saber como ou o que haveis de falar. Naquele momento o Espírito
de vosso Pai é que falará em vós”.
Vemos nestas
exortações do Mestre Maior, como em todas as outras que eram dirigidas
especialmente aos seus discípulos, uma solicitação de algo mais, de um
compromisso muito maior. Em geral, quando Jesus dirigia-se a multidão, sabendo
a natural dificuldade do Ser, não lhes pedia além do que eles podiam compreender.
Assim, em
regra, seus sermões eram mais esclarecedores, acolhedores, consoladores... Eram
como sementes lançadas para germinarem futuramente com mais vigor; eram
bálsamos que aqueciam os corações oprimidos e aflitos e despertavam a esperança
na vida, despertavam naqueles que não tinham mais fé, por ver tanta iniquidade,
despertavam a confiança em Deus, e especialmente a convicção na vida futura.
Para seus
discípulos, no entanto - repetimos - vemos que o chamado é uma convocação para
ir muito além. E, como em todo trabalho missionário, para dar largos passos,
passos vigorosos de sacrifício, de renuncia, de superação.
Conclamou-os
Jesus, como acima transcrevemos, a ir e propagar o Evangelho, anunciando o
“Reino de Deus”, pois esse deve ser um dos principais objetivos de um cristão:
difundir, espalhar, fazer a divulgação do Evangelho.
Conclamou-os
o Mestre a levar alivio aos enfermos, sacrificando-se para levar conforto aos
sofredores. E tudo isso gratuitamente, dando de graça o que de graça receberam.
Foram conclamados a vencer todas as paixões humanas, como a cobiça e a vaidade.
Foram inspirados a ter sabedoria e prudência para saber agir em cada circunstancia.
Foram, por
fim, alertados que toda essa tarefa, todo esse trabalho despertaria a fúria e a
animosidade de muitos, especialmente daqueles que não queriam ver o triunfo do
Bem. E diante de todo esse panorama que lhes é apresentado, que faria muitos
outros recuar, Jesus pede-lhes que tenham confiança, pois em todos os momentos
difíceis que viriam o “Espírito de vosso Pai é que falará em vós”.
Após terem
convivido por três anos com o Mestre, quando Jesus anunciou a sua partida, eles
manifestaram medo e preocupação. Nós podemos ficar imaginando: Como seria
conviver pessoalmente com Jesus? Como seria ouvir diretamente suas inigualáveis
palavras? Como seria estarmos em sua presença, estarmos envoltos em sua luz
resplandecente?
Com certeza,
os discípulos, em companhia de Jesus, sentiam-se seguros, protegidos. Mas, a esta
altura, a hora era chegada. Então Jesus disse-lhes: “Deixo-vos a paz, minha paz
vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá. Não se perturbe nem se intimide vosso
coração.” (Jo 14:27).
Ainda assim,
como sabemos, dentre os doze apóstolos, apenas João acompanhou-o até o Gólgota
- o local de sua crucificação. Todos os demais hesitaram e fugiram. Como
citamos anteriormente, foi somente após o Pentecoste que os apóstolos
compreenderam e assumiram integralmente suas missões.
Vemos que,
em relação à vida e missão dos apóstolos, encontramos poucas informações nos
Evangelhos. No entanto, embora sejam poucos os dados que temos, são estes
suficientes para entendermos o caráter de suas missões, bem como constatar o
fervor que cada um deles demonstrou.
Cairbar
Schutel, na obra “Vida e Atos dos Apóstolos”, conclui: “A vida dos Apóstolos
foi uma vida de trabalhos, de incessante luta pela difusão do Evangelho; foi
uma vida de abnegação e ingentes sacrifícios; de verdadeiro desapego as coisas
do mundo; de dares, de sofrimentos, mas lambem de gloria que não se extingue,
de aquisição de tesouros que não perecem, de luzes que não se apagam, de
verdades que nos conduzem as alturas, onde melhor compreenderemos a Deus e sua
infinita sabedoria.”
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Como podemos
vivenciar, nos dias de hoje, as orientações de Jesus aos Apóstolos?
Bibliografia
- A Bíblia
de Jerusalém.
- Kardec,
Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Schutel,
Cairbar e Vida e Atos dos Apóstolos.
- Xavier,
Francisco C./ Humberto de Campos - Boa Nova.
Fonte da imagem: Internet Google.
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