Jesus; Anunciação, Nascimento, Família,
Vida Dos 12 Aos 30 - Formação Religiosa e Espiritual
Anunciação
e Nascimento
As únicas
fontes acerca da concepção e do nascimento de Jesus são os evangelhos de Mateus
e Lucas. São narrativas que trazem informações distintas.
De acordo
com a Bíblia de Jerusalém, em nota explicativa encontrada em Lucas 1:29, as
narrativas de Lucas expressam o ponto de vista de Maria, enquanto Mateus
apresenta-as pelo prisma de José.
Mateus
aborda a concepção de Jesus, o conflito de José e a intervenção do plano
espiritual em sonho, a visita dos reis magos, guiados pela estrela de Belém, a
matança dos inocentes decretada pelo rei Herodes, a fuga da família de Jesus para
o Egito e o retomo para Nazaré após a morte de Herodes.
Lucas aborda
a anunciação feita pelo anjo Gabriel, a concepção de Jesus, o nascimento, o
coro dos anjos anunciando aos pastores o nascimento de Jesus, a visita dos
pastores a Jesus, a apresentação de Jesus no templo de Jerusalém, conforme
costume da época.
Estas
narrativas têm sido objeto de pesquisas cientificas que visam à construção do
Jesus histórico. Hoje não existe qualquer dúvida sobre a existência histórica
de Jesus e há um bom levantamento dos aspectos culturais, sociais da época, que
nos fornecem um panorama da sociedade ao tempo de Jesus. Mas, muitas perguntas permanecem
sem respostas conclusivas. Entre estas perguntas estão: Jesus teria nascido em
Belém? Herodes teria decretado a matança dos inocentes? Jesus teria permanecido
no Egito até a morte de Herodes?
Quem eram os
reis magos e Jesus teria sido visitado por eles? Essas narrativas são lendas
criadas em torno de Jesus, no processo de mistificação ocorrido ao longo dos
séculos?
São perguntas,
cujas respostas têm importância apenas relativa, na medida em que o essencial é
a mensagem, a vida, os exemplos de Jesus.
Aqui,
destacaremos alguns pontos fundamentais: a anunciação, a concepção de Jesus,
sua família, a infância, Jesus dos 12 aos 30. Abordaremos também a seguinte
questão: Jesus era o Messias?
A
ANUNCIAÇÃO
“No sexto
mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia, chamada
Nazaré, a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi; e o
nome da virgem era Maria. Entrando onde ela estava, disse-lhe: Alegra-te cheia
de graça, O Senhor está contigo”.
Ela ficou
intrigada com essa palavra e pôsse a pensar qual seria o significado da saudação.
O Anjo, porém, acrescentou: “Não temas, Maria! Encontraste graça junto de Deus.
Eis que conceberas no teu seio e darás a luz um filho, e tu o chamaras com o
nome de Jesus. Ele será grande, será chamado Filho do Altíssimo, e o Senhor
Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai; ele reinará na casa de Jacó para
sempre, e o seu reinado não terá fim.” (Lc 1:26-33).
O evangelho
de Lucas revela-nos a beleza poética do anuncio feito pelo anjo Gabriel a
Maria, vaso escolhido para ser a mãe de Jesus, bem como lhe fala da excelsa
missão de que Jesus fora investido por Deus, nosso Pai.
0s
evangelhos estão repletos de fenômenos espíritas, evidenciando o intercambio
constante entre o céu e a terra, a amorosa solicitude dos mensageiros de Deus,
acendendo clarões imortais na face da Terra.
Abordaremos
na sequência, a narrativa de Mateus, para nos determos no estudo da concepção
virginal de Jesus.
A
CONCEPÇÃO DE JESUS
Vejamos a
narrativa de Mateus, capitulo 1, versículos de 18 a 25: “A Origem de Jesus
Crista foi assim: Maria, sua mãe, comprometida em casamento com Jose, antes que
coabitassem, achou-se grávida pelo Espírito Santo. José, seu esposo, sendo
justo e não querendo denunciá-la publicamente, resolveu repudiá-la em
segurança. Enquanto assim decidia, eis que a Anjo do Senhor manifestou-se a ele
em sonho, dizendo: José, filho de Davi, não temas receber Maria, tua mulher
pois o que nela foi gerada vem do Espírito Santo. Ela dará a luz um filho e tu
o chamarás com o nome de Jesus, pois ele salvara o seu povo dos seus pecados.
Tudo isso aconteceu para que se cumprisse o que o Senhor havia dito pelo profeta:
Eis que a virgem conceberá e dará a luz um filho e a chamará a com o nome de
Emanuel, o que traduzido significa ‘Deus está conosco’. José, ao despertar do
sono, agiu conforme a Anjo do Senhor lhe ordenara e recebeu em casa sua mulher.
Mas não a conheceu até o dia em que ela deu a luz um filho. E ele o chamou com
o nome de Jesus.”
O evangelho
de Mateus se dirigia particularmente aos judeus e ele tinha o objetivo de
evidenciar que Jesus era o Messias aguardado ha séculos, aquele de quem tantos
profetas haviam falado. Para evidenciar isto, Mateus faz constantes alusões às
escrituras antigas, inserindo-as no seu evangelho.
No tocante a
concepção de Jesus, Mateus cita o profeta Isaias. No entanto, na Bíblia de
Jerusalém, encontramos em Isaias, capitulo 7, versículo 14, a seguinte
profecia: “Eis que a jovem está grávida e dará a luz um filho e dar-lhe-ei o nome
de Emanuel.”
Em nota
explicativa referente a Isaias 7: 14, a Bíblia de Jerusalém diz o seguinte: “A
tradução grega traz a “virgem” precisando assim o termo hebraico almah, que
designa quer a donzela, quer uma jovem casada recentemente, sem explicitar
mais. Ou seja, a Bíblia de Jerusalém é fiel ao texto original hebraico, em
Isaias 7:14, no qual a palavra não é ‘virgem’, mas ‘almah’, ou seja, uma moça,
mas em Mateus 1:23, o termo é “virgem” utilizado na tradução grega da
Septuaginta, combinando com a interpretação católica.
Voltando ao
Evangelho de Lucas, nos perguntamos: O texto atual de Lucas contém a ideia de
uma concepção virginal? Se contém, teria essa ideia sido introduzida
posteriormente sendo que no relato original ela não existia? O que se verifica
é que não ha nenhuma declaração explicita de que Maria e Jose não tenham se
unido após a anunciação.
Destacando
Lucas 1:34 onde se lê: “Maria, porém, disse ao anjo: Como é que vai ser isso,
se eu não conheço homem algum?” Podemos compreender que no momento da
anunciação, Maria não teria ainda se unido a José, o que não quer dizer que não
tenha feito posteriormente.
A profecia
de Isaias (7:14) inserida em Mateus 1:23, daria fundamentação à ideia da
concepção sobrenatural de Jesus, transformando-se mais tarde num dogma da
Igreja. A partir do momento em que a Igreja declara que Jesus é Deus (século
IV), Jesus só poderia ter sido gerado pelo “Espírito Santo”.
Tudo indica
que ao tempo dos apóstolos, e, portanto, do aparecimento dos evangelhos, não
havia a ideia de que Jesus havia sido concebido de forma sobrenatural. O
apostolo Paulo não faz menção a isto em suas epistolas. Em suas viagens
missionárias, Paulo percorreu uma boa parte do mundo conhecido de então e se não
fez menção a concepção virginal era porque não era doutrina corrente no seu
tempo. Caso isto tivesse sido apregoado, ele, que sempre foi muito atento na
observação de desvios doutrinários, telo ia abordado o assunto. Registramos em
sua epistola aos Gálatas (4:4) o seguinte: “...Enviou Deus o seu filho, nascido
de mulher; nascido sob a Lei, para resgatar os que estavam sob a Lei,...”
A ideia da
concepção e do nascimento virginais são acomodações posteriores e foram
introduzidas no texto, de forma incompetente, forçando-o a dizer, em alguns
versículos, o que outros contradizem, explícita ou implicitamente.
Jesus foi
concebido de acordo com as leis naturais. Nada ocorre fora das leis naturais,
que são divinas e imutáveis. Podemos compreender o termo virgem como uma
metáfora, para nos referimos ao coração lirial de Maria, um Espírito de alta
envergadura, missionária, cuja grandeza lhe facultou a condição de ser mãe de Jesus,
aceitando, incondicionalmente, a incumbência de orientar-lhe os passos e
acompanhá-lo em pleno exercício de sua excelsa missão, até o desfecho doloroso
do calvário e prosseguir como apoio amoroso aos cristãos de todos os tempos.
A
FAMÍLIA DE JESUS - JESUS TINHA IRMÃOS?
Em Lucas,
2:7, encontramos: “... e ela deu á luz o seu filho primogênito, envolveu-o com
faixas e reclinou-o numa manjedoura porque não havia um lugar para eles na
sala”.
Pela
narrativa, podemos concluir que não havia nesse tempo, a tradição de que Jesus
fosse filho único. O termo primogênito e não unigênito (único filho gerado)
deixa claro que Lucas não pretendeu apresentar Jesus como filho único de Maria.
Os
evangelhos bem como Atos dos Apóstolos fazem referência aos irmãos de Jesus. Em
Mateus (13:55-56) encontramos: “Não é ele o filho do carpinteiro? Não se chama
a mãe dele Maria e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E as suas irmãs
não vivem todas entre nós?”
Há outra
referência em Mateus (12:46): “Estando ainda a falar às multidões, sua mãe e
seus irmãos estavam fora, procurando falar-lhe”, e em nota explicativa a este
versículo, a Bíblia de Jerusalém, coerente com a postura dogmática, declara que
os irmãos ai referidos não eram filhos de Maria, mas parentes próximos, por exemplo,
primos, que o hebraico e o aramaico também chamavam irmãos.
Porém, além
das evidências encontradas no Novo Testamento acerca dos irmãos de Jesus,
prevalece hoje, em função das pesquisas históricas, a ideia de que Jesus teve
irmãos e irmãs.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Jesus nasceu
em uma manjedoura. Emmanuel refere-se a momento como “ponto inicial da lição salvadora
do Cristo como a dizer que a humildade representa a chave de todas as
virtudes”. Reflita e comente as palavras de Emmanuel.
Fonte da imagem: Internet Google.
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