CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 30 de maio de 2017

9ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

A Autoridade de Jesus e o Sermão Dos “Ais”

Jesus e Os Doutores Da Lei

OS FARISEUS E OS SADUCEUS PEDEM UM SINAL

“Os fariseus e os saduceus vieram até ele e pediram-lhe, para pô-lo á prova que lhes mostrasse um sinal vindo do céu. Mas Jesus lhes respondeu: ‘Ao entardecer dizeis: Vai fazer bom tempo, porque o céu está avermelhado; e de manhã: Hoje teremos tempestade, porque o céu está de um vermelho sombrio. O aspecto do céu sabeis interpretar, mas os sinais dos tempos, não sois capazes! Geração má e adúltera! Reclama um sinal e de sinal, não lhe será dado, senão o sinal de Jonas'. E, deixando-os, foi-se embora.” (Mt 16:1-4).

Em seu caminho, Jesus sempre se defrontava com os Doutores da Lei, que, incessantemente, queriam pô-lo a prova, queriam fazê-lo cair em contradição, ou, de alguma forma, constrangê-lo. Neste relato de Mateus, os fariseus e os saduceus pedem um “sinal vindo do céu”.

Mas Jesus, conhecendo a dureza de seus corações e a malicia de suas intenções, ressalta-lhes a cegueira, alertando-os para o fato de que as coisas mais simples, como os sinais meteorológicos, os indícios das condições atmosféricas, ou seja, olhar para o céu e saber se vai chover ou fazer sol, isso eles podiam ver, pois só depende da visão dos olhos materiais, não, porém, os “sinais dos tempos”, pois isto depende da percepção do Espírito. Esta última, devemos ainda lembrar, demanda humildade e boas intenções.

Duas expressões são dignas de nota nesta abordagem.

A primeira é a expressão “sinal do céu”, muito utilizada, na época, entre os hebreus. É que toda a sua história é povoada de fatos ditos “miraculosos”, prodigiosos; as narrativas do Antigo Testamento são recheadas de descrições de cenas maravilhosas, extraordinárias, como todos os relatos admiráveis dos feitos de Moisés. Ao tempo de Moisés, vale lembrar, o povo, incansavelmente, pedia “sinais dos céus”.

A Segunda expressão: “sinais dos tempos”, é um termo que, em sentido amplo, pode ser aplicado em diversos contextos. Aqui, em sentido restrito, utiliza-se, especialmente, para designar os sinais que poderiam ser percebidos quando da “chegada do Messias”. Jesus, podemos lembrar, fez alusão a esses sinais quando quis indicar sua condição messiânica, como podemos encontrar no Evangelho de Mateus:

‘És tu aquele que há de vir ou devemos esperar outro?’ Jesus respondeu-lhes: ‘Ide contar a João o que ouvis e vedes: os cegos recuperam a vista, os coxos andam, os leprosos são purificados e os surdos ouvem, os mortos ressuscitam e os pobres são evangelizados’.” (Mt 11:3-5).

Essa mesma narrativa, que também podemos encontrar em Lucas, cap. 7, versículo 22, refere-se às predições do profeta Isaias, e eram, dessa forma, os sinais do início da era messiânica.

Neste ponto, podemos indagar: Ora, se os sinais indicados por Jesus eram tão evidentes, tão notórios, tão claros, e correspondiam exatamente as profecias de Isaias, as quais eram muito conhecidas, como, afinal, os Doutores da Lei não podiam “ver”‘?

A resposta deve ser categórica: é que todo Espírito só vê aquilo que quer ver! É que todas as más paixões entorpecem a alma, tomando-a cega as maiores verdades.

Kardec, em “O Livro dos Médiuns”, primeira parte, cap. III, faz uma interessante classificação didática dos diversos momentos do Ser em seu trânsito entre o ceticismo absoluto até a verdadeira crença. Vejamos o item 22: “Ao lado dos materialistas, propriamente ditos, há uma terceira classe de incrédulos que, embora espiritualistas, pelo menos em nome, não são menos refratários ao Espiritismo: São os incrédulos de má vontade. Esses não querem crer porque isso lhes perturbaria o gozo dos prazeres materiais. Temem encontrar a condenação de sua ambição, do seu egoísmo e das vaidades humanas em que se deliciam. Fecham os olhos para não ver e tapam os ouvidos para não ouvir.”

Não obstante, neste trecho, o codificador ter se referido à crença no Espiritismo, o que nos interessa é o perfil assinalado. Essa descrição formulada por Kardec pode, integralmente, ser aplicada aos Doutores da Lei a época de Jesus, principalmente pelo fato de que eles temiam a condenação de suas ações egoísticas e, dessa forma, “tapavam” os ouvidos.

Por não estarem realmente dispostos a compreender, Jesus diz-lhes que nem um outro sinal lhes será dado, a não ser o sinal de Jonas.

Esse “sinal de Jonas”, Jesus a ele já havia se referido, conforme consta do cap. 12, versículos 40-41, do Evangelho de Mateus: “Pois, como Jonas esteve no ventre do monstro marinho três dias e três noites...”

No Antigo Testamento, no próprio livro do profeta Jonas (século IV a.C.), encontramos a narrativa da jornada no ventre do “grande peixe”, e de outros sinais que teriam ocorrido em sua missão; descrições estas que contém os mesmos elementos característicos do Antigo Testamento: os sinais prodigiosos do céu.

A todas as pessoas de boa-fé, humildes e desejosas de compreender, podemos lembrar as palavras de Jesus a Tomé: aquele que não acreditou porque não viu. “Jesus lhe disse: ‘Porque viste, creste. Felizes os que não viram e creram!’.” (Jo 20:29).

O FERMENTO DOS FARISEUS E DOS SADUCEUS

“Ao passarem para a outra margem do Lago os discípulos esqueceram-se de levar pães. Como Jesus lhes dissesse: Cuidado acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus! ’puseram-se a refletir entre si: ele disse isso porque não trouxemos pães Jesus, percebendo, disse: Homens fracos na fé! Por que refletis entre vos por não terdes pães? Ainda não entendeis, nem vos lembrais dos cinco pães para cinco mil homens e de quantos cestos recolhestes? Nem dos sete pães para quatro mil homens e de quantos cestos recolhestes? Como não entendeis que eu não falava de pães quando vos disse: Acautelai-vos do fermento dos fariseus e dos saduceus? Então compreenderam que não dissera: Acautelai-vos do fermento do pão, mas sim do ensinamento dos fariseus e dos saduceus.” (Mt 16:5-12).

Neste ensinamento de Jesus, os discípulos, inicialmente, não compreenderam seu significado, e, por não terem levado pão para a jornada, acreditaram que o Mestre estava referindo-se ao alimento material. Após novo esclarecimento, entenderam o uso figurado do termo fermento.

A palavra fermento pode então ser utilizada em dois sentidos: o literal ou o figurado.

Em sentido literal, como bem sabemos, fermento é a substância que, adicionada a outros ingredientes, desencadeia o processo químico denominado “fermentação”, resultando na alteração da estrutura, volume, consistência de um ou mais elementos. O fermento é a substância que faz, por exemplo, a massa de pão e a massa de bolo crescer e se avolumar.

Em sentido figurado, fermento seria toda ação ou postura capaz de desencadear um processo de elaboração, crescimento, expansão e propagação de ideias, doutrinas ou sistemas quaisquer. Logo, essa figura não tem em si mesma, um valor predefinido, não contém um julgamento de mérito, ou seja, não indica se é algo positivo ou negativo.

Por esse motivo exposto, a palavra fermento, como podemos constatar em outros trechos do Evangelho, é utilizada indicando um processo positivo, de crescimento e propagação do Bem.

Nesta passagem que ora analisamos, indica um processo negativo, de expansão do Mal. Por isso, Jesus, no Evangelho de Lucas, cap. 12, versículo 1, diz, expressamente: “... Acautelai-vos do fermento - isto é, da hipocrisia - dos fariseus.”

Ressaltemos este ponto: a cautela não é pelo fermento em si, mas pelo fermento dos fariseus, que, reconhecidamente, agiam de má-fé e com propósitos obscuros.

Citemos um trecho da obra “Até os Fins dos Tempos”, de Amélia Rodrigues, psicografada por Divaldo Franco, que faz referência ao fermento dos fariseus no capítulo “O Reino Transitório e o Permanente”. Diz a autora: “A hipocrisia é morbo da alma que contamina e deixa sequelas devastadoras por onde passa, e se tornará característica predominante no comportamento dos fariseus, que se perdiam em discussões estéreis a proveito próprio, sem nenhuma consideração por quem quer que seja.”

A hipocrisia, a má-fé, o orgulho são chagas que podem, como o fermento, avolumar e perverter muitas mentes. Precisamos estar atentos a esse “fermento dos fariseus”, ainda presente em nossos dias. Mudam-se os nomes, mas a mentalidade de muitos ainda pode ser comparada a dos fariseus da época de Jesus.

Assim, prossegue a autora espiritual acima citada: “Por isso mesmo, a maledicência, a calúnia, a informação malsã não têm lugar na convivência saudável, naquela que é inspirada pelo Evangelho, porquanto tudo se torna conhecido e desvelado”.

PERGUNTAS SOBRE A AUTORIDADE DE JESUS

“Vindo ele ao Templo, estava a ensinar quando os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo se aproximaram e perguntaram-lhe: ‘Com que autoridade fazes essas coisas? E quem te concedeu essa autoridade?' Jesus respondeu: ‘Também eu vos proporei uma só questão: ‘Se me responderdes, também eu vos direi com que autoridade faço estas coisas: O batismo de João, de onde era? Do Céu ou dos homens? ’Eles, porém, arrazoavam entre si, dizendo: ‘Se respondermos ‘Do Céu', ele nos dirá: ‘Por que então não crestes nele? Se respondermos ‘Dos homens’, temos medo da multidão, pois todos consideram João como profeta ’. Diante disso, responderam a Jesus: ‘Não sabemos’. Ao que ele também respondeu ‘Nem eu vos digo com que autoridade faço estas coisas'.” (Mt 21:23-27).

Neste intrigante diálogo, podemos notar, em especial, a ausência de sinceridade daqueles que, no caso, dirigiram-se a Jesus - os chefes dos sacerdotes e os anciãos do povo. Há uma deliberada e visível intenção de confrontar, constranger e denegrir.

Podemos concluir que se trata de uma ação maquinada, ardilosa, astuciosa, eis que, como se vê, a pergunta tem o tom de confronto, de afronta, de injúria.

Jesus, então, não lhes passou nenhum ensinamento direto. O Mestre, lembremos, nunca impôs o conhecimento. Ouviam-no aqueles que queriam.

Lembremos, também, que dentre aqueles que o ouviam, haviam os que estava mais ou menos preparados. Outros, no entanto, não desejavam ouvi-lo, mas apenas tentavam tirar-lhe a autoridade.

Essa autoridade não é, obviamente, aquela formal, concedida oficialmente pelo mundo, mas é outro tipo de autoridade. E a autoridade que os hebreus atribuíam a Moisés e aos demais profetas, ou seja, aquela que seria concedida diretamente por Deus. Não reconhecendo Jesus como profeta ou como o Messias, interpelaram-no para lhe perguntar, em outras palavras:

Quem lhe deu essa autoridade?

Eles se referiam a autoridade de falar nas sinagogas com conhecimento superior, falar em nome de Deus, autoridade de expulsar os Espíritos maus, autoridade de curar os doentes, etc.

Refletindo sobre a autoridade de Jesus, fazemos, naturalmente, a associação com a sua superioridade. Kardec, em “A Gênese”, cap. XV, item 2, diz sobre Jesus: “Como homem, tinha a organização dos seres carnais; mas como Espírito puro, desligado da matéria, deveria viver da vida espiritual mais do que da vida corporal, cujas fraquezas Ele não possuía. A superioridade de Jesus sobre os homens não se prendia as qualidades particulares de seu corpo, mas as de seu Espírito, que dominava a matéria de maneira absoluta, e as de seu perispírito tirado da parte mais quintessênciada dos fluidos terrestres.” (grifo nosso).

QUESTÃO REFLEXIVA:

Relembrado a frase de Jesus: “Felizes os que não viram e creram”, reflitamos: Será que nós sempre acreditamos sem ver, ou, às vezes, também desejamos “sinais”?


Fonte da imagem: Internet Google.

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