CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 9 de maio de 2017

6ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Jesus, A Lei e os Profetas

Jesus e a Tradição dos Antigos

OS SÃOS NÃO PRECISAM DE MÉDICO

“Aconteceu que estando ele a mesa em casa, vieram muitos publicanos e pecadores e se assentaram à mesa com Jesus e seus discípulos. Os fariseus, vendo isso, perguntaram aos discípulos: ‘Por que come o vosso Mestre com os publicanos e os pecadores?’ Ele, ao ouvir o que diziam, respondeu: ‘Não são os que tem saúde que precisam de médico, e sim os doentes. Ide, pois, e aprendei o que significa. Misericórdia quero, e não o sacrifício. Com efeito, eu não vim chamar justos, mas pecadores’.” (Mt 9:10-13).

Os fariseus, como sabemos, sempre buscavam encontrar um meio de acusar Jesus. Assim, procuravam fazê-lo cair em alguma contradição em relação à Lei Mosaica.

Nesta passagem vemos os fariseus questionarem aos discípulos por que Jesus comia com os pecadores.

Mas quem seriam estes supostos pecadores?

Inicialmente, podemos lembrar que Moisés, que nos trouxe os Dez Mandamentos, inaugurando uma nova era espiritual para a Humanidade, chamava de infiéis a todos aqueles que não observavam as Leis de Deus.

Esse conceito, porém, deturpou-se com o passar do tempo, e os Doutores da Lei, na época de Jesus, negligenciaram as Leis Divinas e se apegando as regras exteriores e aos ritualismos religiosos, acabaram por designar como pecadores aqueles que não cumpriam essas regras e não praticavam esses rituais.

Em consequência dessas convicções, ou seja, de considerar como pecado as violações as regras exteriores, chamavam de pecadores a muitas pessoas, como os publicanos, que eram os cobradores de impostos; os samaritanos, eis que tinham regras próprias em relação a religião; e muitos outros que viviam a margem da sociedade.

Devemos esclarecer a esta altura que o termo “pecado” não é acolhido pela Doutrina dos Espíritos, pois é um conceito das doutrinas dogmáticas, que pregam as penas eternas.

O Espiritismo, no entanto, vê cada uma das imperfeições humanas como decorrentes da ignorância espiritual. Essas faltas, portanto, não resultam em condenação eterna, pois a cada nova existência o Espírito vai se depurando e se aperfeiçoando.

Ressalvamos que o conceito de pecado trazido pelas doutrinas dogmáticas modernas é, em certo aspecto, diferente das crenças dos judeus à época de Jesus, assim como outros conceitos que eram um tanto obscuros, como a reencarnação então chamada de ressurreição.

Retomando a passagem que analisamos, que nos desperta reflexões sobre a verdadeira postura fraterna, vemos que Jesus, ao contrário dos fariseus, dirigia seus ensinamentos a todos, sem exceções. O Mestre aproveitava todas as oportunidades para ensinar e vivenciar as suas lições, e assim convivia tanto com os Doutores da Lei, bem como com aqueles que eram considerados pecadores, pois “os sãos não precisam de médico”.

Nestas palavras encontramos a essência do Cristianismo: consolar e auxiliar os mais necessitados, os que se sentem deserdados, os ignorantes, e todos aqueles que buscam o conhecimento, buscam um caminho de espiritualização, em uma palavra: buscam a Luz.

Neste simbolismo de médico e doente, podemos imaginar: o que seria se um médico, que tem a função de atender os doentes do corpo, não atendesse aqueles que o procurassem, ou ainda, se fizesse distinções entre um e outro doente, rejeitando os mais enfermos?

Da mesma forma, podemos perguntar: o que seria se um cristão, que optou por vivenciar as lições de Jesus, não acolhesse os sofredores, não amparasse os necessitados, não consolasse os aflitos e os que choram?

Esse cristão, podemos afirmar, não teria compreendido os ensinamentos do Mestre.

Jesus convida-nos, assim, a exercer a caridade verdadeira, sem qualquer discriminação, e a todos acolher, em qualquer tempo e lugar.

JESUS É O SENHOR DO SÁBADO

“Por esse tempo, Jesus passou, num sábado, pelas plantações. Os seus discípulos, que estavam conforme, puseram-se a arrancar espigas e a comê-las. Os fariseus, vendo isso disseram: ‘Olha só! Os teus discípulos a fazerem o que não é lícito fazer num sábado!' Mas ele respondeu-lhes: ‘Não lestes o que fez Davi e seus companheiros quando tiveram fome? Como entrou na Casa de Deus e como eles comeram os pães da proposição, que não era lícito comer nem a ele, nem aos que estavam com ele, mas exclusivamente aos sacerdotes? Ou não lestes na Lei que com seus deveres sabáticos os sacerdotes no Templo violam o sábado e ficam sem culpa? Digo-vos que aqui esta algo maior do que o Templo. Se soubésseis o que significa: Misericórdia é que eu quero e não sacrifício, não condenaríeis os que não têm culpa. Pois o Filho do Homem é senhor do sábado’.” (Mt 12:1-8).

A regra de observação ao dia do sábado está contida nos Dez Mandamentos. Foi instituída pela necessidade de se ter um dia para se dedicar ao culto religioso, e ainda para o descanso dos servos, assim como dos animais que precisavam de um dia de repouso.
Podemos ressaltar que, especialmente em relação à dedicação ao culto religioso, esse dia fazia-se necessário, pois os hebreus, quando deixaram o Egito, tinham incorporado muitos dos costumes daquela terra e se mostravam muito apegados aos valores materiais. Era preciso, então, estipular um dia para que, com a família reunida, fosse realizado o culto a Deus.

Essa convenção, de certa forma, foi mantida até nossos dias, pois é comum, em quase todas as sociedades, destinar-se um dia para o descanso do trabalho, bem como, em algumas religiões, estipular-se um dia especial para o culto religioso.

No entanto, tal instituto - o sábado ou outro dia que se designar - não pode ser tomado em absoluto, e ser obstáculo para o exercício da verdadeira religiosidade.

Eis, a propósito, o motivo do ensinamento de Jesus em relação ao sábado.

Em “A Gênese”, cap. XV, item 23, Kardec ressalta que: “Jesus parecia empenhar-se em operar suas curas no dia do sábado, para ter ocasião de protestar contra o rigorismo dos fariseus quanto a guardar o sábado de qualquer atividade. Queria lhes mostrar que a verdadeira piedade não consiste na observância das práticas exteriores e das coisas formais, mas está nos sentimentos do coração. Justifica-se dizendo: ‘Meu Pai não cessa de agir até o presente, e atuo também incessantemente’; isto é, ‘Deus não suspende de nenhum modo suas obras nem sua ação sobre as coisas da Natureza, no dia de sábado; Ele continua ordenando produzir o que é necessário a vossa alimentação e a vossa saúde, e sou o exemplo d’Ele.'.”

Nesta síntese do codificador, vemos que o apego a letra não representa o verdadeiro cumprimento a Lei Divina, mas a verdadeira observância reside, como asseverou Kardec, nos atos derivados dos sentimentos do coração, ou seja, a compaixão, a piedade, a misericórdia.

Eis porque Jesus disse: “Misericórdia é que eu quero e não sacrifício”.

Muitas vezes, nós desperdiçamos grandes oportunidades de elevação espiritual por estarmos muito apegados as convenções humanas. Nesse sentido, Emmanuel, na obra “Pão Nosso”, lição no 30, instruí-nos: “As convenções definem, catalogam, especificam e enumeram, mas não devem tiranizar a existência. Lembra-te de que foram dispostas no caminho a fim de te servirem. Respeitas, na feição justa e construtiva; contudo, não as convertas em cárcere.”

MÃOS LAVADAS OU TRADIÇÃO DOS ANTIGOS

“Nesse tempo, chegaram-se a Jesus fariseus e escribas vindos de Jerusalém e disseram: ‘Por que os teus discípulos violam a tradição dos antigos? Pois que não lavam as mãos quando comem’. Ele respondeu-lhes: ‘E vós, por que violais o mandamento de Deus por causa da vossa tradição? Com efeito, Deus disse: Honra pai e mãe e aquele que mal disser pai ou mãe certamente deve morrer. Vós, porém, dizeis: Aquele que disser ao pai ou à mãe ‘Aquilo que de mim poderias receber foi consagrado a Deus’, esse não está obrigado a honrar pai ou mãe. E assim invalidastes a Palavra de Deus por causa da vossa tradição. Hipócritas! Bem profetizou Isaias a vosso respeito, quando disse: Este povo me honra com os lábios, mas o coração está longe de mim. Em vão me prestam culto, pois o que ensinam são apenas mandamentos humanos’.” (Mt 15:1-9).

Nesta outra passagem, uma vez mais, encontramos os fariseus questionando as posturas dos discípulos de Jesus, alegando que eles estariam violando a tradição dos antigos.

Jesus, que conhecia suas intenções e seus atos, desmascarava-os, lembrando-os que eles transgrediam os Mandamentos de acordo com as suas conveniências, como em relação ao dever de honrar pai e mãe.

Conforme nos ensina Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. VIII, item 10: “Como era mais fácil observar a prática dos atos exteriores, do que reformar-se moralmente, de lavar as mãos do que limpar o coração, os homens se iludiam a si mesmos, acreditando-se quites com a justiça de Deus, porque se habituavam a essas práticas e continuavam como eram, sem se modificarem, pois lhe ensinavam que Deus não exigia nada mais”.

Aqui, podemos recordar que, dentre as diversas normas e costumes instituídos entre o povo hebreu, muitos eram motivados por necessidades reais de educação e higiene. Dentre esta última, está a de lavar as mãos antes da alimentação.

Esta regra, que nos parece óbvia, não era usual a época, como muitas outras necessárias a higiene. Assim, pois, era preciso estabelecer regras obrigatórias até que o habito se tomasse natural entre eles.

Com o passar do tempo, essa regra de higiene tomou-se um ritual, ao qual se atribuía maior importância do que o cumprimento dos Mandamentos, como vemos na exortação de Jesus.

No entanto, temos que considerar que, na verdade, as práticas exteriores não são mais importantes que a adoração verdadeira, no interior do Ser, que implica em buscar a prática das virtudes e da caridade, como vemos no mesmo item de “O Evangelho Segundo o Espiritismo” acima citado:

“A finalidade da religião é conduzir o homem a Deus. Mas o homem não chega a Deus enquanto não se fizer perfeito. Toda religião, portanto, que não melhorar o homem, não atinge a sua finalidade.”

(...) “Não é suficiente ter as aparências da pureza; é necessário antes de tudo ter a pureza de coração.”

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente os ensinamentos de Jesus: “Os sãos não precisam de médico”.


Fonte da imagem: Internet Google.

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