Perdão
Das Ofensas
CORREÇÃO FRATERNA
“Se o teu
irmão pecar vai corrigi-lo a sós. Se ele te ouvir ganhaste o teu irmão. Se não
te ouvir, porém, toma contigo mais uma ou duas pessoas, para que toda questão
seja decida pela palavra de duas ou três testemunhas.” (Mt 18:15-16).
A moderação,
a discrição, a sensatez devem sempre ser à base de nossas ações.
Muitas
vezes, convivendo com nossos semelhantes, momentos há em que vemos alguém agir
de forma dura, egoística, agressiva.
Nessas
circunstancias, se o momento for oportuno, e estivermos tocados de compaixão
pelo nosso semelhante, e, então, despertar em nós um impulso de aconselhá-lo,
evidenciando um erro, apenas poderemos fazê-lo, como ensinou Jesus, com
discrição e cautela. Isso porque todo escândalo deve ser evitado.
Quando
falamos em observar as ações de nosso semelhante, poderia, em uma primeira
impressão, aparentar que estaríamos fazendo um julgamento. E certo é que nunca
devemos julgar ninguém.
Mas o ato de
julgar que é condenável é aquele em que nós fazemos um juízo de condenação de
nosso semelhante, faltando, assim, com a caridade. Esse julgar é sim
reprovável, pois nós não temos condição alguma de, nesse sentido, julgar nosso
semelhante, pois apenas a Deus, que sabe a intenção de cada ação, cabe a
analise da ação de cada Ser.
Existe,
porém, o ato de discernir, ou seja, de analisar e distinguir, diferenciar uma
coisa de outra. Quando, então, avaliamos e ponderamos sobre um certo fato,
podemos, pela razão, situá-lo dentro de um sistema de valores. Podemos, assim,
pelo sentimento amoroso e, especialmente, pela lógica e pela razão, segundo
nossa capacidade de entendimento, afirmar se tal ato representa o bem ou mal,
se a conduta é virtuosa ou não.
Usando essa
nossa faculdade, poderemos atuar positivamente no mundo, ensinando,
exemplificando, corrigindo... Mas, corrigindo fraternalmente.
Isso implica
em uma ação suave, respeitosa, afável, nunca constrangendo alguém, mas sempre
agindo de forma a acolher e ensinar amorosamente, agindo com caridade, cujo
sentido, podemos encontrar na resposta a questão 886 de “O Livros dos
Espíritos”:
“Benevolência
para com todos, indulgência para com as imperfeições alheias, perdão das
ofensas.”
PERDÃO DAS OFENSAS
“Então Pedro
chegando-se a ele, perguntou-lhe: ‘Senhor quantas vezes devo perdoar ao irmão
que pecar contra mim? Até sete vezes? ’. Jesus respondeu-lhe: ‘Não te digo até
sete, mas até setenta vezes sete vezes.’.” (Mt 18:21-22).
Nesta
passagem, Jesus diz quantas vezes devemos perdoar nosso próximo.
Haveria
então certa quantidade limite de vezes que deveríamos perdoar nosso próximo? E
depois, estaríamos dispensados de perdoar?
Obviamente
que não.
É que o
número sete, como se sabe, tinha para os judeus um significado cabalístico e
simbólico que representava o infinito. Em outras palavras, temos então: perdoar
todas às vezes, tantas vezes quantas forem as agressões. Esse ideal cristão é o
grande objetivo a ser alcançado, a ser trilhado passo a passo, eis que é uma
grande conquista.
Para muitos
de nós, os impulsos mais espontâneos são de ataque, de repelir a agressão, de
revanche, de condenação, de ressentimento, de mágoa, etc...
Avançar e
evoluir é preciso!
Esse avanço
é proporcional aos nossos esforços em estudar e vivenciar o Evangelho e a
Doutrina Espírita.
Pelo estudo,
compreendemos uma série de circunstancias da vida e do mundo que antes nem
desconfiávamos.
“Descobrimos
que cada ser só pode agir de acordo com o seu entendimento, e seria, pois,
falta de caridade desejar que ele fosse mais do que realmente é”.
Descobrimos
ainda que nossos atos são valorosos quando agimos virtuosamente, e que todo ato
de desamor será uma semente plantada que gerará uma colheita obrigatória e
proporcional ao mal praticado.
Estudando a
Doutrina, aprendemos a compreender e ter compaixão pelo nosso semelhante, não
por obrigação, por medo de punição, mas pela razão, e também pelo sentimento do
coração.
As mensagens
de Jesus despertam-nos para a vida, despertam-nos para o desenvolvimento de
nossas potencialidades.
Aquele que
aprendeu a perdoar descobriu que essa é a única atitude que nos liberta e nos
traz paz verdadeira. O exercício constante do perdão vai elevando-nos a níveis
cada vez mais sublimes de consciência.
Portanto,
mesmo diante de ofensas físicas e morais é possível ficarmos inabaláveis na fé,
intocáveis em nossa integridade moral, inalcançáveis pelas ofensas
inferiores... Ficamos invulneráveis. Que possamos sempre exercer o perdão e
experimentar tais estados sublimes de consciência.
PARÁBOLA DO DEVEDOR IMPLACÁVEL
“Eis porque
o Reino dos Céus é semelhante a um rei que resolveu acertar contas com os seus
servos. Ao começar o acerto, trouxeram-lhe um que devia dez mil talentos. Não
tendo este com que pagar o senhor ordenou que o vendessem juntamente com a
mulher e com os filhos e todos os seus bens, para o pagamento da dívida. O
servo, porém, caiu aos seus pés e, prostrado, suplicava-lhe: ‘Dá-me um prazo e
eu te pagarei tudo.’ Diante disso, o senhor compadecendo-se do servo, soltou-o
e perdoou-lhe a divida. Mas, quando saiu dali, esse servo encontrou um dos seus
companheiros de servidão, que lhe devia cem denários e, agarrando-o pelo
pescoço, pôs-se a sufocá-lo e a insistir: ‘Paga-me o que me deves.’ O companheiro,
caindo a seus pés, rogava-lhe: ‘Dá-me um prazo e eu te pagarei. ’Mas ele não
quis ouvi-lo; antes, retirou-se e mandou lançá-lo na prisão até que pagasse o
que devia. Vendo os companheiros de serviço o que acontecera, ficaram muitos
penalizados e, procurando o senhor; contaram-lhe todo o acontecido. Então o
senhor mandou chamar aquele servo e lhe disse: ‘Servo mau, eu te perdoei toda
tua dívida, porque me rogaste. Não devias, também tu, ter compaixão do teu
companheiro, como eu tive compaixão de ti? ’Assim, encolerizado, o seu senhor o
entregou aos verdugos, até que pagasse toda a sua dívida. Eis como meu Pai
celeste agirá convosco, se cada um de vos não perdoar de coração, ao seu
irmão.” (Mt 18:23-35).
O que faz
com que o Homem sempre use um juízo mais duro contra os outros do que contra si
mesmo?
O que faz
com que ele deseje ser tratado com piedade e misericórdia, se ele próprio não
usa da compaixão para com seu semelhante?
A “cegueira”
é a resposta.
Quanto mais
próximo do primitivismo, da ignorância, menos o indivíduo é capaz de ver e
compreender as circunstâncias. Quanto mais avança em estudo e aprendizado, mais
se toma capaz de olhar para o mundo e para as pessoas com uma visão mais
abrangente, mais coerente, mais sábia.
Na parábola
acima transcrita, vemos que o servo que havia sido perdoado pelo seu senhor,
não foi capaz, ele próprio, de perdoar aquele que lhe devia, assim, recebeu a
punição de seu senhor.
Quando
refletimos sobre essa parábola, podemos perguntar-nos: Será que todas as vezes
que pedimos e ansiamos por perdão... Será que nós também perdoaríamos nosso
semelhante pelos mesmos motivos? Será que pelas mesmas falhas que cometemos
diariamente nós somos complacentes quando nosso próximo também as comete?
Esses
questionamentos devem sempre ser objeto de nossas reflexões, pois não há
crescimento sem autoconhecimento, não há crescimento sem esforço para renovar
as próprias condutas.
Sendo certo
que pode haver mérito pelas nossas ações, tanto maior será o mérito quando
agirmos baseados no Bem.
Esse mérito
que conquistamos é exatamente o que nos legitima a também pedir perdão e,
especialmente, a merecer o perdão para nós mesmos. Precisamos fazer por
merecer!
Joanna de
Angelis, na obra “Libertação pelo Amor”, lição 20, inspira-nos: “A saúde
integral resulta de inúmeros fatores entre os quais a dádiva da compaixão.
Disputa a honra de ser aquele que concede a paz, distendendo a mão de
benevolência em solidariedade paternal ao agressor".
QUESTÃO
REFLEXIVA
Comente a
importância do perdão em nossa vida.
Bibliografia
- A Bíblia
de Jerusalém.
- Kardec,
Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec,
Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Franco,
Divaldo/Joanna de Angelis - Libertação pelo Amor.
Fonte da
imagem: Internet Google.
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