CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 11 de maio de 2017

6ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Não Se Pode Servir a Dois Senhores

MERCADORES DO TEMPLO

“E entrando no Templo, começou a expulsar os vendedores, dizendo-lhes: ‘Está escrito: Minha casa será uma casa de oração. Vós, porém, fizestes dela um covil de ladrões!’." (Lc 19:45-46).

Os homens, em todos os tempos, buscaram adorar a Deus de diferentes formas. Para isso, pensaram ser necessário construir uma casa de oração onde pudessem reunir-se e se aproximar mais da Divindade. O povo hebreu tinha no Templo de Jerusalém a sua casa de adoração, e era da lei judaica a obrigatoriedade de comparecimento, em determinadas ocasiões, onde eram celebradas datas importantes para os hebreus, relacionadas à sua vida religiosa.

Na vida religiosa dos judeus, destacavam-se rituais com sacrifícios de bois, cordeiros, pombas, rolinhas, que eram obrigatórios de acordo com o acontecimento da vida do indivíduo ou da festividade a ser comemorada. Por exemplo, na purificação da mulher após o parto, na circuncisão, na festa da Páscoa.

Esses sacrifícios eram intermediados pelos sacerdotes, que praticavam o holocausto do animal, ou seja, a queima do animal sobre o altar, ofertando-a a Deus. Os animais eram geralmente adquiridos dentro do próprio Templo, onde eram vendidos por um preço estipulado pelos sacerdotes, podendo aumentar conforme a ocasião.

Jesus nasceu no seio do povo hebreu e foi criado dentro das tradições judaicas; com certeza conhecia e respeitava sobremaneira a religiosidade do povo e a sua maneira de exteriorizá-la. Mais do que ninguém, sabia que tanto o indivíduo quanto a coletividade expressam sua religiosidade de acordo com seu nível evolutivo.

Portanto, a sua severa reprimenda, à condenação que nos chega através do relato evangélico, relaciona-se ao abuso, ao excesso de mercantilismo, de comercialização que existia no Templo, e que desviava do verdadeiro sentimento religioso.

A busca da espiritualização, a necessidade da ligação do indivíduo a Deus estava sendo ofuscada pela materialidade que regia as relações comerciais no Templo, e Jesus chamou a atenção para o fato a fim de que isto não mais passasse despercebido, nem naquele momento, nem em nenhum outro.

Jesus demonstrava, assim, a necessidade de nos mantermos atentos com a comercialização das coisas sagradas, pois a nossa relação com Deus deve ser uma relação essencialmente espiritual, íntima, sem a necessidade de intermediários, como nos ensina a Doutrina dos Espíritos.

Devemos precaver-nos para não nos deixarmos contaminar por preceitos materiais, que jamais serão capazes de substituir a veracidade e a beleza da nossa ligação com Deus.

Conforme ensinou Jesus à mulher samaritana: “Mas vem a hora - e é agora - em que as verdadeiros adoradores adorando o Pai em espírito e verdade, pois tais são os adoradores que o Pai procura.” (Jo 4:23), ou seja, o verdadeiro templo de adoração ao Pai é no interior de cada um de nós.

O TRIBUTO A CESAR

“Então os fariseus foram reunir-se para tramar como apanhá-lo por alguma palavra. E lhe enviaram as seus discípulos, juntamente com os herodianos, para lhe dizerem: ‘Mestre, sabemos que és verdadeiro e que, de fato, ensinas o caminho de Deus. Não dás preferência a ninguém, pois não consideras um homem pela aparência. Dize-nos, pois, que te parece: é lícito pagar imposto a Cesar ou não? ’Jesus, porém, percebendo a sua malicia, disse: ‘Hipócritas! Por que me pondes a prova? Mostrai-me a moeda do imposto. ’Apresentaram-lhe um denário. Disse ele: ‘De quem é esta imagem e a inscrição? ’Responderam.' ‘De César". Então lhes disse: ‘Dai, pois, o que é de César a César; e o que é de Deus, a Deus’. Ao ouvirem isso, ficaram surpresos e, deixando-o, foram-se embora”. (Mt 22:15-22).

Para que possamos melhor compreender esta passagem evangélica, devemos lembrar-nos que a Palestina, na época de Jesus, encontrava-se sob o domínio do Império Romano. Devido a esse domínio, o povo judeu era obrigado a pagar uma serie de impostos a Roma, o que desagradava profundamente a todo o povo.

A classe sacerdotal judaica, uma vez mais, questionava Jesus de modo a colocá-lo em posição difícil. Caso Jesus dissesse algo contra o pagamento do tributo, o imposto a César, seria tachado de subversivo, de rebelde, e poderia ser indiciado junto às autoridades romanas; caso dissesse algo a favor, estaria afrontando a tradição judaica que repudiava o pagamento de impostos a povos invasores.

Jesus, porém, conhecia bem o que ia nos corações daqueles que buscavam apanhá-lo nessa cilada. Utilizando-se da sabedoria que lhe era peculiar, perguntou aos fariseus de quem era a imagem e a inscrição na moeda. Aos responderem que era de César, deram a Jesus a oportunidade de ensinar o respeito devido as Leis da sociedade humana e as Leis de Deus, colocando as coisas em seu devido lugar.

Como nos adverte Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XI, item 7: “Esta máxima: ‘Dai a César o que é de César’ não deve ser entendida de maneira restritiva e absoluta.” (...) “Condena todo prejuízo moral e material causado aos outros, toda a violação dos seus interesses, e prescreve o respeito aos direitos de cada um, como cada um deseja ver os seus respeitados. Estende-se ao cumprimento dos deveres contraídos para com a família, a sociedade, a autoridade, bem como para todos os indivíduos.”

Temos, como cidadãos do mundo material, o compromisso de cumprirmos as nossas obrigações perante as Leis que nos regem neste mundo, mesmo que as Leis ainda sejam imperfeitas.

Como nos ensina Emmanuel, em sua obra ‘Pão Nosso’, lição n° 102: “Se há erros nas leis, lembremos a extensão de nossos débitos para com a Previdência Divina e colaboremos com a governança humana, oferecendo-lhe o nosso concurso em trabalho e boa-vontade, conscientes de que desatenção ou revolta não nos resolvem os problemas”.

O respeito às Leis Divinas inicia-se com o respeito que temos pelo nosso próximo. As virtudes da obediência e da resignação são fundamentais para que possamos, através do consentimento da razão e do coração, submetendo-nos a Vontade do Pai Criador e buscarmos viver de acordo com os preceitos que regem todas as criaturas e toda a Criação.

A regra básica para que possamos nos relacionar uns com os outros, dentro dos ensinamentos evangélicos, foi-nos dada pelo Mestre, quando nos orientou que procurássemos fazer aos outros o que gostaríamos que nos fizessem. Dessa maneira, colocando-nos no lugar do outro, vamos aprendendo a nos respeitar e a nos amar, de acordo com o Maior Mandamento.

NÃO SE PODE SERVIR A DOIS SENHORES

“Ninguém pode servir a dois senhores. Com efeito, ou odiará um e amará o outro, ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo. Não podeis servir a Deus e ao Dinheiro.” (Mt 6:24).

Quando buscamos um novo rumo para nossa vida, sempre precisamos fazer muitas escolhas. Quando, em especial, buscamos as lições de Jesus e procuramos segui-las, muitas são as mudanças que devemos implementar.

Dessa forma, quando desejamos buscar a transformação interior, precisamos abandonar muitos hábitos antigos. Mais que isso, precisamos renunciar a determinadas coisas, determinadas posições, que não nos são mais adequadas.

A perseverança e a dedicação em se renovar, não obstante todo o esforço empreendido conduz a satisfação daquele que pauta sua vida nos valores morais.

Nesta passagem, Jesus adverte-nos sobre a importância de escolhermos a quem devotamos a nossa fidelidade, a nossa prioridade enquanto seres imortais que caminham rumo à perfeição relativa. Isso porque há uma impossibilidade em seguir caminhos cujos objetivos são diversos.

Para servir a Deus são necessárias as virtudes da abnegação, da humildade, da compaixão que nos permitem sentir a dor de nosso semelhante e despertam a nossa vontade de auxiliar, de aliviar, de consolar; por outro lado, quando se opta em servir exclusivamente ao dinheiro, o indivíduo acaba por se tomar egoísta e ganancioso, não se importando com seus semelhantes.

A riqueza material, por si só, temos que frisar, não é obstáculo absoluto a salvação dos que a possuem, eis que ela é um dos instrumentos de que se serve a Previdência Divina para impulsionar o progresso humano. Contudo, o excesso de apego às riquezas pode conduzir a avareza, a insensibilidade e ao orgulho.

O apóstolo Paulo, em sua Primeira Carta a Timóteo, cap. 6, versículo 10, esclarece: “Porque a raiz de todos os males é o amor ao dinheiro, por cujo desenfreado desejo alguns se afastaram da fé, e a si mesmos se afligem com múltiplos tormentos”.

A cobiça, tal é sua reprovação perante as Leis de Deus, que sua prática já é condenada no Decálogo: “Não cobiçarás...”.

Podemos lembrar também que, dentre todos os ensinamentos dos antigos profetas hebreus, a ganância sempre foi considerada reprovável diante de Deus.

Sendo assim, compreendemos que para realmente servirmos a Deus temos que cultivar o desapego e praticar a caridade desinteressada.

Especialmente a nós, Aprendizes do Evangelho, cabe-nos a busca do aprimoramento para nos tornarmos bons servidores.

“Servir é a honra que nos compete.” - Emmanuel.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Como podemos nos tornar melhores servidores da causa do Mestre?

Bibliografia
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Xavier, Francisco C./Emmanuel - Pão Nosso.


Fonte da imagem: Internet Google.

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