Organização Religiosa do Povo Judeu
O povo judeu
tinha uma complexa organização de suas instituições religiosas. Possuíam uma
casta sacerdotal altamente hierarquizada; uma série extensa de ritos, liturgias
e práticas devocionais e de oferendas.
Remontando
as origens dessa institucionalização, podemos recordar que a época da fuga do
Egito, Moisés estabeleceu uma série de práticas religiosas que o povo deveria
seguir.
Naquele
período, como já vimos anteriormente, os hebreus, diante de todos os séculos
que ficaram no Egito, acabaram por incorporar uma série de valores daquela
sociedade egípcia, seja o politeísmo que é o culto a diversos deuses, como Ra,
Ísis, Osíris, etc., seja, ainda, a necromancia, que era a evocação dos mortos
para fazer adivinhações, prever o futuro, descobrir riquezas.
Havia também
um apego extremo as riquezas materiais, que era tão forte, tão arraigado, tão
dominante entre aquele povo que, para que eles abandonassem esses valores,
esses costumes, todas essas superstições, era preciso que se instituísse um dia
para que fosse dedicado ao culto ao Deus (mito, que era a crença original dos hebreus,
sua característica marcante: o monoteísmo). Assim foi instituído o Sábado, que
deveria ser reservado, exclusivamente, para a prática religiosa e para a
convivência fraternal em comunidade, ou mesmo em família, comungando os mesmos
valores espirituais.
Ocorreu,
entretanto, como bem sabemos, que as regras externas que deveriam ser a base
para o despertar dos sentimentos de fraternidade, de comunhão e de
religiosidade, acabaram, muitas vezes, por morrer na frieza da letra,
principalmente entre aqueles que tinham o conhecimento e “interpretavam a Lei”.
A letra por si só, não há duvida, é morta.
Vejamos
alguns pontos da conjuntura da época:
Sinagoga:
Só um templo existia na Judéia: o de Salomão, situado em Jerusalém, onde se
celebravam as grandes cerimônias do culto. As demais cidades não tinham
templos, mas sinagogas, edifícios em que os judeus se reuniam aos sábados, para
fazerem suas preces publicas sob a direção dos Anciãos, dos Escribas e dos
Doutores da Lei. Ali também se faziam leituras dos livros sagrados, seguidas de
comentários e explicações. Todos podiam participar.
Sinédrio:
Roma permitia aos países dominados gerir suas questões internas. Para a Judéia
e a Samaria, o órgão administrativo era o Sinédrio. Era o Supremo Tribunal da
nação judaica. Tratava-se de uma assembleia composta por 70 anciãos, chefiada
por um Sumo Sacerdote. Ao procurador romano, era facultado nomear ou depor o
Sumo Sacerdote. Tinha tanto caráter religioso, como secular e a Lei Judaica
(Tora) constituía a norma de suas decisões.
O
GRANDE TEMPLO
É
fundamental conhecer o local tido como o mais sagrado para os judeus.
Localizava-se na cidade de Jerusalém. O Templo foi idealizado por Davi,
construído por Salomão, destruído por Nabucodonosor em 586 a.C. e reconstruído
apos a libertação dos judeus por Ciro, o Grande, rei dos Persas. Continha
várias portas e pátios internos sobrepostos assim subdivididos:
- Pátio dos
gentios: todos podiam frequentar; ali eram vendidos os animais para sacrifícios
(consta que cabia até 140.000 pessoas);
- Pátio dos
Israelitas: destinado ao povo judeu apenas;
- Pátio das
mulheres;
- Pátio dos
homens;
- Pátio dos
Levitas: onde ficava o altar dos sacrifícios sobre uma rampa. Neste pátio,
atrás do altar, erguia-se o santuário com 45 metros de largura, dividido em
duas partes:
- A primeira
chamada de O Santo, onde ficava o altar dos perfumes e incensos;
- A Segunda
chamada de Santo dos Santos, simbolizando a antiga área da Aliança, que
Continha duas Tábuas de Pedra contendo os “Dez Mandamentos” e onde somente o
Sumo Sacerdote podia entrar uma vez ao ano.
Havia três
categorias de sacerdotes: os sacerdotes menores, encarregados dos serviços
internos e que se subordinavam ao diretor do Templo; os sacerdotes de graus
maiores, encarregados da administração civil e religiosa; e o Sumo Sacerdote
que era eleito de dois em dois anos.
Cobravam os
tributos devidos ao Templo, tanto em dinheiro como em espécie, pois os
israelitas eram obrigados a pagar dízimos, bem como entregar parte da primeira
colheita de suas plantações. O sacrifício ritual de animais dependia do que se
celebrava e segundo as condições de cada família.
COSTUMES
Alguns
exemplos dos principais costumes na época:
-
Circuncidar as crianças masculinas no oitavo dia após o nascimento;
- Proibição
do trabalho no sábado;
- Comemorar
a festa nacional da Páscoa em Jerusalém;
- Os
criminosos sofriam a ação do “olho por olho, dente por dente”;
- As
adúlteras eram lapidadas (mortas a pedradas);
- Os romanos
levaram para a região a flagelação e a crucificação como forma de punição aos
criminosos;
Comércio
e Profissões:
- Em geral:
pescadores, pastores, mercadores, doutores, escravos;
- No templo:
trombeteiros, acendedores de lâmpadas, tecedeiras, sacrificadores, fiscais do
sacrifício, auxiliares do cerimonial e uma série de outras funções
administrativas e operacionais.
Ainda sobre
o Templo, podemos lembrar aquela passagem, nos Evangelhos, em que os discípulos
ficam muito admirados pelo luxo, pela suntuosidade, pela beleza e riqueza do
templo e vão chamar Jesus para lhes mostrar as edificações, e Jesus lhes diz:
“Vedes tudo isto? Em verdade vos digo não ficará aqui pedra sobre pedra: tudo será
destruído.” (Mt 24:2).
E assim
ocorreu, por volta de 40 anos depois, no ano 70 d. C., após a subjugação total
ao império Romano, o Templo foi totalmente destruído pelo general romano Tito.
Restou apenas, e esta de pé até hoje, o chamado “Muro das Lamentações”, em
Jerusalém, onde muitos judeus ainda fazem suas orações.
Porque não
aceitavam Jesus?
Os judeus
vinham esperando pelo prometido Messias, tão falado nas Escrituras, há séculos.
Quando chegou o momento, Jesus nasceu entre nós e causou um desconforto grande
entre os doutores da Lei, principalmente entre os fariseus, que acabou por
levá-lo a crucificação. O orgulho os impediu de enxergar no meigo Rabi da
Galiléia a figura do Salvador. Podemos sintetizar as razões em:
- Crença
generalizada que o Messias seria um “Salvador” da pátria, dominador do mundo,
que libertaria o “povo escolhido” das garras da “águia romana”;
- Para eles
Jesus era demasiado simples e bom que somente se manifestava entre pessoas desclassificadas
e ignorantes, e não era um condutor energético e altivo;
- Como
esperar o triunfo, a implantação de um novo reino se afirmava que maior é
aquele que se fizer menor de todos?
Da obra
“Estudos Espíritas” de Joanna de Angelis, mensagem: “Jesus”, trazemos a colação
os seguintes trechos: “Incompreendido desde os primeiros instantes, a sua é a
vida dos feitos heroicos, da renúncia, do sacrifício e do supremo amor ” E mais
adiante: “Sua mensagem de fraternidade igualou todos os homens, cujas diferenças
estão nas indestrutíveis e inamovíveis conquistas do Espírito imortal, em que o
maior se faz servo do menor e o que possui se despoja para socorrer o que não
conseguiu reter...”
QUESTÃO
REFLEXIVA
Comente a
razão dos judeus não terem reconhecido Jesus como o Messias aguardado.
Bibliografia
- A Bíblia
de Jerusalém.
- Kardec,
Allan A O Evangelho Segundo o Espiritismo A Ed. FEESP.
- Xavier,
Francisco C./Emmanuel - A Caminho da Luz.
- Armond,
Edgard - O Redentor.
- Franco, Divaldo
P./Joanna de Angelis - Estudos Espíritas.
Fonte da imagem: Internet Google.
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