A Gênese Espiritual
A Ciência
tem buscado explicar-nos as causas da formação do mundo material e do
surgimento do Homem.
Através das
leis físicas, elucidadas pelas pesquisas cientificas, compreendemos uma
infinidade de fenômenos que regem as nossas vidas e o nosso mundo.
Entretanto,
somente as leis que regulam o mundo físico não são capazes de explicar o
sentimento de imortalidade que anima a criatura humana ou, ainda, a
inteligência que se desenvolve em todos os campos de sua atuação.
Devemos
lembrar, portanto, que para a Doutrina Espírita o Universo é constituído de
dois elementos gerais: a matéria e o espírito, ambos criados por Deus. (LE,
questão 27). O Espiritismo vem então nos elucidar as leis espirituais; a
Ciência, por sua vez, vem apresentar-nos as leis materiais.
PRINCÍPIO
ESPIRITUAL
Observando a
realidade constituída ao nosso redor, percebemos que a existência da matéria -
ou princípio material - não necessita de prova, uma vez que ela se manifesta de
maneira ponderável, ou seja, pode ser medida de alguma forma, e, desse modo,
percebida por nossos sentidos. E importante lembrar que a matéria é formada a
partir da elaboração do elemento cósmico universal (fluido cósmico).
O outro
elemento constitutivo do Universo, o princípio espiritual (ou inteligente),
afirma sua existência por seus atos ou efeitos inteligentes. Em “O Livro dos
Espíritos”, na questão n° 23, Kardec pergunta “Que é o espírito?” e obtém a
seguinte resposta: “O princípio inteligente do Universo”.
O principio
inteligente é então, em absoluto, distinto da matéria. Mas, ele se utiliza da
matéria para se manifestar no mundo físico. Há, no entanto, que se ressaltar,
que inteligência e princípio inteligente são coisas diferentes, eis que a
inteligência é apenas um dos diversos atributos essenciais do principio
inteligente.
Sobre a
origem do princípio inteligente, ou princípio espiritual, Kardec formula, em “A
Gênese”, no capitulo XI, item 7, a seguinte questão: “O ser espiritual sendo
admitido, e a sua fonte não podendo estar na matéria, qual é a sua origem, seu
ponto de partida?”, e, a seguir, é apresentada a seguinte resposta:
“Aqui, os
meios de investigação faltam absolutamente, como em tudo o que está ligado ao
princípio das coisas. O homem pode constatar apenas o que existe; sobre todo o
resto, ele pode emitir apenas hipóteses; e, seja porque esse conhecimento
ultrapasse o alcance de sua inteligência atual, seja porque exista para ele
inutilidade ou prejuízo em possuí-lo agora, Deus não dá a ele, nem mesmo pela
revelação”.
Através da
análise do conjunto de conhecimentos hoje compilados pela humanidade,
verificamos a presença de um encadeamento progressivo. Assim, à medida que
avançamos, agregamos mais informações que vão construindo novos campos do
saber, ou aprimorando os já existentes.
Especialmente
em relação à Doutrina Espírita, que tem a natureza de revelação (3ª Revelação),
podemos lembrar que, como constantemente nos explica Kardec, todas as
informações que nos foram trazidas pelos Espíritos Superiores não representam a
totalidade do conjunto do que podemos apreender, mas se limitam à nossa atual
capacidade de compreensão. No universo tudo vem a seu tempo!
Em “O Livro
dos Espíritos“, no capitulo XI, Kardec abordou os “Três Reinos“ da natureza.
Antes de
prosseguirmos, temos que ressalvar que esta classificação, como todas as
classificações científicas, tomou-se hoje mais complexa, e foram classificados
novos reinos da natureza, pois se constatou que alguns seres, em sua essência,
não se encaixavam nas características de um dos três reinos ate então
considerados.
Alguns
exemplos são: os vírus, os cogumelos e os corais, pois possuem naturezas que,
dizem os cientistas, justificam a classificação em reinos próprios.
Tal avanço
da classificação cientifica é uma especialização necessária; mas, em relação ao
foco que por ora nos interessam, os princípios presentes são os mesmos, e
apresentam os seres avançando dos espécimes mais simples para os mais
complexos. Lembremos, ainda, como Kardec expôs diversas vezes, a Doutrina
Espírita não será superada pela Ciência, pois todos os fatos científicos
devidamente comprovados não serão rejeitados pelo Espiritismo, mas, ao
contrário, plenamente acolhidos. Essa é a natureza cientifica da Doutrina
Espírita que impede que ela seja superada. Podemos ainda acrescentar que,
comumente, na Doutrina Espírita, usamos a expressão “Reino Hominal” que então
pode ser considerado um 4° reino.
Voltemos ao
principio espiritual. O principio espiritual teve um inicio, pois apenas Deus é
eterno, e todas as demais coisas existentes no universo são criações de Deus.
Em seu início, o principio espiritual transita entre os reinos da natureza e
não tem consciência de si mesmo.
Na questão
586 de “O Livro dos Espíritos“, a propósito, Kardec pergunta sobre o estado do
principio espiritual nas plantas, vejamos: “As plantas têm consciência de sua
existência?” resposta: “Não. Elas não pensam, não têm mais do que a vida
orgânica”.
Assim, uma
planta possui: a matéria densa que forma seu corpo físico, o fluido vital que a
anima, e, além dessa simples vida orgânica, reside o principio espiritual, mas,
repetimos, sem consciência de sua existência.
Quando
alcança o reino animal, o principio inteligente já adquiriu individualidade. Na
questão n° 607-a de “O Livro dos Espíritos” encontramos uma síntese. Vejamos:
P. “Parece,
assim, que a alma teria sido o princípio inteligente dos seres inferiores da
criação?”
R. “Não
dissemos que tudo se encadeia na Natureza e tende à unidade? É nesses seres,
que estais longe de conhecer inteiramente que o princípio inteligente se
elabora; se individualiza pouco a pouco e ensaia para a vida, como dissemos. É,
de certa maneira, um trabalho preparatório, como da germinação, em seguida ao
qual o princípio inteligente sofre uma transformação e se torna Espírito. É
então que começa para ele o período da humanidade e, com este, a consciência do
seu futuro, a distinção do bem e do mal e a responsabilidade dos seus atos.
Como depois do período da infância vem o da adolescência, depois a juventude e
por fim a idade madura...”
Destacamos a
palavra “Espírito” para ressaltar seu significado único para a Doutrina
Espírita: o Ser inteligente quando atinge a fase hominal.
Quanta
beleza podemos ver nas obras de Deus! Tudo é movimento, tudo é progresso, tudo
é harmonia nas Leis Eternas. Dentre todos os sistemas criados pelo Homem,
nenhum deles foi capaz de explicar o mundo e sua origem. Ha uma grandiosidade
tal que só por revelação poderíamos conhecer.
André Luiz,
em “Evolução em Dois Mundos”, cap. VI, menciona uma genealogia do Espírito,
completando: “Com a Supervisão Celeste, o princípio inteligente gastou, desde
os vírus e as bactérias das primeiras horas do protoplasma na Terra, mais ou
menos quinze milhões de séculos, a fim de que pudesse; como ser pensante, embora
em fase embrionária da razão, lançar as suas primeiras emissões de pensamento
continuo para os Espaços Cósmicos”.
Diz, ainda,
André Luiz, em “No Mundo Maior”, cap. 4, “... O princípio espiritual desde o
obscuro momento da criação, caminha sem detença para frente (...). Viajou do
simples impulso para a irritabilidade, da irritabilidade para a sensação, da
sensação para o instinto, do instinto para a razão, tendo feito assim a passagem
através dos Reinos da Natureza”.
Dentro deste
contexto, toma-se o mundo material o palco para a manifestação dos seres
espirituais, fornecendo elementos para que eles desenvolvam a sua inteligência
e a sua moralidade, sendo a matéria então, o objeto de trabalho do Espírito. Ou
seja, ele atua sobre ela e para que isso seja possível, ele a utiliza como
vestimenta.
Para tanto,
Deus dotou o ser humano de corpos organizados e versáteis, capazes de responder
a vontade do ser inteligente que o habita. E importante notar que o
desenvolvimento do Espírito suscita novos gêneros de trabalho e, por consequência,
corpos mais sutis, aptos a atividades mais depuradas em mundos também mais evoluídos.
A
programação espiritual que acompanha a criação e a elaboração de um planeta, as
encarnações e reencarnações que serão realizadas nele, são sempre dirigidas por
uma comunidade de Espíritos Puros, eleitos por Deus. Sendo Jesus um dos membros
dessa comunidade, é ele o responsável pelo processo evolutivo de nosso planeta.
Estudar então a gênese planetária faz-se necessário para que possamos saber de
onde viemos, como estamos e qual será a nossa destinação.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Reflita
sobre a seguinte frase: Na natureza tudo se encadeia.
Bibliografia
- A Bíblia
de Jerusalém.
- Kardec,
Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec,
Allan - O Livro dos Médiuns - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec,
Allan - O Céu e o Inferno.
Fonte da imagem: Internet Google.
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