O Povo Judeu, Sua Organização Social,
Política E Religiosa
Organização
Social e Política
Um dos povos
que vivia sob o jugo do Império Romano na época do nascimento de Jesus era o
povo Judeu.
Essa
dominação vinha desde 63 a.C., quando o general romano Pompeu dominou a região
da Judéia. Apesar de estar sob domínio de Roma, esta não retirou a liberdade da
prática religiosa dos judeus, visando, principalmente, manter a ordem mais
facilmente, permitindo inclusive, que um governador testa-de-ferro conservasse
o titulo de rei. O ultimo rei judeu foi executado em 37 a.C.
A difusão da
cultura grega e a presença de muitos judeus em outros países, juntando-se com a
unificação política proporcionada pelo governo de Roma, compuseram o cenário
propicio para o inicio do Novo Testamento com a chegada de Jesus.
Sumariamente,
o cenário era composto por:
- Mundo antigo ocidental, praticamente
unificado sob a administração romana, extremamente zelosa das regras jurídicas
e tolerante com os princípios religiosos dos povos conquistados;
- Mundo ocidental, unificado pela expansão
da cultura grega, desde a conquista dos macedônios, suplantando a cultura
latina e outras com sua arte, literatura e filosofia, com Sócrates, Xenofonte, Platão,
Aristóteles e tantos outros;
- Declínio do paganismo greco-romano e de
outros povos;
- Sustentação por Israel do monoteísmo,
principalmente, porque os judeus da diáspora tinham colocado em muitos lugares
os fundamentos da fé em Deus único e do conhecimento de sua lei.
CLASSES
SOCIAIS
Para melhor
compreender certas passagens dos Evangelhos é preciso conhecer termos que
caracterizam o estado dos costumes e da sociedade judia daquela época. Temos
assim sumarizado alguns conceitos importantes das diferentes classes sociais
(extraído do livro “O Redentor”, cap. 12, de Edgar Armond e do “ESE”,
Introdução, item III, Kardec):
Samaritanos:
povo considerado pagão pelos mais ortodoxos. Nutria profunda aversão aos judeus
iniciada séculos antes da chegada de Jesus. Existia entre eles um ódio
recíproco e se esquivavam a todas as formas de relações entre si. O antagonismo
das duas nações tinha como único principio a divergência de opiniões religiosas,
embora as suas crenças tivessem a mesma origem.
A cidade de
Samaria, após a cisão das dez tribos, tornou-se a capital do reino dissidente,
e para tornarem a separação ainda mais profunda e não terem de ir a Jerusalém
para a celebração das festas religiosas, construíram um templo próprio no monte
Garizim.
Adotaram certas reformas:
- Admitiam
somente o Pentateuco, que contem a Lei de Moisés;
- Aceitavam
facilmente os ritos e as divindades estrangeiras;
- Perseguiam
os que mantinham a circuncisão das crianças;
- Transformaram
muitas vezes a religião em simulacros pagãos e teatro de solenidades obscenas
de Baco;
- Edificaram
uma fortaleza sobre as ruínas da cidadela de Davi em Jerusalém e dedicou o
templo a Júpiter Olímpico.
Nazarenos:
nome dado aos judeus que faziam votos, por toda vida ou por um período, de
conservar-se em pureza perfeita. Sansão, Samuel e João Batista eram nazarenos.
Mais tarde, os judeus deram esse nome aos primeiros cristãos, por alusão a
Jesus de Nazaré.
Publicanos:
encarregados da cobrança de impostos e outras rendas. Eram desprezados por
todos e considerados impuros, porque os judeus não aceitavam pagar impostos,
especialmente a contribuição para o sustento dos soldados romanos.
Fariseus:
eram considerados os verdadeiros judeus da época, os melhores cultuadores e
intérpretes da Tora.
Na obra “O
Redentor”, cap. 12, Edgard Armond comenta que eram “dotados de mentalidade
estreita: levavam ao máximo rigorismo o culto exterior e a expressão literal
dos textos”. Inimigos das inovações, mas sob as aparências de uma devoção
meticulosa, escondiam costumes dissolutos e muito orgulho. Acreditavam na imortalidade
da alma, na eternidade das penas e na ressurreição dos mortos. A primeira
noticia que se tem deles data de 180 a.C. Foi contra eles que Jesus dirigiu
grande parte de suas advertências.
Saduceus:
eram livres pensadores e céticos. Não acreditavam na fatalidade ou no destino e
também discordavam dos fariseus em atribuírem a Deus a boa ou má conduta dos
homens. O Homem, diziam, deve guiar-se pelo livre-arbítrio e é o único autor de
sua infelicidade ou ventura.
Negavam a
imortalidade da alma, a ressurreição, não obstante acreditavam em Deus,
serviam-no com interesse de recompensas temporais. Pacíficos e acomodados, suas
riquezas os colocavam nos postos mais altos da administração e da sociedade.
Por isso não se deixavam empolgar pela geral expectativa da vinda de um
Messias.
Essênios:
seita judia fundada cerca do ano 150 a.C. no tempo dos Macabeus. Moravam em
edifícios semelhantes a mosteiros, distinguiam-se pelos costumes suaves e as
virtudes austeras, ensinando o amor a Deus e ao próximo, a imortalidade da
alma, e crendo na ressurreição. Tinham seus bens em comum e se dedicavam a
agricultura. Eram celibatários, e condenavam a escravidão e a guerra.
Escribas:
eram aqueles que tinham a incumbência de escrever a lei e explicá-la, e a
certos intendentes dos exércitos judeus. Faziam causa comum com os Fariseus,
participando dos seus princípios e de sua aversão aos inovadores. Jesus, assim,
sempre os envolve na mesma reprovação.
Principais
regiões e cidades
Também para
efeito de melhor compreender a situação de como viviam os judeus na época de
Jesus, é preciso conhecer basicamente as principais regiões e cidades que
serviram de palco para os acontecimentos que serão tratados em aulas
posteriores.
Galiléia:
é uma região do norte de Israel situada entre o mar Mediterrâneo, o lago de
Tiberíades e o vale de Jezreel. E uma região de Colinas, entre elas o célebre
monte Tabor, local em que, segundo os Evangelhos, ocorreu a transfiguração de
Jesus Cristo.
Belém:
Jesus nasceu em Belém, na província da Judéia, porém viveu sua infância e
adolescência em Nazaré, na Galiléia. Todos os seus apóstolos, exceto Judas
lscariotes, que era da Judéia, nasceram na Galiléia. O apelido “galileu” as
vezes era dirigido a Jesus depreciativamente, como insulto, justamente porque
ele passou a maior parte da sua vida terrena na província da Galiléia.
Judéia:
é uma região localizada a oeste do mar Morto, entre o mar Morto e o mar
Mediterrâneo, estendendo se ao norte até as colinas de Golan e ao sul da faixa
de Gaza, sendo estas, atualmente, regiões em continuo conflito entre Israel e
Palestina. Por localizar-se numa região estratégica, sempre foi disputada por
vários povos. Principais cidades: Hébron, Belém, Jerusalém, Jerico, Betânia,
Efraim, Emaús.
Nazaré:
situava-se na região da Galiléia, ao norte de fértil vale de Israel, com suaves
colinas de onde se pode ver, a dezenas de quilômetros, o vale do rio Jordão.
Era um dos mais belos locais da Palestina. Era uma pequena cidade, sem grande
importância política.
De população
diversificada, composta por homens rústicos, pouco fiéis às leis e ritos
judaicos, Nazaré era vitima de preconceitos pelos judeus metropolitanos e era
comum a frase: “Pode vir alguma coisa boa de Nazaré?”, como aconteceu na
conversação entre Natanael e Felipe (Jo 1:46) ou como fala Isaias (Is 9: ),
quando é chamada de “Galiléia dos gentios”.
Jerusalém:
capital da Judéia, grande centro econômico, era onde Roma fazia sua sede de
governo com seus procuradores. Situava-se bem próximo ao vale do Jordão, a 30
quilômetros do Mar Morto, ao sul. O termo significa “paz sagrada” e era o
principal centro religioso dos judeus, onde fora construído o grande templo.
A cidade
dividia-se em três bairros: Cidade Alta, que ficava no Monte Sião e onde
residiam os ricos; Cidade Baixa, ao longo do vale de Cedron, onde se aglomerava
o povo pobre; e o bairro do Templo, ligado a Cidade Alta por uma longa ponte de
pedra.
Era uma
cidade populosa, sendo multiplicada pelo intenso movimento a época das festas,
principalmente, a Páscoa. Era toda de ruas estreitas e íngremes, circundada por
muralhas. De Jerusalém a Nazaré, são 100 quilômetros.
Jericó:
ficava a oeste do Jordão controlando sua passagem, a 250 metros abaixo do nível
do mar. Era considerada a cidade das palmeiras, um Oasis no deserto. No tempo
de Abraão, Isaac e Jacó, era o centro da civilização. Muito bem fortificada,
Josué alcançou aqui sua primeira vitória, quando provocou a queda de suas muralhas.
Era dessa cidade que provinham os pais de Maria.
Cafarnaum:
situada na margem noroeste do lago da Galiléia. Era a cidade base de Jesus
durante o seu ministério. Era a terra natal de Mateus. Jesus ensinava nas
sinagogas e operou ali muitos dos seus “milagres”, por exemplo, a cura do servo
de centurião (Mt 8:5-13).
Belém:
era mais um povoado do que uma cidade, ficava a 8 quilômetros de Jerusalém, a
sudoeste, nas colinas de Judá. A cidade de Davi, sua terra natal, é o lugar
onde o profeta Samuel foi escolhê-lo para suceder a Saul como futuro rei de
Israel. O profeta Miquéias predisse o nascimento do Messias em Belém. Séculos
mais tarde, nela nasceu Jesus.
QUESTÃO
REFLEXIVA
Comente os
fatores que contribuíram para a vinda de Jesus.
Fonte da imagem: Internet Google.
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