CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

19ª AULA PARTE C - CURSO BÁSICO DE ESPIRITISMO 1º ANO - FEESP

OS INIMIGOS DESENCARNADOS

Sede, pois, misericordiosos, como também vosso Pai é misericordioso (Lucas, 6:36). Em épocas imemoriais, ofereciam-se sacrifícios aos deuses a fim de apaziguá-los. Tais deuses, contudo, nada mais eram que Espíritos infelizes, ainda extremamente ligados a interesses materiais. Doutrinas mais evoluídas, posteriormente, deram-lhes outros nomes, porém, na essência, tudo continuou a mesma coisa. O bom senso que caracteriza o Espiritismo não aprova a existência de entidades voltadas inexoravelmente para o mal, porquanto isto seria a negação peremptória da infinita misericórdia de Deus.

Esses seres nada mais são do que as almas dos homens que por ainda não se terem despojado das tendências malévolas, persistem na prática do mal. Ao invés de sacrifícios materiais para apaziguar essas entidades, o que se deve fazer é renunciar à intransigência humana que teima em considerá-los irreversíveis gênios das sombras e, indulgentemente, aplicar-lhes a lei da caridade e do perdão, porque, só assim, pelo exemplo, é que os homens podem enternecer essas almas rebeldes com sucesso, predispondo-as à prática do bem e redirecionando-as à senda que leva à reforma íntima.

Com este procedimento, o preceito cristão "amai os vossos inimigos", passa a ter um sentido mais amplo, traduzido em efetivos sentimentos de solidariedade e de fraternidade, extrapolando o âmbito acanhado em que tem sido compreendido e aplicado o refrão evangélico segundo o qual "o amor cobre a multidão de pecados". A maldade não é um estado permanente do homem, mas ocorre devido a uma imperfeição passageira, que será corrigida em tempo oportuno, quando então o homem mau se transmudará no homem bom.

Como tudo o que existe no Universo foi criado por Deus, o mesmo acontece com esses Espíritos que alimentam tendências maléficas. Eles também são filhos de Deus, os quais estão desviados do caminho reto; mas não podem permanecer indefinidamente no estado de maldade, pois a lei da evolução, que se manifesta sob a forma de dor e expiação, levá-los-á infalivelmente à redenção espiritual, quando então serão transformados em criaturas propensas à prática do bem.

Pode-se, pois, ter inimigos entre os encarnados e entre os desencarnados; os inimigos do mundo invisível manifestam sua malevolência pelas obsessões e pelas subjugações, das quais tantas pessoas são alvo, e que são uma variedade das provas da vida; essas provas, como as outras, ajudam ao adiantamento e devem ser aceitas com resignação, e como consequência da natureza inferior do globo terrestre; se não houvesse homens maus na Terra, não haverá Espíritos maus ao redor dela. Se, pois, deve-se ter indulgência e benevolência para com os inimigos encarnados, devemos tê-los igualmente para com aqueles que estão desencarnados.

Não havendo perdão irrestrito, o Espírito daquele que é o inimigo do encarnado, ao passar para o mundo espiritual, continuará a ter sentimentos de rancor e de vingança, atuando sobre a vida do encarnado e mesmo causando-lhe sérias perturbações. Igualmente, no caso de o homem desencarnar sem que tenha havido reconciliação, ele continuará também a manter essa animosidade no plano espiritual.

Foi por este motivo que Jesus recomendou a reconciliação com o adversário, enquanto "estiver a caminho com ele", isto é, enquanto estiverem juntos encarnados, pois sem isso, muito mais problemática será a reconciliação futura, quando os desafetos estiverem em planos diferentes.

Nos textos evangélicos são encontrados múltiplos exemplos de vinganças espirituais, a se manifestarem sob a forma de obsessão, como no caso do possesso gadareno em Marcos 5:1-20, o do jovem lunático (Lucas 9:37-43), o da filha da mulher cananéia (Marcos, 7:24-30), do possesso de Cafarnaum (Lucas, 4:33-36) o assédio dos setes Espíritos endemoniados sobre Maria Madalena (Lucas, 8:2), e ainda o da mulher que vivia curvada há dezoito anos por influência de Espíritos maus (Lucas, 13:10-17).

Os inimigos desencarnados têm agido no decorrer de todos os tempos, sob as mais variadas formas. Algumas vezes agem por vingança, outras, pelo simples prazer de praticar o mal; entretanto, todos aqueles que no plano físico trabalham em favor do esclarecimento da Humanidade encontram também inimigos desencarnados gratuitos, entre os que têm interesse em manter o gênero humano retardado nas trevas da ignorância. Os mensageiros que Deus que são enviados ao mundo material com a missão de iluminar o roteiro dos homens, têm sofrido o impacto direto da ação desses infelizes Espíritos das sombras.

Nem o próprio Mestre escapou à tentação: certa vez, o apóstolo Pedro tentava persuadi-lo a não ir a Jerusalém, porque Jesus começou a manifestar a seus discípulos que devia ir a Jerusalém padecer muitas coisas dos anciãos, dos príncipes dos sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitar ao terceiro dia. Pedro tomando-o à parte, começou a repreendê-lo, dizendo: Deus tal não permita, Senhor; não te sucederá isto. Jesus voltando-se para Pedro disse-lhe: "Afasta-te de mim, Satanás, que me serves de escândalo; porque não compreendes as coisas que são de Deus, mas só as que são dos homens" (Mateus, 16:21-23).

Igualmente Paulo de Tarso, o grande baluarte da fé, na II Epístola aos Coríntios também afirma que um mensageiro de Satanás foi posto a seu lado, como um espinho em sua carne, tendo ele orado a Jesus três vezes, para que dele fosse afastado aquele Espírito trevoso (II cor. 12:7-8). Aqui cumpre elucidar que Satanás é uma figura simbólica, porquanto não pode sobre-existir qualquer força perene que se contraponha à vontade de Deus. Trata-se de um vocábulo a que à falta de outro mais autêntico, antigas doutrinas recorriam apenas para facilitar e generalizar a personificação das forças do mal.

QUESTIONÁRIO:

C - OS INIMIGOS DESENCARNADOS

1 - O Espiritismo não aceita a teoria de entidades eternamente para a prática do mal. Desenvolva.

2 - Como apaziguar as entidades voltadas para o mal.?

3 - Jesus recomendou a reconciliação com os inimigos, enquanto estivermos com eles a caminho. Por quê?


Fonte da imagem: Internet Google.

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