CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 8 de outubro de 2013

14ª AULA PARTE A CURSO PREPARATÓRIO DE ESPIRITISMO - FEESP

CREMAÇÃO E TRANSPLANTES
Uma vez ocorrida à morte, que destino dar ao corpo, que já não pode entreter a vida?

Enterra-lo ou cremá-lo são as alternativas mais comuns. Agora, está em evidência a questão da doação e transplantes de órgãos, que ajudam a prolongar a vida daqueles que dependem desse gesto para sua sobrevivência. Pode-se, até mesmo, pensar na doação de todo o corpo para estudos científicos, mormente nos cursos de Medicina, como uma terceira hipótese.

Analisemos, porém, as duas primeiras alternativas, à luz da Doutrina Espírita.

Pois bem, diz-se que os gauleses abandonavam os corpos de seus soldados mortos no campo de batalha, para espanto dos outros povos que com eles combatiam, visto que só se importavam com a alma.

O costume, no Ocidente, porém, é de sepultar o corpo, no processo também chamado de inumação (do latim in-em húmus-a terra, o chão). Trata-se na verdade de um hábito muito antigo que remonta à era pré-histórica, do último período quando, há cerca de 30.000 anos, criou-se todo um ritual de sepultamento, que demonstra até mesmo que o homem daquele período, de alguma forma, já pensava na vida d’além-túmulo.

Mas, segundo estudos arqueológicos, foi no período neolítico (a idade da pedra polida), por volta de 7.000 a 5.000 anos atrás, que o homem começou a incinerar os corpos de seus mortos, em um ou outro agrupamento.

E, mais recentemente, na idade do bronze e do ferro, passou-se à disseminação mais ampla desse costume. Assim surgiu a cremação, costume presente em muitos povos do Oriente, principalmente Índia e Japão.

No Ocidente, porém, ela ainda é praticada como uma opção, por falta de espaço nos cemitérios existentes e pelo nosso apego ao corpo material.

A cremação, todavia, nada tem de prejudicial ao Espírito, visto que apenas o corpo é consumido pelo fogo, depois de observados todos os trâmites legais para o ato e o tempo de espera, que varia de 24 a 72 horas, em média. O processo de desligamento do Espírito, em relação ao corpo biológico, tem início, como revelaram os Espíritos a Kardec, algum tempo antes do suspiro final e se faz gradualmente.

Nunca é uma separação brusca, pois se assemelha à união do Espírito ao corpo, no momento da encarnação, que se opera célula a célula.

O que é preciso ter em mente para a cremação, em linhas gerais, é o apego do indivíduo á matéria, sua formação cultural e religiosa, isto é, a maneira como encara a morte.

Na verdade, o corpo sem vida orgânica não transmite nenhuma sensação física ao Espírito e qualquer reflexo que o Espírito sinta, em razão da cremação, será de ordem moral e não material. É certo que alguns Espíritos ficam mais tempo “ligados” ao corpo que deixaram, muitas vezes acompanhando até mesmo o processo de sua decomposição. Contudo, o liame é apenas mental e não físico, de sorte que qualquer sensação que lhes advenha daí, só pode ser moral ou psíquica.

Diante disso, torna-se fundamental a preparação para a morte, como faziam os antigos egípcios, desde o nascimento do ser. É necessário um esforço de auto renovação, assim como a prática desinteressada do bem.

Além disso, um certo arrebatamento psíquico e um decidido desapego antecipado dos laços materiais serão essenciais no momento da opção pela cremação, não deixando dúvidas quanto ao que se deve fazer do corpo após a morte.

No que diz respeito ao transplante, também há registros muito antigos dessa prática. Na Índia, há mais de 2.000 anos, praticavam-se transplantes autógenos, isto é, com partes do corpo do próprio indivíduo, em relação a nariz, orelhas e lábios. Em Alexandria, no Egito, lesões na face e outras partes do corpo eram corrigidas com transplantes de pele.

A atual legislação brasileira, ou seja, a Lei nº. 9.434, de 04.02.97, regulamentada pelo Decreto nº. 2.268, de 30.0.97, dispõe acerca da doação de órgãos e transplantes, permitindo a retirada de órgãos de doadores presumidos, que seriam aqueles que não declararam expressamente seu desejo de não os doar. Já se pensa, porém, em modificar tal previsão legal, para que a retirada de órgãos se faça apenas com a autorização prévia da família do morto, se este não se dispôs a fazê-lo em vida.

A questão começou a ganhar importância, nos tempos atuais, com o primeiro transplante de coração realizado pelo Dr. Cristian Barnard, na cidade do Cabo, na África do Sul, nos idos de 1967, surgindo daí a discussão dos aspectos científicos, ético e moral que envolvem a questão.

Enfrentou-se, em primeiro lugar, a questão da rejeição do organismo do receptor em relação ao órgão transplantado.

A Ciência então, desenvolveu-se novas técnicas e drogas anti-rejeição bem sucedidas na maioria dos casos.

Hoje, porém, as preocupações da sociedade localizam-se mais nos aspectos éticos da questão, principalmente no que diz respeito ao diagnóstico de morte.

Do ponto de vista científico, é a morte encefálica que define o quadro de irreversibilidade de uma enfermidade, levando em pouco tempo à falência múltipla dos órgãos do indivíduo. Nesse caso, não há qualquer esperança de retorno à vida. E a possibilidade de erro de diagnóstico é remotíssima, em face do progresso da Ciência Médica, que tem por meta aplicar todos os meios ao seu alcance para dilatar a vida.

No momento em que é diagnosticada a morte encefálica, faz-se necessária a retirada dos órgãos passíveis de aproveitamento no processo de transplante, pois, “no estágio atual da Ciência, a cessação irreversível de todas as funções vitais torna inviável o aproveitamento de órgãos para transplante, principalmente no que diz respeito a órgãos vitais”, até porque é o encéfalo quem comanda as demais funções do organismo.

A Doutrina Espírita define a causa da morte como “a exaustão dos órgãos”(L.E. 68). E a morte, propriamente dita, bem definida por Kardec, “é apenas a destruição do corpo” (L.E.. 155a).

Contudo, enquanto o corpo puder servir aos fins para os quais foi criado, é sempre louvável a doação e o transplante, até porque não acarreta nenhum dano ao perispírito do doador, que passa para o mundo espiritual íntegro. Aliás, só benefícios lhe traz o ato, mormente pela alegria e pela gratidão do receptor e de seus familiares, em relação ao prolongamento de sua vida. Trata-se de um ato de caridade: um gesto de amor ao próximo, acima de tudo.

Kardec lembra que “as descobertas da ciência glorificam Deus, em lugar de O rebaixar”; elas não destroem senão o que os homens edificam sobre ideias falsas que eles fizeram de Deus” (A Gênese, cap I, item 55). A Ciência busca continuamente a melhoria da vida do homem na Terra. E os transplantes de órgãos são um exemplo disso.

Ademais, não cai uma folha de uma árvore sem que se cumpra a vontade de Deus. Assim é que nos cabe fazer a nossa parte no auxílio ao próximo, à luz do Evangelho de nosso Divino Mestre Jesus.

BIBLIOGRAFIA:

Xavier, F. C. - Escultores da Alma

Lisso, Wlademir - Doação de Órgãos e Transplantes

QUESTIONÁRIO:

1 - Que prejuízos pode trazer a cremação para o Espírito?

2 - O que significa a morte encefálica para a Ciência?

3 - Como a Doutrina Espírita avalia a questão da doação e transplantes de órgãos?
Fonte da imagem: Internet Google.

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