“Quando voltou para
onde estava o povo, chegou-se a ele um homem que, ajoelhando-se a seus pés, lhe
disse: Senhor; tem piedade de meu filho que é lunático e sofre cruelmente; muitas
vezes cai, ora no fogo, ora na água. Já o apresentei aos teus discípulos, mas
eles não o puderam curar.” Jesus respondeu: Ó geração incrédula e perversa, até
quando estarei entre vós? Até quando vos sofrerei? Trazei-me aqui o menino.
E tendo Jesus ameaçado
o demônio, este saiu do menino que ficou no mesmo instante curado.
Então os discípulos
vieram ter com Jesus em particular e lhe perguntaram: Por que não pudemos nós
expulsar esse demônio?
Jesus lhes disse: Por
causa da vossa pouca fé; pois, em verdade vos digo que, se tivésseis a fé do
tamanho de um grão de mostarda, diríeis àquela montanha: Passa daqui para ali,
e ela passaria; nada seria impossível. Não se expulsam os demônios desta
espécie senão por meio da prece e do jejum. (Mateus, XVII, 14 a 20).
Com pequenas
variantes, esta passagem também é narrada por outros dois evangelistas, Marcos,
no capítulo IX, versículos 14 a 28, e Lucas no capítulo IX, versículos 37 a 43.
Da narrativa de Marcos consta o diálogo entre Jesus e o pai do menino que
achamos interessante reproduzir: Há quanto tempo isto lhe sucede? O pai
respondeu: Desde a infância; e o Espírito o tem muitas vezes lançado ora à
água, ora ao fogo, para fazê-lo perecer. Se puderes alguma coisa, tem piedade
de nós e socorre-nos. Jesus lhe disse: Se puderes crer, tudo é possível àquele que
crê. Logo o pai do menino exclamou banhado em lágrimas, Senhor, eu creio, ajuda
a minha pouca fé.
Muitas vezes, podemos
encontrar nos Evangelhos referências claras e precisas de Jesus ao poder da fé,
sendo comum depararmos com expressões semelhantes a esta: “A tua fé te curou”.
Parece-nos que o Mestre dava, por essa forma, ensino e lições que deveriam
ficar gravados na memória de todos os que presenciavam os fatos, além de séria advertência
aos seus futuros seguidores.
Recordemos ainda que
Jesus afirmou aos Apóstolos: “Quem crer em mim, fará o que eu faço e ainda fará
mais”. (João, XIV,12). Da mesma forma, guardemos a observação feita por Jesus aos
12 discípulos, que, ao regressarem pela primeira vez da missão que lhes fora
atribuída, cheios de alegria, diziam: Senhor, até os demônios se nos submetiam
em teu nome; recomendou-lhes então o Senhor que não se regozijassem por lhes
estarem os espíritos submetidos, mas antes por estarem os seus nomes escritos
nos céus. (Lucas X, 20).
De tudo se depreende
os amorosos cuidados do Mestre para com os seus seguidores, alertando-os sempre
contra as tentações do orgulho, para que não se envaidecessem diante dos
resultados que fossem obtendo no desempenho de suas missões, na cura e alívio
dos sofrimentos.
Invariavelmente, todas
as vezes que realizava as curas, Jesus salientava a fé e a confiança daquele
que recebia o benefício e, a respeito das poucas curas levadas a efeito, em sua
Terra, onde “apenas curou alguns poucos doentes”, Jesus “admirou-se da
incredulidade deles”. (Marcos, VI, 5 e 6).
Assim, para ser obtida
a cura, torna-se evidente a necessidade da colaboração do doente, isto é, o
desejo sincero de ser curado, conjugado com a fé, confiança e vontade potente
de quem vai operar em nome do Senhor, tudo isso aliado ainda à possibilidade
cármica, em face da lei.
Todas as doenças podem
ser aliviadas, mas nem todas podem ser curadas.
A confiança nas
próprias forças nos torna capazes de executar grandes coisas, mesmo materiais,
que não obteríamos, se não confiássemos em nós mesmos.
As montanhas a serem removidas
pela fé, referidas no Evangelho, devem ser, antes de mais nada, as montanhas de
nossas imperfeições e inferioridades constituídas de má vontade, resistência,
preconceitos, interesses materiais, egoísmo, fanatismo, paixões orgulhosas,
etc...
A fé sincera e
verdadeira é sempre calma, paciente e humilde. Deve ser cultivada pela moralização
de nossos costumes; pela pureza de pensamentos, palavras e atos; pela crescente
confiança na ilimitada bondade divina, para desenvolver dentro de nós a força magnética
que nos possibilitará agir sobre o fluído universal e que, usada
convenientemente, pela nossa vontade, é capaz de operar prodígios, sempre que é
utilizada em benefício do nosso próximo.
Jesus disse aos
discípulos que aquela espécie de espírito obsessor só sairia pela oração e pelo
jejum. Devemos entender, então, que, através de uma fé fervorosa, vertida em
sentida prece, que é pensamento puro, surto do amor, poderemos expeli-los,
desde que estejamos em jejum, isto é, em condições morais satisfatórias de
abstinência de pensamentos culposos, de sobriedade na satisfação de nossas
necessidades e austeridade de proceder.
Nas palavras
repassadas de sentimento daquele pai, que, banhado em lágrimas, diz: “Eu creio,
Senhor, ajuda a minha pouca fé”, podemos sentir uma expansão de simplicidade e
de humildade, pois certo do poder de Jesus para lhe atender à súplica, não se
sentia ele próprio bastante forte na sua fé para merecer tal graça.
BIBLIOGRAFIA:
Kardec, Allan - O
Evangelho Segundo o Espiritismo
QUESTIONÁRIO:
1 - Qual o poder da
fé?
2 - Qual outro sentido
tem a palavra "montanha"?
3 - Na sua opinião, o
que "Fé"?
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