CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 7 de maio de 2019

7a Aula Parte A - CURSO DE EDUCAÇÃO MEDIÚNICA 2º ANO FEESP


MEDIUNIDADE NAS ARTES, PINTURA – ESCULTURA – MÚSICA

Allan Kardec, ao analisar a influência das ideias materialistas nas Artes, afirma que “as preocupações de ordem material se sobrepõem aos cuidados artísticos” e que a concentração dos pensamentos sobre as coisas materiais é o resultado da ausência de toda crença, de toda fé na espiritualidade do ser.

Enfatiza ainda o Codificador que “As Artes só sairão de seu torpor, quando houver uma reação, visando as ideias espiritualistas”. Dessa forma, antecipa-se o que se pode constatar na atualidade, no terreno da Arte Espírita, em suas várias modalidades, frente a violência humana, refletida nos meios de comunicação, e através das expressões artísticas mais destacadas, como a música, a pintura, o teatro, o cinema e a televisão.

Afirma ainda Kardec, que “é matematicamente exato dizer que, sem crenças, as Artes não tem vitalidade possível, e toda transformação filosófica acarreta, necessariamente, uma transformação artística paralela.

Kardec apresenta três momentos filosóficos e correspondentes a transformações artísticas, a saber:

1- Época Primitiva: Arte Pagã, em que se divinizava a perfeição da Natureza. Só conheciam a vida material.

2- Época da Idade Média: Arte Cristã, sucedeu a Arte Pagã e representava os sentimentos atormentados entre o Céu e o Inferno tanto na Pintura, como na Escultura. Reconhecimento de um poder criador, acima da matéria.

3- Época Atual: Arte Espírita, em que deverão expressar-se as novas ideias da imortalidade da alma, da pluralidade das existências ou dos mundos, ainda, da comunicação com os Espíritos, irá complementar e transformar a Arte Cristã.

Léon Denis, Cap. 1, diz: “O papel essencial da Arte é expressar a vida com todo poder, sua graça e sua beleza”.

E é nesse sentido que comenta o Espírito de Lavater, dizendo:

Não é belo, realmente belo, senão aquilo que é sempre e para todos. E esta beleza eterna, infinita, e a manifestação divina sob seus aspectos incessantemente variados; é Deus em suas obras, em suas leis! Eis a única beleza absoluta. Acrescenta, ainda: “Nós que progredimos, não possuímos senão uma beleza relativa, diminuída e combatida pelos elementos inarmônicos de nossa natureza”.

Complementa Léon Denis, Cap. III, que “o objetivo sublime da criação é a fusão do bem e do belo. Esses dois princípios são inseparáveis, inspiram toda a obra divina e constituem a base essencial das harmonias do cosmo”.

Emmanuel, na pergunta 161 do Livro “O Consolador”, ensina que a Arte é a mais elevada contemplação espiritual por parte das criaturas. Ela significa a mais profunda exteriorização do ideal, a divina manifestação desse ‘mais além’ que polariza as esperanças da alma.

“O artista verdadeiro é sempre o ‘médium’ das belezas eternas, e o seu trabalho, em todos os tempos, foi o tanger as cordas mais vibráteis do sentimento humano, alçando-o da Terra para o infinito e abrindo, em todos os caminhos, a ânsia do coração para Deus, nas suas manifestações supremas de beleza, de sabedoria, de paz e de amor”.

Complementa que “a Arte será sempre uma só, na sua riqueza de motivos, dentro da espiritualidade infinita, porque será sempre a manifestação da beleza eterna, condicionada ao tempo e ao meio de seus expositores”.

Há todo um processo de formação do artista ao longo de sua caminhada evolutiva, que exterioriza na obra seus sentimentos, seu equilíbrio mental, sua paz, sua bondade, sua crença.

Por isso, diz Denis, cap. 1: “quando o Espírito humano encarna na Terra e leva consigo - seja de suas vidas terrestres, certa noção de ideal estético, tão logo ele chegue a maturidade na vida terrestre, sua bagagem artística exterioriza-se sob a forma de inspirações reunidas a uma qualidade mestra que chamaremos de gosto reunido ao sentido do belo”.

A mesma ideia transmite Emmanuel, na pergunta 163: “A perfeição técnica de um artista bem como as suas mais notáveis características não constituem a resultante das atividades de uma vida, mas de experiências seculares na Terra e na esfera espiritual”.

Este gosto pela Arte, numa de suas características quaisquer, leva o homem a busca da inspiração, que é uma forma de mediunidade intuitiva, pela qual o artista entra em contato com os Espíritos para a realização de seu trabalho. (LM, 2ª Parte, cap. XXXI, item X)

Nem sempre é possível distinguir quando o trabalho é do homem ou quando é sugerido pelo Espírito, nos casos de inspiração, mas, se houver no homem a disposição orgânica para o exercício da mediunidade, em seu sentido específico, ter-se-á então, a aplicação da mediunidade nas Artes.

Nestas condições, o papel do médium não é o de um criador da Arte, mas de um instrumento para que o Espírito produza o seu trabalho, que será tanto mais belo quanto mais evangelizado estiver o médium.

A mediunidade nas Artes revela-se através da escultura, da pintura, da literatura (oratória, poesia etc.), do teatro ou da música. Diferentes núcleos de estudos têm-se formado atualmente, em decorrência da divulgação da Doutrina dos Espíritos, objetivando mostrar os valores da vida espiritual e sua relação com a vida física.

O teatro, levado ao público, pelos meios de comunicação eletrônicos, poderia ser um poderoso meio de educação intelectual e moral, pela elevação do pensamento, pelos nobres exemplos que a vida real mostra, se para lá fossem levados.

O cinema e a televisão, através de filmes e novelas poderiam levar ao público um trabalho mais nobre, digno e educativo, de exemplificação do bem, do trabalho e da busca de uma vida melhor. A internet surge também como valioso instrumento de comunicação, educação e auxílio, contribuindo assim, para o progresso intelectual e moral da humanidade.

A pintura mediúnica, psicopictografia ou psicopictoriografia, tem se desenvolvido, ultimamente, com intensidade, talvez devido a apresentação pública de alguns médiuns, mostrando ao mundo dos homens a intervenção dos Espíritos pintores, através da mediunidade, e revelando que a vida continua além dos horizontes da morte.

A Arte não é um atributo do homem, mas do Espírito imortal. É por isso que na vida espiritual as artes continuam com toda a sua beleza harmoniosa. Os Espíritos narram passagens maravilhosas. Em “Chama Eterna”, cap. 15, Luiz Sérgio fala no Departamento da Arte, dos problemas de relação Espírito-médium.

Allan Kardec, em diversas passagens da “Revista Espírita”, alude a Arte Espírita, mas, no nº 5, de maio/1858, entrevista Mozart que, falando de música, diz: “No planeta onde estou, Júpiter, a melodia está por toda a parte, no murmúrio da água, no ruído das folhas, no canto do vento; as flores murmuram e cantam; tudo emite sons melodiosos... A natureza é tão admirável! Tudo nos inspira o desejo de estar com Deus. Não temos instrumentos; são as plantas, os pássaros, que são os coristas; o pensamento compõe, e os ouvintes desfrutam sem audição material, sem o recurso da palavra, e isso a uma distância incomensurável. Nos mundos superiores isso e ainda mais sublime”.

Em todo o trabalho mediúnico, no campo da Arte, deve o médium compreender que o trabalho não é seu, mas do Espírito. Importante, por isso não envaidecer-se de “sua arte” nem de sua mediunidade, porquanto, se o trabalho é dos Espíritos, a mediunidade tantas vezes decorre da misericórdia divina.

O importante, também, é o médium compreender que não deve comercializar a obra, tirando proveito para si mesmo, mas conduzir todo o resultado pecuniário obtido para obras assistenciais.

Mais importante, ainda, é o médium manter-se humilde em relação aos elogios; manso, em relação às críticas, e perseverante em relação aos princípios basilares do ensino dos Espíritos, que deve ser divulgado como um corpo doutrinário, sem a interferência da opinião dos homens.

Em última análise, deve o médium exemplificar por sua conduta, como homem, e por sua atividade, como médium sendo, como um verdadeiro representante dos ensinamentos de Jesus e dos Espíritos.

Escreveu Meimei (no livro “Sentinela da Alma”) a “Oração do Pintor”, em que conclui: “Ensina-me o equilíbrio e o respeito aos outros, para que eu apenas crie formas do bem e para o bem, a fim de que eu possa cooperar na segurança e na ordem, na serenidade e na alegria permanentes de tua obra, hoje e sempre”.

Bibliografia:

KARDEC, Allan. Obras Póstumas: Influência Perniciosa das Ideias Materialistas, Sobre as Artes em Geral

DENIS, Leon. O Espiritismo nas Artes

XAVIER, Francisco Candido (Espírito Emmanuel). O Consolador: Pergs. 161 a 172

KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns: 2ª parte - Cap. XVI - item 19o

KARDEC, Allan. Revista Espírita: Maio 1858

DUBUGRAS, Elsie e outros. Renoir, é você?

Fonte da imagem: Internet Google.

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