CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 28 de maio de 2019

10a Aula Parte A - CURSO DE EDUCAÇÃO MEDIÚNICA 2º ANO FEESP


EVOCAÇÕES DOS ESPÍRITOS - PROIBIÇÕES

Esclarece-nos Kardec em “O Livro dos Médiuns” que os Espíritos podem se comunicar espontaneamente ou serem evocados. Contudo, os Espíritos são inteligências livres e qualquer evocação que lhes desagradem ou que não seja apropriada fará com que não nos atendam ao apelo.

Mas existem condições proibidas para a evocação dos Espíritos?

A primeira questão que podemos abordar é a proibição de Moisés aos hebreus, narrada de maneira tão clara no Antigo Testamento.

“O homem ou mulher que tiver Espírito pitônico, morra de morte. Serão apedrejados e o seu sangue recairá sobre eles”, ameaça Moisés no Levítico, cap. XX, versículo 27.

A proibição pode ser vista ainda no capítulo XIX, v.31 do mesmo Levítico e no Deuteronômio (Cap. XVIII vv 9 a 12)

Para entendermos a posição radical de Moisés, devemos entender o panorama da época. Recém libertos do cativeiro egípcio, os hebreus haviam adquirido o costume de interrogar os desencarnados para toda sorte de abusos. “(...) a evocação dos mortos não se originava nos sentimentos de respeito, afeição ou piedade para com eles, sendo antes um recurso para adivinhações, tal como nos augúrios e presságios explorados pelo charlatanismo e pela superstição”, nos diz Kardec em “O Céu e o Inferno”. As inquirições aos Espíritos ainda eram fonte de comércio, quando se pagava ao adivinho para ouvir aquilo que se gostaria. Moisés, conduzindo pelo deserto um povo rebelde e indisciplinado não encontrou outra maneira senão a de punir com a morte os abusos, já que ali não havia prisões ao seu dispor. Além disso, o legislador hebreu não poderia permitir que ideias, costumes e hábitos estranhos ao de seu povo fossem contrários às leis que implantou a custa do sacrifício dos anos de penúria no deserto.

Chegando à época de Jesus, é também notório que entre os primeiros cristãos o intercâmbio com os desencarnados era fato comum. São muitos os relatos das manifestações mediúnicas no Novo Testamento e o próprio Jesus não comentou nada em relação à proibição do intercâmbio com os Espíritos. Se as evocações realmente fossem proibidas, certamente Jesus não teria ficado calado a respeito de assunto tão importante.

Outrossim, o que nos demonstram os Evangelhos é que por ser um Espírito puro, Jesus era dotado de faculdades muito superiores aos dos homens de seu tempo, inclusive, mantendo uma comunhão constante com os Espíritos. “Estes, muitas vezes, tornavam-se visíveis ao seu lado. Seus discípulos o viram, assombrados, conversar um dia no Tabor com Elias e Moisés”.

Um outro ponto que levantam os contraditores do intercâmbio mediúnico é o de que as evocações seriam falta de consideração para com os mortos, constituindo mesmo uma profanação. “Profanação haveria se as evocações fossem feitas com leviandade”, nos esclarecem os Espíritos.

O Espiritismo, resgatando nos tempos modernos o Evangelho de Jesus, também não recomenda evocar os Espíritos com as mesmas motivações condenadas por Moisés. Recomenda-nos sim alguns critérios e cuidados a serem tomados, salientando a importância das comunicações como instrução e consolo dos sofrimentos.

“Se essa comunicação existe, deve ter sua utilidade, porque Deus não faz nada de inútil; ora, essa utilidade ressalta não só desse ensinamento, mas ainda e, sobretudo das consequências desse ensino”, diz Kardec.

Frequentemente, nas reuniões regulares, apresentam-se espontaneamente Espíritos que já estão habituados a própria regularidade dessas sessões. Emmanuel diz preferir esse tipo de manifestação, contudo Kardec nos recomenda a evocação, como forma de controlar com maior rigor as manifestações.

Segundo Kardec, qualquer Espírito pode ser evocado. Porém, nem sempre poderá atender ao nosso chamado, pois, mesmo que queira, pode ser impedido por motivos que desconhecemos ou por não ter a permissão de um poder superior. Ainda pode não se comunicar instantaneamente conosco por estar ocupado ou por alguma missão que desempenha.

Outro fator que pode impedir a manifestação de um Espírito diz respeito à condição do médium, do evocador, ao meio em que se faz a evocação e ao seu intuito. Aqui, vale a regra de sempre das comunicações mediúnicas: o Espírito ira preferir o médium com o qual mais se identifique, seja quanto as condições materiais como nas morais.

O cuidado que o médium deve tomar sempre nas evocações de interesses privados é o de evitar transformar-se em instrumento de consultas ou, como Kardec aponta, um “ledor de sorte”. Não se deve, sob pretexto algum, prestar-se a uma evocação dessas ao perceber-se curiosidade, questões improdutivas e qualquer outro tópico que fuja do que se propõe racionalmente aos Espíritos, enfim, quando não percebemos um objetivo sério por parte do evocador.

Os Espíritos ainda relacionam, na questão 282 de “O Livro dos Médiuns”, algumas situações que podem impedir que um Espírito atenda a uma evocação e outras em que não se deve fazê-la:

 Espíritos que pertencem a mundos inferiores à Terra não podem jamais se comunicar, por não disporem de meios de comparação para poderem exprimir-se;

 Um Espírito pode não ter permissão para se comunicar como punição ou prova para ele ou para a pessoa que o evoca;

 Os Espíritos atendem com maior facilidade a pensamentos simpáticos e benevolentes do evocador. Pensamentos mal dirigidos não atingem o alvo e se o evocador é indiferente ou antipático ao Espírito, este não atende ao apelo;

 Um Espírito pode negar-se a responder a uma questão, porém, se é inferior pode ser constrangido a se manifestar por um superior a ele;

 Devemos evitar evocar um Espírito no momento da sua morte. A esta questão, os Espíritos respondem no item 33 que podemos evocá-lo, porém, sua resposta será muito imperfeita, por causa do período de perturbação. Adicionam, porém, no item seguinte, que para alguns a evocação os ajudaria a sair da perturbação;

 A encarnação pode dificultar a evocação de um Espírito. Somente podem atender aqueles em que a condição corpórea facilite o desprendimento no momento da evocação ou ainda se estiverem encarnados em um mundo superior, onde os corpos são menos materiais que no nosso;

 Não podemos evocar também Espíritos que ainda estejam no ventre materno, por estarem na perturbação que antecede o nascimento, o que lhes tira a consciência de si mesmos;

 E não devem ser evocadas pessoas vivas nessas condições: crianças em tenra idade, pessoas gravemente doentes e os velhos enfermos. É sempre inconveniente a evocação de vivos que estejam com o corpo físico debilitado.

De qualquer maneira, em qualquer intercâmbio mediúnico, o mais importante é que qualquer evocação deve ser levada a sério e nunca deve ser encarada como simples fórmula. E ainda não nos esquecermos de que os Espíritos não são joguetes, subjugados aos nossos interesses mais pueris.

Bibliografia:

KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns: 2a parte, Cap. XXV (Das Evocações) nos 269, 270 a 275, 281 e 282 - item ll

KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno: Cap. XI: Da Proibição de Evocar os Mortos

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos: questão 935

KARDEC, Allan. Revista Espírita: Dezembro de 1863

XAVIER, Francisco Candido (Espírito Emmanuel). O Consolador: Perg. 369

DENIS, Leon. Cristianismo e Espiritismo: Capítulo V

BÍBLIA SAGRADA. Antigo Testamento: Levítico, Cap. XX, v.27 - Cap. XIX, v.31 e Deuteronômio - Cap. XVIII, vv 9 a 12.

Fonte da imagem: Internet Google.

Nenhum comentário:

Postar um comentário