CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 23 de outubro de 2018

22a Aula Parte A - CURSO DE EDUCAÇÃO MEDIÚNICA 1º ANO FEESP


LOCAIS ASSOMBRADOS

A superstição e o desconhecimento das leis que regulam a vida espiritual originaram a crença em locais assombrados. Histórias muitas vezes fantasiosas e lendas são criadas sobre tais lugares, dando a eles um toque de mistério que, geralmente, impressiona os incautos e que assustam crianças. Como ocorre com fatos extraordinários que o senso comum desconhece, a ignorância viu sempre nos fenômenos espíritas uma causa sobrenatural e a fé cega complementaram o erro, juntando-lhes absurdas crendices.

A ocorrência pode ser real, quando não é provocada por fraudes, mas não maravilhosa ou sobrenatural.

Portanto, não existem lugares assombrados. Diz-nos Kardec em o “Livro dos Médiuns” que o fenômeno nada mais é do que “manifestações espontâneas verificadas em todos os tempos”, provocadas pela “insistência de alguns Espíritos em mostrarem a sua presença”. Na mesma obra, questão 85, Kardec explica que as manifestações Físicas têm por finalidade nos chamar a atenção para algo, além de nos convencer da presença de um poder que nos é superior.

Lembremo-nos de que foi por meio de uma manifestação espontânea desse tipo que a história do moderno Espiritualismo começou: as manifestações ocorridas em 1848 na casinha modesta da família Fox, em Hydesville, Estado de Nova Iorque (EUA), e que despertou o mundo para a realidade da vida espiritual. Ainda hoje aqueles que desconhecem as leis que regem o intercâmbio entre desencarnados e encarnados, ou seja, a afinidade e a sintonia, encaram a manifestação dos Espíritos como aparições demoníacas ou dos gênios do mal, quaisquer que sejam as manifestações e ainda mais no caso dos ditos locais assombrados.

Camille Flammarion na obra “As Casas Mal Assombradas” nos relata o caso da Rua das Nogueiras, em Paris, onde havia uma casa em que todos desistiam de morar, pelos inúmeros projéteis lançados em seu interior, vindos do nada e que chegavam a machucar quem lá estivesse. Um dos estudiosos do caso, o Marquês de Mirville, não chegando a nenhuma conclusão aceitável do que provocava o fenômeno, confessou, equivocado, que suas experiências só ajudaram-no a fortalecer sua crença na existência do demônio.

Segundo o Espiritismo, anjos e demônios não existem. Existem sim Espíritos puros, no caso dos denominados “anjos” ou ainda devotados ao mal, quando os rotulamos de “demônios”. Kardec elucida em “O Céu e Inferno” que “há Espíritos em todos os graus de adiantamento, moral e intelectual, na imensa escala do progresso. Em todos os graus existe, portanto, ignorância e saber, bondade e maldade”. Os Espíritos que se ocupam de manifestações físicas ou materiais são, comumente, os inferiores ou também designados por Espíritos batedores, pela mesma razão porque entre nós os torneios de força e agilidade são próprios dos saltimbancos e não de sábios.

Geralmente assim procedem por serem levianos e brincalhões, quando se comprazem em fazer travessuras (ver questão 530 de “O Livro dos Espíritos”), ou que não gostam de fazer coisas úteis, ou são demasiadamente apegados a matéria e por outras razões. E o que levaria ainda um Espírito a produzir tais fenômenos? “Sua simpatia por algumas das pessoas que frequentam os lugares ou o desejo de se comunicarem com elas. Entretanto, suas intenções nem sempre são louváveis. Quando se trata de maus Espíritos, podem querer vingar-se de certas pessoas das quais tem queixas”.

Contudo, qualquer seja a causa da manifestação, sempre é necessário que haja um médium por perto, pois o Espírito sozinho não consegue produzir o fenômeno. É preciso o médium que lhe forneça o fluido animalizado (ver questões 92 e 93 de “O Livro dos Médiuns”).

O Espírito também pode ser forçado a permanecer num local como lição. É o caso de algumas localidades onde aconteceram crimes, como é relatado na “Revista Espírita” de fevereiro de 1860, em “História de um condenado”. Em todos esses casos de manifestações, elas não se prendem a dias e horários específicos porque para os Espíritos o tempo é vivido de maneira diversa da nossa. A escuridão, o silêncio, o aspecto lúgubre do local, uma ruína, não favorecerão a realização do fenômeno, mas somente excitarão a imaginação da mentalidade pueril, embalada ainda pelos contos fantásticos que ouviu na infância.
Para afastar esses Espíritos é preciso que os habitantes do local se melhorem, pois são os pensamentos e as intenções que ligam os desencarnados aos encarnados. Sessões de exorcismo de nada valem, ao contrário, divertem esse tipo de Espírito. O melhor meio de expulsar um mau Espírito é atrair os bons, o que acontece quando fazemos o bem no limite das nossas forças. Dessa maneira, “os maus fugirão, pois o bem e o mal são incompatíveis. Sede sempre bons e só tereis bons Espíritos a vosso lado”.
Quando se trata de um Espírito sofredor que permanece no local, o melhor remédio é a prece para aliviar-lhe as dores. Kardec conclui que muitos Espíritos que se apegam a locais podem não se manifestar e mesmo sendo inferiores, não são necessariamente maus. “São mesmo, algumas vezes, companheiros mais úteis que prejudiciais, pois caso se interessem pelas pessoas podem protegê-las”.

Fatos antiquíssimos, que nos acompanham desde sempre, certamente ainda perdurarão por um longo tempo, até que aprendamos a nos desapegar de tudo o que é material.

Bibliografia:

CAMARGO, Cid. O Casarão do General
DENIS, Leon. No Invisível. – 2ª Parte - Cap. XVI
FLAMMARION, Camille. As Casas Mal Assombradas
KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno: Cap. X e XI
KARDEC, Allan. Livro dos Médiuns: 2a Parte - Cap. V e IX e 1ª Parte - Cap. X, item 13
KARDEC, Allan. Revista Espírita: fevereiro/1860
PUGLIA, Silvia C. S. C. – CDM

Fonte da imagem: Internet Google.

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