CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 31 de outubro de 2017

22ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

O Apocalipse De João

O Apocalipse

O Apocalipse é o título do último livro que compõe o Novo Testamento. De natureza profética além de um conteúdo vasto e abrangente possui uma grande riqueza de simbolismos. Desta forma, teremos por objetivo uma visão geral analisando-o, ao final, sob a ótica do Espiritismo.

O termo apocalipse é originário da palavra grega APOKÁLIPSIS que significa “Revelação”. Por este motivo é denominado de “O Livro das Revelações”. Foi escrito em grego.

Porque o idioma grego?

A língua grega, podemos lembrar, foi o idioma predominante na elaboração dos livros que compõem o Novo Testamento. Era a língua culta da época.

O domínio da Grécia sobre a Palestina, que havia se iniciado com a conquista de Alexandre Magno em 332 a.C., perdurou até o ano de 63 a.C., quando se iniciou o Império Romano. No entanto, a influência cultural grega permaneceu sobre todo o período do comando romano.

Essa forte influência cultural é denominada de Helenismo, que é, pois, o conjunto dos costumes, tradições e ideias da Grécia antiga que se expandiu por grande parte do Oriente. Engloba, dessa forma, o saber em geral, desde a retórica (a arte do discurso) até as artes plásticas (pintura, arquitetura, escultura, etc.). Um romano culto deveria saber o grego. Esse idioma torna-se, dessa forma, a língua predominante do Cristianismo primitivo.

Quem foi o autor do livro “Apocalipse”?

A autoria dos livros bíblicos é; como já expusemos em aulas anteriores, motivo de infinitas controvérsias.

Na “Bíblia de Jerusalém”, na introdução ao livro “Apocalipse”, encontramos a seguinte observação:

“... se o Apocalipse de João apresenta parentesco inegável com os outros escritos joaninos, também se distingue claramente deles por sua linguagem, seu estilo e por certos pontos de vista teológicos a tal ponto que se torna difícil afirmar que procede imediatamente do mesmo autor. Não obstante tudo isso, sua inspiração é joanina, e foi escrito por alguém do círculo dos discípulos imediatos do apóstolo e está impregnado de seu ensinamento.”

Esta é; bem podemos ver, uma questão em que muitos teólogos debater-se-ão, talvez, por muito tempo.

É que o conhecimento humano não é estanque. Ao contrário, cada nova descoberta, cada nova revelação vai “construindo o edifício do conhecimento humano”. Eis um processo inspirador e formidável: pelo esforço dos Homens em buscar o aprendizado, e com auxílio dos Espíritos Superiores, trazendo-nos novas revelações, cada vez mais as grandes questões vão sendo esclarecidas.

Portanto, não havendo, por ora, elementos definitivos de convicção para, com certeza, assegurarmos a real autoria do livro “Apocalipse”, podemos repousarmo-nos na Tradição.

Tradicionalmente, a autoria do livro “Apocalipse” é atribuída a João, o Evangelista, filho de Zebedeu, irmão de Tiago “Maior”, também apóstolo de Jesus.

João, Segundo também a Tradição, foi o único dos apóstolos diretos de Jesus que alcançou idade avançada e morreu de morte natural, em Éfeso. Assim, testemunhou a destruição de Jerusalém e a ruína do seu majestoso Templo.

Depois do martírio e morte de Tiago, João teria se dirigido a Éfeso, onde dirigiu a importante e influente comunidade cristã fundada por Paulo.

João esteve varias vezes na prisão, foi torturado e exilado para a Ilha de Patmos (Ap 1:9), “por causa da Palavra de Deus e do Testemunho de Jesus”. Ali, permaneceu por cerca de três a quatro anos, onde teria escrito o “Apocalipse”, por volta do ano de 95 d.C.

CONTEXTO HISTÓRICO

Quando revemos a História do Cristianismo nascente, no primeiro século, recordamos que o Império Romano, não obstante o peso de seu jugo; concedia relativa liberdade aos povos dominados para que cultuassem suas religiões. Isso permitiu que a mensagem do Cristo se espalhasse pela vasta região que se encontrava sob domínio imperial.

No entanto, houve momentos em que os cristãos sofreram fortes perseguições.

As perseguições aos cristãos:

Procurando encontrar uma data marcante que tenha assinalado o inicio das fortes perseguições aos adeptos do Cristianismo, podemos nos remeter ao período do Imperador Nero (54 a 68 d.C.) que, com “mãos de ferro” e crueldade indescritível, foi severo carrasco e deu inicio a uma época de terror. O episódio mais conhecido, absolutamente hediondo e vil, foi o incêndio que provocara em Roma em 64 d.C., que devastou a cidade. Nero, após acusar os cristãos pelo atentado, e insuflar o ódio nos romanos, condena numerosos cristãos a suplícios horrendos: eles eram lançados as feras, crucificados, queimados...

Os cristãos eram responsabilizados por todos os infortúnios que ocorriam, e eram sumariamente condenados e supliciados.

Outro período especialmente obscuro surgiu com o Imperador Domiciano (81 a 96 d.C.), que almejava impor um culto a sua própria pessoa como “divinizada”. Por isso sofreu forte rejeição dos adeptos do Cristianismo, contra os quais, então, iniciou uma perseguição implacável.

Refletindo sobre esses momentos de inigualáveis tribulações e atos de inenarráveis crueldades, reconhecemos, sem titubear, o valor daqueles valorosos cristãos que, pela fé fervorosa e pela resignação à Lei de Deus, deixaram-nos os mais inspiradores exemplos.

A CRONOLOGIA DO LIVRO “APOCALIPSE”

Edgard Armond, em “A Hora do Apocalipse”, comenta que as vidências de João ocorreram durante dias e semanas sucessivas. Dessa forma, as visões foram sendo registradas na ordem em que eram percebidas por João, e não na ordem cronológica dos acontecimentos, ou seja, o presente, o passado e o futuro são apresentados alternadamente.

A LINGUAGEM UTILIZADA

Neste livro, o autor faz uso de alegorias, imagens, símbolos, figuras e números. Por isso, José de Sousa e Almeida, em “O Apocalipse”, recomenda cautela ao se tentar atribuir a cada pormenor uma correspondência com a realidade.

Acerca de todo o simbolismo utilizado, alguns autores apontam que a razão deve-se a circunstância acima exposta, qual seja: os cristãos estavam sendo oprimidos, duramente perseguidos e vigiados pelas autoridades que estavam no poder.

Outro ponto digno de nota que nos cabe aqui esclarecer é que João baseou-se, largamente, no Antigo Testamento, principalmente nas palavras e símbolos dos seguintes livros: Êxodo, Juízes, Ezequiel, Daniel, Zacarias, Isaias, Jeremias e Joel. Muitos destes livros também são considerados apocalípticos.

Utilizou-se, ainda, do Novo Testamento, apresentando simbologias como a do “Banquete Nupcial” e a do “Cordeiro”, de alguns sermões de Jesus, referentes ao fim dos tempos, e também de citações das cartas de Paulo aos Tessalonicenses e aos Coríntios.

Os Simbolismos:

Aqueles que se dedicam ao estudo histórico e teológico do livro “Apocalipse” precisam, para decifrá-lo, conhecer os diversos símbolos ali presentes.

Esses símbolos, consoante classificação que encontramos na obra “Atlas Bíblico Interdisciplinar - Escritura - Historia - Geografia - Arqueologia - Teologia”; podem ser resumidos em:

• Simbolismo cósmico: o sol, a lua, as estrelas que mudam de natureza, a terra que treme - são eventos extraordinários e fantásticos para indicar a presença particular de Deus e Sua Superioridade;

• Simbolismo teriomorfo: cordeiro, leão, águia, cavalos, gafanhotos, que são ora usados no sentido comum, ora como representação de um conjunto de forcas positivas e negativas que fogem ao pleno controle humano;

• Simbolismo antropológico: o homem, a mulher, o amor, o casamento, o cuidado no vestir, o semblante, a mão, os pés, os cabelos, a voz, a alegria, a exultação, o canto, o choro... devendo tudo ser decifrado em sentido mais profundo;

• Simbolismo cromático: a indicação de cores para representar, por exemplo, a decrepitude, a crueldade, o negativo, etc.;

• Simbolismo aritmético: a atribuição aos números de um valor não numérico em si, mas qualitativo, onde, por exemplo, encontramos o numero sete como símbolo de plenitude e totalidade.

Em relação a todos esses símbolos, temos sempre que lembrar que seus significados devem ser restringidos ao contexto regional da época, eis que ha outras culturas, outras escolas de pensamento que atribuem significados diferentes aos mesmos símbolos que estão presentes no “Apocalipse”.

AS INTERPRETAÇÕES

O processo de interpretação de símbolos, aos estudiosos, exige uma visão apropriada, acurada, cautelosa e serena.

No entanto, é interessante observar que cada instituição interpreta as situações de acordo com suas crenças.

Embora existam interpretações tão divergentes, isso não tira a beleza e a profundidade encontrada nos temas tratados. É preciso considerar a essência da mensagem da qual o apóstolo foi o intermediário.

A finalidade do Apocalipse é, principalmente, confortar os fiéis; eles não estão isentos do sofrimento, mas “como serão marcados pelo sinal de Deus, estarão sob a proteção divina”.

A MENSAGEM CENTRAL

Diante da situação aflitiva dos cristãos, como descrevemos ao início, João escreveu as comunidades tão cruelmente perseguidas e, ao mesmo tempo, já entrevendo as gerações futuras, deixando uma mensagem de incentivo a persistência e esperança por dias melhores.

Com base no que lhe foi revelado, João dispôs os assuntos da seguinte forma:

- Endereçamento as sete Igrejas;

- Narração da visão do trono da majestade divina;

- Exposição das provações que a Humanidade passara;

- Anúncio da queda da “Babilônia”, das lamentações sobre a terra, da alegria e triunfo nos céus e das vitorias de Cristo sobre os falsos profetas;

- Prenúncio do “juízo final”, enaltecendo o novo céu, a nova terra e a nova Jerusalém;

- Por fim, admoestações e conclusão com as promessas finais.

Em síntese, o livro convida a resistir diante das tribulações, a combater o mal e a persistir na construção do Bem. Apesar de estar escrito em forma de uma carta dirigida as sete Igrejas da Ásia Menor, é uma mensagem universal. João procura desvelar os acontecimentos, anunciando que após muitas lutas e graves acontecimentos, surgirá, sim, um novo céu e uma nova Terra.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Qual o ensinamento que você achou mais importante?


Fonte da imagem: Internet Google.

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