CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 10 de outubro de 2017

19ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Epístola Aos Hebreus

INTRODUÇÃO

De acordo com a Bíblia de Jerusalém, a epístola aos Hebreus teve sua autenticidade posta em dúvida desde o Cristianismo primitivo. Atribuíam a autoria da Carta a um dos discípulos de Paulo, embora concordassem que a inspiração viera dele. O lugar e a data de composição são incertos.

Noticias da Espiritualidade

As dúvidas acima expostas, no entanto, são dissipadas e as lacunas preenchidas, no capitulo IX, 2ª parte, do livro “Paulo e Estevão”, onde Emmanuel afirma-nos que a epístola foi escrita por Paulo, em Roma, onde se encontrava prisioneiro.

Em virtude de sua cidadania romana, ele pode usufruir das vantagens da “custodia libera”, que permitia que ele vivesse fora do cárcere, apenas acompanhado por um guarda, até que o seu processo fosse julgado. Após se instalar num aposento humilde, ele solicitou a Lucas que convocasse os maiorais do Judaísmo, na capital do Império, a fim de lhes apresentar uma exposição dos princípios cristãos.

Como poucos pareciam compreender os novos ensinamentos, Paulo encerrou a exposição, não sem antes afirmar que os judeus encontravam-se surdos, espiritualmente.

Alguns pediram a Paulo para que ele os ensinasse na sinagoga e Paulo respondeu que “preso como estou, não poderia fazê-lo, mas hei de escrever uma Carta aos nossos irmãos de boa-vontade”.

Daí por diante, assinala Emmanuel: aproveitando as ultimas horas do dia, os companheiros de Paulo observaram que ele escrevia um documento a que dedicava profunda atenção. Às vezes, era visto a escrever com lágrimas, como se desejasse fazer da mensagem um depósito de santas inspirações.

Em dois meses entregava o trabalho a Aristarco para copiá-lo, dizendo: - "Esta é a epístola aos hebreus. Fiz questão de grafá-la, valendo-me dos próprios recursos, pois que a dedico aos meus irmãos de raça e procurei escrevê-la com o coração.”. Era o ano de 61 d.C.

CONTEÚDO

Nesta epístola, Paulo assinala qual o significado da vinda de Jesus e quais as mudanças que isto acarretava na interpretação do Antigo Testamento. Com a lucidez que o caracterizava, Paulo, “segundo o espírito que vivifica”, analisa temas fundamentais do Judaísmo: a aliança, o sacerdócio, as obras da lei, bem como a liturgia e os rituais.

Era um apelo do coração para fortalecer a fé dos judeus convertidos ao Cristianismo e aos que se obstinavam em combatê-lo.

As revelações

Todas as revelações que foram feitas a Israel, ao longo dos milênios, chegaram através dos profetas. Em Jesus, no entanto, encontramos a mais pura revelação, eis que a Boa Nova é a tradução da Lei Divina.

“Muitas vezes e de modos diversos falou Deus, outrora, aos Pais pelos profetas; agora, nestes dias que são os últimos, falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual fez os séculos.” (Hb 1:1-2).

A condição de Jesus

“É ele o resplendor de sua glória e a expressão de sua substância, tão superior aos anjos quanto o nome que herdou excede o deles.” (Hb 1:3-4).

“Vemos, todavia, Jesus, que foi feito, por um pouco, menor que os anjos, por causa dos sofrimentos da morte, coroado de honra e de glória. E que pela graça de Deus provou a morte em favor de todos os homens.” (Hb 2:9).

Graças a Misericórdia Divina, Jesus, encarnado, revelou-nos uma nova concepção de Deus, apresentando-o como Pai Amoroso e Misericordioso.

Por amor a Humanidade, Jesus provou a morte para semear a Boa Nova, convidando todos a edificação do Reino de Deus. Veio não para condenar, mas para salvar o Homem, traçando no “Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo” a verdadeira forma de adoração a Deus.

A Superioridade de Jesus

No capitulo 8 desta epístola, Paulo destaca a figura do sumo sacerdote, que era a autoridade máxima no quadro da hierarquia sacerdotal do Judaísmo.

Qual é o papel do sacerdote em qualquer religião? Ser mediador entre o Homem e Deus.

Quem o investe desta prerrogativa? Os próprios Homens.

Jesus, no entanto, não tem sua autoridade constituída pelos Homens, mas diretamente por Deus. Nisto reside sua absoluta superioridade em relação aos sacerdotes nomeados aqui na Terra.

Nesta comparação, Paulo busca destacar a natureza superior de Jesus, que propôs uma Nova Aliança, como vemos neste trecho: “Agora, porém, Cristo possui um ministério superior. Pois ele é o mediador de aliança bem melhor cuja constituição se baseia em melhores promessas. De fato, se a primeira aliança fora sem defeito, não se trataria de substituí-la pela segunda.” (Hb 8:6-7).

Prosseguindo em sua argumentação, Paulo recorre ao livro do profeta Jeremias (31:31-34) para destacar que já havia sido predito uma nova aliança, que substituiria à antiga.

E qual o vínculo desta nova aliança? O Amor, que estará inscrito nos corações dos Homens: a Lei de Deus relevada por Jesus.

Os Rituais Judaicos

“Pois, naquele regime, apresentam-se oferendas e sacrifícios sem eficácia para aperfeiçoar a consciência de quem presta o culto. Tudo são ritos carnais referentes apenas aos alimentos, às bebidas, às abluções diversas e impostos somente até ao tempo da correção”. (Hb 9:9-10).

Observemos que Paulo refere-se aos rituais como coisas que ficaram no passado. O Judaísmo preconizava os rituais exteriores de purificação, que deveriam ser prestados no santuário, “edificado pelas mãos dos Homens”.

Este santuário continha locais específicos para a realização dos rituais e um sacerdócio constituído para realizar os cultos, especialmente os cultos que purificavam os Homens de seus “pecados”.

Qual o significado dos rituais? Dirá Paulo: “... a Lei é totalmente incapaz, apesar dos mesmos sacrifícios sempre repetidos, oferecidos sem fim a cada ano, de levar à perfeição aqueles que se aproximam de Deus.” (Hb 10:1).

Por essa afirmação contundente de Paulo, vemos a ineficácia de qualquer ritual exterior para a chamada “purificação”. A verdadeira purificação, como nos ensina Jesus, é através da constante prática do amor e da caridade.

Jesus Revela a vontade de Deus

Jesus, na condição de mediador entre os homens e Deus ofereceu-se a si mesmo para revelar qual é a vontade de Deus. Ele “se manifestou para abolir o pecado por meio do seu próprio sacrifício.” (Hb 9:26). O que isto significa?

Definindo o “pecado” como uma transgressão as Leis de Deus, compreendemos que Jesus ao revelar o Amor como o Maior Mandamento, convida o Homem a harmonizar-se com as Leis Divinas, pela prática do Bem. Sua exemplificação demonstrou o verdadeiro significado do Amor.

Quando não observamos a Lei do Amor, ferimos também a nós mesmos, pois responderemos pelas consequências que advém destes atos e seremos chamados a reparar o mal que impusemos a outrem. Só a reparação propicia paz à consciência, libertando-a dos processos de culpa.

Sacrifícios e oferendas são inócuos para harmonizar a consciência com as Leis Divinas e não isentam a criatura da necessidade de aprender a dissolver o mal pela prática do bem.

Exortações à Renovação e a Libertação

“Aproximemo-nos, então, de coração reto e cheio de fé, tendo o coração purificado de toda má consciência...” (Hb 1O:22).

Como Paulo dirige-se em particular aos judeus convertidos, ele faz um veemente apelo para que renovem suas concepções e crenças, libertando-se efetivamente. Que não retrocedam no caminho.

Como prosseguir sem esmorecer, sem desanimar?

A Libertação é um processo. O caminho que percorremos para aderirmos, de coração, a Jesus e pede paciência, perseverança e fé. O ontem criou raízes em nossos corações. Há que nos esforçarmos para erradicá-las.

Neste sentido, Paulo traça um roteiro, enfatizando as condições essenciais para o êxito:

• Incentivo à caridade

“Velemos uns pelos outros para nos estimularmos à caridade e as boas obras”. (Hb 10:24)

A vida nas comunidades cristãs, às vezes atribuladas pelas circunstâncias do mundo, exigia o exercício constante da fraternidade. Por isso, Paulo faz esse chamamento para que haja companheirismo entre os membros, um velando pelo outro.

Viver naquelas comunidades, envolvidos pela Mensagem de Cristo, representava uma bendita oportunidade de aprendizado e trabalho. Salienta, pois, o apóstolo, a necessidade da valorização das possibilidades que o hoje nos apresenta na realização do Bem.

• Perseverança na dor

Paulo menciona os sofrimentos que a adesão ao Cristo havia acarretado em suas vidas e os conclama à perseverança, refletindo sobre a dor como processo educativo do Pai:

“É para a vossa educação que sofreis. Deus vos trata como filhos. Qual é, com efeito, o filho cujo pai não educa?” (Hb 12:7).

As dores são recursos educativos da alma. Como assevera Paulo:

“Toda educação, com efeito, no momento não parece motivo de alegria, mas de tristeza.” (Hb 12:11).

Porém, qual é o papel da dor senão educar para o Amor?

Como avançar, sem as experiências que nos são necessárias?

Embora a dor seja-nos necessária, são poucos os que conseguem compreendê-la em sua feição educativa. Muitos são os que se rebelam, os que acusam a Deus de injusto, os que se desesperam, os que fogem. Quem assim precede perde valiosas oportunidades de crescimento.

Vencida a tempestade, contabilizamos os frutos interiores que ela proporcionou: mais experiência, mais fortaleza, mais amadurecimento, mais compreensão. Como afirma Paulo: “Depois, no entanto, produz naqueles que assim foram exercitados um fruto de paz e de justiça.” (Hb 12:11).

Portanto, conclui Paulo: “... reerguei as mãos enfraquecidas e os joelhos trôpegos” (Hb 12:12), ou seja, não recuemos diante da luta, ainda que sejamos defrontados por inúmeras dificuldades, pois se ouvirmos as sugestões da ignorância, de cansaço, da maldade, do desencanto paralisaremos nossas mãos nos cuidados com a lavoura de Bem e perderemos a colheita.

• Fé

Em suas argumentações, Paulo destaca o papel que a fé exerceu na vida de todos os patriarcas, profetas, juízes da história do povo judeu. E o faz, dirigindo-se aos judeus recém-convertidos, exortando-os ao desenvolvimento da fé.

“A fé é a garantia dos bens que se esperam, a prova das realidades que não se veem.” (Hb 11:1).

Somos chamados à sublime herança que nos é destinada. Ignoramos as experiências que nos estão reservadas, mas sabemos que o alvo é a melhoria de nós mesmos. Como superar obstáculos, vencer dificuldades, superar provas ásperas, guardar serenidade diante da dor se não for pela fé?

É a fé que produz esperança, dilata a paciência, oferece sustentação, que alimenta a perseverança. E tudo porque a fé é um saber, um sentir consciente, força que sustenta o coração, para percorrermos o caminho das lutas do dia de hoje à vitória do dia de amanhã.

Não sabemos o futuro, mas a fé dá-nos a certeza de que o futuro propiciar-nos-á colheita farta, se a despeito de todas as dificuldades na plantação do Bem, perseverarmos.

Que realidades podemos visualizar através dos olhos da fé? As realidades espirituais para as quais todos nós marchamos, dia após dia, a convicção na existência do Espírito imortal, a convicção de que há muitas moradas na casa de Pai, a convicção de que o patrimônio espiritual é a nessa conquista legítima.

• Esperança

“A esperança, com efeito, é para nós qual âncora da alma, segura e firme...” (Hb 6: 19).

Paulo arremata a sua exortação, com a seguinte conclusão:

“Portanto, também nós, com tal nuvem de testemunhas ao nosso redor; rejeitando todo fardo e o pecado que nos envolve, corramos com perseverança para o certame que nos é proposto, com os olhos fixos naquele que é o iniciador e consumador da fé, Jesus...” (Hb 12: 1-2).

Na lição 76 de “Pão Nosso”, Emmanuel assevera:

“Em toda parte da Terra, o discípulo respira rodeado de grande nuvem de testemunhas espirituais, que lhe relacionam os passos e anotam as atitudes, porque ninguém alcança a experiência terrestre, a esmo, sem razões solidas com bases no amor e na justiça. Faze, pois, o bem possível aos teus associados de luta, no dia de hoje, e não te esqueças dos que te acompanham, em espírito, cheios de preocupação e amor.”

Concluindo o seu pensamento sobre a nova aliança, Paulo enfatiza que:

“Procurai a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor...” (Hb 12:14)

A verdadeira Adoração a Deus

“Temos um altar...” (Hb 13:10).

Não mais o altar de ouro, de pedra, de bronze, diante do qual ajoelhamos reverentes, mas o altar do coração, em que nos cabe apresentar as nossas oferendas de amor aos semelhantes.

“Não vos esqueçais da beneficência e da comunhão, porque são estes os sacrifícios que agradam a Deus” (Hb 13:16).

Paulo, demonstrando plenamente seu entendimento sobre a revelação do Cristo, não apenas deixou patenteado na carta aos hebreus esses sublimes ensinamentos, mas, toda sua trajetória, após o seu encontro com Jesus é um legado de exemplificação a
Humanidade... exemplificação de trabalho e esperança, abnegação e resignação, persistência e fé.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente: “A esperança, com efeito, é para nós qual âncora da alma, segura e firme”.

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo Ed. FEESP.
- Xavier, Francisco C./Emmanuel - Paulo e Estevão.
- Xavier, Francisco C./Emmanuel - Pão Nosso.


Fonte da imagem: Internet Google.

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