CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 5 de outubro de 2017

19ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Epístolas Paulinas

Epístolas Pastorais

Do conjunto das 14 epístolas escritas por Paulo, três foram chamadas de pastorais a partir do século XVIII, pois tinham como objetivo orientar dois de seus fiéis discípulos, Timóteo e Tito, quanto à organização das igrejas e quanto a necessidade de preservar a pureza do Evangelho de Jesus combatendo os falsos doutores. Timóteo e Tito eram extremamente afinados com o pensamento de Paulo e a eles Paulo dirige se como a filhos muito amados.

A 1ª epístola a Timóteo e a epístola a Tito serão abordadas em conjunto, dado que o conteúdo a forma e o contexto histórico são muito semelhantes. Foram escritas na Macedônia por volta do ano 64 d.C.

1ª EPÍSTOLA A TIMÓTEO E A EPÍSTOLA A TITO

CONTEÚDO

A Luta Contra os Falsos Doutores

“Com efeito, há muitos insubmissos, palavrosos e enganadores, especialmente no partido da circuncisão, aos quais é preciso calar, pois estão pervertendo famílias inteiras, e, com o objetivo de lucro ilícito, ensinam o que não tem direito de ensinar”. (Tito 1:10-11).

“Se eu te recomendei permanecer em Éfeso, quando estava de viagem para a Macedônia, foi para admoestares alguns a não ensinarem outra doutrina, nem se ocuparem com fábulas e genealogias sem fim, as quais favorecem mais as discussões do que o desígnio de Deus, que se realiza na fé.” (1 Tm 1:3-4).

Na categoria de falsos doutores estão todos aqueles que ensinavam doutrinas contrárias aos ensinamentos de Jesus. A interpretação deles acerca do Evangelho era deturpada por crenças arraigadas, eis que eram os judeus convertidos ao Cristianismo que continuavam presos ao formalismo judaico, aos preceitos da lei.

Com efeito, havia tanta dificuldade em compreender que a mensagem de Jesus conclamava o Homem a renovação de suas concepções, crenças e hábitos, que os mesmos se opunham aos ensinamentos de Paulo.

Paulo libertara-se pelo conhecimento da verdade, despojando-se integralmente do Judaísmo legalista, que ele, um dia, esposara. Na sua missão de evangelizador, irá se deparar com muitas lutas para extirpar do Cristianismo os elementos que não lhe pertenciam, para preservar a nascente da fonte, a fim de que suas águas jorrassem cristalinas.

O que fazer quando a erva daninha cresce, senão arrancá-la energicamente para que as sementes valorosas germinem? Em toda parte existem os semeadores de cisão, operando a perturbação e a discórdia. Paulo fora constituído semeador e seus inúmeros colaboradores auxiliavam-no a zelar pela fonte, pela germinação, florescência, frutescência.

É neste sentido que Paulo delega a cada um de seus colaboradores, a função de preservar o Cristianismo nascente das influências dos que se achavam enclausurados na estreiteza de suas visões. Seus colaboradores trabalhavam lado a lado com ele, eram por ele orientados, acompanhavam seus inúmeros sofrimentos. Que permanecessem empenhados na mesma luta!

É neste sentido que hoje todos nós, sob as bênçãos da Doutrina Espírita, recebemos as mesmas exortações dos Bons Espíritos para prosseguirmos na revivência da Doutrina Crista em sua essência, despojado de todos os dogmas, falsas interpretações, rituais exteriores que desfiguraram o Cristianismo ao longo do tempo.

Vejamos as recomendações de Paulo:

“Rejeita, porém, as fábulas ímpias, coisas de pessoas caducas. Exercita-te na piedade.” (1 Tm 4:7).

“Evita controvérsias insensatas, genealogias, dissensões e debates sobre a Lei, porque para nada adiantam, e são fúteis.” (Tito 3:9).

A DOUTRINA DO AMOR E DA COMPAIXÃO

E destacando que a Doutrina de Jesus é a doutrina da compaixão, do amor, da fé, assinala:

“Quanta a ti, sê para os fiéis modelo na palavra, na conduta, na caridade, na fé, na pureza. Desvela-te por estas coisas, nelas persevera, a fim de que a todos seja manifesto o teu progresso. Vigia a ti mesmo e a doutrina. Persevera nestas disposições porque, assim fazendo, salvarás a ti mesmo e aos teus ouvintes.“ (1 Tm 4:12, 15-16).

Estas recomendações são fundamentais para os cristãos, pois todos somos instrumentos de evangelização pela influência que exercemos uns sobre os outros. O cristão é chamado a viver em conformidade com as lições do Mestre. E a excelência do Evangelho é divulgada pelos atos valorosos dos verdadeiros cristãos.

O apelo de Paulo é dirigido a Timóteo, a Tito, a cada um de nós.

Como assinala Emmanuel em “vinha de Luz”, lição 14: “Geralmente, o primeiro impulso dos que ingressam na fé constitui a preocupação de transformar compulsoriamente os outros”.

Nestas disposições, por vezes, a criatura tenta convencer o outro através de acaloradas discussões, condenando ideias alheias, criticando, sem respeitar o caminho de cada um.

Porém, o discípulo que se limita a teoria, exportando conceitos edificantes, descansando as margens do caminho, sem trabalho ativo no Bem, nem cuidara de si mesmo nem estará apto a edificar a fé nos corações alheios.

Recomendações Sobre a Mediunidade

“Não descuides do dom da graça que há em ti, que te foi conferido mediante profecia, junto com a imposição das mãos do presbítero.” (1 Tm 4:14).

No Cristianismo primitivo, a imposição de mãos, realizada pelos apóstolos e colaboradores, assinalava a adesão à fé em Jesus e favorecia o desabrochar das faculdades mediúnicas.

O dom da graça significa mediunidade. A recomendação de Paulo no tocante “a não descuidar” demonstra a necessidade de exercitar a mediunidade, pois toda faculdade da alma requer esforço e dedicação para se aprimorar e produzir bons frutos.

Assevera Emmanuel em “vinha de Luz”, lição 127: “O problema da mediunidade, principalmente, é dos mais ventilados, esquecendo-se, não raro, o impositivo essencial do serviço. É indispensável aplicar nobremente as bênçãos já recebidas, afim de que possamos solicitar concessões novas”.
“Não é razoável, porém, conferir instrumentos novos a mãos ociosas, que entregam enxadas À ferrugem”.
“Recorda, pois, meu amigo, que podes ser o instrumento do Mestre, em qualquer parte”.

Orientações para Organizar as Igrejas

Paulo instrui Timóteo e Tito quanto a organização das comunidades cristãs, para que cada membro desempenhasse a sua função de forma responsável e digna, e para que houvesse harmonia entre todos.

Nestas epístolas, embora Paulo tenha pedido que eles se estruturassem por funções religiosas, na organização das comunidades, a ênfase dada pelo apóstolo dos gentios era “na função” e não “na posição” que o cristão ocupava na comunidade.

Com o enfoque nas funções, Paulo assinalava as qualidades de que eles deveriam ser portadores: ser irrepreensível, fiel à esposa, sóbrio, cheio de bom senso, simples no vestir, hospitaleiro, competente no ensino, indulgente, pacífico, que soubessem governar bem as próprias Casas. (1 Tm 3:1-13; 5:17-25 e Tt 1:5-9).

Eram todos chamados a viver de acordo com a ética cristã.

Do conjunto de recomendações, queremos destacar:

“Pois se alguém não sabe governar bem a própria casa, como cuidará da Igreja de Deus?” (1 Tm 3:5).

É um apelo a viver em família como um cristão.

A família é escola de aprimoramento das almas. É campo abençoado em que a Misericórdia Divina reúne, no tempo e no espaço, corações entrelaçados por sentimentos de amor, ou por sentimentos de aversão, para a necessária transformação.

Se em nosso lar, onde se encontram os nossos grandes compromissos do coração, nós nos convertemos em espinheiros de irritação, de intolerância, de prepotência; se escasseiam os gestos de gentileza ou colaboração; se negligenciamos as necessidades afetivas daqueles que convivem conosco, como poderemos exemplificar na Seara do serviço cristão?

Cooperação e carinho em favor dos familiares representam realização essencial pelas possibilidades de trabalho iluminativo.

Há no entendimento de Paulo um estreito paralelo entre a família e a comunidade cristã. Ele utilizou muitas vezes a imagem da família como metáfora para designar os vínculos nas comunidades cristãs, onde o título de irmãos, face a paternidade de Deus, conclama a convivência pautada pelo respeito, amor, compaixão, compreensão.

Não só ele se dirige a Tito e a Timóteo como um pai, como recomenda a Timóteo, em sua 1ª epístola, que se houvesse necessidade de censurar alguém na comunidade, que ele o fizesse como a um membro da família: censurar um ancião como a um pai; aos jovens como a irmãos; as senhoras como a mães... (1 Tm 5:1-2).

Paulo recomenda honrar as viúvas, auxiliar as que não tinham família que pudesse auxiliá-las e que fossem dignas e verdadeiramente necessitadas.

Aborda a necessidade dos servos cumprirem seus deveres para com os seus senhores e incentiva os ricos a partilhar, para que se enriqueçam com boas obras.

Finaliza recapitulando suas principais recomendações:

“Timóteo, guarda o depósito, evita o palavreado vão e ímpio, e as contradições de uma falsa ciência, pois alguns, professando-a, se desviaram da fé.“(1 Tm 6:20-21).

“Todos os da nossa gente precisam aprender a praticar o que é bom, de sorte que se tornem aptos a atender às necessidades urgentes e, assim, não fiquem infrutíferos.” (Tito 3:9).

2ª. EPÍSTOLA A TIMÓTEO

Noticias da Espiritualidade

No livro “Paulo e Estevão”, capitulo X, 2ª parte, Emmanuel traz-nos informações sobre o momento histórico em que Paulo escreveu a 2ª epístola a Timóteo.

A carta foi escrita de Roma, pouco antes do seu martírio. Paulo encontrava-se preso novamente. Fora preso nas catacumbas com outros cristãos, após o incêndio de Roma, em 64 d.C. Através de Acácio Domício, Paulo consegue comparecer perante Nero para fazer sua defesa pessoal. Nero sentiu-se fortemente impressionado pelo discurso que Paulo fizera em favor dos cristãos, considerando-o extremamente perigoso.

Assim, embora lhe concedesse liberdade, deliberou, secretamente, que Paulo fosse morto. Ao sair da prisão, instalou-se no lar de Lino e Claudia. Paulo valeu-se da colaboração de Lucas para as cartas.

A 2ª epístola a Timóteo foi a última carta que escreveu. Estava tomado de emoções contraditórias, porque ao mesmo tempo em que sentia o término de sua missão na Terra, ele procurava combater estes presságios, pensando na continuação de seus esforços na evangelização.

CONTEÚDO

Nesta 2ª epístola, o teor das recomendações é o mesmo da 1ª epístola. O que difere é o forte colorido emocional que transparece em cada recomendação. Paulo sente que se aproxima o momento de sua morte: “Quanta a mim, já fui oferecido em libação, e chegou o tempo de minha partida.” (2 Tm 4:6).

Paulo estava prestes a partir. No entanto, a continuidade da missão a que ele se dedicara integralmente, a difusão do Evangelho de Jesus, prosseguiria através daqueles que com ele colaboraram.

Que mensagens derradeiras desejava ele confiar ao seu amado filho espiritual? O que um pai desejaria transmitir de mais caro ao seu filho?

A dedicação a Jesus, a perseverança, a fé, a resignação nos sofrimentos, a esperança. Paulo partiria. Timóteo permaneceria. Que permanecesse integro na fé e na caridade!

Em cada linha, uma orientação afetuosa, uma reminiscência de suas lutas, como se ele estivesse fazendo o inventario de sua vida e, ao mesmo tempo, deixando, em seus exemplos e exortações, um legado a Timóteo.

“O que de mim ouviste na presença de muitas testemunhas, confia-o a homens fiéis, que sejam idôneos para ensiná-lo a outros. Procura apresentar-te a Deus como um homem provado, trabalhador que não tem de que se envergonhar, que dispensa com retidão a palavra da verdade.” (2 Tm 2:2 e 15).

Lendo esta Carta, que tem a tônica da despedida do grande apóstolo, pensamos: “Que exame de consciência efetuou o apóstolo, compreendendo um vasto período de tempo desde o dia em que Jesus o chamara na estrada de Damasco! Quantas lutas, quantas alegrias, quantos afetos, quantos perigos, quantos testemunhos no desdobramento de sua missão!”

Que lembranças, que imagens deveriam estar sendo evocadas, para que vitoriosamente ele pudesse dizer a Timóteo: “Combati o bom combate, terminei a minha carreira, guardei a fé!” (Tm 4:7).

Efetivamente, algumas semanas após a carta a Timóteo, Paulo sofre o martírio. Parte, vitorioso ao encontro de Jesus. O apóstolo soubera transpor o abismo que o separava do Cristo.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comentar: “Todos os de nossa gente precisam aprender a praticar o que é bom e, assim, não fiquem infrutíferos”.


Fonte da imagem: Internet Google.

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