CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 26 de outubro de 2017

21ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Epístola De Tiago

INTRODUÇÃO

A Epístola de Tiago é uma das que mais geram debates, entre os estudiosos, para definição de seu autor.

Conforme consta da Bíblia de Jerusalém, na introdução as Epístolas, o autor não se apresenta como sendo Tiago, filho de Zebedeu, apóstolo de Jesus, que Herodes mandou matar no ano 44, nem como o outro apóstolo do mesmo nome, Tiago, filho de Alfeu. Quando as igrejas aceitaram a canonicidade desta epístola, identificaram seu autor como Tiago, irmão de Jesus, que foi martirizado, por mão dos judeus, por volta do ano 62. Muito ainda se discute, especialmente por ter sido escrita diretamente em grego, com elegância e riqueza de vocabulário, diferentemente do que se esperaria de um galileu da época.

Abandonando essas polêmicas e fixando-nos no texto da Epístola, encontramos um conteúdo riquíssimo, um tanto diferente das demais epístolas, por se assemelhar aos escritos sapienciais, ou seja, de sabedoria, que são como que coletâneas de provérbios e exortações morais. Sua essência é um convite à verdadeira devoção a Deus, que é através das obras.

EPÍSTOLA DE TIAGO

Tiago inicia apresentando-se como “servo de Deus e do Senhor Jesus Cristo” e se dirige às “Doze Tribos da Dispersão”, referindo-se aos cristãos de origem judaica e dispersos pelo mundo. Analisemos, então, alguns dos ensinamentos e exortações trazidas por Tiago:

• A paciência diante das provações.

“Bem-aventurado o homem que suporta com paciência a Provação! Porque, uma vez provado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam.” (Tg 1:12).

Em nosso mundo, as aflições são comuns a todos: ricos e pobres, senhores ou empregados, jovens ou idosos. Vivemos num mundo de provas e expiações. Ninguém pode escapar a essa circunstância.

A época em que foi escrita esta epístola de Tiago é marcada como uma das mais violentas para os cristãos. As perseguições eram intermináveis, eles estavam acuados, em várias partes do império, seus encontros tinham que ser escondidos. Em Roma, eles se reuniam nas catacumbas, para fugir das autoridades. Muitos foram capturados, torturados e martirizados. Grande era o momento de provação.

Nesse cenário, muitos foram os que suportaram resignadamente cada provação. E eram felizes por ter a oportunidade de testemunharem sua fé. Esses primeiros cristãos deixaram-nos os mais belos exemplos de renúncia e abnegação.

Por isso, Tiago conclama todos a também suportarem seus fardos até o final. Lembremos que o Pai nunca coloca um fardo maior do que o filho pode suportar.

A nós espíritas, há quem muito mais foi explicado, fica o apelo de procedermos da mesma forma. Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no Cap. V, item 18, temos:

“Bem-aventurados os que têm a oportunidade de provar a sua fé, a sua firmeza, a sua perseverança e a sua submissão a vontade de Deus, porque eles terão centuplicadas as alegrias que lhes faltam na Terra, e após o trabalho vira o repouso.”

• A afabilidade.

“Isto podeis saber com certeza, meus amados irmãos. Que cada um esteja pronto para ouvir, mas lento para falar e lento para encolerizar-se; pois a cólera do homem não é capaz de cumprir a justiça de Deus”. (Tg 1:19-20).

Os seres humanos, em geral, tendem a valorizar mais a própria opinião do que a dos outros. Isso faz com que muitos ensinamentos sejam ignorados, pois o desejo maior é de falar, em vez de ouvir. Mas, ressaltemos, para se aprender é preciso saber ouvir.

A sociedade judaica, por exemplo, aquela época, apresentava-se fragmentada por vários grupos, cada um querendo ser dono da verdade. Além das fronteiras de Israel, também havia diversas cisões entre os povos.

Por isso, nesta Carta, Tiago exorta ao cultivo do respeito, do entendimento, da afabilidade. Preceitos estes indissociáveis da Doutrina Cristã.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. IX, item 6, encontramos esta síntese:

“A benevolência para com os semelhantes, fruto do amor ao próximo, produz a afabilidade e a doçura, que são a sua manifestação.”

• A religiosidade.

“Com efeito, a religião pura e sem mácula diante de Deus, nosso Pai, consiste nisto: visitar os órfãos e as viúvas em suas tribulações e guardar-se livre da corrupção do mundo.” (Tg 1:27).

Nesta assertiva de Tiago, encontramos uma das mais belas sínteses do que significa religiosidade.

Especialmente aquela época, devemos lembrar, nas religiões em geral predominava o culto exterior. Por ser mais fácil que a renovação interior, as multidões procuravam louvar a Deus apenas através dos rituais, dos sacrifícios, e acreditavam assim ter “cumprido seu dever” diante de Deus.

O esforço em abolir essas crenças deveria ser muito grande. Jesus, a propósito, empenhou-se em demonstrar que o verdadeiro culto a Deus é através dos sentimentos do coração. Por isso, o Mestre, especialmente, acolhia os excluídos, os abandonados, os desvalidos...

Tiago, dessa forma, recorda esse ensinamento de Jesus, para que as pessoas exercessem a verdadeira religiosidade.

• A fé sem obras é morta.

“Meus irmãos, se alguém disser que tem fé, mas não tem obras, que lhe aproveitará isso? Acaso a fé poderá salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã não tiverem o que vestir e lhes faltar o necessário para a subsistência de cada dia, e alguém dentre vós lhe disser: ‘Ide em paz, aquecei-vos e saciai-vos ’, e não lhes der o necessário para a sua manutenção, que proveito haverá nisso? Assim também a fé, se não tiver obras, está completamente morta.” (Tg 2:14-17).

A grande maioria dos Homens tende ao ceticismo. As mais sublimes verdades são, diversas vezes, desprezadas por falta de fé. Muitos querem um sinal.

Tantos outros acreditam nas verdades eternas, acreditam nas palavras de Jesus, mas isso é tudo. Acreditam que seja verdadeira, mas não se movem para transformá-la em realização. É que não possuem a verdadeira fé.

Que proveito pode haver? - indaga Tiago.

Nenhum - podemos dizer - pois é uma fé morta!

Tiago, em sua epístola, conclama a todos a cultivarem a fé viva.

Essa fé manifesta-se através das obras.

A verdadeira fé é o combustível que alimenta o Espírito e o torna capaz de grandes realizações. O cristão, quando é movido por essa chama, sairá de si mesmo e sentirá a dor do outro como se fosse sua própria dor; cada necessitado que encontrar pelo caminho, ele reconhecerá como um irmão, auxiliando, amparando, fornecendo abrigo, alimento e consolo.

O convite está feito: fortaleçamos nossa fé!

• A prudência com a palavra.

“Notai que também os navios, por maiores que sejam, e impelidos por ventos impetuosos, são, entretanto, conduzidos por um pequeno leme para onde quer que a vontade do timoneiro os dirija. Assim também a língua, embora seja pequeno membro do corpo, se jacta de grandes feitos! Notai como pequeno fogo incendeia floresta imensa. Ora, também a língua é fogo.” (Tg 3:4-6).

Um dos vícios humanos mais reprováveis é a maledicência, eis que desencadeia uma infinidade de intrigas, desavenças, desacertos e cisões.

Esse é um dos males que, aparentemente, pouco mudou desde o tempo em que foi redigida esta epístola. Naquele período, os grupos criticavam-se violentamente, trocavam severas acusações pessoalmente, outras vezes, ocultamente, diziam inúmeras maledicências; ainda hoje vemos que persiste, em nossa sociedade, esse hábito pernicioso.

A análise desta carta leva-nos a ponderação:

Quantos males poderiam ser evitados se fossemos prudentes com as palavras? Quantas famílias não foram destruídas por palavras maldosas? Quantas amizades não foram desfeitas por línguas ferinas?

Concluímos, dessa forma, que a prudência com a palavra é um dever de todo cristão, eis que sempre buscará a conciliação, a união, a fraternidade. O cristão acrescente-se, fará aos outros aquilo que quer para si.

• Não julgar.

“Não faleis mal uns dos outros, irmãos. Aquele que fala mal de um irmão ou julga seu irmão, fala mal da Lei e julga a Lei. Ora, se julgas a Lei, já não praticas a Lei, mas te fazes juiz da Lei.” (Tg 4:11).

A “Lei” a que se refere Tiago é a Lei Divina. Não praticar a “Lei” é, portanto, não observar a Lei do Amor.

Este é um ponto capital, e Tiago, especialmente aquela época, em que os judeus acusavam-se constantemente, define-o, de forma grave, pois o ato de julgar já havia sido definido por Jesus como um ato contrário a Lei Divina.

Um cristão que, porventura cometesse o ato de julgar o seu próximo, seja por um mau exemplo da doutrina que abraçou, seria, pois, como se estivesse “falando mal da Lei”.

O Espiritismo aclara ainda mais este ponto, pois reaviva o sentimento de indulgência, ou seja, de tolerância, de compreensão, de compaixão, em uma palavra: o perdão.

• A oração.

“Sofre alguém dentre vós um contratempo? Recorra à oração.” (Tg 5:13).

“A oração fervorosa do justo tem grande poder.” (Tg 5:16).

Uma circunstância muito comum aos Homens, em todos os tempos, é a fragilidade da fé. Mesmo aqueles que possuem uma religião, e que oram regularmente, quando são atingidos pela tribulação, esquecem-se do poderoso recurso da oração.

Jesus, em todos os momentos, e principalmente naqueles mais difíceis, ligou-se ao Pai e orou fervorosamente.

A oração quando é sentida, e quando aquele que ora é movido pelos melhores sentimentos, tem um infinito poder, por isso disse Tiago: “A oração fervorosa do justo tem grande poder”.

E qual de nós que não têm “contratempos” como indagou Tiago? Todas as agruras da vida, todos os espinhos do caminho, são reais, e estão presentes na existência de todos nós. No entanto, nós podemos ficar abatidos, fragilizados, desesperados...,  ou, se tivermos fé, e recorrermos a oração nos instantes mais difíceis, veremos esses momentos serem suavizados, pois seremos fortalecidos, seremos encorajados. Como Um Orvalho Divino, seremos banhados pelo bálsamo que alivia nossas dores.

Em “O Livro dos Espíritos”, na resposta à questão 660, encontramos:

“... aquele que faz preces com fervor e confiança se torna mais forte contra as tentações do mal, e Deus lhe envia bons Espíritos para o assistir.”

Busquemos a prece em todos os nossos dias!

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente “A fé sem obras é morta”.

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém
- Kardec, Allan – O Livro dos Espíritos - Ed FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed FEESP.
- Corbin, Alain (Organizador -Autores Diversos) - História do Cristianismo.
- Carrez M./Dornier P./Dumais M./ Trimaille M. - As Cartas de Paulo, Tiago Pedro e Judas.
- Atlas Bíblico Interdisciplinar - Escritura - História - Geografia - Arqueologia - Teologia - Ed. Paulus.


Fonte da imagem: Internet Google.

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