CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 24 de outubro de 2017

21ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Epístolas Universais

Epístolas De João

Dentre as sete Epístolas Universais, três são atribuídas ao apóstolo João, que além do quarto Evangelho também seria autor do livro do Apocalipse.

Sobre a autoria dos livros do Novo Testamento, como expusemos em aula anterior, lembramos que muitos sãos os debates dos estudiosos para chegar a uma definição.

Em relação às Epístolas de João, é consenso que, de maneira geral, as três cartas são semelhantes, eis que possuem a mesma linguagem; logo, seriam do mesmo autor.

Outro ponto interessante é que a ordem de surgimento das cartas de João talvez seja inversa à ordenação apresentada. Observação esta que, a propósito, consta das anotações do quadro cronológico da Bíblia de Jerusalém.

Outra característica marcante destas epístolas é a reafirmação da natureza carnal do corpo do Cristo. Isto se justifica porque, desde o primeiro século houve movimentos que negavam a real encarnação de Jesus.

Afirmavam que o corpo do Cristo seria uma mera aparência com que o “Filho do Homem” apresentava-se na Terra. Essa Corrente de pensamento que se infiltrou dentro das comunidades, foi denominada Docetismo. Por isso encontramos as fortes exortações como: “... todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio na carne é de Deus; e todo espírito que não confessa Jesus não é de Deus”.

Passemos as epístolas:

1ª EPÍSTOLA DE JOÃO

Esta primeira carta é marcada pelas exortações, especialmente para a atenção e o cuidado com as diversas infiltrações que podiam minar o edifício do Cristianismo, especialmente aquelas que negavam a humanidade de Jesus.

Por isso, logo ao início, João se apresenta como o apóstolo e testemunha viva do Jesus histórico, ao dizer: “... o que ouvimos; o que vimos com nossos olhos, o que contemplamos, e o que nossas mãos apalparam...” (Jo 1:1).

E prossegue conclamando ao caminho de retidão, a comunhão com Deus, ao fortalecimento da fé e do amor. É relevante notar o carinho com que se dirigia às comunidades: “Amados” ou “Meus filhinhos”.

Busquemos alguns trechos de sua primeira carta:

• Caminhar na Luz

“... Deus é Luz e nele não há treva alguma. Se dissermos que estamos em comunhão com ele e andamos nas trevas, mentimos e não praticamos a verdade.” (I Jo 1:5-6).

Nesta afirmação de João: “Deus é Luz” temos o emprego simbólico da palavra luz. O significado figurado da palavra luz é de iluminação da consciência, de sabedoria, de verdade, de vida...

Quanto à definição exata dos atributos de Deus é algo que está além de nossa capacidade de compreensão, conforme resposta dos Espíritos Superiores a questão 13 de “O Livro dos Espíritos”, quando Kardec enumerou todos os atributos de Deus que nós somos capazes de conceber, como: Eterno, Infinito, Imutável, Imaterial, Único, Todo-Poderoso, Soberanamente Justo e Bom, obteve a seguinte resposta:

“... mas ficais sabendo que há coisas acima da inteligência do homem mais inteligente, e para as quais a vossa linguagem, limitada as vossas ideias e as vossas sensações, não dispõe de expressões...”

Exatamente por isso, quando nos expressamos sobre os atributos de Deus, usamos figuras. João, neste trecho, chamou-O de Luz, justamente querendo dizer a Luz que brilha por todo o Universo, o Criador da vida e Regente Soberano.

Por outro lado, as Trevas também têm seu valor figurado, e significa ignorância, iniquidade, o egoísmo, o orgulho, e todas as demais más paixões humanas.

Então afirma João que: “Se dissermos que estamos em comunhão com ele e andamos nas trevas, mentimos...” (Jo 1:6).

Sim. Para alcançarmos a luz do conhecimento, da sabedoria, do amor, que combate toda obscuridade, temos que vivenciar os ensinos de Jesus, que também disse:

“Eu sou a Luz do Mundo. Quem me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida".

• Observar os Mandamentos, especialmente o da caridade.

“Porque esta é a mensagem que ouvistes desde o início que nos amemos uns aos outros...” (I Jo 3:11).

“Filhinhos, não amemos com palavras nem com a língua, mas com ações e em verdade. Nisto saberemos que somos da verdade.” (I Jo 3:18-19).

Dentre os ensinamentos de Jesus, ressalta-se o amor ao próximo, eis que o maior mandamento é: “Amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a si mesmo”.

João lembra aqui o principal ensinamento do Mestre, pois todas as grandes virtudes decorrem da caridade. O convite é premente, pois fácil é conhecer a Boa Nova e reconhecer seu valor inestimável, mas, poucos são os que a põe em prática. Essa é uma verdade que se aplica em todos os tempos. Na expansão do Cristianismo, grande foi o esforço dos apóstolos, por carta ou pessoalmente, para infundir o sentimento verdadeiro que resulta em caridade real.

• Os falsos profetas da erraticidade

“Amados, não acrediteis em qualquer espírito, mas examinai os espíritos para ver se são de Deus, pois falsos profetas vieram ao mundo.” (I Jo 4:1).

Os Espíritos manifestaram-se em todas as épocas da Humanidade. Analisando a Bíblia, encontraremos, tanto no velho como no Novo Testamento, as mais diversas manifestações entre os dois Planos.

Nesse intercambio, encontramos, então, relatos bíblicos que descrevem os Espíritos enviados por Deus para auxiliarem os Homens, mas, também, encontramos várias passagens em que são narrados graves processos obsessivos que oprimiam a muitos.

Jesus, durante a sua missão, expulsou muitos Espíritos inferiores, e, principalmente, convocou seus discípulos a fazerem o mesmo: “Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, purificar os leprosos, expulsai os demônios...”.

Vemos, pois, que os discípulos tinham pleno conhecimento da natureza diversa dos Espíritos.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XXI, item 10, encontramos:

“Os falsos profetas não existem apenas entre os encarnados, mas também, e muito mais numerosos, entre os Espíritos orgulhosos que, fingindo amor e caridade, semeiam a desunião e retardam o trabalho de emancipação da Humanidade, impingindo-lhe os seus sistemas absurdos, através dos médiuns que os servem.”

Os Espíritos mistificadores, que tinham o objetivo de enganar e confundir, pululavam em abundancia a época de Jesus. Eram incontáveis os números dos obsidiados, e os Espíritos que, inutilmente, tentaram impedir o avanço do Cristianismo, pois todos eles fugiam espavoridos diante da presença insuperável de Jesus.

Essa presença dos maus Espíritos é uma circunstância constante de nossa vida. Segundo nossas ações, e pela lei de afinidade podemos atrair os bons ou maus Espíritos.

A mensagem de João, em sua epístola, é bastante atual. Precisamos estar vigilantes!

• A fonte da caridade

“Não há temor no amor: ao contrário: o perfeito amor lança fora o temor porque o temor implica castigo, e o que teme não chegou à perfeição do amor." (I Jo 4:18).

Em princípio, praticamente todos nós temos algum temor, algum medo. Em nossa sociedade, são muitas as situações que podem, por ventura, gerar alguma apreensão.

É um impulso natural, um instinto, a auto conservação. No entanto, quanto mais evoluímos mais vamos nos tornando capazes de superar os temores, e sendo capazes de fazer pequenos sacrifícios pelo próximo. Este é, a propósito, um dos mais belos convites de Jesus, quando estava ensinando aos discípulos e diz que “não veio para ser servido, mas para servir”, propondo que eles fizessem o mesmo.

Os discípulos aprenderam a lição e se tornaram, por sua vez, grandes servidores. Arriscaram a própria vida, sujeitaram-se a muitos perigos e suportaram todas as agressões, com coragem! Esses atos aproximam-se do perfeito amor!

Quando o desejo de crescer é verdadeiro, quando há sinceridade nas ações, quando nos comprometemos com os princípios cristãos, desenvolvemos uma fé que nos fortalece, que nos dá uma coragem que nem imaginávamos, que nos deixa com o coração intrépido para fazer o Bem. Nesse momento, o amor venceu o medo.

2ª EPÍSTOLA DE JOÃO

Esta carta, assim como a terceira, é pequena. João se autodenomina “O Ancião”, e convida à vigilância e cuidado com os adversários da Doutrina Crista. Vejamos:

• Vigilância.

“Acautelai-vos, para não perderdes o fruto de nossos trabalhos, mas, ao contrário, receber plena recompensa.” (II Jo 8).

A mensagem de Jesus emociona a muitos. Suas palavras de consolo, de esperança, demonstrando as recompensas futuras que cabe aqueles que seguirem seus ensinamentos, despertam o ânimo dos Homens.

No entanto, esse entusiasmo inicial, muitas vezes, esfria. É que para verdadeiramente seguir o Evangelho há que existir esforço e renúncia. Quantos são os que estão dispostos a isso?

Dentre aqueles que tinham iniciado o trabalho, aquelas tarefas dignificantes em favor do semelhante, dentre esses, muitos desistem no meio do caminho por invigilância, e se deixam levar pela vaidade, pelo auto fascínio, pelo desejo de recompensas rápidas... Esses acabam perdendo o fruto do trabalho: a alegria de servir, a recompensa segundo suas obras!

Sejamos vigilantes e perseveremos até o fim.

• Fidelidade.

“Todo o que avança e não permanece na doutrina de Cristo não possui a Deus.” (II Jo 9).

Neste ponto João conclama a fidelidade. Lembremos que, especialmente naquela época, muitos eram os cultos e as religiões que se espalhavam pelo Império Romano, e que cultuavam as facilidades da vida, a idolatria, etc...

As Comunidades Cristãs sofriam muitas investidas desses outros grupos. Muitos se infiltravam no movimento cristão para, propositadamente, corrompê-lo.

Era necessário, então, que se mantivessem alertas. Era preciso permanecer na doutrina do Cristo; lutar pela sua integridade, da forma que Jesus a havia deixado.

A mesma atenção cabe-nos plenamente ainda hoje. Quantos não são os que ainda tentam corromper os ensinamentos do Cristo? Quantos não tentam distorcer os ensinamentos da Doutrina Espírita?

Precisamos buscar essa fidelidade a Jesus, para que permaneçamos com Deus.

3ª EPÍSTOLA DE JOÃO

E, por fim, nesta última carta de João, vemos que “O Ancião” possui autoridade moral para se pronunciar sobre a atitude de indivíduos da comunidade, reprovando ou elogiando. Faz também um chamamento à união e a fraternidade.

• União da Comunidade.

“Não há alegria maior para mim do que saber que meus filhos vivem na verdade.” (III Jo 4)

As Comunidades Cristãs, pelo trabalho valoroso dos apóstolos e outros seguidores fiéis do Cristo, cada vez mais se fortaleciam. Era o resultado de muita dedicação, de muito esforço, de muito empenho que, então, mostrava seus frutos.

João, contemplando esse crescimento, declara-se feliz por ver a chama de fraternidade reinante entre “seus filhos”, ou seja, todos aqueles que abraçaram a causa cristã e a ela se devotaram, vivenciando a Lei do Amor.

Nós, quando vemos hoje como o Cristianismo expandiu-se pelo mundo, também não ficamos felizes? Podemos, pois, compreender as emoções vividas pelo grande apóstolo. Ficamos ainda exultantes em ver o Espiritismo resgatar a essência do Cristianismo como o Mestre deixou-nos.

• Amor aos estrangeiros.

“Caríssimo, procedes fielmente agindo assim com teus irmãos, ainda que estrangeiros. Devemos, pois, acolher esses homens, para que sejamos cooperadores da verdade.” (Jo 3:5 e 8).

Na época que por ora analisamos, os conflitos entre povos e culturas diversas eram muito intensos. Existia, em muitos casos, verdadeira aversão a estrangeiros. O povo judeu, lembremos, era um exemplo de um grupo relativamente fechado e que, muitas vezes, valorizava apenas seus próprios costumes.

Inúmeros foram os judeus convertidos ao Cristianismo, mas, em muitos deles, persistia certa repulsa por outros grupos. Tal conduta era, absolutamente, oposta aos preceitos cristãos.

Por isso, nesta epístola, João convoca a todos os integrantes dos núcleos cristãos a exercerem o Amor maior, sem restrições; convocava-os a aceitar todos os estrangeiros até mesmo para que isso servisse de testemunho da mensagem do Cristo.

Os tempos mudaram, mas, ainda hoje, existe muita aversão entre grupos de culturas, religiões, ou países diferentes.

A Humanidade precisa avançar e superar essas rejeições resultantes do desamor. Sejamos nós os primeiros a exemplificar essa lição.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente o ensinamento de João que mais lhe chamou a atenção.


Fonte da imagem: Internet Google.

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