CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 19 de outubro de 2017

20ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Epístolas Universais

Epístolas De Pedro

Dentre as Epístolas Universais, duas são atribuídas a Pedro. Conforme consta da Bíblia de Jerusalém, na introdução a essas epístolas, a primeira carta foi aceita sem contestação, desde os primórdios da igreja, a segunda, só receberia aceitação a partir do século III. Sobre a questão da autoria das cartas, e especialmente em relação à segunda, extraímos este trecho:

“... Mas se um discípulo posterior se valeu da autoridade de Pedro, pode ser que tivesse algum direito de o fazer, talvez porque pertencesse aos círculos que dependiam do apóstolo, ou então porque utilizasse escrito proveniente dele e o adaptasse e completasse. Isso não equivale necessariamente a cometer falsificação, pois os antigos tinham ideias diferentes das nossas sobre a propriedade literária e a ilegitimidade da pseudônima.”

Este extrato reafirma o que já havíamos exposto anteriormente sobre esse ponto. Sigamos para as cartas.

1ª EPÍSTOLA DE PEDRO

O autor desta primeira epístola afirma escrever da “Babilônia”, no entanto - dizem os estudiosos - provavelmente referindo-se a Roma; talvez por analogia a semelhante decadência moral da capital do império.

É dirigida, nominalmente, aos “estrangeiros da Dispersão”, indicando os nomes de cinco províncias. Esses “estrangeiros dispersos” são compostos pelos judeus que aceitaram o Cristianismo, e se espalharam por vários polos do mundo romano, formando inúmeras comunidades cristãs; mas, também, compostos por todos aqueles convertidos do paganismo ao Cristianismo.

Aqueles que viviam em “terras estrangeiras”, muitas vezes, eram vítimas de preconceitos e perseguições. Isso se aplica ainda muito mais aos cristãos que, convictos da mensagem sublime de Jesus, rejeitavam todos os costumes pagãos, seus deuses, seus ídolos, seus cultos politeístas...

O objetivo principal desta primeira epístola é fortalecer a fé daqueles cristãos que passavam por inúmeras tribulações, que eram injuriados, que eram excluídos e viviam a margem da sociedade em que se encontravam.

É um apelo à resignação, a aceitação das aflições do mundo. É uma conclamação a vida fraternal entre a comunidade, a suportar as hostilidades através da união entre os cristãos. Tem por isso, uma tonalidade de ânimo, de alegria, de esperança.

Lancemos nossa visão sobre alguns dos tópicos essenciais:

•Amor e fidelidade para com o Cristo

“Nisso deveis alegrar-vos, ainda que agora, por algum tempo, sejais contristados por diversas provações, a fim de que a autenticidade comprovada da vossa fé, mais preciosa do que o outro que perece cuja genuinidade é provada pelo fogo, alcance louvor, glória, e honra por ocasião da Revelação de Jesus Cristo”. (I Pd 1:6-7).

A mensagem do Cristo é única, incomparável.

Enquanto muitas outras correntes doutrinárias pregam a satisfação pessoal, Jesus ensinou-nos a renunciar; enquanto muitas outras filosofias, escolas de pensamento, seitas pregam o benefício particular, a glória do mundo, Jesus ensinou-nos a suportar, pacificamente, as aflições do mundo para, assim, alcançarmos o “Reino de Deus”.

Muitos, por isso, não conseguem compreender essa especial felicidade de passar por “provações”.

Temos, neste trecho, um canto de louvor ao Cristianismo. “Bem-aventurados os aflitos ” - disse o Mestre.

• A regeneração pela palavra

“Pela obediência à verdade purificastes as vossas almas para praticardes um amor fraternal sem hipocrisia. Amai-vos uns aos outros ardorosamente e com coração puro. Fostes regenerados, não de uma semente corruptível, mas incorruptível, mediante a Palavra viva de Deus, a qual permanece para sempre. Com efeito, toda a carne é como a erva e toda a sua glória como a flor da erva. Secou a erva e sua flor caiu; mas a Palavra do Senhor permanece para sempre. Ora, é esta a Palavra cuja Boa Nova vos foi levada”. (I Pd 1:22-25).

As palavras de Jesus, que representam a Lei Divina, permanecerão para sempre.

Cidade, povos, culturas passarão, mas as palavras de infinita sabedoria do Cristo são indeléveis, ecoarão pela eternidade. Felizes os que a ouvem e se regeneram.

• Deveres dos cristãos entre os gentios

“Amados, exorto-vos, como a estrangeiros e viajantes neste mundo, a que vos abstenhais dos desejos carnais que promovem guerra contra a alma. Seja bom o vosso comportamento entre os gentios, para que, mesmo que falem mal de vós, como se fosseis malfeitores, vendo as vossas boas obras glorifiquem a Deus, no dia de sua visita”. (I Pd 2:11-12).

A principal marca de Jesus é a sua exemplificação.

É muito fácil, a todos nós, falar. É muito fácil cantar hinos e louvores a Deus. É muito fácil ler as Escrituras e enunciar incontáveis adjetivos a sua harmonia Providencial.

Mas, todos esses atos quase não valerão se não forem sinceros.

O convite de Pedro as comunidades era para demonstrarem, aos gentios, o amor cristão. Esse convite é plenamente atual também a todos nós: amar mais!

• Para com as autoridades

“Sujeitai-vos a toda instituição humana por causa do Senhor; seja ao rei, como soberano, seja aos governadores, como enviados seus para a punição dos malfeitores e para o louvor dos que fazem o bem, pois esta é a vontade de Deus...” (I Pd 2:13-15).

Toda violência, toda reivindicação agressiva não pode partir de um cristão, eis que são contrárias aos ensinamentos de Jesus. O Mestre, a propósito, ensinou-nos a “dar a César o que é de César”. A época da redação desta epístola, o Império Romano seguia oprimindo os mais fracos. Por isso, para as comunidades cristãs, para conter qualquer manifestação de violência ou desobediência a Lei, Pedro fazia um convite a paz.

Opressores e leis que continuam sendo mudadas existiram em todos os tempos. Lembremo-nos, no entanto, que todas as renovações deverão ser conquistadas não pela imposição, mas pelo ensinamento paciente e fraterno.

• Para com os senhores exigentes

"Vós, criados, sujeitai-vos, com todo o respeito, aos vossos senhores, não só aos bons e razoáveis, mas também aos perversos. É louvável que alguém suporte aflições, sofrendo injustamente por amor de Deus." (I Pd 2:18-19).

Se a obediência e resignação é um lema para viver nas grandes coletividades, também o é para os pequenos grupos, para os pequenos relacionamentos.

Aos que se fizerem pequeninos, e suportarem resignadamente suas provações, Jesus reconhecera como verdadeiros discípulos.

• Entre irmãos

“Finalmente, sede todos unânimes, compassivos, cheios de Amor fraterno, misericordiosos e humildes de espírito. Não pagueis mal por mal, nem injúria por injúria; ao contrário, bendizei, porque para isto fostes chamados. Afaste-se do mal e pratique o bem, busque a paz, e siga-a...” (I Pd 3:8-9 e 11).

Não temos aqui o lema de todo cristão?

A busca incansável do Bem implica na constante auto renovação, auto avaliação, implica em fazer o bem sempre, mesmo, e especialmente, após cada injúria, cada maldizer.

Eis a essência da mensagem do Mestre!

• A supremacia do amor

“Acima de tudo, cultivai, com todo ardor o amor mútuo, porque o amor cobre uma multidão de pecados.” (I Pd 4:8).

Qual aquele que nunca magoou alguém? Quem é que está totalmente isento de ações que, de alguma forma, feriram o sentimento de alguém? Quantas não são as ações que trazem malefício ao próximo?

No entanto, seja qual a ação que tenhamos feito, se formos capazes de ser humildes e reconhecer nosso erro, e se nos esforçarmos para corrigi-lo, então, teremos agido como cristãos.

Temos, pois, que trabalhar para tirar da “terra” toda “semente” ruim que tenhamos lançado. E se agirmos virtuosamente, sendo fraternos e compassivos em todos os momentos, então, teremos aprendido pelo amor. Quantas não serão as aflições futuras que evitaremos?

2ª EPÍSTOLA DE PEDRO

Nesta Segunda Carta, conforme introdução da Bíblia de Jerusalém, o autor tem dois objetivos principais: alertar sobre os falsos doutores e responder sobre a inquietação gerada pela demora da Parusia (a aguardada volta do Cristo).

A linguagem apresenta diferenças tão significativas em relação à primeira carta que esta, a segunda, tornou-se um dos escritos bíblicos que mais encontrou dificuldade para ser aceito, pela igreja, na relação dos livros ditos “inspirados”.

Como já exposto, esta Carta, em seu conteúdo, assemelha-se a Epístola de Judas. Por isso, muitos estudiosos afirmam que a segunda Epístola de Pedro trata-se de uma versão revista e ampliada da Epístola de Judas.

Alguns especialistas datam-na como redigida no ano 66 da nova era. Se for o caso, seria o último escrito do Novo Testamento. Não há, por ora, como sabermos com certeza.

Abstraindo-nos a essas deduções de ordem histórico-teológicas, observamos que se destacam, nesta segunda Carta de Pedro, a vocação Cristã, a certeza da Parusia vindoura, e o anúncio de um mundo novo em que a justiça prevalecera.

Selecionemos alguns trechos:

• A busca do aprimoramento espiritual

“... aplicai toda a diligência em juntar a vossa fé a virtude, a virtude ao conhecimento, o conhecimento ao autodomínio, o autodomínio à perseverança, a perseverança à piedade, a piedade ao amor fraterno e o amor fraterno à caridade.” (II Pd 1:5-7).

Encontramos neste trecho um verdadeiro incentivo ao aprimoramento do Ser. A busca constante da virtude, da superação pelo esforço e pelo devotamento, a ação continua no Bem, e o empenho em praticar a caridade representam os valores do verdadeiro cristão.

Temos, assim, Uma verdadeira síntese da caminhada daquele que abraçou o Cristianismo e, segundo os ensinamentos do Mestre, torna-se apto a participar do “banquete espiritual”.

• A palavra profética

“Temos, também, por mais firme a palavra dos profetas, a qual fazeis bem em recorrer como a uma luz que brilha em lugar escuro, até que raie o dia e surja a estrela d’alva em nossos corações.” (II Pd 1:19).

A ação profética é não há dúvida, marcante entre o povo judeu. Muitos foram os grandes profetas que despontaram entre eles. Homens valorosos, que pregavam a virtude. Por isso, Jesus dizia que não havia vindo para contradizê-los. No entanto, quantos foram os que deram ouvidos a eles? Pedro aqui convoca a comunidade a recorrer à luz. Daqueles ensinamentos.

• Os falsos doutores

“Houve, contudo também falsos profetas no seio do povo como haverá entre vós falsos mestres, os quais trarão heresias perniciosas, negando o Senhor que os resgatou e trazendo sobre si mesmos repentina perdição.” (II Pd 2:1)

Os falsos doutores existiram em todos os tempos. Como uma erva daninha são capazes de perverter qualquer ensinamento. No Cristianismo nascente eram muitos aqueles que se infiltravam, arrogando-se sabedoria e autoridade, com o objetivo de fazer desmoronar o edifício cristão. Era necessário estar vigilante.

Ainda hoje esses falsos doutores tentam corromper as mais belas verdades. Precisamos estar atentos!

•Novo apelo

“O que nós esperamos, conforme sua promessa é novos céus e nova terra, onde habitará a justiça. Assim, vista que tendes esta esperança, esforçai-vos ardorosamente para que ele vos encontre em paz, vivendo vida sem mácula e irrepreensível." (Pd 3:13-14).

O ser humano tem, em sua consciência, a eterna aspiração a um Mundo diferente, onde impere a Justiça e o Amor, onde o mais forte não oprima o mais fraco, onde haja verdadeira união e fraternidade. Assim como os primeiros cristãos, todos nós sonhamos com esse Mundo!

Esse dia chegara, com certeza. Mas depende de nós, de nosso trabalho, de nosso esforço, de nossa dedicação e compromisso com Bem para implantar na Terra o Evangelho do Mestre Jesus.

Façamos a nossa parte!

QUESTÃO REFLEXIVA:

O que podemos fazer para despertar nas pessoas o desejo de construir um mundo melhor?

Bibliografia

- A Bíblia de Jerusalém
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Corbin, Alain - (Organizador Autores Diversos) – História do Cristianismo.
- Carrez M./Dornier P./Dumais M. / Trimaille M. - As Cartas de Paulo, Tiago Pedro e Judas.
- Atlas Bíblico Interdisciplinar - Escritura - História - Geografia - Arqueologia - Teologia - Ed. Paulus.


Fonte da imagem: Internet Google.

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