CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 7 de novembro de 2017

22ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

O Apocalipse À Luz Da Doutrina Espírita

O “Apocalipse” (Revelação), como já dissemos, tem as mais diversificadas interpretações.

Para os adeptos do Espiritismo, no entanto, apesar de toda riqueza encontrada no “Apocalipse”: os símbolos, as imagens, os fatos extraordinários, a dimensão... Tudo tem um valor relativo, e não há nada de sobrenatural ou fantástico.

Este é um ponto capital, que precisamos deixar em relevo.

Diferentemente de muitas outras doutrinas e correntes de pensamento, a Doutrina Espírita é essencialmente analítica e racional. É, pois, livre de espírito de sistema e de toda ordem de fanatismos.

Para cada uma das grandes obras literárias humanas, dos grandes livros “revelados” ou, por muitos, chamados de “sagrados”, o Espiritismo dá-lhe o valor que lhe cabe.

Muitos desses livros, assim como os Evangelhos, são muitas vezes, motivo de infinitas controvérsias, motivo de intermináveis debates, e, em certos casos, motivo de cisão. Quantos não foram os grupos religiosos que se dividiram apenas por causa de palavras mal compreendidas e interpretações divergentes?

Aos espíritas, um dos principais lemas é: “Espíritas, amai-vos e instrui-vos”.

Portanto, imbuídos deste ideal, poderemos ter em mãos qualquer livro, qualquer obra, qualquer trabalho humano ou “revelado” pelos Espíritos Superiores, e nossa atenção primeira será, principalmente, o conteúdo moral.

Kardec, a propósito, na introdução de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, explica, por exemplo, em relação aos Evangelhos, que muitos se apegaram a parte mística, esquecendo-se da parte moral (onde encontrariam a própria condenação), eis que a parte moral exige a reforma de cada um. O ensino moral ali contido, no entanto, é inquestionável e nunca foi objeto de discussão.

Portanto, quando nós, Espíritas, estudamos livros como o “Apocalipse”, mantemo-nos de coração Sereno, sem nos apegarmos as imagens e simbolismos extraordinários, pois lhes damos o valor apropriado.

Com esse propósito, prossigamos.

O médium João

Em “A Hora do Apocalipse”, Edgard Armond comenta que o apóstolo João encontrava-se em estado de desdobramento ou êxtase, onde viu, nos Planos Espirituais, quadros e projeções etéreas.

Emmanuel, comentando o Apocalipse em “A Caminho da Luz”, diz que:

“O Divino Mestre chama aos Espaços o Espírito João, que ainda se encontrava preso nos liames da Terra, e o Apóstolo, atônito e aflito, lê a linguagem simbólica do invisível. Recomenda-lhe o Senhor que entregue os seus conhecimentos ao planeta como advertência a todas as nações e a todos os povos da Terra...”

“... fui movido pelo Espírito” (Ap 1:10).

É como o apóstolo descreve o método pelo qual lhe foi revelado a mensagem apocalíptica. Através do fenômeno de emancipação da alma, ele foi levado a regiões do espaço, e após receber a mensagem, ele a relata através dos símbolos e imagens que eram comuns ao seu povo.

Neste ponto, temos que nos remeter a “O Livro dos Espíritos”, item 455, em que Kardec discorre sobre os fenômenos da emancipação da alma. Especialmente sobre o êxtase, afirma:

“O êxtase é o estado pelo qual a independência entre a alma e o corpo se manifesta da maneira mais sensível, e se torna, de certa forma, palpável.”

E ainda: “No estado de êxtase o aniquilamento do corpo é quase completo; ele só conserva, por assim dizer a vida orgânica. Sente que a alma não se liga a ele mais que por um fio...”

E em “O Livro dos Médiuns”, no quadro sinótico dos médiuns, constante da Segunda parte, cap. XVI, encontramos: “Médiuns extáticos - Os que, em estado de êxtase, recebem revelações dos Espíritos”.

João, no entanto, embora fosse grande médium, ressalva Edgard Armond que:

“Não sabendo transmitir o que viu em perfeita realidade, descreveu como pode, comparando com o que conhecia.”

Provavelmente, visualizou situações até mesmo de nossos dias, impossíveis de serem compreendidas naquela época. Sobre esse ponto, extraímos o seguinte trecho da resposta à questão 443 de “O Livro dos Espíritos”, que trata sobre a visão do extático (aquele que vê em estado de êxtase):

“O que ele vê é real para ele; mas, como seu Espírito está sempre sob a influência das ideias terrenas, ele pode ver à sua maneira, ou, melhor dito, exprimir-se numa linguagem de acordo com os seus preconceitos e com as ideias em que foi criado, afim de melhor se fazer compreender...”

O CONTEÚDO NA VISÃO ESPÍRITA

Erroneamente, o Apocalipse vem sendo tratado, por muitos, como sinônimo de “final dos tempos”.

Há simbolismos, por exemplo, que levaram a crença de que os cataclismos citados nas profecias são os grandes terremotos ocorridos, outros os ligam às guerras.

Foi por isso que já se previu, inúmeras vezes, e até mesmo nos dias de hoje, que as profecias contidas no Apocalipse concretizar-se-iam e tudo estaria acabado.

A simples menção da palavra já remete a pensamentos catastróficos. Sobre esse aspecto, Camille Flamarion, na obra “O Fim do Mundo” comenta que:

“A tradição Cristã? em acreditar que o fim estava próximo perpetuava-se de ano em ano, de século a século, apesar dos desmentidos da Natureza. Qualquer catástrofe,  tremor de terra, epidemia, fome, inundação; qualquer fenômeno: eclipse, cometa, furacão, tempestade, eram encarados como sinais precursores do cataclismo final. Os cristãos tremiam quais folhas levadas pelo vento, na expectativa constante do julgamento decisivo, e os pregadores alimentavam esse místico temor das almas tímidas”.

O Espiritismo, em absoluto, não compartilha dessas infundadas previsões. Considera que a mensagem principal do livro é que após tremendas dificuldades por que se passa, no inexorável caminho do progresso, no final haverá a vitória dos “justos”.

Não devemos, então, buscar no Apocalipse um significado único. Os acontecimentos ali descritos podem ser encontrados em várias ocasiões da História da Humanidade, quando os Homens vivenciam circunstâncias que se assemelham aos fatos narrados.

Independentemente do significado exato, podem representar aflições pelas quais poderá passar a Humanidade, decorrentes de seu livre arbítrio.

O “Apocalipse”, através da revelação feita por Jesus, complementa sua majestosa e sublime ação, desvela sua vontade, seus planos para a Humanidade e nos desperta para que estejamos alinhados a seus ensinamentos para que possamos habitar a morada feliz que se tornará a Terra quando a população vivenciar seu Evangelho.

De acordo com Edgard Armond, no preâmbulo de sua obra “A Hora do Apocalipse”, o livro da Revelação apresenta acontecimentos que interessam a Humanidade; é um complemento aos ensinamentos de Jesus, quando o Divino Mestre, no Sermão do Cenáculo, refere-se a acontecimentos finais deste atual ciclo evolutivo.

De acordo com Emmanuel em “A Caminho da Luz” as guerras, as nações futuras, os tormentos porvindouros, o comercialismo, as lutas ideológicas da civilização ocidental, estão ali pormenorizadamente entrevistos.

Seu conteúdo mostra o que ocorre em todos os tempos: as religiões perdem-se nos caminhos do ritualismo, do mercantilismo, do fanatismo que alimenta os orgulhosos, materializando o sentido espiritual, desvirtuando sua essência.

Vemos que o Apocalipse foi escrito de forma que pudesse atravessar todos esses séculos até os nossos dias, a fim de servir de mensagem a Humanidade atual e não somente ao povo daquela época, circunscrito às sete igrejas citadas.

NÃO HAVERÁ FIM DO MUNDO

Pode-se compreender, então, que não haverá um “Fim do Mundo”, como muitos sempre pregaram ao longo do tempo. Tudo se dará sem saltos.

Conforme vemos no item 2, cap. XVIII de “A Gênese”: “Tudo é harmonia na Criação; tudo revela uma previdência que não se desmente nem nas menores coisas nem nas maiores...” Certo é que muitos fatos apresentados no “Apocalipse” já se passaram e muitos ainda estão por vir. Porém, não da forma catastrófica que muitos têm interpretado.

Por certo, também, o Homem sofrerá as consequências de suas paixões inferiores, porém, não da forma destruidora que muitos interpretam sobre o final dos tempos.

Sim, o Livro da vida, contido nas mãos de um “Anjo Poderoso”, tem o sabor (entendimento) doce e amargo (Ap. 10:9-10). Doce, porque anuncia o triunfo do Cristo no plano da evolução planetária; amargo, porque esta evolução é feita através de tribulações calcadas nas deficiências morais individuais e coletivas dos Homens.

A nossa frente, temos a presença do Mestre, que jamais nos desamparará frente às vicissitudes do caminho: é o nosso refugio, a nossa força, a nossa sustentação, de onde emana a nossa coragem para continuarmos rumo à paz e ao equilíbrio almejados.

A RESPONSABILIDADE DO ESPÍRITA

O espírita tem um papel preponderante nesse momento de transição. Com a devida preparação através da reforma interior, o espírita tem sua vida transformada, e pode influenciar a todos que o cercam, principalmente pelo exemplo, a se reformularem seguindo as normas de conduta sugeridas no Evangelho do Cristo.

Dai a grande responsabilidade de cada um, pois “ao que muito foi dado, muito será pedido”. Neste sentido, temos o Espiritismo como recurso primordial de esclarecimento e encaminhamento dos Homens.

Cabe aqui mais uma vez a recomendação do Mestre: “Orai e vigiai”. Principalmente, por tudo aquilo que a Doutrina Espírita prega, com base nos ensinamentos de Jesus, é nosso dever estarmos preparados e ao mesmo tempo atuarmos como verdadeiros servidores, auxiliando a todos que pudermos alcançar, para que “nenhuma ovelha se perca”.

São palavras do Mestre: “Vinde a mim benditos de meu Pai; tomai posse do reino que está preparado para vós desde a criação do mundo”.

Conforme cita José de Souza e Almeida, no final de sua obra “O Apocalipse”, o livro da Revelação é a certeza de que se realizará a bem-aventurança: “Bem-aventurados os mansos, porque herdarão a Terra” (Mt 5:5).

Encontramos no Espiritismo todo o alicerce para a necessária reformulação e transformação íntima.

Para Cairbar Schutel, o “cântico novo”, citado no capitulo XIV, refere-se justamente à Doutrina Espírita, pois é a única que prega o Evangelho em Espírito e verdade.

Aqueles que só têm ouvidos para as vozes sedutoras do mundo material, não estão dispostos a vivenciar o Evangelho e libertar-se, passando a viver o “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.

À medida que nos reformamos interiormente, nossos olhos vão se voltando para os verdadeiros valores, bem como, para as oportunidades que a todos os momentos chegam-nos, possibilitando valorizar a bendita reencarnação que nos foi concedida, e a trilhar o Caminho que permite entrar pela porta estreita das regiões angelicais.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Como nós espíritas podemos auxiliar o planeta nesse momento de transição?

Bibliografia:

- Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Xavier, Francisco C./Emmanuel - A Caminho da Luz
- Flamarion, Camille - O Fim do Mundo.
- Almeida, José de Sousa e - O Apocalipse - Ed. FEESP.
- Schutel, Caibar - Interpretação Sintética do Apocalipse.
- Armond, Edgar - A Hora do Apocalipse.
- Atlas Bíblico Interdisciplinar - Escritura, História, Geografia, Arqueologia, Teologia - Ed. Paulus.


Fonte da imagem: Internet Google.

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