CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 21 de novembro de 2017

24ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

O Espiritismo

Do Cristianismo Ao Espiritismo

Os primeiros séculos do Cristianismo, como vimos anteriormente, foram assinalados pelos mais notáveis testemunhos de fé, pois eram incontáveis as perseguições.

Os primeiros cristãos, renovados pela palavra amorosa do Cristo, buscando seguir seus ensinamentos, exercitando a fraternidade legitima, deixaram-nos exemplos admiráveis de resignação, renúncia e coragem.

A expansão inicial do Cristianismo - fato digno de recordar - foi marcada pela perseguição implacável, especialmente, pelos próprios judeus oposicionistas, muito mais do que pelos conquistadores romanos.

Com efeito, embora Jesus tenha vindo dar cumprimento a Lei e aos profetas, encontrara, no Judaísmo, uma religião institucionalizada, dogmática, prescrevendo rituais exteriores como prática devocional, em detrimento da prática do Bem.

A manifestação da adoração a Deus constituía-se de oferendas, sacrifícios e do cumprimento rigoroso dos rituais exteriores. Deus era concebido a imagem e a semelhança do Homem, ou seja, portador de predicados humanos, que antes deveria ser temido ao invés de amado.

Jesus chega, então, na qualidade de embaixador celestial, apresentando Deus como Pai de todos os Homens, cujo Infinito Amor, Bondade e Misericórdia derramam-se sobre todas as criaturas, conclamando o Homem à edificação do Reino de Deus em seu próprio coração.

Na demonstração viva da vontade Divina, ama e serve indistintamente. O Mestre proclama no “amar a Deus sobre todas as coisas” e no “amar ao próximo como a si mesmo”, o caminho que conduz a Deus.

No tocante às práticas exteriores, convida os Homens, através de parábolas, sermões, questionamentos e, sobretudo pela sua exemplificação, a refletirem sobre a ineficácia desses ritualismos, se não são capazes de torná-los melhores.

Por essa postura, Jesus foi visto como um inimigo das tradições, como um herético, por não dar importância aos preceitos exteriores, e considerado um blasfemo, por se dizer Filho de Deus.

A despeito de toda perseguição desencadeada contra Jesus, que culminou com o martírio na cruz, a palavra dele triunfou, seus exemplos fecundaram o solo da terra, como sementes de luz, destinadas a germinação incessante nos caminhos humanos. Sob a forca poderosa do Amor, o Evangelho expandiu-se.

Os primeiros cristãos eram a terra fértil simbolizada na Parábola do Semeador, produzindo frutos de fraternidade, amor, fé e esperança. Perseguidos primeiramente pelos judeus e depois pelos romanos vivenciavam os mais aflitivos tormentos, de forma serena, pois a imortalidade da alma e o amor a Deus era o fundamento da fé que abraçavam. Durante quase três séculos, foram inumeráveis os mártires que, profundamente inspirados pelas sublimes palavras do Mestre, deram a própria vida a serviço do Cristo.

Nesse panorama, um ponto importante que podemos destacar foi, no tocante aos ensinamentos de Jesus, e ao esforço para manter sua integridade, as lutas imensas no combate às influências de muitos convertidos -judeus ou gentios - que não obstante terem aderido ao Evangelho, buscavam incorporar suas práticas e crenças milenares ao Cristianismo.

As lutas foram intensas e incessantes pela preservação da pureza do Evangelho. No entanto, gradativamente, a partir do século IV o Cristianismo, desfigurado pelos seus próprios adeptos, foi afastando-se cada vez mais do pensamento do Mestre.

Aconteceu, então, a construção da mistificação de Jesus e a institucionalização do Cristianismo.

A mistificação, ou seja, a criação de um mito, pois, esquecendo as próprias palavras do Mestre, que sempre afirmou sua condição humana, ainda assim, muitos o elevaram a condição de Divindade e, dessa forma, Jesus seria a própria encarnação de Deus na Terra. Tal interpretação, no entanto, é claramente rejeitada pelas próprias palavras de Jesus que sempre afirmou, expressamente, que fora enviado pelo Pai.

A institucionalização, ou seja, a transformação em uma instituição humana, pois se tornou uma organização estruturada por forte hierarquização de seus membros, regida por austero regimento interno, e com grande poder e hegemonia exclusivista, influindo, até mesmo, na esfera administrativa, governamental e jurídica da sociedade. Tal condição faz-nos refletir:

Quanta diferença da “Casa do Caminho” onde a preocupação principal era o atendimento aos aflitos! Quanta diferença de tudo que foi ensinado pelo “Rabi da Galiléia” que sempre se esforçou em demonstrar que a grande ação era a renovação interior, e a grande tarefa era a divulgação do “Reino de Deus”, exemplificando a simplicidade, a humildade, a pureza de intenções... não poderia, assim, haver imposições, haver disputa de poder com as Instituições do mundo..., por isso Jesus havia afirmado: “Meu Reino não é deste mundo.”

Em todo esse processo que citamos, não poderíamos jamais esquecer do livre arbítrio dos Homens.

Certo é que, em todos esses séculos, imensurável foi a ajuda da Espiritualidade Superior para inspirar os Homens ao caminho do Bem..., mas, como citamos, em regra, o livre arbítrio é inviolável. Cabe, pois, a cada Ser, a cada grupo, a cada sociedade buscar a implantação do Evangelho da forma que Jesus ensinou.

Nosso avanço é sempre contínuo, construído a partir do ensino que podemos tirar das gerações anteriores. Caso contrário, estaríamos sempre a recomeçar.

Revendo a História, portanto, podemos aprender com aqueles que nos antecederam e, em decorrência, esforçarmos para não cometer os mesmos enganos.

Vejamos, então, de forma sucinta, alguns fatos marcantes que determinaram essa mistificação do Cristo e a institucionalização do Cristianismo.

A INSTITUCIONALIZAÇÃO D0 CRISTIANISMO

Em 312, Constantino, imperador de Roma, converte-se ao Cristianismo. Publica, então, o Édito de Milão, dando liberdade de culto aos cristãos.

A Igreja, a partir dai, começa a sofrer muitas mudanças, pois o Estado que até então confiscava bens dos cristãos, passa a doá-los à Igreja, enriquecendo-a de bens materiais.

Foi assim que, em 325, Constantino solicitou as autoridades da Igreja, a convocação de um concílio para se decidir se Jesus era Deus ou se Jesus era filho de Deus, conforme apregoava Ário, sacerdote de Alexandria.

Os Concílios

Os concílios eram reuniões de autoridades religiosas, onde se debatiam todos os problemas que interessavam ao movimento cristão. Dessas reuniões decorreram as inovações desfiguradoras da beleza simples do Evangelho.

Ocorreu, então, em 325, o 1° Concilio de Nicéia, onde se reafirmou que Jesus é Deus.

Em 381, no 1° Concilio de Constantinopla, reafirmou-se que o Espírito Santo é Deus e os que afirmavam o contrário foram considerados hereges.

Em 391, o imperador Teodósio proibiu o culto pagão e elevou o Cristianismo a condição de religião oficial do Império. O Cristianismo foi institucionalizado: nascia a Igreja Católica Apostólica Romana.

No entanto, conforme assinala Emmanuel em “A Caminho da Luz”:

“O Cristianismo, porém, já não aparecia mais com aquela humildade de outros tempos. Suas cruzes e cálices deixavam entrever a cooperação do ouro e das pedrarias, mal lembrando a madeira tosca da época gloriosa das virtudes apostólicas... A união com o Estado era motivo para grandes espetáculos de riqueza e vaidade orgulhosa... Herdando os costumes romanos e suas disposições multisseculares, procurou um acordo com as doutrinas consideradas pagãs, pela posteridade, modificando as tradições puramente cristãs, adaptando textos, improvisando novidades injustificáveis... É assim que aparecem novos dogmas, novas modalidades doutrinárias, o culto dos ídolos...”

Em 607, o imperador Focas, nomeia Bonifácio III como bispo universal, criando a instituição do papado.

Os séculos transcorriam e a Igreja solidificava-se como Instituição religiosa hegemônica e pretensa detentora da “verdade”.

Aqueles que, então, não aceitavam a “verdade” propagada pela Igreja eram considerados hereges. Nesse embate, alguns chefes da Igreja consideraram a oportunidade da fundação de um tribunal de penitência.

Em 1231, o tribunal da Inquisição é consolidado pelo papa Gregório IX, engendrando um capítulo de perseguições acerbas aos chamados heréticos.

Antecipando essa era sombria, muitos missionários do Cristo reencarnam em tarefa evangelizadora, empenhando-se na restauração do Cristianismo em sua essência.

Um dos maiores missionários desse período foi Francisco de Assis, que reencarnou em 1182. Francisco de Assis exercitava o amor, a caridade, a fé e a humildade. Seus exemplos de total compreensão do Evangelho eram um sopro de revelação divina, ministrando lições preciosas a Igreja acomodada à opulência e a exterioridade.

Francisco deu a sua colaboração à reforma espiritual de que a Igreja tanto necessitava. No entanto, o seu exemplo não foi compreendido.

Mas, o olhar misericordioso de Jesus prosseguia velando..., e o movimento de renascimento cultural propiciaria também um movimento de renovação religiosa. Inúmeros cooperadores de Jesus reencarnaram: Lutero, Erasmo, Melanchthon, John Huss e outros.

Lutero encabeçou o movimento de protesto contra a Igreja, originando o Protestantismo, quando, em 1520, ele rompeu com a Igreja. O seu esforço coroou-se de notável importância para os caminhos do porvir.

Em 1870, o Concilio vaticano I decretou o dogma da infalibilidade papal, instituindo que o papa, quando se manifesta, oficialmente, em matéria de fé e moral, não pode errar, pois é assistido pelo Espírito Santo.

Esses são; como ressalvamos, apenas alguns dos fatos que marcaram a história da Cristandade.

Ao fazermos esta ligeira incursão, jamais podemos deixar também de ressalvar que nossa postura perante as religiões deve ser de respeito, e, assim, não tivemos quaisquer intenções de lançar críticas as Instituições, a quem muito devemos, pois temos plena consciência de que esta História foi construída por muitos de nos, Espíritos imortais que somos.

Quando a analisamos em seu conjunto, surpreendemo-nos com a riqueza de tantas manifestações humanas: quanto trabalho, quanto esforço, quantas lágrimas...

O estudo dos livros da Bíblia, o estudo da História dos grandes patriarcas tem-nos sido uma jornada reveladora.

Quantos exemplos de fidelidade à palavra divina, quantos exemplos inesquecíveis de fé, de esperança... Não obstante todos os atos humanos de desvio do “Caminho”, pelas paisagens memoráveis da Palestina, nos campos e nas montanhas, entre as oliveiras, nos caminhos inolvidáveis da Galiléia, ressoara sempre a mensagem do Mestre, convidando os Homens ao exercício da verdadeira religiosidade.

Como assinala Emmanuel no livro intitulado “Emmanuel”:

“O que se faz preciso, em vossa época, é estabelecer a diferença entre religião e religiões. A religião é o sentimento divino que prende o homem ao Criador. As religiões são organizações dos homens, falíveis e imperfeitas como eles próprios; dignas de todo o acatamento pelo sopro de inspiração superior que as faz surgir; são como gotas de orvalho Celeste, misturadas com os elementos da terra em que caíram. Muitas delas, porém, estão desviadas do bom caminho pelo interesse criminoso e pela ambição lamentável de seus expositores; mas a verdade um dia brilhará para todos, sem necessitar da cooperação de nenhum homem”.

A Mensagem de Jesus é um canto de amor, de fraternidade, de luz, de libertação que nos conduz a tantas inspirações. Que ela possa despertar-nos para a verdadeira religiosidade!

QUESTÃO REFLEXIVA:

Por que os homens, por vezes, mesmo professando uma religião que prega o Amor, podem se desviar do caminho do Bem?


Fonte da imagem: Internet Google.

Nenhum comentário:

Postar um comentário