CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 13 de junho de 2017

11ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

O Sermão Do Cenáculo e o Consolador Prometido

O Sermão do Cenáculo

Quando sua hora já estava se aproximando, Jesus, antes da festa da Páscoa judaica (quando se comemorava a libertação do dos hebreus do cativeiro no Egito), reuniu-se com seus discípulos para a realização da ceia que ficaria eternizada como “A Última Ceia”.

Naquela ocasião, Jesus pronunciou seu último sermão aos discípulos: O Sermão do Cenáculo, eis que se denominava cenáculo a sala em que se comia a ceia ou o jantar.

O Mestre, nesse inesquecível episódio, anunciou aos discípulos a sua partida, pois a Lei das Escrituras tinha que ser cumprida. Falou-lhes, então, sobre a traição de Judas e sobre o caminho de martírio que deveria percorrer.

Mas, especialmente, notando o temor de seus discípulos, convocou-os a ter fé, a perseverar; falou-lhes sobre a missão que lhes cabia, sobre a vinda do Consolador...

Um dos momentos mais significativos da Última Ceia, não há dúvida, foi o lava-pés. Vejamos a narração contida no Evangelho de João:

O LAVA-PÉS

“Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo para o Pai, tendo amado os seus que estavam no mundo, amou-os até o fim.”

(...) "Chega, então, a Simão Pedro, que lhe diz.' ‘Senhor tu, lavar-me os pés?! ’ Respondeu-lhe Jesus: ‘O que faço, não compreendes agora, mas o compreenderás mais tarde’. Disse-lhe Pedro: ‘Jamais me lavarás os pés’! Jesus respondeu-lhe: ‘Se eu não te lavar não terás parte comigo. Simão Pedro lhe disse: ‘Senhor não apenas meus pés, mas também as mãos e a cabeça.’ Jesus lhe disse: ‘Quem se banhou não tem necessidade de se lavar; porque está inteiramente puro. Vós também estais puro, mas não todos. ’Ele sabia, com efeito, quem o entregaria; por isso, disse: ‘Nem todos estais puros.'

Depois que lhes lavou os pés, retomou o manto, voltou à mesa e lhes disse: ‘Compreendeis o que vos fiz? Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, pois eu o sou. Se, portanto, eu, o Mestre e o Senhor; vos lavei os pés, também deveis lavar-vos os pés uns aos outros. Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, também vós o façais.

Em verdade, em verdade, vos digo: ‘o servo não é maior do que o seu senhor nem o enviado maior do que quem o enviou. Se compreenderdes isso e o praticardes, felizes sereis.’." (Jo 13:1-17).

A Humanidade, em geral, tem cena dificuldade para entender grandes verdades. É que essas verdades são, por vezes, contrárias ao senso comum.

Se considerarmos o conjunto dos valores do mundo, notaremos que há uma tendência em atribuir demasiada importância, credibilidade, respeitabilidade àqueles que figuram em destaque na sociedade frente aos valores mundanos; aqueles que possuem títulos, que ocupam cargos, ou que possuem muitos bens materiais.

Essa circunstância é exatamente o fator determinante de tal crença, ou seja, de que os maiores seriam os melhores. Isto também era verdadeiro a época do Mestre.

No entanto, os ensinamentos de Jesus vieram para inverter essa ordem, essa crença infundada. Houve, na verdade, um empenho do Cristo em demonstrar o contrário pela exposição da Boa Nova e, principalmente, por sua exemplificação.

Nesta passagem, deixou-nos o Mestre a sublime demonstração de humildade, quando protagonizou o episódio do lava-pés. Remontando àquela época, podemos citar que o lava-pés era um costume habitual. Porém, cabia aos Servos lavar os pés de seus senhores e não o inverso.

Esse costume, como tantos outros, sempre privilegiam os senhores, aqueles que exercem o poder transitório da Terra. É, pois, um hábito que exclui os mais simples, pois estes, em geral, sempre serão aqueles que devem servir.`

Mas, como disse o Mestre: “Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.” (Mc 10:45).

A exemplificação de Jesus, repetimos, neste episodio, é a mais pura consolidação de seu ensino.

Aos discípulos, no entanto, ou Pedro, em especial, simboliza a Humanidade em sua resistência a aceitação desse preceito, ou seja, que o maior é aquele que se faz menor.

Na obra “Boa Nova”, lição 25, Humberto de Campos, pela psicografia de Francisco C. Xavier, narra a explicação do Mestre: “Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque eu o sou. Se eu, Senhor e Mestre, vos lavo os pés, deveis igualmente lavar os pés uns dos outros no caminho da vida, porque no Reino do Bem e da Verdade o maior será sempre aquele que se fez sinceramente o menor de todos.”

O ANÚNCIO DA TRAIÇÃO DE JUDAS E A DESPEDIDA

“Tendo dito isso, Jesus perturbou-se em seu espírito e declarou: ‘Em verdade, em verdade, vos digo: um de vos me entregará’. Os discípulos entreolhavam-se, sem saber de quem falava. Estava à mesa, ao lado de Jesus, um de seus discípulos, aquele que Jesus amava. Simão Pedro faz-lhe, então, sinal e diz-lhe: ‘Pergunta-lhe quem é aquele de quem fala. ’Ele, então, reclinando-se sobre o peito de Jesus, diz-lhe: ‘Quem é, Senhor? ’Responde Jesus: ‘É aquele a quem eu der o pão que umedecerei no molho.’ Tendo umedecido o pão, ele o toma e dá a Judas, filho de Simão Iscariotes. Depois do pão, entrou nele satanás. Jesus lhe diz: 'Faze depressa o que estas fazendo. ’Nenhum dos que estavam a mesa compreendeu porque lhe dissera isso. Como era Judas quem guardava a bolsa comum, alguns pensavam que Jesus lhe dissera: ‘Compra o necessário para a festa ’, ou que desse algo aos pobres. Tomando, então, o pedaço de pão, Judas saiu imediatamente. Era noite.” (Jo 13:21-36).

Entre os judeus, era dominante a crença de que o Messias que deveria vir seria um líder guerreiro, um libertador político, enfim, alguém que usaria a força para por fim a dominação romana e estabelecer a “glória” do povo de Israel.

Judas, da mesma forma, mantinha essa esperança. Assim, podemos afirmar que ele não compreendeu a verdadeira essência da missão de Jesus.

Ao agir como agiu, teria, por isso, desejado a condenação de Jesus?

A esse questionamento, encontramos a resposta na mesma obra acima citada, lição 24, onde Humberto de Campos narra: “A madrugada o encontrou decidido na embriaguez de seus sonhos ilusórios. Entregaria o Mestre aos homens do poder em troca de sua nomeação oficial para dirigir a atividade dos companheiros. Teria autoridade e privilégios políticos. Satisfaria as suas ambições, aparentemente justas, com o fim de organizar a vitória Cristã no seio de seu povo. Depois de atingir o alto cargo com que contava, libertaria Jesus e lhe dirigiria os dons espirituais, de modo a utilizá-los para a conversão de seus amigos e protetores prestigiosos”.

Como vemos nessa narrativa, Judas, embora amasse Jesus, deixou-se levar pela cobiça e pelo desejo de poder. Por invigilância, como consta do relato, deixou-se ainda ser influenciado pela espiritualidade inferior.

É relevante notar que Jesus, quando se dirigiu a Judas, estava ciente de suas intenções, pois podia sondar-lhe a alma. Mas por que, então, não tentou impedi-lo?

Jesus, como constantemente repetiu, tinha vindo para cumprir a Lei. Como haviam previsto os antigos profetas, o Messias seria aquele que traria a mensagem redentora a Humanidade; porém, pela incompreensão dos Homens, seria por eles sacrificado. Assim, deixaria o exemplo indelével de renúncia e Amor incondicional por todos nós.

Para nós, desta narrativa, fica o ensinamento da necessidade de vigilância, em todos os momentos, para que não nos deixemos levar pelas nossas limitações e pelas influências negativas que nos cercam, mesmo quando nos propomos a trilhar o caminho do Bem.

EU SOU O CAMINHO A VERDADE E A VIDA

“Tomé lhe diz: ‘Senhor não sabemos aonde vais. Como podemos conhecer o caminho? ’ Diz-lhe Jesus: ‘Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida. Ninguém vem ao Pai a não ser por mim. Se me conheceis, também conhecereis meu Pai. Desde agora o conheceis e o vistes.’.” (Jo 14:5-7).

Esta afirmação de Jesus: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida.”, está entre aquelas que se eternizaram através dos séculos, pois é uma síntese de sua doutrina, da natureza divina de sua mensagem e do propósito final. Com efeito, cada uma das palavras dessa afirmativa, contém todo um ensinamento. Vejamos:

O Caminho

O Espírito, bem sabemos, nasce simples e ignorante. Em sua jornada evolutiva há um impulso natural e constante ao aprendizado. Esse desejo de conhecer é, pois, o que anima a incansável busca do Espírito de se melhorar, de se aprimorar, tomando-o capaz de escolher a melhor trajetória para se evitar sofrimentos e aflições e alcançar a felicidade.

Na História da Humanidade, muitos foram os missionários enviados para nortear os Homens, resgatando-os da ignorância, e conduzindo-os para um caminho de sabedoria. No entanto, todos eles, em algum momento de suas missões, sentiram medo, hesitação, e, por vezes, equivocaram-se.

Em Jesus, encontramos o ápice desse ato de condução: condução amorosa, segura e exata para seguirmos rumo à plenitude.

A Verdade

Em nosso mundo temos um grandioso acervo, através de inúmeras obras, que nos trazem arte, cultura, ciência, filosofia e religiosidade. Especialmente em relação à religiosidade, são muitos os livros chamados sagrados.

Contudo, como a Humanidade é um constante avançar, esse conhecimento vai sendo depurado, aprimorado; vai se mantendo a essência divina e se extraindo as impropriedades, os desvios acrescentados pela natureza humana.

O ensino moral de Jesus, como afirma Kardec na Introdução de "O Evangelho Segundo o Espiritismo”, permanece inatacável, e prossegue: “É o terreno em que todos os cultos podem encontrar-se, a bandeira sob a qual todos podem abrigar-se, por mais diferentes que sejam as suas crenças. Porque nunca foi objeto de disputas religiosas, sempre e por toda parte provocadas pelos dogmas”.

A Vida

Aqui na Terra, muito grande ainda é o apego às coisas materiais, as paixões humanas. Essa condição, quando ao extremo, leva o Ser à “cegueira” para a verdadeira vida.

Essa circunstancia de “não ver”, de “não ouvir”, é, justamente, o que impede, temporariamente, o Homem de perceber suas potencialidades e se libertar do casulo da ignorância. Por isso, figuradamente falando, essa condição assemelha-se a morte: morte espiritual.

Jesus é Vida. Jesus é o Médico das Almas, eis que seus ensinamentos, seus exemplos, vêm despertar-nos do entorpecimento, da inação, do comodismo, para a plenitude da Vida.

SE ALGUEM ME AMA, GUARDARÁ MINHA PALAVRA

“Judas - não Iscariotes - lhe diz: ‘Senhor por que te manifestarás a nós e não ao mundo?’

Respondeu-lhe Jesus: ‘Se alguém me ama, guardará minha palavra e meu Pai o amará e a ele viremos e nele estabeleceremos morada. Quem não me ama não guarda minhas palavras; e minha palavra não é minha, mas do Pai que me enviou’.” (Jo 14:22-24).

Jesus, reiteradamente, dizia: “os que tiverem ouvido de ouvir ouçam”.

Notamos que Judas Tadeu, neste trecho, surpreende-se por Jesus fazer a eles revelações que não faria ao povo em geral. Nem todos estão prontos para certos conhecimentos. Lembremos a máxima: “Quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece.” Os discípulos estavam prontos para a missão que lhes competia.

No Sermão do Cenáculo, Jesus fez muitas revelações que, repetimos, nem todos estavam preparados para ouvir. Mas, ao mesmo tempo, trouxe lições sublimes de perseverança, de fé, e, especialmente, do Amor incondicional.

O amor por Jesus traduz-se pela nossa perseverança em seguir os seus ensinamentos, ou seja, guardando a sua palavra, que representa a Lei Divina.

QUESTÃO REFLEXIVA

Comente a afirmação de Jesus: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”.


Fonte da imagem: Internet Google.

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