O Consolador Prometido
O ANÚNCIO DA VINDA DO CONSOLADOR
“Se me
amais, observareis meus mandamentos, e rogarei ao Pai e ele vos dará outro
Paráclito, para que convosco permaneça para sempre, o Espírito da Verdade, que
o mundo não pode acolher porque não o vê nem o conhece. Vós o conheceis, porque
permanece convosco. Não vos deixarei órfãos. Eu virei a vós.” (Jo 14:15-18).
“Mas o
Paráclito, o Espirito Santo que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará tudo e
vos recordará tudo o que vos disse.” (Jo 14:26).
No Sermão do
Cenáculo, Jesus prometeu aos seus discípulos a vinda do Consolador.
Podemos
observar, no entanto, que o Mestre exortou-os a observação de seus mandamentos
para, então, rogar ao Pai que lhes enviasse o Paráclito.
Estando os
discípulos temerosos com as palavras de Jesus, consola-os ainda o Mestre dizendo:
“Não vos deixarei órfãos”.
Refletindo
sobre a promessa de Jesus, podemos indagar: Por que o Mestre anunciou que o
Consolador não poderia ser “acolhido” naquele momento?
Como bem
sabemos, a Humanidade passa por diferentes fases. Assim, figuradamente falando,
começou na sua infância e caminha até atingir a sua maturidade. Essa maturidade
será alcançada quando os Homens aplicarem sua capacidade intelectual,
observando todos os princípios da Moral ensinada pelo Cristo.
Quando,
então, observamos essa evolução, veremos que no passado distante predominava a
barbárie e a selvageria. Mesmo na época dos antigos profetas hebreus, os
costumes eram rudes e vigorava a “Lei do Olho por Olho”. Por isso, Moisés, que
trouxe a Primeira Revelação, agia, muitas vezes, com severidade.
Houve, pois,
necessidade de um grande avanço até que chegasse o momento propício para o
advento do Cristo, que trouxe a Segunda Revelação.
Deste
processo evolutivo, emerge um princípio: todo novo conhecimento exige uma base
anterior que o fundamente, e certa receptividade para que haja aceitação.
Jesus trouxe
muitos ensinamentos, mas muitas explicações ficariam para um momento futuro.
Como podemos ver no Evangelho de João cap. 16, versículo 12: “Tenho ainda muito
que vos dizer, mas não podeis agora suportar”.
Não era
próprio aquele momento. Apenas no futuro seriam ensinadas todas as coisas e
recordado tudo o que já havia sido dito. Ensinar todas as coisas, pois,
repetimos, todo novo ensinamento exige uma base anterior. Mas por que recordar
tudo o que já havia sido dito?
É que Jesus
sabia que seus ensinamentos seriam deturpados que as paixões humanas ainda predominariam;
que a ânsia de poder sobrepor-se-ia, por vezes, ao seu Evangelho de Luz. Após
18 séculos da promessa do Mestre, veio o Consolador...
A VINDA DO PARÁCLITO
“No entanto,
eu vos digo a verdade, é de vosso interesse que eu parta, pois, se não for o
Paráclito não virá a vós. Mas se for; enviá-lo-ei a vos.” (Jo 16:7).
“Quando vier
o Espírito da Verdade, ele vos guiará na verdade plena, pois não falará de si
mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará as coisas futuras.” (Jo
16: 13).
O advento da
Doutrina Espírita veio dar cumprimento a promessa do Cristo, pois é o
Consolador Prometido.
Conforme se
encontra na obra “Espiritismo de A a Z”, o Espírito de Verdade é: “uma plêiade
de Espíritos”, e não, como se poderia pensar, apenas um Espírito.
O Paráclito
ou Espírito de Verdade, diz Kardec, no cap. VI, item 4, de “O Evangelho Segundo
o Espiritismo”, é quem preside o restabelecimento da Doutrina Espírita.
As
impregnações dogmáticas que haviam sido incorporadas ao Cristianismo fizeram
que, no século do positivismo, o materialismo se expandisse de tal maneira que
afastaria o Homem racional da Igreja, pois o que ela pregava transbordava
incoerência e contradizia a razão.
Então,
exatamente nesse século de predominância do materialismo na Europa, é chegada à
hora do advento do Espiritismo, pois ocorria uma verdadeira revolução no
conhecimento cientifico.
Na
antiguidade, claro, houve muitos iluminados, mas o conhecimento era, como
sempre lembra Kardec, hermético, fechado, limitado a poucos que podiam
compreender.
Mas, no
século do positivismo, diz comumente Kardec, a Humanidade já estava pronta para
receber em larga escala, com grande estrondo, a divulgação da Doutrina
Espírita, pois o alicerce já estava preparado.
Então não
era apenas a França que estava preparada, mas a manifestação dos Espíritos, no
século dezenove, foi generalizada, em diversas partes do mundo, no México, nos
Estados Unidos, na Argélia, na Rússia, etc..
E esse
caráter de universalidade é justamente - como sempre ressalta Kardec - o que
confere maior credibilidade, veracidade as revelações, pois da análise das
inumeráveis comunicações obtidas, nas mais diversas partes do mundo,
constata-se que as verdades reveladas são as mesmas, obtidas nos grandes ou
pequenos centros, de médiuns altamente intelectualizados, ou mesmo de médiuns
analfabetos. Uma grande unidade em todo o ensinamento espírita podia ser
observada.
E,
especialmente, há que se ressaltar, toda a revelação espírita era coerente com
a mensagem do Cristo. Muitas das lições que foram apresentadas em palavras
figuradas, agora eram trazidas com todas as letras. Vemos que nenhuma nova
moral foi trazida, pois os princípios morais do Espiritismo são os mesmos
princípios morais de Jesus.
No mesmo
capítulo acima citado, de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, item 4, o
codificador, discorrendo sobre o advento da Doutrina Espírita, sintetiza: “Ele
chama os homens à observância da lei; ensina todas as coisas, fazendo
compreender o que o Cristo só disse em parábolas. O Cristo disse: ‘que ouçam os
que têm ouvidos para ouvir’. O Espiritismo vem abrir os olhos e os ouvidos,
porque ele fala sem figuras e alegorias. Levanta o véu propositadamente lançado
sobre certos mistérios, e vem, por fim, trazer uma suprema consolação aos deserdados
da Terra e a todos os que sofrem, ao dar uma causa justa e um objetivo útil a
todas as dores”.
Portanto, o
Espiritismo veio explicar quem somos nós, de onde viemos e para onde vamos;
veio ensinar que somos Espíritos imortais, destinados a felicidade eterna; veio
demonstrar que Deus é soberanamente Justo e Bom; e que todas as coisas que nos
pareciam injustas têm uma razão de ser.
Eis o
Consolador prometido!
A ORAÇÃO DE JESUS POR SEUS DISCÍPULOS
Assim falou
Jesus, e, erguendo os olhos ao céu, disse: ‘Pai, chegou a hora'. Glorifica teu
Filho, para que teu Filho te glorifique, e que, pelo poder que lhe deste sobre
toda carne, ele dá a vida eterna a todos os que lhe deste!
Ora, a vida
eterna é esta: que eles te conheçam a ti, o único Deus verdadeiro, e aquele que
enviaste: Jesus Cristo.
Eu te
glorifiquei na terra, concluí a obra que me encarregaste de realizar.
(...)
Manifestei o teu nome aos homens que do mundo me deste. Eram teus e os deste a
mim e eles guardaram tua palavra.
(...) Já não
estou no mundo; mas eles permanecem no mundo e eu volto a ti.
(...) Eu lhes
dei tua palavra, mas o mundo as odiou porque não são do mundo, como eu não sou
do mundo.
(...) Não
rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra crerão em mim: a
fim de que todos sejam um.
Como tu,
Pai, estás em mim e eu em ti, que eles estejam em nós, para que o mundo creia
que tudo me enviaste.
(...) Pai,
aqueles que me deste quero que, onde eu estiver; também eles estejam comigo,
para que contemplem minha glória, que me deste, porque me amaste antes da
fundação do mundo.
(...) Eu
lhes dei a conhecer o teu nome e lhes darei a conhecê-lo a fim de que o amor
com que me amaste esteja neles e eu neles. (Jo 17:1-26).
Voltemos aos
últimos instantes daquela noite inesquecível no Cenáculo. Jesus está com seus
discípulos. Eles estão apreensivos; podem pressentir o desfecho culminante que
se aproxima.
Os
discípulos aguardavam. Embora ansiosos, ainda estavam enlevados, maravilhados
com a sublime demonstração de humildade protagonizada pelo Mestre: o lava-pés.
Jesus, que havia se feito o menor, era, por isso, em absoluto, o maior.
Nesse
instante, o Mestre dirige-se ao Pai Criador e faz uma fervorosa prece. Suas
palavras, proferidas naquele momento inolvidável, soariam, eternamente, como um
canto de rara beleza.
O Cristo
havia cumprido plenamente sua missão: “Eu te glorifiquei na terra, concluí a
obra que me encarregaste de realizar.”
Todos os
atos de Jesus representam a mais pura virtude. Não houve hesitações, não houve
dúvidas, não houve palavras desperdiçadas, não houve ocasiões perdidas para
exemplificar o Amor maior. Todos os seus passos refletem o compromisso absoluto
com sua missão; todos os seus ensinamentos representam a perfeita Moral; todo o
seu testemunho reflete a Lei Divina.
Mas no mundo
havia, e ainda há, muita ignorância. Essa condição de ignorância faz com que as
pessoas afastem-se do verdadeiro caminho, faz com que, temporariamente,
reneguem as potencialidades da alma: potencialidade de “ver” mais, de “ouvir”
mais, de buscar a ligação com Deus.
Enquanto se
encontra nessas “trevas”, o Ser, ao ouvir falar sobre o caminho do Bem, ouvir
falar sobre a verdadeira grandeza, sobre a Lei do Amor, ele renegará a Verdade,
e, por vezes, odiará aqueles que a anunciam.
Por isso
disse Jesus: “Eu lhes dei tua palavra, mas o mundo as odiou porque não são do
mundo, como eu não sou do mundo.”
Jesus, entre
os Homens frios, entre aqueles que tinham a aparência de “santo”, mas o coração
petrificado pelo egoísmo, pelo orgulho e pela vaidade, entre aqueles que
queriam manter seus privilégios através da ignorância do povo, entre esses,
Jesus foi odiado. Foi odiado porque não pertencia a esse mundo: mundo de
iniquidade, mundo de falsos valores, mundo de ignorância.
Assim como o
Mestre, seus fiéis discípulos seriam odiados por aqueles que cultivavam os
valores desse mundo das coisas materiais. Seriam também perseguidos, seriam,
por muitos, objeto de desprezo, de ironia, de indiferença.
No entanto,
ao mesmo tempo, seriam ouvidos por tantos outros; seriam acolhidos por todos
aqueles que estivessem cansados de seus fardos, cansados da iniquidade,
cansados da vida mundana; seriam ouvidos por todos aqueles que estavam
desejosos de aprender e crescer, desejosos de se libertar pela verdade.
Jesus era,
pois, do “mundo” dos valores espirituais, onde as Leis Divinas reinam de forma
soberana, absoluta, onde apenas o Bem vence.
Mas Jesus
era o Mestre maior, e, mesmo diante de toda a ignorância dos Homens, a todos
perdoou. Seu Amor infinito é capaz de envolver a todos nós. Um dia, toda a
Humanidade o ouvirá, e, então, todos seremos como “Um”. Por isso disse: “Não
rogo somente por eles, mas pelos que, por meio de sua palavra crerão em mim: a
fim de que todos sejam um”.
Quando todos
forem capazes de encontrar a Luz, forem capazes de reconhecer no Evangelho de
Jesus a mais sublime canção sobre a Verdade e a Eternidade, então todos nós
seremos “Um”, eis que seremos movidos apenas pela Lei do Amor, e reinará a
amizade, a fraternidade, a caridade universal. O Mal será erradicado, extinto,
aqui da Terra, e não mais haverá a multidão de aflitos, de crianças
abandonadas, de idosos desamparados, de famintos sem nem um pedaço de pão.
Todos esses males, essas aflições, desaparecerão.
Todos nós
seremos “Um” e poderemos, nesse grande dia, com a Humanidade renovada, ouvir
juntos a Voz do sublime Pastor.
Que
possamos, cada um de nós, tomar parte na expansão do Evangelho, através de
nossa palavra, anunciando a Boa Nova, e principalmente, exemplificando como
Jesus nos ensinou.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
O que
podemos fazer para divulgar ainda mais o Evangelho de Jesus, para que, um dia,
todos nós sejamos “Um”?
Bibliografia
- A Bíblia
de Jerusalém.
- Kardec,
Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP
- Xavier, Francisco
C./Humberto de Campos - Boa Nova.
-
Espiritismo de A a Z - Ed. FEB.
- Franco,
Divaldo P./Amélia Rodrigues - Sou Eu.
Fonte da
imagem: Internet Google.
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