CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 6 de junho de 2017

10ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

As Predições do Evangelho e o Sermão Profético

Predições Do Evangelho

TEORIA DA PRESCIÊNCIA

Na obra “A Gênese”, cap. XVI, Allan Kardec aborda as predições segundo o Espiritismo. Inicia o capítulo discorrendo sobre a teoria da presciência.

Presciência é o conhecimento antecipado de um fato, ou seja, é a ciência de um acontecimento antes que ele ocorra. Pode ser apenas um pressentimento, um presságio, ou mesmo, a visão integral de algo que ainda está por vir.

Mas como, afinal, é possível conhecer o futuro?

Kardec apresenta uma excelente figura para entendermos esse mecanismo; supõe dois homens: um, no alto de uma montanha; outro, caminhando por uma estrada. Esse viajante, então, sabe que aquele caminho levará a certo destino, mas poderá não saber de muitos perigos que o aguardam, como algum precipício em que ele possa cair, um bando de ladrões que o aguardem em tocaia para o roubarem; tudo isso é, para ele, como se fosse o futuro. Para aquele homem que está no alto da montanha, essas mesmas circunstâncias, como podem ser vistas ao mesmo tempo, são para ele como se fosse o presente. Se esse homem descesse e dissesse ao viajante os perigos que lhe esperam, seria como se estivesse prevendo o futuro.

Em síntese, afirma o codificador no item 3 do referido capítulo: “Os Espíritos desmaterializados são como o homem da montanha; o espaço e a duração desaparecem para eles. Mas a extensão e a penetração de sua vista são proporcionais a sua purificação e à sua elevação na hierarquia espiritual...”

Por esse enunciado, concluímos que em Jesus, por sua excelência moral, essa faculdade estendia-se para além do que podemos imaginar.

Há, nos Evangelhos, diversas passagens em que Jesus faz predições. No discurso apostólico, após ter nomeado os doze discípulos, o Mestre passa-lhes uma série de recomendações e exortações. Faz também, nessa mesma ocasião, algumas previsões sobre a tarefa dos apóstolos, como veremos a seguir.

PERSEGUIÇÃO AOS MISSIONÁRIOS

“Guardai-vos dos homens: eles vos entregarão aos sinédrios e vos flagelarão em suas sinagogas. E, por causa de mim, sereis conduzidos a presença de governadores e de reis, para dar testemunho perante eles e perante as nações. Quando vos entregarem, não fiqueis preocupados em saber como ou o que haveis de falar naquele momento, vos será indicado o que deveis falar porque não sereis vós que falareis, mas o Espírito de vosso Pai é que falará em vós.

O irmão entregará o irmão à morte e o pai entregará o filho. Os filhos se levantarão contra os pais e os farão morrer E sereis odiados por todos por causa do meu nome. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.

Quando vos perseguirem numa cidade, fugi para outra. E se vos perseguirem nesta, tornai a fugir para terceira. Em verdade vos digo que não acabareis de percorrer a cidade de Israel até que venha o Filho do Homem.

O discípulo não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor. Basta que o discípulo se torne como o mestre e o servo como o seu senhor. Se chamaram Belzebu ao chefe da casa, que não dirão de seus familiares!” (Mt 10:17-25).

Notamos, logo no início dessa passagem, que a missão dos apóstolos seria cheia de provações. Eles seriam perseguidos, entregues as autoridades, flagelados, etc.

Os apóstolos há que se lembrar, acompanharam Jesus por apenas três anos. A partir dai, podemos perguntar: quantos de nós seriamos capazes de, após três anos de aprendizado do Evangelho, enfrentar tais provações, ou seja, de ser perseguidos, levados as autoridades, receber punições, ou outras imposições?

Jesus conhecia plenamente seus apóstolos, pois podia sondar- lhes a alma, e sabia que eles eram capazes de cumprir a tarefa que cabia a cada um.

Na frase: “Naquele momento vos será indicado o que deveis falar porque não sereis vós que falareis...” fica claro que Jesus estava se referindo a faculdade mediúnica da psicofonia que eles possuíam e que iriam exercitar.

Em seu apostolado, os discípulos, pela sinceridade de suas intenções, pela perseverança em seguir o Mestre, pelo sacrifício pessoal a que estavam dispostos, foram constantemente auxiliados pela legião de Espíritos Benfeitores que estavam sob a direção de Jesus.

Lembremos ainda, para fazer constar, que nas narrativas evangélicas, além da psicofonia, encontraremos os discípulos manifestando várias outras faculdades mediúnicas.

No trecho: “O irmão entregará o irmão a morte e o pai entregará o filho.”, Jesus prediz o resultado da propagação da Boa Nova. Mas, podemos indagar: como é possível que uma mensagem sublime de amor e entendimento possa opor pais e filhos?

É que, como bem sabemos, nem todos desejam a vitória do Bem. Quantos não desejavam, e nos dias de hoje não desejam, a manutenção da obscuridade? Quantos não lutam contra toda nova ideia? Quantos, para manter seus privilégios e satisfações materiais, não combatem o Cristianismo?

No entanto, queiram eles ou não, como é da Lei, um dia verão a luz.

E, ao fim da citação que analisamos, afirma Jesus aos seus discípulos: “Basta que o discípulo se torne como o mestre e o servo como o seu senhor”.

Por certo, o discípulo não pode ser superior ao seu mestre, pois este o ensinou. Mas esta afirmação tem outras implicações. Especialmente, podemos ressaltar que ser um discípulo é muito mais que um simples “ouvir”, um mero conhecer teórico; é, na verdade, um aprendizado real, que implica em exercer cada um dos ensinamentos adquiridos.

Logo, assim como Jesus ensinou e, principalmente, exemplificou, os seus verdadeiros discípulos deveriam segui-lo integralmente. O Mestre seria perseguido, apresentado as autoridades e martirizado; por isso, aos apóstolos, caberia o mesmo caminho dos mártires. E assim ocorreu.

Hoje, são outros os tempos, mas a mensagem aos que desejam ser seus discípulos ainda esta “viva”: para seguir o Mestre há que se vivenciar o Evangelho.

NINGUÉM É PROFETA NA SUA TERRA

“Quando Jesus acabou de contar essas parábolas, partiu dali e, dirigindo-se para sua pátria, pôs-se a ensinar as pessoas que estavam na sinagoga, de tal sorte que elas se maravilharam e diziam: ‘De onde lhe vêm essa sabedoria e esses milagres? Não é ele o filho do carpinteiro? Não se chama a mãe dele Maria e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E as suas irmãs não vivem todas entre nós? Donde então lhe vêm todas essas coisas? ’ E se escandalizavam dele. Mas Jesus lhes disse: ‘Não há profeta sem honra, exceto em sua pátria e em sua casa ’. E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.” (Mt 13:53-58).

Há uma tendência natural do Homem de não valorizar aqueles com os quais convive diretamente. Refletindo sobre essa disposição, podemos indagar sobre o porquê disso.

Especialmente em relação a Jesus, encontramos a resposta na própria passagem de Mateus: “Não é ele o filho do carpinteiro? Não se chama a mãe dele Maria e os seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E as suas irmãs não vivem todas entre nós?”

Aos olhos de seus conterrâneos, Jesus era um homem comum. Eles o viram crescer junto a Maria, viram-no com seu pai na carpintaria, e convivendo com os demais familiares. Nazaré era um vilarejo simples, e nem sequer era bem visto pelos próprios judeus.

Logo, eles estavam surpresos, pois eles tinham nascido e crescido no mesmo lugar e, relativamente, nas mesmas condições. Como se justificaria, então, Jesus destacar-se em sabedoria e inteligência, se em sua família ninguém havia se destacado?

Há nesse pensamento um orgulho oculto, pois eles não aceitavam a manifestação da superioridade de Jesus, seja por sua elevada sabedoria, seja pelas curas que realizava.

Dessa forma, diz o texto: “E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles”.

É oportuno lembrar que a fé é uma condição fundamental para que recebamos o socorro físico e espiritual. Em Nazaré, não ocorreram muitas curas, devido à falta de fé do povo que ali residia.

AS TENTAÇÕES DE PEDRO

“A partir dessa época, Jesus começou a mostrar aos seus discípulos ser necessário que fosse a Jerusalém e sofresse muito por parte dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes e dos escribas, e que fosse morto e ressurgisse ao terceiro dia. Pedro, tomando-o a parte, começou a repreendê-lo, dizendo: ‘Deus não o permitas, Senhor! Isso jamais te acontecerá!’ Ele, porém, voltando-se para Pedro, disse: Afasta-te de mim, Satanás! Tu me serves de pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens!” (Mt 16:21-23)

“Jesus disse-lhes então: ‘Essa noite todos vós vos escandalizareis por minha causa, pois está escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho se dispersarão. Mas, depois que eu ressurgir vos precederei na Galiléia ’. Pedro, tomando a palavra, disse-lhe: ‘Ainda que todos se escandalizem por tua causa, eu jamais me escandalizarei’. Jesus declarou: ‘Em verdade te digo que esta noite, antes que o galo cante, me negarás três vezes!’ Ao que Pedro disse: ‘Mesmo que tiver de morrer contigo, não te negarei ’. O mesmo disseram todos os discípulos.” (Mt 26:31-35)

Jesus, conforme transcrições acima; começava a preparar seus discípulos para o final que o aguardava. Desse modo, prediz a sua trajetória desde a entrada em Jerusalém, sua morte e o reaparecimento após o terceiro dia. Com esse anúncio, os discípulos ficaram apreensivos. Este fato poderia causar-nos surpresa, pois eles conheciam as profecias sobre a vinda do Cristo, sua missão e a final condenação pelos homens. Por que, então, ficaram temerosos?

É que eles tinham se acostumado a conviver com o Mestre, presenciar sua autoridade moral, realizando curas e expulsando os maus Espíritos, assim como manifestando sua superioridade diante dos sacerdotes, fariseus, herodianos, etc.

Quando, pois, Jesus anunciou esses acontecimentos finais, os discípulos, embora plenamente dispostos a segui-lo, demonstraram suas limitações, como todo ser humano, então sentiram medo.

Na ocasião relatada, Pedro, movido por influência espiritual inferior, dirige-se ao Mestre de forma lisonjeira, de certa forma questionando sua missão; e Jesus, percebendo a influenciação, adverte-o energicamente.

Ao dizer: “por que não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens!”, Jesus ressalta que a sua missão é fundamentada na Vontade Divina, e exige sacrifício e renúncia, ao contrário dos valores dos homens, que buscam defender apenas os seus próprios interesses. Poderia causar-nos estranheza o fato de Pedro, apóstolo escolhido por Jesus, estar vulnerável aos Espíritos inferiores. Porém, como nos ensina a Doutrina Espírita, a mediunidade é uma faculdade do Espírito, que lhe permite ser o intermediário entre o mundo físico e espiritual. Esta intermediação é realizada de acordo com a sintonia vibratória do médium; logo, ele poderá ser instrumento de Espíritos superiores ou inferiores.

Pedro, nesse momento, por invigilância, deixou-se influenciar pela espiritualidade inferior.

Como enfatiza Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XXIV item 12: “O bom médium não é, portanto, aquele que tem facilidade de comunicação, mas o que é simpático aos Bons Espíritos e só por eles é assistido”.

Na segunda passagem acima citada, Jesus prediz a negação de Pedro, ao que este afirma que jamais o abandonaria. Conforme previu o Mestre, de fato, Pedro, antes de o galo cantar, negou-o três vezes. Então, podemos perguntar: Por que Pedro, que confiava em Jesus e o amava, pode negá-lo?

Aqui, repetimos, por causa da fragilidade humana, da falta de fé. A coragem, enfim, como virtude, precisa ser adquirida. E ela só pode ser alcançada com muito trabalho e muita determinação. Pedro, “a Rocha”, como Jesus o chamou, apesar desse momento de hesitação, na hora certa, assumiu plenamente sua missão. Na Casa do Caminho, revelou-se como grande líder dos apóstolos, sendo aquele que pacificava e harmonizava; como divulgador do Cristianismo, fortaleceu as bases da Doutrina Redentora.

Na obra “Há Flores no Caminho”, psicografada por Divaldo Franco, no episodio n° 14, Amélia Rodrigues, sintetiza: “Joeirando-se, entretanto, na fé augusta e no sacrifício, sustentou os irmãos com todas as forças da alma, evitando dissensões com a sua humildade e autoridade, infundindo ânimo até o momento em que, integrado ao espírito do Cristo, deixou-se arrastar a rude crucificação, da qual se ergueu em asas de luz, símbolo que se fez da fraqueza momentânea e da resistência veraz diante de toda e qualquer tentação”.

Questão reflexiva:

Como podemos fortalecer-nos para evitarmos as influências espirituais negativas em nosso dia-a-dia.


Fonte da imagem: Internet Google.

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