As Predições do Evangelho e o Sermão
Profético
Predições
Do Evangelho
TEORIA DA PRESCIÊNCIA
Na obra “A
Gênese”, cap. XVI, Allan Kardec aborda as predições segundo o Espiritismo.
Inicia o capítulo discorrendo sobre a teoria da presciência.
Presciência
é o conhecimento antecipado de um fato, ou seja, é a ciência de um
acontecimento antes que ele ocorra. Pode ser apenas um pressentimento, um
presságio, ou mesmo, a visão integral de algo que ainda está por vir.
Mas como,
afinal, é possível conhecer o futuro?
Kardec
apresenta uma excelente figura para entendermos esse mecanismo; supõe dois
homens: um, no alto de uma montanha; outro, caminhando por uma estrada. Esse
viajante, então, sabe que aquele caminho levará a certo destino, mas poderá não
saber de muitos perigos que o aguardam, como algum precipício em que ele possa
cair, um bando de ladrões que o aguardem em tocaia para o roubarem; tudo isso
é, para ele, como se fosse o futuro. Para aquele homem que está no alto da
montanha, essas mesmas circunstâncias, como podem ser vistas ao mesmo tempo,
são para ele como se fosse o presente. Se esse homem descesse e dissesse ao
viajante os perigos que lhe esperam, seria como se estivesse prevendo o futuro.
Em síntese,
afirma o codificador no item 3 do referido capítulo: “Os Espíritos
desmaterializados são como o homem da montanha; o espaço e a duração
desaparecem para eles. Mas a extensão e a penetração de sua vista são
proporcionais a sua purificação e à sua elevação na hierarquia espiritual...”
Por esse
enunciado, concluímos que em Jesus, por sua excelência moral, essa faculdade
estendia-se para além do que podemos imaginar.
Há, nos
Evangelhos, diversas passagens em que Jesus faz predições. No discurso
apostólico, após ter nomeado os doze discípulos, o Mestre passa-lhes uma série
de recomendações e exortações. Faz também, nessa mesma ocasião, algumas
previsões sobre a tarefa dos apóstolos, como veremos a seguir.
PERSEGUIÇÃO AOS MISSIONÁRIOS
“Guardai-vos
dos homens: eles vos entregarão aos sinédrios e vos flagelarão em suas
sinagogas. E, por causa de mim, sereis conduzidos a presença de governadores e
de reis, para dar testemunho perante eles e perante as nações. Quando vos
entregarem, não fiqueis preocupados em saber como ou o que haveis de falar
naquele momento, vos será indicado o que deveis falar porque não sereis vós que
falareis, mas o Espírito de vosso Pai é que falará em vós.
O irmão
entregará o irmão à morte e o pai entregará o filho. Os filhos se levantarão
contra os pais e os farão morrer E sereis odiados por todos por causa do meu
nome. Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.
Quando vos
perseguirem numa cidade, fugi para outra. E se vos perseguirem nesta, tornai a
fugir para terceira. Em verdade vos digo que não acabareis de percorrer a
cidade de Israel até que venha o Filho do Homem.
O discípulo
não está acima do mestre, nem o servo acima do seu senhor. Basta que o
discípulo se torne como o mestre e o servo como o seu senhor. Se chamaram Belzebu
ao chefe da casa, que não dirão de seus familiares!” (Mt 10:17-25).
Notamos,
logo no início dessa passagem, que a missão dos apóstolos seria cheia de
provações. Eles seriam perseguidos, entregues as autoridades, flagelados, etc.
Os apóstolos
há que se lembrar, acompanharam Jesus por apenas três anos. A partir dai, podemos
perguntar: quantos de nós seriamos capazes de, após três anos de aprendizado do
Evangelho, enfrentar tais provações, ou seja, de ser perseguidos, levados as autoridades,
receber punições, ou outras imposições?
Jesus
conhecia plenamente seus apóstolos, pois podia sondar- lhes a alma, e sabia que
eles eram capazes de cumprir a tarefa que cabia a cada um.
Na frase:
“Naquele momento vos será indicado o que deveis falar porque não sereis vós que
falareis...” fica claro que Jesus estava se referindo a faculdade mediúnica da
psicofonia que eles possuíam e que iriam exercitar.
Em seu
apostolado, os discípulos, pela sinceridade de suas intenções, pela
perseverança em seguir o Mestre, pelo sacrifício pessoal a que estavam
dispostos, foram constantemente auxiliados pela legião de Espíritos Benfeitores
que estavam sob a direção de Jesus.
Lembremos
ainda, para fazer constar, que nas narrativas evangélicas, além da psicofonia,
encontraremos os discípulos manifestando várias outras faculdades mediúnicas.
No trecho:
“O irmão entregará o irmão a morte e o pai entregará o filho.”, Jesus prediz o
resultado da propagação da Boa Nova. Mas, podemos indagar: como é possível que
uma mensagem sublime de amor e entendimento possa opor pais e filhos?
É que, como
bem sabemos, nem todos desejam a vitória do Bem. Quantos não desejavam, e nos
dias de hoje não desejam, a manutenção da obscuridade? Quantos não lutam contra
toda nova ideia? Quantos, para manter seus privilégios e satisfações materiais,
não combatem o Cristianismo?
No entanto,
queiram eles ou não, como é da Lei, um dia verão a luz.
E, ao fim da
citação que analisamos, afirma Jesus aos seus discípulos: “Basta que o
discípulo se torne como o mestre e o servo como o seu senhor”.
Por certo, o
discípulo não pode ser superior ao seu mestre, pois este o ensinou. Mas esta
afirmação tem outras implicações. Especialmente, podemos ressaltar que ser um
discípulo é muito mais que um simples “ouvir”, um mero conhecer teórico; é, na
verdade, um aprendizado real, que implica em exercer cada um dos ensinamentos
adquiridos.
Logo, assim
como Jesus ensinou e, principalmente, exemplificou, os seus verdadeiros
discípulos deveriam segui-lo integralmente. O Mestre seria perseguido,
apresentado as autoridades e martirizado; por isso, aos apóstolos, caberia o
mesmo caminho dos mártires. E assim ocorreu.
Hoje, são
outros os tempos, mas a mensagem aos que desejam ser seus discípulos ainda esta
“viva”: para seguir o Mestre há que se vivenciar o Evangelho.
NINGUÉM É PROFETA NA SUA TERRA
“Quando
Jesus acabou de contar essas parábolas, partiu dali e, dirigindo-se para sua
pátria, pôs-se a ensinar as pessoas que estavam na sinagoga, de tal sorte que
elas se maravilharam e diziam: ‘De onde lhe vêm essa sabedoria e esses
milagres? Não é ele o filho do carpinteiro? Não se chama a mãe dele Maria e os
seus irmãos Tiago, José, Simão e Judas? E as suas irmãs não vivem todas entre
nós? Donde então lhe vêm todas essas coisas? ’ E se escandalizavam dele. Mas
Jesus lhes disse: ‘Não há profeta sem honra, exceto em sua pátria e em sua casa
’. E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles.” (Mt
13:53-58).
Há uma tendência
natural do Homem de não valorizar aqueles com os quais convive diretamente.
Refletindo sobre essa disposição, podemos indagar sobre o porquê disso.
Especialmente
em relação a Jesus, encontramos a resposta na própria passagem de Mateus: “Não
é ele o filho do carpinteiro? Não se chama a mãe dele Maria e os seus irmãos
Tiago, José, Simão e Judas? E as suas irmãs não vivem todas entre nós?”
Aos olhos de
seus conterrâneos, Jesus era um homem comum. Eles o viram crescer junto a
Maria, viram-no com seu pai na carpintaria, e convivendo com os demais
familiares. Nazaré era um vilarejo simples, e nem sequer era bem visto pelos
próprios judeus.
Logo, eles
estavam surpresos, pois eles tinham nascido e crescido no mesmo lugar e,
relativamente, nas mesmas condições. Como se justificaria, então, Jesus
destacar-se em sabedoria e inteligência, se em sua família ninguém havia se
destacado?
Há nesse
pensamento um orgulho oculto, pois eles não aceitavam a manifestação da
superioridade de Jesus, seja por sua elevada sabedoria, seja pelas curas que
realizava.
Dessa forma,
diz o texto: “E não fez ali muitos milagres, por causa da incredulidade deles”.
É oportuno
lembrar que a fé é uma condição fundamental para que recebamos o socorro físico
e espiritual. Em Nazaré, não ocorreram muitas curas, devido à falta de fé do
povo que ali residia.
AS TENTAÇÕES DE PEDRO
“A partir
dessa época, Jesus começou a mostrar aos seus discípulos ser necessário que
fosse a Jerusalém e sofresse muito por parte dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes
e dos escribas, e que fosse morto e ressurgisse ao terceiro dia. Pedro,
tomando-o a parte, começou a repreendê-lo, dizendo: ‘Deus não o permitas,
Senhor! Isso jamais te acontecerá!’ Ele, porém, voltando-se para Pedro, disse:
Afasta-te de mim, Satanás! Tu me serves de pedra de tropeço, porque não pensas
as coisas de Deus, mas as dos homens!” (Mt 16:21-23)
“Jesus
disse-lhes então: ‘Essa noite todos vós vos escandalizareis por minha causa,
pois está escrito: Ferirei o pastor e as ovelhas do rebanho se dispersarão.
Mas, depois que eu ressurgir vos precederei na Galiléia ’. Pedro, tomando a
palavra, disse-lhe: ‘Ainda que todos se escandalizem por tua causa, eu jamais
me escandalizarei’. Jesus declarou: ‘Em verdade te digo que esta noite, antes
que o galo cante, me negarás três vezes!’ Ao que Pedro disse: ‘Mesmo que tiver
de morrer contigo, não te negarei ’. O mesmo disseram todos os discípulos.” (Mt
26:31-35)
Jesus,
conforme transcrições acima; começava a preparar seus discípulos para o final
que o aguardava. Desse modo, prediz a sua trajetória desde a entrada em
Jerusalém, sua morte e o reaparecimento após o terceiro dia. Com esse anúncio,
os discípulos ficaram apreensivos. Este fato poderia causar-nos surpresa, pois
eles conheciam as profecias sobre a vinda do Cristo, sua missão e a final
condenação pelos homens. Por que, então, ficaram temerosos?
É que eles
tinham se acostumado a conviver com o Mestre, presenciar sua autoridade moral,
realizando curas e expulsando os maus Espíritos, assim como manifestando sua
superioridade diante dos sacerdotes, fariseus, herodianos, etc.
Quando,
pois, Jesus anunciou esses acontecimentos finais, os discípulos, embora
plenamente dispostos a segui-lo, demonstraram suas limitações, como todo ser
humano, então sentiram medo.
Na ocasião
relatada, Pedro, movido por influência espiritual inferior, dirige-se ao Mestre
de forma lisonjeira, de certa forma questionando sua missão; e Jesus,
percebendo a influenciação, adverte-o energicamente.
Ao dizer:
“por que não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens!”, Jesus ressalta que
a sua missão é fundamentada na Vontade Divina, e exige sacrifício e renúncia,
ao contrário dos valores dos homens, que buscam defender apenas os seus
próprios interesses. Poderia causar-nos estranheza o fato de Pedro, apóstolo
escolhido por Jesus, estar vulnerável aos Espíritos inferiores. Porém, como nos
ensina a Doutrina Espírita, a mediunidade é uma faculdade do Espírito, que lhe
permite ser o intermediário entre o mundo físico e espiritual. Esta
intermediação é realizada de acordo com a sintonia vibratória do médium; logo,
ele poderá ser instrumento de Espíritos superiores ou inferiores.
Pedro, nesse
momento, por invigilância, deixou-se influenciar pela espiritualidade inferior.
Como
enfatiza Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XXIV item 12: “O
bom médium não é, portanto, aquele que tem facilidade de comunicação, mas o que
é simpático aos Bons Espíritos e só por eles é assistido”.
Na segunda
passagem acima citada, Jesus prediz a negação de Pedro, ao que este afirma que
jamais o abandonaria. Conforme previu o Mestre, de fato, Pedro, antes de o galo
cantar, negou-o três vezes. Então, podemos perguntar: Por que Pedro, que
confiava em Jesus e o amava, pode negá-lo?
Aqui,
repetimos, por causa da fragilidade humana, da falta de fé. A coragem, enfim,
como virtude, precisa ser adquirida. E ela só pode ser alcançada com muito
trabalho e muita determinação. Pedro, “a Rocha”, como Jesus o chamou, apesar
desse momento de hesitação, na hora certa, assumiu plenamente sua missão. Na
Casa do Caminho, revelou-se como grande líder dos apóstolos, sendo aquele que
pacificava e harmonizava; como divulgador do Cristianismo, fortaleceu as bases
da Doutrina Redentora.
Na obra “Há
Flores no Caminho”, psicografada por Divaldo Franco, no episodio n° 14, Amélia
Rodrigues, sintetiza: “Joeirando-se, entretanto, na fé augusta e no sacrifício,
sustentou os irmãos com todas as forças da alma, evitando dissensões com a sua
humildade e autoridade, infundindo ânimo até o momento em que, integrado ao
espírito do Cristo, deixou-se arrastar a rude crucificação, da qual se ergueu
em asas de luz, símbolo que se fez da fraqueza momentânea e da resistência
veraz diante de toda e qualquer tentação”.
Questão
reflexiva:
Como podemos
fortalecer-nos para evitarmos as influências espirituais negativas em nosso
dia-a-dia.
Fonte da
imagem: Internet Google.
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