CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 8 de junho de 2017

10ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

O Sermão Profético (ou Discurso Escatológico) (Mt 24:1-44; Mt 25:31-46)

O Sermão Profético, também chamado de Discurso Escatológico, pronunciado por Jesus no Monte das Oliveiras, foi dirigido aos seus discípulos.

Jesus, nesse discurso, prediz, entre outras coisas, a destruição do grande Templo, a ruína de Jerusalém, o advento de muitas guerras, o surgimento de muitos falsos profetas, a perseguição aos discípulos, e, ainda, apresenta uma série de parábolas que conclamam a vigilância, ao trabalho e a perseverança no Bem.

Foi particularmente, repetimos, dirigido aos seus discípulos, pois, como muitas outras verdades, nem todos seriam capazes de suportá-las. Esse princípio, em especial aqui se aplica, pois quantos seriam capazes de ouvir tais profecias sobre o princípio das dores, as guerras, os morticínios, o final dos tempos? Quantos não acabariam por interpretar literalmente algumas frases usadas apenas em seu sentido figurado como: “as estrelas cairão do céu”?

Tudo tem seu momento. Os discípulos, enfim, estavam preparados para ouvir tais predições.

Este sermão é proferido logo após Jesus e seus discípulos terem deixado o Templo de Jerusalém, em um momento em que eles – os discípulos - tinham ficado muito impressionados com a magnitude e luxuosidade daquela construção suntuosa. Vejamos a narrativa de Mateus:

A DESTRUIÇÃO DO TEMPLO

“Jesus saiu do Templo, e como se afastava, os discípulos o alcançaram para fazê-lo notar as construções do Templo. Mas a eles respondeu-lhes: ‘Vedes tudo isso? Em verdade vos digo: não ficará aqui pedra sobre pedra: tudo será destruído’.” (Mt 24:1-2).

O Templo de Jerusalém, a época de Jesus, era uma construção colossal, e eram abundantes o mármore e o ouro, o que faria o historiador judeu, com cidadania romana, Flavio Josefo exclamar que não havia no Templo um só ponto que não encantasse os olhos e a alma.

Na obra “Dias Venturosos”, psicografado por Divaldo Franco, no episódio n° 11, Amélia Rodrigues descreve: “Jerusalém era uma cidade esplêndida, que ostentava seu suntuoso Templo no monte Moriá. Tratava-se de uma Edificação imponente, representando o orgulho da raça hebreia...” (...) “Ninguém que se adentrasse no Templo, que não se curvasse à sua grandiosa majestade. Colunas trabalhadas em pórfiro da melhor qualidade, formando átrios e salas sucessivas, atingia o máximo esplendor na parte interior; onde se encontrava o Santuário propriamente dito, em magnífico salão, no qual se guardavam os objetos sagrados, entre outros, a arca da aliança, os papiros e pergaminhos da mais recuada tradição.”

No entanto, essa beleza externa, contrastava com os sentimentos e intenções da maioria de seus frequentadores. Como prossegue a autora espiritual: “Rico de aparência, o monumento vivia vazio de fé e repleto do orgulho vão daqueles que o frequentavam. Dentro e fora ostentava poder e glória, fortuna e vaidade, mas também intrigas infinitas, rudes disputas, afrontas e misérias numerosas...”

Há, de fato, em muitos de nós, uma tendência de admirarmos as grandes obras externas, mais do que com as “obras internas”; de admirarmos mais as conquistas materiais do que as conquistas pessoais. É muito fácil ver o brilho do ouro; sábio, no entanto, é ‘ver’ as coisas de real valor.

De que serve um Templo, cujo objetivo e a adoração a Deus, se esse objetivo foi esquecido ou mutilado? Onde não existe respeito, amor, devoção, fraternidade, não existe a verdadeira religiosidade.

Esse Templo, conforme profetizou Jesus, foi arrasado no ano 7º d.C., pelo general romano Tito, e não restou ‘pedra sobre pedra’.

Allan Kardec, em “A Gênese”, cap. XVII, item 21, afirma: “A vista espiritual, que era permanente n’EIe, assim como a penetração do pensamento, devia lhe mostrar as circunstâncias e a época fatal. Pela mesma razão, Ele podia prever a ruína do Templo, a de Jerusalém, as infelicidades que iam atingir seus habitantes, e a dispersão dos judeus”.

Após a profecia da destruição do Templo, quando chegaram ao Monte das Oliveiras, os discípulos de Jesus, talvez tristes, melancólicos, talvez temerosos, perguntaram quando que isso iria acontecer, e o Mestre começa por anunciar-lhes o “princípio das dores”.

O PRINCÍPIO DAS DORES

“Jesus respondeu: ‘Atenção para que ninguém vos engane. Pois muitos virão em meu nome, dizendo: ‘O Cristo sou eu’, e enganarão a muitos. Haveis de ouvir falar sobre guerras e rumores de guerras. Cuidado para não vos alarmardes. É preciso que essas coisas aconteçam, mas ainda não é o fim. Pois se levantarão nação contra nação e reino contra reino. E haverá fome e terremotos em todos os lugares. Tudo isso será o princípio das dores. Nesse tempo, vos entregarão a tribulação e vos matarão, e sereis odiados de todos os povos por causa de meu nome. E então muitos sucumbirão, haverá traições e guerras intestinas. ‘Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo’. E este Evangelho do Reino será proclamado no mundo inteiro, como testamento para todas as nações. E então virá o fim.” (Mt 24:4-10 e 13-14).

As palavras, muitas vezes, podem impressionar mais do que os fatos. Isso porque elas trazem nossa consciência para determinados fatos que eventualmente não estávamos percebendo. Por vezes, quando não somos nós as “vítimas”, deixamos de notar muitas coisas, ou seja, tomamo-nos insensíveis.

É certo que em todos os tempos tem havido guerras, e os povos tem se agredido mutuamente. A própria história judaica é composta de conflitos armados, aflições, fome. Mas Jesus ressalta que todas essas coisas ainda acontecerão, pois é preciso que elas ocorram para que a Lei se cumpra.

Os mundos progridem, tal é a Lei. Mas se os homens tentam evitar esse progresso, obstruindo-o pelas más paixões, pelas perversões, pela dureza de coração, ocorrerão as grandes comoções morais e físicas para desperta-los. Kardec, comentando a questão n° 783 de “O Livro dos Espíritos”, assevera: “O homem não pode permanecer perpetuamente na ignorância, porque deve chegar ao fim determinado pela Providência...”

(...) “O homem geralmente não percebe, nessas comoções, mais do que a desordem e a confusão momentâneas que o atingem nos seus interesses materiais, mas aquele que eleva o seu pensamento acima dos interesses pessoais admira os desígnios da Previdência, que do mal faz surgir o bem. São a tempestade e o furacão que saneiam a atmosfera, depois de a haverem revolvido.”
Como não poderia deixar de ser, os discípulos de Jesus, como foi previsto, foram perseguidos e martirizados. Mas eles estavam preparados para a missão e a cumpriram com louvor.

Em relação a proclamação do “Evangelho do Reino” no mundo inteiro, temos o pleno conhecimento de que a mensagem de Jesus foi propagada por todo o mundo e cada dia mais se expande até que se tome universal aqui na Terra.

Mas o Mestre previu que, então, seria o fim.

Qual fim seria esse?

Quando o ensinamento sublime de Jesus tiver conquistado todos os corações aqui na Terra, ai será o fim: o fim do egoísmo, o fim da maldade, o fim da ignorância. Em outras palavras, como ensina o Espiritismo: será o fim dos tempos de um mundo de expiação e prova, para o início de um mundo de regeneração. Assim: “Aquele, porém, que perseverar até o fim, esse será salvo.”

A GRANDE TRIBULAÇÃO DE JERUSALÉM

(...) “Pois naquele tempo haverá grande tribulação, tal como não houve desde o princípio do mundo até agora, nem tornará a haver jamais. E se aqueles dias não fossem abreviados, nenhuma vida se salvaria. Mas, por causa dos eleitos, aqueles dias sendo abreviados.” (Mt 24:21-22).

A luz da Doutrina Espírita, podemos, com serenidade, compreender muitas afirmações de Jesus que fazem diversas outras correntes religiosas debaterem-se, interminavelmente, quando procuram interpretá-las.

Em primeiro, sabemos que não existem “eleitos” no sentido teológico do termo, ou seja, Espíritos criados especialmente dotados de inteligência e moral. Há, sim, Espíritos que, mediante trabalho, esforço e luta, adquiriram reconhecida elevação e são, então, escolhidos para realizarem miss6es entre os homens.

Esses “eleitos”, nesse sentido, em todos os tempos, conduzem a Humanidade a um despertar, a um avanço, a uma renovação. Havendo, desse modo, avanço, muitas tribulações podem tornar-se desnecessárias. Eis o motivo porque “aqueles dias serão abreviados”.

Jerusalém, é certo, passou por seu tormento, e, devemos lembrar, ainda passa por algumas comoções; mas chegará o dia que todas essas agitações cessarão, todos os clamores desaparecerão, todas as vozes silenciarão... e, diga-se, não pela força, mas pelo Amor.

O ÚLTIMO JULGAMENTO

“Quando o Filho do Homem vier em sua glória, e todos os anjos com ele, então se assentará no trono de sua glória. E serão reunidas em sua presença todas as razões e ele separará os homens uns dos outros, como o pastor separa as ovelhas dos bodes, e porá as ovelhas a sua direita e os bodes a sua esquerda. Então dirá o rei aos que estiverem a sua direita: ‘Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo. Pois tive fome e me destes de comer. Tive sede e me destes de beber Era forasteiro e me acolhestes. Estive nu e me vestistes, doente e me visitastes, preso e viestes ver-me ’. Então os justos lhe responderão: ‘Senhor quando foi que te vimos com fome e te alimentamos, com sede e te demos de beber? Que foi que te vimos forasteiro e te recolhemos ou nu e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso e fomos te ver? ’Ao que lhes responderá o rei: ‘Em verdade vos digo: cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim fizestes’. Em seguida, dirá aos que estiverem a sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno preparado para o diabo e para os seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer tive sede e não me destes de beber. Fui forasteiro e não me recolhestes. Estive nu e não me vestistes, doente e preso e não me visitastes’. Então, também eles responderão: ‘Senhor quando é que te vimos com fome ou com sede, forasteiro ou nu, doente ou preso, e não te socorremos? ’E ele responderá com estas palavras: ‘Em verdade vos digo: todas às vezes que o deixastes de fazer a um desses mais pequeninos, foi a mim que o deixastes de fazer’. E irão estes para o castigo eterno enquanto os justos irão para a vida eterna.” (Mt 25:31-46).

Deste poema de eterna beleza, sobressai a verdadeira essência do Cristianismo.

Não, não é uma religião dogmática, onde se cruzam os braços diante de imposições de conceitos teológicos; mas, onde, sim, é usada a inteligência, porém, principalmente, os sentimentos mais nobres são aflorados.

Não é um conjunto interminável de observância a ritos e práticas externas, mas, sim, é um esforço sincero em direção à renovação... renovação verdadeira que demanda atos positivos de bondade e compreensão.

Não é a simples convivência assídua entre seus adeptos, em encontros regimentalmente observados; mas é a união verdadeira, fraternal, que gera auxílio mútuo e se expande a todos os “próximos”, como fez o samaritano.

Ser cristão é perseverar, diariamente, para seguir os ensinamentos preciosos do Mestre Jesus, fazendo com que a cada dia sejamos melhores do que no dia anterior. Grandes passos são estes!

Aos que buscarem o Bem, em todos os momentos, auxiliando cada “pequenino” que encontrar no caminho, um dirá Jesus: “Vinde, benditos de meu Pai, recebei por herança o Reino preparado para vós desde a fundação do mundo”.

QUESTÃO REFLEXIVA

Temos empregado, em nossa vida, todo o potencial de amar de que somos capazes, para acolher os “pequeninos”?

Bibliografia
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Franco, Divaldo/Amélia Rodrigues - Ha Flores no Caminho.
- Franco, Divaldo/Amélia Rodrigues - Dias Venturosos.


Fonte da imagem: Internet Google.

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