Milagres e Curas na Visão Espírita
O
Sobrenatural e as Religiões
O Homem,
desde seus primórdios, sempre se impressionou com os fenômenos da natureza.
Então, não podendo compreender o que se passava, atribuía tais efeitos a
divindades ou seres míticos.
A falta de
entendimento do que acontecia ao seu redor gerou a crença no sobrenatural.
À medida que
ele foi desenvolvendo seu raciocínio, lentamente, foi tomando-se capaz de
compreender algumas leis que regiam os fenômenos naturais.
Mas o que é
o sobrenatural? Em linhas gerais, o termo designa aquilo que é superior a
natureza ou que é muito extraordinário ou maravilhoso.
Segundo
definição contida na Revista Espírita de 1860, o sobrenatural é “o que
contraria as leis da natureza ou que se lhes desconhecem as causas”.
O Homem em
sua evolução, como dissemos, vai desenvolvendo sua capacidade intelectual,
amadurecendo seu raciocínio e, a partir dai, cria diversos campos de estudo.
Esses setores de conhecimento vão se expandindo, especializando-se,
diversificando-se, e, como vemos hoje, temos essa infinidade de áreas como: a
Teologia, a Antropologia, a Psicologia, a Medicina, a Química, etc.
Dentro das
áreas científicas, muitas se ocupam das leis que regem nosso mundo material.
Há, no entanto, para essas ciências, puramente materiais, certa limitação.
Um dos
fatores determinantes dessa dificuldade da ciência material é que sua
construção é feita passo a passo, pela experimentação, o que, a propósito,
confere-lhe credibilidade em seu campo.
Por outro
lado, em relação aos fenômenos que envolvem o mundo espiritual, nem todos eles
podem ser provados pela experimentação. Neste ponto reside a amplitude da
Doutrina Espírita, que não se limita as leis que regem o mundo material, mas
Vai além e desvela as leis do mundo espiritual, e demonstra a relação, a interdependência,
o intercâmbio, entre esses dois mundos.
O
Sobrenatural nas religiões
As
religiões, em principio, não têm como meta o estudo cientifico do mundo e de
suas manifestações. Por isso, seus fundamentos buscam direcionar a relação do
Homem com a Divindade.
Em sua
grande pluralidade, as diversas religiões possuem uma infinitude de crenças que
transitam entre o politeísmo (a crença em diversos deuses) e o monoteísmo (a
crença no Deus único). Dentro de suas concepções, a maioria delas aceita o
sobrenatural e o maravilhoso.
Como o
Cristianismo; que é um facho de luz a clarear toda obscuridade que reinava em
seu advento, um farol a luzir e conduzir a Humanidade ao abandono de toda
prática religiosa puramente externa, impregnada de falsos valores, ou reduzida
a ritualismos sacerdotais; a Doutrina Espírita, que abrange três aspectos:
religioso, filosófico e científico, por sua vez, é também um farol a nos
revelar os mecanismos presentes nas relações entre os dois mundos: o material e
o espiritual. Vai além, e explica uma série de incontáveis fenômenos antes tidos
como maravilhosos.
“Pretender
que o sobrenatural seja o fundamento necessário de toda religião e a pedra
angular do edifício cristão é sustentar uma tese perigosa; se se fizerem
repousar as verdades do Cristianismo sobre a base única do maravilhoso, isso é
lhe dar um apoio frágil cujas pedras se soltam a cada dia...” (GE, Cap. XIII,
item 18).
As religiões
mostram-nos o estudo da história da Humanidade, têm um caráter de
transitoriedade em seus fundamentos. À medida que o Ser vai agregando novos
valores e a sociedade vai se transformando, a religião tem que se adaptar aos
novos valores, e assim toda prática bárbara ou primitiva vai sendo abolida.
Nesse
processo, naturalmente, toda convicção que não se baseie em princípios
aceitáveis, que não se baseie em fatos positivos, e que, ao contrário, queira
perpetuar a crença no maravilhoso e no sobrenatural cairá por terra. Por
decorrência, as religiões que insistirem em manter a crença nos fatos
sobrenaturais, quando eles já foram explicados dentro das leis naturais, tende
essas religiões a perder sua força.
Da obra
“Estudos Espíritas” de Joanna de Angelis, psicografado do Divaldo Pereira, na
lição n° 9 – ‘Progresso’, podemos extrair o seguinte trecho: “À hora própria,
conforme anunciado, fulguram as lições espiritistas, exatamente quando há
recursos capazes de avaliarem a extensão filosófica e moral da Doutrina do
Cristo na face em que Ele a ensinou e a viveu”.
“Reservando
aos laboratórios próprios o estudo da transcendência do espírito e da vida, na
atual conjuntura do progresso entre os homens, a religião espiritista penetra
os espíritos, auxilia-nos no progresso necessário e impele-os a gloria do amor
com que passam a sentir todos e tudo, rumando jubilosamente para Deus.”
EXISTEM
MILAGRES?
Antes, ainda
outra pergunta: O que significa a palavra milagre?
Conforme
definição trazida no capitulo XIII de “A Gênese”, milagre significa: admirável,
coisa extraordinária, surpreendente.
O termo, no
entanto, através do tempo, perdeu seu significado original e vem sendo
utilizado para explicar determinados fenômenos que - acreditam alguns -
revogariam as Leis de Deus.
No sentido
teológico o milagre é tido como uma derrogação das Leis Naturais, ou seja, da
manifestação do poder de Deus, modificando suas próprias leis.
Essa crença
em coisas extraordinárias sempre esteve presente no seio de todos os povos.
Restringindo-nos ao povo hebreu, por exemplo, veremos que o Velho Testamento
está repleto de histórias impressionantes e surpreendentes de fatos
considerados “milagrosos”.
Segundo
essas narrações, Deus agiria pessoalmente para, por exemplo, defender o povo
hebraico dos inimigos; para abrir o Mar Vermelho após Moisés lançar seu cajado;
para fazer “cair do céu” o maná para alimentá-los, etc.
Nessas
descrições podemos ressaltar dois pontos relevantes. O primeiro é que, como já
vimos em aulas anteriores, à descrição de Deus é sempre de um ser parcial, que
defende um povo em prejuízo de outro, e possui muitas das emoções humanas como
a ira, o arrependimento, etc. Outro ponto, e o que mais nos interessa por ora,
é que essas narrativas contém fatos que se fossem verdadeiros seriam
verdadeiramente prodigiosos e maravilhosos.
A Ciência,
porém, hoje demonstra-nos que existem leis que regem o peso e a massa dos
corpos. Ou seja, demonstra a impossibilidade, perante as leis que regem a
matéria, de um mar ser aberto e suas águas ficarem suspensas, violando a lei da
gravidade.
Se, em
hipótese, admitíssemos esses fatos como verdadeiros, poderíamos afirmar, então,
que a Lei de Deus seria instável, inconstante, modificando-se conforme a
circunstância e os povos.
O
Espiritismo, porém, esclarece-nos que as Leis Divinas são eternas e imutáveis.
Com efeito, isso é algo que, a propósito, podemos constatar, senão vejamos: O
mundo, o universo é regido por leis que denotam harmonia e unidade. Em tudo que
podemos observar: os planetas, girando em suas órbitas, as estrelas, refulgindo
luz e aquecendo seus sistemas planetários... Tudo reflete integridade e ordem.
Caso não existisse essa uniformidade, então, veríamos o caos.
Há entre a
Lei Divina e a Lei dos Homens esta diferença capital. A lei humana, por
diversos fatores, é transitória e mutável, e caminha de um inicio primitivo e
grosseiro e vai sofisticando-se, acompanhando a evolução do Espírito. Já a Lei
Divina é perfeita. Exatamente neste ponto reside o fundamento de sua imutabilidade,
ou seja, não precisa de alteração, pois, sendo Criação Divina, é perfeita desde
sua concepção.
Como nos diz
Kardec, em “A Gênese”, cap. XIII, item 18: “Deus não é menos digno de nossa
admiração, de nosso reconhecimento, de nosso respeito, por não ter infringido
suas leis, grandes, sobretudo pela sua imutabilidade. Não há necessidade do
sobrenatural para prestar a Deus o culto que Lhe é devido; não é a Natureza
bastante imponente por si mesma, que seja necessária ainda exagerá-la para
provar a Potência Suprema?“.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
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Deus faz milagres?
Fonte da imagem: Internet Google.
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