Superioridade da Natureza do Cristo
A
Natureza do Cristo
JESUS É DEUS?
O tema sobre
a natureza do Cristo nos traz ao exame questões muitas polêmicas. A primeira
delas:
- Jesus é da
mesma substância que o Pai, ou em outras palavras, Jesus é Deus?
É no
Evangelho, nas palavras e atos de Jesus que vamos encontrar os fatos que
elucidam a questão. As palavras de Jesus são concludentes, suas afirmações são
precisas, sem quaisquer ambiguidades. Ora, quem poderia saber melhor do que o
próprio Jesus, o que ele quis dizer?
Quem poderia
estar melhor informado do que ele sobre a sua própria natureza?
São inúmeras
as afirmações de Jesus sobre a dualidade e a desigualdade entre ele e o Pai, ou
seja, Deus é o Pai e ele é o enviado do Pai, para nos convidar a construir o
reino de Deus.
No entanto,
estudiosos, teólogos, autores eruditos uniram-se em tomo da defesa da divindade
do Cristo, proclamando o dogma da Santíssima Trindade, no século IV da era cristã,
não obstante todas as afirmações de Jesus. O que vem a ser este dogma?
Este dogma
proclama como antigo e mistério de fé, que o Pai, o Filho e o Espírito Santo
constituem uma só individualidade. O Filho e o Espírito Santo teriam a mesma
natureza que o Pai.
O Evangelho
de João serviu de sustentáculo para fundamentar este dogma. No inicio do seu
evangelho, João apresenta Jesus, dizendo: “No princípio era o Verbo, e o Verbo
era Deus. No princípio, ele estava com Deus. Tudo foi feito por meio dele e sem
ele nada foi feito.” (Jo 1:1-3).
“E o Verbo
se fez carne, e habitou entre nós, e nós vimos a sua glória, glória que ele tem
junto ao Pai como Filho único, cheio de graça e de verdade.” (Jo 1:14).
Em “Obras
Póstumas”, no estudo da Natureza do Cristo, item VII, Kardec considera que:
“Esta passagem é a única que, a primeira vista, parece encerrar implicitamente
uma ideia de identificação entre Deus e a pessoa de Jesus .... Há de inicio a
notar que, as palavras que citamos mais acima são de João, e não de Jesus, e
que, admitindo que não tenham sido alteradas, não exprimem senão uma opinião
pessoal, uma indução onde se encontra o misticismo habitual de sua linguagem:
elas não poderiam pois prevalecer contra as afirmações reiteradas do próprio
Jesus. Mas, aceitando-as tais quais são, elas não resolvem de modo algum a
questão no sentido da divindade, porque se aplicariam igualmente a Jesus,
criatura de Deus.
Com efeito,
o verbo é Deus, porque é a palavra de Deus. Tendo Jesus recebido essa palavra
diretamente de Deus, com a missão de revelá-la aos homens, assimilou-a: a
palavra divina, da qual estava penetrado, se encarnou nele: trouxe-a ao nascer
e foi com razão que Jesus Pode dizer “O Verbo se fez carne e habitou entre nós”.
Jesus pode, pois estar encarregado de transmitir a palavra de Deus, sem ser
Deus, ele mesmo, como um embaixador transmite as palavras de seu soberano, sem
ser o soberano. Segundo o dogma da divindade, é Deus quem fala: na outra hipótese,
ele fala pela boca de seu enviado, o que não rouba nada a autoridade de suas
palavras.
A divindade
de Jesus, que fora rejeitada por três concílios, foi proclamada no Concilio de
Nicéia, em 325, nestes termos: “A igreja de Deus, católica e apostólica,
anatematiza os que dizem que houve um tempo em que o filho não existia, ou que
não existia antes de haver sido gerado.” Esta declaração esta em contradição formal
com as opiniões dos apóstolos. Ao passo que todos acreditavam que o filho fora
criado pelo Pai, os bispos do século IV proclamavam que o Filho era igual ao
Pai, eterno como ele, gerado e não criado, contradizendo as palavras de Jesus,
que constantemente dizia: “Meu Pai é maior do que eu”.
Em suma, a
única autoridade competente para decidir a questão são as próprias palavras do
Cristo, quando disse: “...porque não falei por mim mesmo, mas o Pai, que me
enviou, me prescreveu o que dizer e o que falar e sei que seu mandamento é vida
eterna.” (Jo 12:49).
“Minha
doutrina não é minha, mas daquele que me enviou. Se alguém quer cumprir sua
vontade, reconhecera se minha doutrina é de Deus ou se falo por mim mesmo.” (Jo
7:16-17).
Outro ponto
a favor da proclamação da divindade do Cristo foi consolidado pelos chamados
milagres, que de acordo com as religiões dogmáticas, são de caráter
sobrenatural. Sobre este tema, já vimos o papel desempenhado pela ciência, que
tem revelado muitas leis que governam a matéria e pelo Espiritismo, que nos deu
a compreensão de muitos fatos outrora considerados inexplicáveis,
proporcionando-nos conhecimento acerca do principio espiritual, da ação dos
Espíritos sobre a matéria, da ação dos fluidos, das faculdades da alma, da
existência e das propriedades do perispírito. A Doutrina Espírita esclarece que
estes fatos pertencem a categoria dos fenômenos de ordem psíquica, Sendo consequências
de leis naturais.
Estas
faculdades tem se manifestado em diferentes graus, nos mais diversos tipos de
indivíduos, ao longo da historia.
Porém, em
nos reportando a Jesus não podemos deixar de considerar que ele possuía estas
faculdades em grau superlativo, pois que estava secundada por um amor divino,
por uma vontade sempre submissa ao Pai e por um desejo incessante de fazer o
bem, aliviando a dor dos seus irmãos.
Kardec
pondera em “Obras Póstumas”, primeira parte, que se Jesus qualificou seus
feitos de milagre, é porque havia necessidade de que o Mestre adaptasse sua
linguagem aos conhecimentos da época. Porém, conclui de forma irretorquível:
“Um fato digno de nota é que Jesus se serviu dos “milagres” para confirmar a
missão que recebera de Deus, segundo suas próprias palavras, mas jamais deles
se prevaleceu para se atribuir um poder divino”.
A
NATUREZA D0 CORPO DE JESUS
Vamos ao
exame da Segunda questão: Era o corpo de Jesus carnal ou fluídico?
A concepção
de que Jesus não teria se revestido de um corpo de carne foi rebatida pelo
apostolo João em sua 1ª epistola, capitulo 4:1-2; “Caríssimos, não acrediteis
em qualquer espírito, mais examinai os espíritos para ver se são de Deus, pois
muitos falsos profetas vieram ao mundo. Nisto reconheceis o espírito de Deus;
todo espírito que confessa que Jesus Cristo veio na carne é de Deus....”
Ora, se João
Evangelista exorta os cristãos a rejeitarem a crença de que Jesus não teria
encarnado, é porque havia quem apregoasse tal crença. Porém, não obstante
combatida, aparece, entre o século I e II, a seita dos docetistas, que
afirmavam que Jesus só tinha um corpo aparente, que havia nascido, vivido e
sofrido em aparência. Esta seita foi considerada herética.
No século
19, esta crença é retomada por Roustaing, considerado por Herculano Pires, como
um retrocesso histórico. Quem foi Roustaing e o que é o roustanguismo?
Jean
Baptiste Roustaing era um emérito advogado de Bordeaux, França, que após sair
de uma grave doença, tomou conhecimento de “O Livro dos Espíritos” e de “O
Livro dos Médiuns”.
Considerando-se
apto a receber mensagens que esclarecessem fatos obscuros de Jesus sobre a
Terra e querendo elucidações sobre a natureza do Cristo, pediu ao Espírito de
João Batista, que viesse em seu socorro, através da mediunidade.
Em dezembro
de 1861, travou contato com madame Collignan, que seria doravante a médium, que
receberia os Espíritos dos evangelistas, cujas mensagens originaram a obra “Os
quatro evangelhos”, publicado como texto completo em 1865.
Durante a elaboração
da obra não houve nenhum contato entre Kardec e Roustaing.
A teoria
central do Roustanguismo é a do corpo fluídico de Jesus. Herculano Pires e Júlio
de Abreu na obra “O Verbo e a Carne”, fazem uma analise do roustanguismo,
dizendo que estas “revelações” primam pela ausência de bom senso.
Kardec
escreve um artigo sobre a obra na Revista Espírita (julho/1886) e dele
destacamos o seguinte trecho: “Convém considerar tais explicações como opiniões
pessoais dos espíritos que as formularam, opiniões que podem ser justas ou
falsas, mas que, em todo caso, precisam da sanção da concordância universal e
até confirmação mais ampla não devem ser tidas como parte integrante da
Doutrina Espírita”.
Ora,
acreditar que Jesus não tenha tido um corpo carnal colocaria o seu sacrifício e
a sua morte na condição de uma farsa, absolutamente incompatível com a
superioridade do Cristo.
Em “A
Gênese”, capitulo XM item 65, Kardec destaca que: “A permanência de Jesus na
Terra apresenta dois períodos. 'o que precedeu e o que seguiu a sua morte.”
Desde o momento da concepção ate o nascimento, tudo se passa com sua mãe, como
nas condições comuns da vida. A partir do nascimento e até a sua morte, tudo,
em seus atos, sua linguagem e nas diversas circunstâncias de sua vida, apresenta
os caracteres inequívocos da sua corporeidade... Depois de sua morte, ao
contrário, tudo revela nele o ser fluídico. A diferença entre esses dois
estados é tão fundamentalmente traçada, que não é possível assemelhá-las.
Em síntese,
as respostas às perguntas formuladas são:
- Jesus é
filho de Deus, nosso irmão, cujas virtudes o colocam muito acima da Humanidade,
pertence a categoria dos Espíritos Puros e é o pastor do imenso rebanho da
Terra.
- Jesus
encarnou entre nós, tinha um corpo carnal como todos.
Superioridade
do Cristo
Onde se
funda a superioridade de Cristo?
Vejamos o
que nos diz Kardec, na Gênese, capitulo XM item 2: “Como homem, tinha a
organização dos seres carnais; mas como Espírito puro, desligado da matéria,
deveria viver da vida espiritual mais que da vida corporal, cujas fraquezas Ele
não possuía. A superioridade de Jesus sobre os homens não se prendia as qualidades
particulares de Seu corpo, mas as de Seu Espírito, que dominava a matéria de
maneira absoluta, e as de seu perispírito tirado da parte mais quintessênciada
dos fluidos terrestres.”
Na obra “A
Caminho da Luz”, cap. 1, Emmanuel pontua que, de acordo com as tradições do
mundo espiritual, há uma comunidade de Espíritos Puros, da qual Jesus faz
parte, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as
coletividades planetárias, por determinação de Deus.
Jesus é o
pastor de nossas almas, elegido por Deus para nos conduzir ao seu aprisco de
amor.
Leon Denis,
em sua obra, “O Espiritismo e Cristianismo” assevera: “Jesus é um destes
divinos missionários e é de todos o maior. Destituído da falsa auréola da
divindade, mais importante nos parece ele. Seus sofrimentos, seus
desfalecimentos, sua resignação, deixam-nos quase insensíveis, se oriundos de
um Deus, mas tocam- nos, comovem-nos profundamente em um irmão. Jesus é de
todos os filhos dos homens, o mais digno de admiração. É extraordinário no Sermão
da Montanha, em meio a turva dos humildes. É maior ainda no Calvário, quando a
sombra da cruz se estende sobre o mundo na tarde do suplício”.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Comente: “O
maior dos milagres de Jesus, aquele que atesta verdadeiramente sua
superioridade, é a revolução que seus ensinamentos operou no mundo, ...”.
(Kardec, A Gênese, cap. XV, item 6)
Fonte da imagem: Internet Google.
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