O VALOR DA PRECE
Relata-nos o
Espírito Humberto de Campos, no livro “Boa Nova” (psicografia de Francisco
Candido Xavier) que, certa feita, Pedro perguntou a Jesus como deveríamos
interpretar a oração, ao que o Mestre respondeu: “Em tudo deve a oração
constituir o nosso recurso permanente de comunhão ininterrupta com Deus."
Kardec, em O
Evangelho Segundo o Espiritismo, esclarece que as condições da prece foram
definidas por Jesus nas seguintes passagens:
“E quando
orais, não haveis de ser como os hipócritas, que gostam de orar em pé nas
sinagogas, e nos cantos das ruas, para serem vistos dos homens; em verdade vos
digo, que eles já receberam a sua recompensa. Mas vós, quando orardes, entrai
em vosso aposento, e, fechada a porta, orai a Vosso Pai em secreto; e Vosso
Pai, que vê o que se passa em secreto, vos dará a paga. E quando orais não
faleis muito, como os gentios; pois cuidam que pelo seu muito falar serão
ouvidos. Não queirais, portanto, parecer-vos com eles; porque vosso Pai sabe o
que vos é necessário, primeiro que vos lho peçais.” (Mateus, VI:5-8).
“E propôs
também esta parábola a uns que confiavam em si mesmos, como se fossem justos, e
desprezavam os outros: Subiram dois homens ao templo, para fazer oração: um
fariseu e outro publicano. O fariseu, posto em pé, orava lá no seu interior
desta forma: Graças te dou, meu Deus, porque não sou como os demais homens, que
são uns ladrões, uns injustos, uns adúlteros, como é também este publicano;
jejuo duas vezes por semana, pago o dízimo de tudo o que tenho. O publicano,
pelo contrário, posto Lá longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu,
mas batia no peito, dizendo: Meu Deus, sê propício a mim, que sou pecador.
Digo-vos que este voltou justificado para a sua casa, e não o outro; porque
todo o que se exalta será humilhado, e todo o que se humilha será exaltado”. (Lucas,
XVIII: 9-14)
O que
podemos tirar de lição dessas duas passagens? Que a prece não deve ser motivo
de exibição, mas sim que a façamos sem afetação e em segredo. Deve ser feita
com simplicidade e sem muitas palavras, pois não será pelo palavreado que
seremos ouvidos, mas sim pela sinceridade com que é realizada. Não devemos
também orar com o coração cheio de ressentimento contra alguém; devemos perdoar
todo o mal que por ventura alguém tenha nos feito, pois, como poderemos pedirmos
perdão a Deus pelos nossos erros se ainda não perdoamos o nosso próximo? A
prece agradável a Deus é aquela que é sincera, fervorosa, proferida com fé, humildade
e sempre caridosa com o próximo.
Por que
devemos orar, se Deus conhece todas as nossas necessidades? Será que podemos
modificar o andamento dos fatos com a oração, já que Deus a tudo provê?
Kardec
explica em O Evangelho Segundo o Espiritismo que, mesmo que o Universo seja
regido por leis naturais e imutáveis e que Deus não as muda segundo os nossos
desejos, “(...) daí a acreditar que todas as circunstâncias da vida estejam
submetidas à fatalidade, a distância é grande”. Somos senhores de um livre-arbítrio
relativo para dele fazermos uso e tomarmos iniciativa; se Deus dotou-nos de
raciocínio e inteligência foi para que deles nos servíssemos, assim como da
vontade para querermos e da atividade para a ação. De nossa iniciativa
originam-se acontecimentos que escapam forçosamente a fatalidade e que nem por
isso destroem a harmonia das leis universais. Deus pode conceder certos pedidos
sem violar a imutabilidade das leis que regem o conjunto, isso sempre
dependendo do Seu consentimento.
Mas basta
pedirmos para que nosso desejo seja realizado? Certamente que não.
Invariavelmente, obteremos respostas para as nossas suplicas, porém, a
concessão nem sempre vem de acordo com o que almejamos – ou melhor, é a
imperfeita compreensão que temos de nossas verdadeiras necessidades que nos
leva a concluir, erradamente, sobre a não satisfação dos nossos pedidos.
“A prece é
um ato de adoração. Fazer preces a Deus é pensar Nele, aproximar-se Dele,
pôr-se em comunicação com Ele. Pela prece podemos fazer três coisas: louvar,
pedir e agradecer.” (LE, questão 659).
Devemos orar
no começo e no fim de cada trabalho; no começo para elevarmos nossas almas e
atrairmos os Espíritos esclarecidos e bons, e no fim, para agradecermos os
benefícios e ensinamentos que houvermos recebido.
Seja a nossa
prece singela, curta e realizada em silêncio, muito mais um transporte do nosso
coração do que uma formula decorada. O que importa é o nosso pensamento firme
e, para ser eficaz, não deve ser uma recitação, proferida de maneira mecânica,
mas sim um ato de vontade capaz de atrair as boas vibrações do Plano Espiritual
e as irradiações do Divino Foco.
A prece deve
ser improvisada de preferência, porque assim a preocupação com o que estamos
dizendo, prende a nossa atenção e favorece nossa ligação com o Alto.
A prece não
nos livrará das provas que devem ser o meio da cura de nossos males morais, mas
nos fortalecerá o ânimo, como uma preparação para enfrentarmos as dificuldades.
Jesus
deixou-nos o modelo de prece concisa, que resume todos os nossos deveres para
com Deus: a Oração Dominical, ou o Pai Nosso. Como nos diz Kardec: “Encerra
ainda uma profissão de fé, um ato de adoração e submissão, o pedido de coisas
necessárias a vida terrena e ao princípio de caridade”.
Meditemos em
torno dessas palavras: “Pai Nosso que estais no Céu, santificado seja o vosso
nome. Venha a nós o vosso Reino, seja feita a sua vontade, assim na Terra como
no Céu. O pão nosso de cada dia nos dai hoje.
Perdoais as
nossas dividas, assim como nós perdoamos os nossos devedores. Não nos deixei
cair em tentação, mas livrai-nos do mal. Assim seja.” (Mateus, VI:9-13).
Em Lucas,
acrescenta-se: “Pais vossos são o reino, o poder e a glória para sempre”.
FIXAÇÃO DO
APRENDIZADO:
1) O que é a
prece?
2) Qual a
prece mais agradável a Deus?
3) Na sua
opinião, qual é o valor da prece?
BIBLIOGRAFIA
- Compri,
Maria T. - Experiências a Luz do Evangelho no Lar - Ed. FEESP.
- Kardec,
Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
Fonte da imagem: Internet Google.
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