CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 27 de abril de 2017

5ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Parábolas e Ensinamentos de Jesus Sobre a Misericórdia Divina e a Necessidade da Vigilância

A Parábola do Filho Pródigo, A Parábola da Ovelha Perdida, Ajuda-te que o Céu te Ajudará.

A PARÁBOLA DO FILHO PRÓDIGO

“Um homem tinha dois filhos, O mais jovem disse ao pai: ‘Pai, dá-me a parte da herança que me cabe’. E o pai dividiu a herança entre eles. Poucos dias depois, juntando todos os seus haveres, o filho mais jovem partiu para uma região longínqua e ali dissipou sua herança numa vida devassa.
E gastou tudo. Sobreveio aquela região uma grande fome e ele começou a passar privações. Foi, então, empregar-se com um dos homens daquela região, que o mandou para seus campos cuidar dos porcos. Ele queria matar a fome com as bolotas que os porcos comiam, mas ninguém lhas dava. E caindo em si, disse: ‘Quantos empregados de meu pai tem pão com fartura, e eu aqui, morrendo de fome! Vou-me embora, procurar meu pai e dizer-lhe: ‘Pai pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho. Trata-me como um dos teus empregados’. Partiu, então, e foi ao encontro de seu pai.
Ele estava ainda ao longe, quando seu pai viu-o, encheu-se de compaixão, correu e lançou-se lhe ao pescoço, cobrindo-o de beijos. O filho, então, disse-lhe: ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho’. Mas o pai disse aos seus servos: ‘Ide depressa, trazei a melhor túnica e revesti-o com ela, ponde-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Trazei o novilho cevado e matai-o; comamos e festejemos, pois este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado! E começaram a festejar.
Seu filho mais velho estava no campo. Quando voltava, já perto de casa ouviu músicas e danças. Chamando um servo, perguntou-lhe o que estava acontecendo. Este lhe disse: ‘É teu irmão que voltou e teu pai matou o novilho cevado, porque o recuperou com saúde’. Então, ele ficou com muita raiva e não queria entrar; seu pai saiu para suplicar-lhe. Ele, porém, respondeu a seu pai: ‘Há tantos anos que te sirvo, e jamais transgredi um só dos teus mandamentos, e nunca me deste um cabrito para festejar com meus amigos. Contudo, veio esse teu filho, que devorou teus bens com prostitutas, e para ele matas o novilho cevado!’
Mas o pai lhe disse: ‘Filho, tu estas sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso que festejássemos e nos alegrássemos, pois esse teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado’!”. (Lc 15:11-32).

Esta é uma das mais belas e conhecidas parábolas contadas por Jesus, e nos traz a oportunidade para meditarmos acerca de uma infinidade de sentimentos ainda arraigados nos corações humanos: o egoísmo, a indiferença em relação aos dons recebidos, a inveja, o ciúme, a ausência de compaixão.

Ressalta ainda a importância do perdão e da busca da transformação interior, e, principalmente, mostra a presença infalível da Bondade, da Misericórdia e da Justiça Divinas.

Nesta alegoria trazida pelo Mestre, temos três figuras centrais: o pai representa Deus e os dois filhos simbolizam a Humanidade em suas diversas faces:

O filho pródigo é o dissipador, “sem juízo”, extremamente ligado à materialidade, aos gozos terrenos, mas que depois se torna o filho que ao cair em si e ao reconhecer que todo o seu sofrimento foi fruto de suas más escolhas, retoma arrependido e procura o perdão do pai, que o recebe com alegria e compaixão.

O filho obediente é aquele que cumpre seus deveres, mas, no fundo, é ciumento, egoísta, sem compaixão: “Há tantos anos que te sirvo, e jamais transgredi um só dos teus mandamentos, e nunca me deste um cabrito para festejar com meus amigos”. Revoltado nega-se a compreender e aceitar a misericórdia do pai: “(...) Filho, tu estás sempre comigo, e tudo o que é meu é teu. Mas era preciso que festejássemos e nos alegrássemos, pois este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado”.

Podemos ainda extrair deste contexto:

- A “herança” é a potencialidade do Espírito, os “talentos”, os recursos que Deus oferece-nos para que os transformemos em qualidades espirituais plenas e os utilizemos para a prática do Bem;

- A “região longínqua” é o nosso distanciamento da Lei Divina, quando escolhemos dissipar os bens que o Pai ofertou-nos, perdendo oportunidades valiosas de crescimento;

- A “fome”, que o filho sofre depois de uma vida de devassidão, é a ausência dos valores espirituais, de amor, daquilo que existe com fartura na Casa do Pai;

- Voltar a “Casa do Pai” significa reencontrar-se e buscar o amparo da Lei Divina, buscar a Misericórdia Divina, ou seja, o reencontro com o Pai Criador.

Esta parábola oferece-nos inúmeros ensinamentos para nossa reflexão. Como estamos todos submetidos à Lei de Ação e Reação, criamos, para nós mesmos, situações felizes ou infelizes, segundo as nossas escolhas. Por vezes, deixamos de observar as Leis de Deus e utilizamos o nosso livre arbítrio de forma errônea; saímos em busca das ilusões mundanas, pensando, assim, encontrar a felicidade.

Jesus mostra-nos a necessidade de cultivarmos a humildade para voltar atrás, de reconhecer o erro e pedir perdão; de buscar a coragem para recomeçar.

A experiência do sofrimento traz-nos sabedoria quando a lição é aprendida. Não importa quantas reencarnações já tivemos e ainda teremos, nem as opções equivocadas que fizemos; por mais graves que tenham sido, voltaremos a Casa do Pai, ao encontro do Amor e da felicidade: o Pai sempre nos oferece infinitas oportunidades de refazermos os nossos aprendizados.

O Pai jamais repudia o filho que errou e volta arrependido, ou mesmo o filho que teve uma atitude egoísta e impiedosa para com seu irmão: respeita o tempo de cada um.

É isto que o irmão mais velho do filho pródigo ainda não podia entender: a alegria de seu pai, simbolizando o Amor Incondicional do Pai Criador, quando conscientemente o filho pródigo retornou ao caminho do Bem: “... pois esse teu irmão estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi reencontrado...”

Na obra “Parábolas e Ensinos de Jesus”, Cairbar Schutel discorre: “Quando a criatura humana, num momento de irreflexão se afasta de Deus, e, dissipando os bens que o Criador a todos doou, se entrega a toda sorte de dissoluções, a dor e à miséria, esses terríveis aguilhões do Progresso Espiritual ferem rijo a sua alma orgulhosa até que, num momento supremo de angústia, ela possa elevar-se para Deus e deliberar reentrar no caminho da perfectibilidade. É então que, como o Filho Pródigo, o homem transviado, tocado pelo arrependimento, volta-se para o Pai carinhoso e diz. ‘Pai, pequei contra o Céu e contra ti; já não sou digno de ser chamado teu filho...’ E Deus, nosso amoroso Criador que já o havia visto em caminho para Ele se aproximar e rogar; abre aquele filho as portas da regeneração e lhe faculta todas as dádivas, todos os dons necessários para esse grandioso trabalho da perfeição espiritual.”

Esta parábola, em última análise, desperta-nos para ver quão infinita é a Misericórdia Divina.

Nós próprios, precisamos lembrar, quando nos afastamos da Lei Divina, também nos tornamos filhos pródigos. Porém, quando despertamos, percebemos o engano cometido e buscamos corrigi-lo, somos sempre bem-vindos a “Casa do Pai”.

Essa certeza, desperta-nos, ainda, para o desejo de agir fraternalmente, acolhendo, segundo nossas possibilidades, todos aqueles “filhos pródigos” que encontrarmos pelo caminho, ajudando-os a também reencontrarem o caminho da “Casa do Pai”.

A PARÁBOLA DA OVELHA PERDIDA (OU DESGARRADA)

“Qual de vós, tendo cem ovelhas e perder uma, não abandona as noventa e nove no deserto e vai em busca daquela que se perdeu, até encontrá-la? E achando-a, alegre a põe sobre os ombros e, de volta para casa, convoca os amigos e os vizinhos, dizendo-lhes: ‘Alegrai-vos comigo, porque encontrei a minha ovelha perdida! Eu vos digo que do mesmo modo haverá mais alegria no céu por um só pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento.” (Lc 15:4-7).

A “Parábola da Ovelha Perdida” traz ensinamentos semelhantes ao da “Parábola da Dracma Perdida”:

- o empenho da Espiritualidade em nos proteger;

- a inexistência de erro que não possa ser reparado;

- a inexistência de condenação por toda a eternidade;

- alegria dos Benfeitores Espirituais quando “somos encontrados”.

Desde o Velho Testamento encontramos a mesma simbologia sobre a Previdência Divina, ou seja, a Proteção Divina que se estende a todos os seus filhos, “as ovelhas”, como vemos em Ezequiel 34:11-12 e 16: “...Certamente eu mesmo cuidarei do meu rebanho e dele me ocuparei. Como o pastor cuida do seu rebanho, quando está no meio das suas ovelhas dispersas, assim cuidarei das minhas ovelhas e as recolherei de todos os lugares por onde se dispersaram em dia de nuvem e escuridão. (...) Buscarei a ovelha que estiver perdida, reconduzirei a que estiver desgarrada, pensarei a que estiver fraturada e restaurarei a que estiver abatida”.

Deus, em Sua Infinita Bondade, é um Pai Amoroso, que respeita a liberdade de escolha de seus filhos, porque, em sua profunda sabedoria, conhece a alma de cada um, e sabe que nenhum Espírito permanecerá eternamente perdido nos desvios do caminho, condenados para sempre ao sofrimento e as trevas da ignorância.

Chegará o momento em que, compreendendo as Leis Divinas, retomaremos a Casa Paterna, e seremos acolhidos com imensa alegria: “haverá mais alegria no céu por um só pecador que se arrepende, do que por noventa e nove justos que não precisam de arrependimento.”.

É, realmente, confortadora a ideia de que nenhuma ovelha será deixada para trás, que nenhuma ovelha será perdida.

Diferentemente de muitas outras doutrinas, que pregavam ou ainda pregam as penas eternas, o Espiritismo, retirando o véu que encobria o conhecimento sobre nossa condição futura, demonstra que todos alcançarão a felicidade plena.

Não há, assim, almas perdidas, não há segregação definitiva, não há escuridão eterna, todos encontrarão a Luz. Somente a doce voz do Mestre continuara ecoando aos nossos ouvidos chamando-nos persistentemente ao seu encontro.

E vivenciando os ensinamentos do Cristo, procuraremos aqueles que estão à margem, aqueles que foram excluídos, aqueles que foram abandonados e desprezados, aqueles que ainda estão nas trevas. Quando apreendermos verdadeiramente as lições inolvidáveis do Mestre, o meigo Pastor das almas da Terra, poderemos tornar-nos pequeninos pastores, auxiliando-o a conduzir o rebanho terreno rumo a felicidade e a plenitude desejadas.

AJUDA-TE QUE O CÉU TE AJUDARÁ

“Pedi e vos será dado; buscai e achareis; batei e vos será aberto; pois todo o que pede recebe; o que busca acha e ao que bate se lhe abrirá”. (Mt 7:7-8).

Estas afirmações, pronunciadas por Jesus no Sermão do Monte, fazem-nos refletir:

Bastaria, então, que pedíssemos em prece para que tudo nos fosse concedido?

Naturalmente que não. Imaginemos, por exemplo, se os pais dessem aos filhos tudo que eles quisessem. Não seria, muitas vezes, prejudicial? O bom pai e a boa mãe são aqueles que se importam com o bem estar de seus filhos e buscam orientá-los, a todo o momento, através do “sim” e do “não”.

Em geral, as crianças não conseguem perceber o mal que certas coisas poderiam causar-lhes. No entanto, quando adultas, elas agradecerão aos seus pais por livrá-las do mal quando eram pequenas, e por direcioná-las ao Bem.

Deus, em sua Infinita Sabedoria, sabe o que melhor nos convém. Nem tudo o que queremos nos convém para a nossa melhoria espiritual.

Por isso, o que em realidade devemos pedir?

Lembremos que antes da passagem de Jesus por Israel, naquela região, o que as pessoas costumavam pedir em suas orações era, em geral, coisas materiais, como haviam clamado pela “terra prometida onde abundava o leite e o mel”.

Os ensinamentos de Jesus vêm conclamar-nos a não pedir patrimônios materiais, mas, sim, a força para desenvolvermos as virtudes'. Reflitamos sobre essas virtudes: coragem, resignação, paciência, esperança...

Do que mais precisaríamos?

Se pensarmos em todas as circunstâncias difíceis da vida que nos podem ocorrer, podemos ficar imaginando uma serie de soluções. Mas de todas as soluções que pudermos imaginar, as únicas que realmente serão estáveis, duradouras, e eficazes são nossas disposições íntimas, nossos sentimentos de boa vontade.

Os bens materiais, eventualmente, podem ser perdidos em um único instante. As virtudes, no entanto, jamais se perdem.

Por isso, se orarmos com fervor, receberemos inspirações dos Mensageiros Celestiais que renovarão nossa esperança e nos trarão a sustentação necessária para enfrentarmos qualquer situação que apareça em nosso caminho. Poderemos, assim, vivenciar todas as provações da vida, sem nos abalarmos: o Pai jamais coloca um fardo maior do que aquele que o filho pode carregar.

Em “O Evangelho Segundo O Espiritismo”, cap. XXV item 5, encontramos: “Segundo a compreensão moral, essas palavras significam o seguinte: Pedi a luz que deve clarear o vosso caminho, e ela vos será dada, pedi a força de resistir ao mal, e a tereis; pedi a assistência dos Bons Espíritos, e eles virão ajudar-vos, e, como o anjo de Tobias, vos servirão de guias; pedi bons conselhos, e jamais vos serão recusados; batei a nossa porta, e ela vos será aberta; mas pedi sinceramente, com fé, fervor e confiança; apresentai-vos com humildade e não com arrogância, sem o que sereis abandonados as vossas próprias forças, e as próprias quedas que sofrerdes constituirão a punição do vosso orgulho.”

Outro aspecto relevante na afirmarão “Ajuda-te, que o Céu te ajudara” é que, podemos notar, há uma situação condicional, ou seja, a primeira ação é sempre nossa: primeiro temos que nos ajudar, e então o Céu nos ajudará. Para caminharmos adiante, somos nós que temos que dar os primeiros passos.

É preciso que cada um faça a sua parte: para receberem, devem pedir; para acharem, devem buscar; para entrarem, devem bater... Isso significa, em outras palavras, que é preciso trabalhar para conseguir realizar os nossos propósitos.

O trabalho desenvolve a inteligência e gera o progresso!

Essas duas Leis - a Lei do Trabalho e a Lei do Progresso – São Leis Divinas. Kardec, oportunamente, comenta no item três do mesmo capitulo acima citado que: “Se Deus tivesse liberado o homem do trabalho físico, seus membros seriam atrofiados; se o livrasse do trabalho intelectual, seu espírito permaneceria na infância...”

Vemos, pois, que todas as coisas têm um propósito, uma razão de ser, e nós só nos tornamos melhores quando utilizamos nossos dons físicos e intelectuais. Assim, continua o codificador: “...Busca e acharás; trabalha e produzirás; e desta maneira serás filho das tuas obras, terás o mérito da sua realização e serás recompensado Segundo o que tiveres feito.”

Ajudemo-nos: Busquemos o trabalho e o estudo, e o “Céu” nos ajudará.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente os ensinamentos que lhe chamaram a atenção na Parábola do Filho Pródigo.


Fonte da imagem: Internet Google.

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