CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 4 de abril de 2017

2ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Parábola do Rico e Lázaro, O Moço Rico e o Perigo das Riquezas, Recompensa Prometida ao Desprendimento.

PARÁBOLA DO RICO E LAZARO (OU DO MAU RICO)

“Havia um homem rico que se vestia de púrpura e linho fino e cada dia se banqueteava com requinte. Um pobre, chamado Lázaro, jazia a sua porta, coberto de úlceras. Desejava saciar-se do que caía da mesa do rico... E até os cães vinham lamber-lhe as úlceras. Aconteceu que o pobre morreu e foi levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado.“

“Na mansão dos mortos, em meio a tormentos, levantou os olhos e viu ao longe Abraão e Lázaro em seu seio. Então, exclamou: ‘Pai Abraão, tem piedade de mim e manda que Lázaro molhe a ponta do dedo para me refrescar a língua, pois estou atormentado nesta chama. Abraão respondeu: ‘Filho, lembra-te de que recebeste teus bens durante tua vida, e Lázaro por sua vez os males; agora, porém, ele encontra aqui consolo e tu és atormentado. E além do mais, entre nós e vós existe um grande abismo, a fim de que aqueles que quiserem passar daqui para junto de vós não o possam; nem tampouco atravessem de lá até nos’.”

“Ele replicou: ‘Pai, eu te suplico, envia então Lázaro até a casa de meu pai, pois tenho cinco irmãos; que leve a eles seu testemunho, para que não venham eles também para este lugar de tormento’. Abraão, porém, respondeu: ‘Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos’. Disse ele: ‘Não, Pai Abraão, mas se alguém dentre os mortos for procurá-los, eles se arrependerão’. Mas Abraão lhe disse: ‘Se não escutam nem a Moisés nem aos Profetas, mesmo que alguém ressuscite dos mortos, não se convencerão. ’.” (Le 16:19-31).

Esta parábola chama a atenção para a nossa condição espiritual quando não utilizamos corretamente os bens que recebemos para administrar durante a nossa existência.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XVI, item 7, diz Kardec: “A riqueza é, sem dúvida, uma prova mais arriscada, mais perigosa que a miséria, em virtude das excitações e das tentações que oferece, da fascinação que exerce. É o supremo excitante do orgulho, do egoísmo e da vida sensual. (...) Mas, por tornar o caminho mais difícil, não se segue que o torne inviável, e não possa vir a ser um meio de salvação nas mãos do que a sabe utilizar como certos venenos que restabelecem a saúde, quando empregados a propósito e com discernimento.”

Os dois personagens centrais da parábola representam a Humanidade em suas diferentes atitudes perante a vida e as situações de provações.

O rico representa as pessoas que se extasiam diante das possibilidades materiais, no comer, beber, vestir-se com apuro e luxo, no poder que o dinheiro proporciona, no deslumbramento das posições sociais de destaque.

Essas pessoas vivem voltadas para si mesmas, fechadas no egoísmo, insensíveis a miséria e ao sofrimento alheio. Fecham os olhos a qualquer chamado para a vida espiritual; embora materialmente ricas, são pobres em virtudes.

Lázaro personifica os excluídos, os necessitados, os abandonados, mas que, mesmo assim, não se deixam levar pela revolta, permanecem resignados, mantendo a esperança de uma vida melhor. São ricos em virtudes.

Assim, Lázaro foi para “o seio de Abraão”. Abraão foi o Patriarca dos Hebreus, personagem extremamente respeitado por todo o povo. Ir para o “seio de Abraão”, nesta parábola, significa o melhor lugar que alguém poderia desejar e alcançar depois da morte. Lázaro merecera-o, pois mesmo numa vida com tantos sofrimentos e privações, conseguiu superá-los com resignação e humildade.

Outro aspecto desta parábola que nos chama a atenção é o apelo do rico para que Abraão enviasse a seus irmãos um dos “mortos” para que lhes falasse sobre a aflição destinada aos sovinas, ou seja, falasse-lhes sobre o destino daqueles que agiam com avareza.

A resposta não podia ser mais apropriada: “Se não escutam nem a Moisés nem aos Profetas, mesmo que alguém ressuscite dos mortos, não se convencerão”.

Temos nestas palavras uma grande verdade contida. Focando, como no caso, especialmente em relação às Escrituras judaicas vemos que o povo judeu possuía um verdadeiro acervo de verdades espirituais, deixadas por Moisés e os demais profetas, que já advertiram acerca da vida futura e da responsabilidade que temos em relação a ela. Isso, no entanto, como mostra a história, não foi suficiente para transformar a maioria dos que, pelo menos em teoria, veneravam seus profetas.

Jesus, apesar de todos os seus ensinamentos e exemplificações, não foi pela maioria daquele povo, ouvido, e muito menos, aceito como o Messias esperado. Dariam eles, então, ouvidos aos “mortos”‘? Esta lição é valiosa! Meditemos sobre este ensinamento.

O MOÇO RICO E O PERIGO DAS RIQUEZAS

“Ai alguém se aproximou dele e disse: ‘Mestre, que farei de bom para ter a vida eterna?’ Respondeu:  ‘Por que me pergunta sobre o que é bom? O Bom é um só. Mas se queres entrar para a vida, guarda os mandamentos’. Ele perguntou-lhe: 'Quais?' Jesus respondeu. Estes: Não matarás, não adulterarás, não roubarás, não levantarás falso testemunho; honra teu pai e tua mãe e amarás ao próximo como a ti mesmo’. Disse-lhe então o moço: ‘Tudo isso tenho guardado. Que me falta ainda?’. Jesus lhe respondeu: ‘Se queres ser perfeito, vai, vende o que possuis e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus. Depois, vem e segue-me’. O moço ouvindo essa palavra, saiu pesaroso, pois era possuidor de muitos bens.” (Mt 19:16-22).

Recordando a atitude de Zaqueu, vemos que o moço rico agiu de forma oposta: o jovem, cumpridor da Lei de Deus e de seus deveres na sociedade, não foi capaz de se desapegar dos seus bens materiais; enquanto Zaqueu, quando conheceu Jesus e seus ensinamentos, percebeu que os valores espirituais eram imensamente maiores do que os terrenos, e se dispôs, de imediato, a se despojar de grande parte de sua fortuna em benefício dos necessitados e daqueles que ele havia lesado.

O apego aos bens materiais é um dos mais fortes vínculos que nos acorrentam e atrasam nosso despertamento e desenvolvimento moral. É plenamente compreensível que o Homem fique feliz por ter uma boa situação financeira, conquistada através do trabalho honesto; mas a riqueza é uma prova difícil, pela sedução a que conduz.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XVI, item 14, o Espírito Lacordaire ensina: “É em vão que procurais iludir-vos na vida terrena, colorindo com o nome de virtude o que frequentemente é apenas egoísmo. É em vão que chamais economia e previdência aquilo que é simples cupidez e avareza, ou generosidade o que não passa de prodigalidade a vosso proveito”.

Quando Jesus diz ao moço rico: “Se queres ser perfeito, vai, vende o que possuis e dá aos pobres, e terás um tesouro nos céus“, ele não está sugerindo que nos despojemos de tudo o que temos e que devamos viver miseravelmente ou a custa da caridade alheia, atitude que nos transformaria em irresponsáveis perante nossos deveres para com a sociedade em que vivemos, mas, apenas, que estejamos atentos para que não nos tomemos escravos dos nossos bens materiais.

Lacordaire; na mesma mensagem, explica o que é desapego: “O desapego dos bens terrenos consiste em considerar a fortuna no seu justo valor; em saber servir-se dela para os outros e não apenas para si mesmo, a não sacrificar por ela os interesses da vida futura, em perdê-la sem reclamar se aprouver a Deus retirá-la”.

RECOMPENSA PROMETIDA AO DESPRENDIMENTO

“Pedro, tomando então a palavra, disse: ‘Eis que negamos tudo e te seguimos. Que receberemos?’ Disse-lhe Jesus: Em verdade eu vos digo a vós que me seguistes: quando as coisas forem renovadas, e o Filho do Homem se assentar no seu trono de glória, vos assentareis, vós também, em doze tronos para julgar às doze tribos de Israel. E quem quer que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai, mãe, filhos, ou terras por causa do meu nome, receberá muito mais; e terá em herança a vida eterna Muitos dos primeiros serão os últimos e muitos dos últimos, primeiros”. (Mt 19:27-30).

Os discípulos haviam deixado tudo para seguir Jesus e se questionavam qual seria então a sua recompensa, que, tesouro seria esse que Jesus prometera ao moço rico caso se decidisse a fazer o mesmo.

Quando analisamos algumas afirmações de Jesus, podemos, num primeiro momento, achar que há alguma contradição. Neste trecho, por exemplo, o Mestre afirma que: “E quem quer que tiver deixado casas, irmãos, irmãs, pai mãe, filhos, ou terras por causa do meu nome, receberá muito mais...”

Logo, pode surgir a indagação: Devemos então abandonar nossa família? Em primeiro lugar, como afirma constantemente Kardec, os ensinamentos de Jesus compõem um todo harmônico, onde não há, pois, contradições, mas, sim, uma perfeita harmonia. Há, pois, que se encontrar o significado contido no ensinamento.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XXIII, item 6, Kardec mesmo nos questiona? “Não temos, aliás, sob os olhos, a aplicação dessas máximas nos sacrifícios dos interesses e das afeições da família pela pátria? Condena-se um filho que deixa o pai, a mãe, os irmãos, a mulher e os próprios filhos, para marchar em defesa de seu país? Não lhe reconhecemos, pelo contrário, o mérito de deixar as doçuras do lar e o calor das amizades para cumprir um dever? Há, pois, deveres que sobrepõe a outros.”

Vemos, pois, que esse chamamento do Mestre não é para simplesmente deixar a família, mas, para seguir em missão para beneficiar toda uma coletividade. E, não se pode negar um ato único, quando o individuo, imbuído de valores maiores, renuncia ao conforto, as comodidades, ao aconchego da família e dos amigos, por um causa muito maior.

A lição do Mestre é preciosa. Representa o mais puro amor, pois se dirige não a algumas pessoas, mas a todos os semelhantes. No mesmo item acima citado de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Kardec sintetiza: “Os interesses da vida futura estão acima de todos os interesses e todas as considerações de ordem humana, porque isto concorda com a essência da doutrina de Jesus...”

Sejamos nós capazes de exercitar tamanho amor!

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente a atitude de Zaqueu ao encontrar Jesus e se dispor a doar parte de sua riqueza.

Bibliografia:
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. FEESP.
3ª Aula - Parábolas e Ensinamentos de Jesus Sobre a Valorização Do Trabalho 15
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP
- Almeida, José de Sousa - As Parábolas - Ed. F EESP.
- Calligaris, Rodolfo - Parábolas Evangélicas a Luz do Espiritismo.
- Schutel, Cairbar - Parábolas e Ensinos de Jesus.
- Cerqueira Filho, Alírio de - Parábolas Terapêuticas.
- Pires, J. Herculano - Na Hora do Testemunho.


Fonte da imagem: Internet Google.

Nenhum comentário:

Postar um comentário