CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 30 de março de 2017

2ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Parábolas e Ensinamentos de Jesus Sobre o Desapego às Riquezas Terrenas

Parábola do Rico Insensato, Parábola do Administrador Infiel, Zaqueu, o Publicano

PARÁBOLA DO RICO INSENSATO (OU DO AVARENTO)

“A terra de um rico produziu muito. Ele, então, refletia: ‘Que hei de fazer? Não tenho onde guardar minha colheita. Depois pensou: ‘Eis o que farei: demolirei meus celeiros, construirei maiores, e lá recolherei todo o meu trigo e os meus bens. E direi a minha alma: Minha alma, tens uma quantidade de bens em reserva para muitos anos; repousa, come, bebe, regala-te’. Mas Deus lhe disse: ‘Insensato, nesta mesma noite ser-te-á reclamada a alma. E as coisas que acumulaste, de quem serão?’ Assim acontece àquele que ajunta tesouros para si mesmo, e não é rico para Deus.” (Lc 12:16-21).

Esta parábola foi narrada por Jesus quando lhe foi pedido para interferir na divisão de uma herança entre irmãos (Lc 12: 13-15) e o Mestre respondeu: “Homem, quem me estabeleceu juiz ou árbitro da vossa partilha?”, ou seja, que não competia a ele esse julgamento.

Aproveitou, então, a oportunidade para nos alertar dos perigos que nos oferece qualquer tipo de ganância ou avareza, e a inutilidade desse comportamento, mostrando claramente a transitoriedade dos bens materiais.

Em “O Livro dos Espíritos”, cap. V, “Lei de Conservação”, Kardec questiona os Espíritos a respeito do que é realmente necessário e do que é supérfluo para o homem:

P. 716: “A Natureza não traçou o limite do necessário em nossa própria organização?”

R. “Sim, mas o homem é insaciável. A Natureza lhe traçou o limite de suas necessidades na sua organização, mas os vícios lhes alteraram a constituição e criaram para ele necessidades artificiais”.

P. 717: “Que pensar dos que açambarcam os bens da terra para se proporcionar o supérfluo, em prejuízo dos que não tem sequer o necessário?”

R: “Desconhecem a lei de Deus e terão de responder pelas privações que ocasionarem”.

O rico da parábola simboliza a pessoa que cuida apenas de acumular bens materiais, conseguir fama e poder, nunca estando disposto a dividir o que julga ser seu por direito. As aflições daqueles que lhe estão próximos ou que dele dependem não o sensibiliza nem o preocupa. Para uma pessoa assim estão em segundo plano às necessidades do próximo.

A riqueza bem aplicada é um “talento” (um valor, um bem recebido), que se toma um caminho efetivo para a evolução do Espírito humano rumo à perfectibilidade.

A riqueza mal aplicada corresponde a enterrar o “talento” e se toma uma rota arriscada que conduz o Ser ao sofrimento e a dolorosas reparações, podendo prolongar-se por varias encarnações.

É através das vidas sucessivas que os Espíritos experimentam a riqueza e a pobreza, a beleza e a imperfeição física, a intelectualidade e a falta de cultura, para aprenderem a utilizar “seus talentos” em cada uma das situações vividas.

A posse das coisas do mundo é pura ilusão; nós as perdemos facilmente para a doença, para o ladrão, para a morte, para as catástrofes naturais. Por isso, é fundamental movimentar os “talentos” recebidos e através dos bens da Terra, enriquecer o Espírito, pela prática constante da caridade e amor ao próximo, e pelo esforço em nos libertarmos daquilo que nos algema as coisas materiais: a ganância, a avareza, o apego inútil ao que é transitório.

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XVI, item 9, o Espírito Pascal , numa de suas comunicações, diz: “O homem não possui de seu, senão aquilo que pode levar deste mundo. O que ele encontra ao chegar e o que deixa ao partir goza durante sua permanência na terra; mas, desde que é forçado a deixá-los, é claro que só tem o usufruto, e não a posse real. O que é, então, que ele possui? Nada do que se destina ao uso do corpo, e tudo o que se refere ao uso da alma: a inteligência, os conhecimentos, as qualidades morais. Eis o que ele traz e leva consigo, o que ninguém tem o poder de tirar-lhe, e o que ainda mais lhe servirá no outro mundo do que neste.”

E ainda no mesmo capítulo, item 11, o Espírito Cheverus discorre, em sua mensagem, a respeito do melhor emprego da fortuna: “Procurai nestas palavras: ‘Amai-vos uns aos outros’, a solução desse problema, pois nelas está o segredo da boa aplicação das riquezas. O que ama o seu próximo já tem a sua conduta inteiramente traçada, pois a aplicação que agrada a Deus é a da caridade”.

PARÁBOLA DO ADMINISTRADOR INFIEL

“Um homem rico tinha um administrador que foi denunciado por dissipar os seus bens. Mandou chamá-lo e disse-lhe: 'Que é isso que ouço dizer de ti? Presta contas da tua administração, pois já não podes ser administrador!’ O administrador então refletiu: ‘Que farei, uma vez que meu senhor me retire à administração? Cavar? Não tenho força. Mendigar? Tenho vergonha... Já sei o que farei para que, uma vez afastado da administração, tenha quem me receba na própria casa.”

“Convocou então os devedores do seu senhor um a um, e disse ao primeiro: ‘Quantas deves ao meu senhor’? ‘Cem barris de óleo’, respondeu ele. Disse então: ‘Toma tua conta, senta e escreve depressa cinquenta. Depois disse a outro: ‘E tu, quanto deves’? 'Cem medidas de trigo’, respondeu. Ele disse: ‘Toma tua conta e escreve oitenta. E o senhor louvou o administrador desonesto por ter agido com prudência.” (Lc 16:1-8).

Muitas parábolas de Jesus possuem um significado bem diverso da literalidade do texto.

Para a compreensão de algumas dessas parábolas, basta apenas entender qual é o valor simbólico de certa palavra, como a parábola do semeador, que, por exemplo, quando compreendemos que a semente significa “o ensinamento contido no Evangelho”, entendemos o valor simbólico do termo e assimilamos a mensagem.

Outras parábolas, no entanto, além do significado simbólico dos termos trazem uma lógica bem diversa. Estas, para serem compreendidas, exigem uma abstração, um desprendimento da primeira impressão, para se encontrar o real significado. Exigem uma indagação:

Se todos os ensinamentos de Jesus pregam a honestidade, a sinceridade, o trabalho... Qual é a mensagem aqui contida?

Analisando esta parábola do administrador infiel, podemos de imediato, questionar: Ora, quem é o senhor, patrão, ou empregador que ao surpreender sou empregado fraudando-o vai elogiá-lo?

Logo, a parábola ressalta, exatamente, a diferença extrema entre a conduta dos “proprietários” da Terra e o verdadeiro proprietário (Deus).

Vejamos o significado simbólico dos termos:

- O Senhor - representa Deus, o Legítimo Proprietário de todas as coisas;

- O Administrador - representa cada um de nós, administrando qualquer bem material que esteja em nossas mãos;

- Os Devedores - representam todos os nossos semelhantes, todos aqueles que encontramos em nossa vida.

Revendo a parábola, agora poderemos entender seu significado:

O Senhor (Deus) louvou seu administrador (qualquer um de nós) por atenuar os débitos daqueles devedores (nossos semelhantes), pois essa é uma Lei de Deus, ou seja, que todos nós administremos nossos bens (bens temporários) de forma que favoreça todos nossos semelhantes.

Eis a lógica inversa: enquanto os proprietários que são deste mundo punem seus administradores que não preservam seus bens e não cobram centavo por centavo, o Verdadeiro Proprietário felicita todos seus administradores que são clementes com seus devedores. A lição é valorosa! Há no mundo dois tipos de bens:

- Os bens materiais - estes não nos pertencem de fato, pois somos meros administradores. Eles podem ser-nos retirados em um instante. Nem por lei, nem por decreto, nem pelos mais altos editos da mais alta justiça do mundo eles permanecerão conosco, se assim for a Vontade Divina.

- Os bens espirituais - estes são nossos por direito, pois os adquirimos, através dos tempos, pelo trabalho, pelo estudo, pelo esforço, pela perseverança... Nem paus, nem pedras; nem vento, nem tempestade; nem traça, nem ferrugem; nem bandoleiro algum poderá levá-los. São os verdadeiros tesouros do Espírito, inalienávelmente nossos.

A grande lição desta parábola é o desapego aos bens materiais. Inúmeras vezes acumulamos bens, usamos os recursos egoisticamente ou os destruímos, visando exclusivamente proveitos pessoais, sem levar em conta os legítimos direitos do Legítimo Proprietário: Deus. Jesus mostra-nos, com muita clareza, um caminho para corrigirmos nossa má administração: o desapego e a prática da caridade para com o próximo, e o uso desses bens para multiplicar o progresso e o bem estar coletivo.

Sejamos bons administradores: compartilhemos com abundancia todos os bens que estiverem sob nossa administração, para nos tornarmos verdadeiros discípulos de Jesus!

ZAQUEU, O PUBLICANO

“E, tendo entrado em Jericó, ele atravessava a cidade. Havia lá um homem chamado Zaqueu, que era rico e chefe dos publicanos. Procurava ver quem era Jesus, mas não o conseguia por causa da multidão, pois era de baixa estatura. Correu então à frente e subiu num sicômoro para ver Jesus que passaria por ali. Quando Jesus chegou ao lugar; levantou os olhos e disse-lhe: ‘Zaqueu, desce depressa, pois hoje devo ficar em tua casa’. Ele desceu imediatamente e recebeu-o com alegria. A vista do acontecido, todos murmuravam, dizendo.' ‘Foi hospedar-se na casa de pecador!’ Zaqueu, de pé, disse ao Senhor: ‘Senhor eis que dou a metade dos meus bens aos pobres, e se defraudei a alguém, restituo-lhe o quádruplo’. Jesus lhe disse: ‘Hoje a salvação entrou nesta casa, porque ele também é um filho de Abraão. Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido’.” (Lc 19:1-10).

Na época de Jesus, o Império Romano dominava uma imensa extensão de terras e inúmeros povos, inclusive os judeus, de quem exigiam pesados impostos.

Em Jericó existia um posto de fiscalização e, portanto, havia ali uma grande concentração de publicanos - funcionários encarregados da cobrança desses impostos. Muitos desses publicanos, além do imposto devido, obtinham lucros ilícitos e enriqueciam, fazendo cobranças extorsivas. Caso esses funcionários fossem judeus, além de detestados, eram também considerados traidores da própria raça.

Embora entre eles houvesse pessoas honestas, eram marginalizados e tinham péssima reputação. Eram impedidos, por exemplo, de servir de testemunhas ou ocupar a função de juízes, eram excluídos dos cultos nas sinagogas e até sua família era repudiada pela sociedade.

Zaqueu era um judeu muito rico, chefe dos coletores de impostos; conhecia a Lei de Moisés e os princípios morais que deveria seguir; mas seu modo de vida o havia comprometido perante a Lei de Deus e a Lei humana. Sua atitude, tentando aproximar-se desesperadamente de Jesus, demonstra que interiormente ele estava infeliz, que já ansiava por uma mudança, mas precisava de um estimulo vigoroso, o suficiente para lhe dar esse impulso.

Seu encontro com Jesus, e o acolhimento isento de preconceito que dele recebeu, transformou-o completamente, e ele pode pacificar sua consciência e corrigir os erros de sua vida, decidindo, espontaneamente, repartir com os pobres a metade de sua fortuna acumulada e restituir quatro vezes mais as pessoas a quem havia espoliado. E Jesus lhe disse: “Zaqueu, hoje entrou a salvação em tua casa!”

A que salvação se refere o Mestre?

Com certeza, não é a salvação segundo as doutrinas dogmáticas, mas, sim, aquela decorrente da transformação interior, por vontade e esforço próprio.

No livro “Na Hora do Testemunho”, de Herculano Pires, Emmanuel, ao final de sua mensagem “Auto Renovação, diz”: “Usa os bens que a vida te empresta atendendo ao bem dos outros, sem permitir que os bens dos quais te fizeste usufrutuário te acorrentem ao poste das aflições inúteis. Serve sem apego. Ama sem escravizar o próximo ou a ti mesmo. E ilumina-te, seguindo adiante. É da Lei Divina que o mundo se transforme independentemente da nossa vontade, mas é igualmente da Lei do Senhor que a nossa renovação, sejam quais forem as influências exteriores, dependa sempre e exclusivamente de nós.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Como cultivamos o desapego?


Fonte da imagem: Internet Google.

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