CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

quinta-feira, 23 de março de 2017

1ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Parábola do Joio e do Trigo, Parábola do Festim das Bodas, A Porta Estreita

PARÁBOLA DO JOIO E DO TRIGO (OU DA CIZANIA)

“O Reino dos Céus é semelhante ao homem que semeou boa semente no seu campo. Enquanto todos dormiam, veio seu inimigo e semeou o joio no meio do trigo e foi-se embora. Quando o trigo cresceu e começou a granar apareceu também o joio. Os servos do proprietário foram procurá-lo e lhe disseram: ‘Senhor; não semeaste boa semente no teu campo? Como então está cheio de joio? Ao que este respondeu: ‘Um inimigo é que fez isso’. Os servos perguntaram-lhe: ‘Queres, então, que vamos arrancá-lo? ’ Ele respondeu: ‘Não, para não acontecer que, ao arrancar o joio, com ele arranqueis também o trigo. Deixai-os crescer juntos até a colheita. No tempo da colheita, direi aos ceifeiros: Arrancai primeiro o joio e atai-o em feixes para ser queimado; quanto ao trigo, recolhei-o ao meu celeiro.’.” (Mt 13:24-30).

Nesta parábola, o homem que semeou a boa semente é Jesus; o campo é o mundo; o trigo simboliza os bons, os que se esforçam para seguir a Lei Divina e praticá-la, e o joio são as pessoas que ainda se comprazem na prática do mal, que infringem a Lei de Deus, mas, no entanto, têm a aparência de bons.

Jesus utiliza a figura do joio e do trigo, pois, numa plantação de trigo, muitas vezes encontram-se sementes de joio. E, curiosamente, enquanto a plantação cresce, o joio cresce ao lado do trigo, mas não é reconhecido como tal, pois se assemelham. Somente na hora da colheita é que vemos quais sãos “os frutos” de cada um deles. Por isso, o Mestre alerta sobre a necessidade de vigilância.

Essa “semente de joio” pode inserir-se em todos os setores da atividade humana, ou seja, pode ser encontrado em um grupo de pessoas, em uma comunidade, ou mesmo em uma filosofia ou doutrina. Quando essa semente de joio representa um individuo, a Doutrina Espírita esclarece-nos, em “O Livro dos Espíritos”, na questão 115:

P. “Uns Espíritos foram criados bons e outros maus?”

R. “Deus criou todos os Espíritos simples e ignorantes, ou seja, sem conhecimento. Deu a cada um deles uma missão, com o fim de os esclarecer e progressivamente conduzir à perfeição, pelo conhecimento da verdade, e para os aproximar Dele.”

Sabemos que todos os Espíritos foram criados iguais. As diferenças que existem refletem apenas o grau evolutivo de cada um.

Deus, na sua infinita Bondade, oferece a oportunidade de aprendizado a todos. Para que ocorra esse processo de crescimento espiritual, a diversidade é necessária, para que uns aprendam com os outros.

Constitui, a propósito, um dever cristão o ato de partilhar o conhecimento e exemplificar as virtudes.

Quando, porém, persiste a indiferença ao Bem, a resistência as mudanças, ao joio restará renascer em outras searas, compatíveis com sua fase evolutiva, até que aprenda a renovar-se (o joio atirado ao fogo).

Em “A Gênese”, cap. XVII, item 63, Allan Kardec escreve: “O Bem devendo reinar na Terra, é necessário que dela sejam excluídos os Espíritos endurecidos no mal, e que poderiam ai levar a perturbação. Deus os deixou nela o tempo necessário ao seu melhoramento; mas terão chegado o momento em que o globo deve elevar-se na hierarquia dos mundos, pelo progresso moral de seus habitantes, a permanência nele, como Espíritos e como encarnados, será interdita aqueles que não tiverem aproveitado as instruções; que estiveram em condição de receber serão exilados para mundos inferiores, como o foram outrora para a Terra os da raça adâmica, sendo substituídos por Espíritos melhores“.

PARÁBOLA DO FESTIM DAS BODAS (OU DA FESTA DE NÚPCIAS)

“O Reino dos Céus é semelhante a um rei que celebrou as núpcias do seu filho. Enviou seus servos para chamar os convidados as núpcias, mas estes não quiseram vir. Tornou a enviar outros servos, recomendando: ‘Dizei aos convidados: eis que preparei meu banquete, meus touros e cevados já foram abatidos e tudo está pronto. Vinde as núpcias’. Eles, porém, sem darem a menor atenção, foram-se, um para o seu campo, outro para o seu negócio, e os restantes, agarrando os servos, os maltrataram e os mataram. Diante disso, o rei ficou com muita raiva e, mandando as suas tropas, destruiu aqueles homicidas e incendiou lhes a cidade. Em seguida, disse aos servos: As núpcias estão prontas, mas os convidados não eram dignos. Ide, pois, às encruzilhadas e convidai para as núpcias todos os que encontrardes’. E esses servos, saindo pelos caminhos, reuniram todos os que encontraram, maus e bons, de modo que a sala nupcial ficou cheia de convivas. Quando o rei entrou para examinar os convivas, viu ali um homem sem a veste nupcial e disse-lhe: Amigo, como entraste aqui sem a veste nupcial? ’Ele, porém, ficou calado. Então disse o rei aos que o serviam: ‘Amarrai-lhe os pés e as mãos e lançai-o fora, nas trevas exteriores. Ali haverá choro e ranger de dentes’. Com efeito, muitos são chamados, mas poucos escolhidos.” (Mt 22:2-14).

Se considerarmos o texto desta parábola ao pé da letra, ficaremos surpresos com a dificuldade encontrada para se aceitar um convite para uma festa de casamento.

Em verdade, Jesus utiliza um banquete nupcial como alegoria ao “banquete espiritual”, ao qual todos somos convidados, através de seu Evangelho, como elucida Kardec em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XVIII, item 2: “(...) Jesus compara o Reino dos Céus, onde tudo é felicidade e alegria, a uma festa nupcial. Os primeiros convidados são os judeus, que Deus havia chamado em primeiro lugar para o conhecimento de sua lei. Os enviados do rei são os profetas, que convidaram os judeus a seguir o caminho da verdadeira felicidade, mas cujas palavras foram pouco ouvidas, cujas advertências foram desprezadas, e muitos deles foram mesmo massacrados, como os servos da parábola. Os convidados que deixam de comparecer alegando que tinham de cuidar de seus campos e de seus negócios, representam as pessoas mundanas, que, absorvidas pelas coisas terrenas, mostram-se indiferentes para as coisas celestes. (...) e acrescenta que o rei, vendo isso, mandou convidar a todos os que fossem encontrados nas ruas, bons e maus. Fazia entender assim, que a palavra seria pregada a todos os outros povos...”

Como sabemos, os judeus compunham um povo que era reconhecido pela crença monoteísta. Sua história é marcada pelos grandes profetas que, de tempos em tempos, surgiam para trazer as verdades espirituais.

No entanto, muitos deles foram desprezados e, até mesmo, mortos, sacrificados. Kardec, por isso, elucida-nos que os convidados que não quiseram comparecer ao banquete eram os judeus. Vemos, dessa forma, nesta parábola, que o rei (Deus) estende seu convite a todos os que queiram participar do banquete (todos nós), assim como Jesus o faz, não distinguindo as pessoas por etnia, religião, classe social ou nível cultural.

Kardec continua: “Mas não basta ser convidado; não basta dizer-se cristão, tampouco sentar-se a mesa para participar do banquete celeste. E necessário, antes de tudo, e como condição expressa, vestir a túnica nupcial, ou seja, purificar o coração e praticar a lei segundo o espírito, pois essa lei se encontra inteira nestas palavras: Fora da caridade não há salvação”. Quão poucos se tornam dignos de entrar no Reino dos Céus! Foi por isso que Jesus disse: “Muitos serão os chamados e poucos os escolhidos”.

Assim como no banquete nupcial é necessário estar adequadamente vestido, para fazer parte do banquete espiritual, é preciso aceitar, compreender e colocar em pratica os princípios morais ensinados por Jesus.

A parábola mostra que todos são chamados a participar do banquete espiritual, mas depende da vontade de cada um fazer parte dele. Os que escolherem não participar permanecerão na ignorância espiritual, e no sofrimento que essa condição acarreta, até que acordem para trilhar novos e mais felizes caminhos.

Em todas essas parábolas, Jesus mostra que o Reino dos Céus já está dentro de nos, desde sempre; só depende de nós descobri-lo, exteriorizá-lo e vive-lo, transformando a nós mesmos e, por consequência, o mundo a nossa volta.

A PORTA ESTREITA

“Entrai pela porta estreita, porque largo e espaçoso é o caminho que conduz a perdição. E muitos são os que entram por ele. Estreita, porém, é a porta e apertado o caminho que conduz a vida. E poucos são os que o encontram”. (Mt 7:13-14).

Nessa passagem, Jesus aponta-nos o melhor caminho a seguir para a nossa evolução. Mas o que essas “portas” significam?

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XVIII, item 5, Kardec comenta: “A porta da perdição é larga, porque as más paixões são numerosas e o caminho do mal é o mais frequentado. A da salvação é estreita, porque o homem que deseja transpô-la deve fazer grandes esforços para vencer as suas más tendências, e poucos se resignam a isso”.

A porta larga representa as ilusões do mundo, as convicções erradas, os maus hábitos, todos resultantes da ignorância, do orgulho, da vaidade, do egoísmo...

Qual aquele que esta totalmente isento dessas más tendências? A vida terrena oferece muitos atrativos: a riqueza, a fama, o poder, o status... Muitos de nós ficamos atraídos pelas coisas da vida material, deixamo-nos envolver pelas sensações exteriores.

Quem escolhe a porta larga enxerga com os olhos do mundo; o caminho é fácil, sedutor e não exige esforço, mas ao fim dele encontramos enganos, desilusões e dor, e só então compreendemos que perdemos um tempo precioso na vida.

Este é realmente o caminho mais trilhado, pois a Humanidade ainda não se deu conta da importância da vida futura, preferindo permanecer no apego as coisas materiais, esquecendo-se dos valores espirituais.

Quem escolhe a porta estreita despertou para a verdade, e compreende que esse caminho exige conhecimento, renúncia, vigilância, prudência, humildade e responsabilidade. É o caminho da vida, da felicidade e da luz.

Muitas vezes, não o percebemos com clareza, pois, para optar pelo melhor caminho, é preciso que nos conheçamos, para que possamos transformar-nos.

Em “O Livro dos Espíritos”, questão 919, Santo Agostinho ensina-nos um meio eficaz para nos tomarmos melhores e resistirmos ao mal, aconselhando-nos a recordar todas as noites como foi o nosso dia, o que fizemos o que dissemos; se cumprimos nossos deveres, se alguém poderia ter uma queixa de nós ou se guardamos emoções menos nobres no coração.

A Lei de Deus ensina a Doutrina Espírita, esta escrita em nossa consciência. Podemos, portanto, através da reflexão diária, consulta-la.

No caminho da porta estreita estão todos os desafios da nossa vida. O esforço pessoal para a conquista dos bens espirituais constitui a porta estreita, e não depende de cultura ou crença religiosa, mas, de abrir o coração ao amor e deixá-lo fluir em nossa vida.

Este é o caminho que nos aproxima de Deus e, embora esteja cheio de obstáculos, todos nós somos capazes de superá-los. Ao final da caminhada está a recompensa, porque a escolha foi acertada: a felicidade da vida futura, as bem-aventuranças prometidas por Jesus no Sermão da Montanha.

Podemos viver plenamente nossa vida material e afetiva, dando o justo valor às coisas da Terra, sem apegos e sentimentos de posse.

Nossa vida na Terra é uma dádiva preciosa, uma oportunidade abençoada de crescimento espiritual. Não podemos deixar-nos levar pelas ilusões mundanas.

Sabemos que no estágio atual da Humanidade ainda predomina o mal em seus diversos aspectos. Porém, não estamos obrigados a aderir a esse estado de coisas.

Ainda que não percebamos, muitas pessoas abrem-nos portas, a cada dia, através da palavra falada ou escrita, da ação ou do exemplo. Examinemos por quais portas estamos adentrando, para que não percamos grandes oportunidades de crescimento espiritual.

Devemos vigiar e orar sempre, como nos ensinou o Mestre, para não nos deixarmos levar pela sedução da porta larga. Devemos valorizar cada oportunidade de renovação, vendo em Jesus o Caminho, a Verdade e a Vida.

É da renovação moral de todos nós que virá a renovação moral do planeta e o fim dos males que afligem a Humanidade.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente o principal ensinamento que nos traz a “Parábola do Joio e do Trigo”.

Bibliografia
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP.
- Kardec, Allan - O Livro dos Espíritos Ed. FEESP.
- Godoy, Paulo A. - Casos Controvertidos do Evangelho - Ed. FEESP.
- Schutel, Cairbar - Parábolas e Ensinos de Jesus.
- Almeida, José de Sousa - As Parábolas - Ed. FEESP.


Fonte da imagem: Internet Google.

Nenhum comentário:

Postar um comentário