CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 11 de abril de 2017

3ª Aula Parte B – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 2º ANO – FEESP

Parábola da Figueira Estéril, Parábola dos Trabalhadores da Última Hora, Os Últimos Serão os Primeiros

PARÁBOLA DA FIGUEIRA ESTÉRIL (OU DA FIGUEIRA QUE NÃO DAVA FRUTOS)

“Um homem tinha uma figueira plantada em sua vinha. Veio a ela procurar frutos, mas não encontrou. Então disse ao vinhateiro: ‘Ha três anos que venho buscar frutos nesta figueira e não encontro. Corta-a; por que há de tornar a terra infrutífera?’
Ele, porém, respondeu: ‘Senhor deixa-a ainda este ano para que cave ao redor e coloque adubo. Depois, talvez, dê frutos... Caso contrário, tu a cortarás'.” (Lc 13:6-9).

Quando contou esta parábola, Jesus estava indo para Jerusalém, que, na época, era a sede do poder econômico, político e religioso do povo judeu, e iria ali se confrontar com uma sociedade onde a injustiça era comum, a força militar era dominante e a religião servia para assegurar os privilégios aos sacerdotes e Doutores da Lei.

O dono da propriedade é Deus e a vinha, a Humanidade, de quem o Pai espera pacientemente os frutos.

A figueira estéril pode simbolizar, a princípio, a sociedade que Jesus encontrou em Jerusalém: uma árvore que tinha folhas, mas não dava frutos e nem alimentava o povo faminto.

Ampliando seu simbolismo, a figueira estéril representa todo aquele que é improdutivo; representa as pessoas que aparentam ser boas, mas, na realidade, nada produzem de bom; representa aqueles que têm a possibilidade de serem uteis, mas são inertes na prática do Bem.

Elas não acolhem o ensino moral de Jesus, assim tomam-se infrutíferas, e por serem inúteis poderiam ser “cortadas”. No entanto, ainda assim, o dono da vinha conceder-lhes-á a oportunidade de receberem cuidados e “adubo”, para que tenham a chance de produzir frutos no futuro.

Estes frutos podem ser representados por todo bom emprego das faculdades humanas que tragam beneficio ao semelhante. Entre essas faculdades, destaca-se a mediunidade, que é um instrumento precioso para gerar bons frutos através da caridade.

Nesse sentido, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XIX, item 10, Kardec faz um alerta aos médiuns, que, em verdade, serve a todos nós: “Os médiuns são os intérpretes dos Espíritos. (...) Nestes tempos de renovação social, desempenham uma missão especial: São como árvores que devem dispensar o alimento espiritual aos seus irmãos. Por isso, multiplicam-se, de maneira que o alimento seja abundante. (...) Mas se eles desviam de seu fim providencial a faculdade preciosa que lhes foi concedida, se a colocam a serviço de coisas fúteis e prejudiciais, ou dos interesses mundanos; se, em vez de frutos salutares, dão maus frutos; se, recusam-se a torná-la proveitosa para os outros; se nem mesmo para si tiram os proveitos da melhoria própria, então, assemelham-se a figueira estéril”.

Aproveitemos, enquanto é dia, para produzir bons frutos!

PARÁBOLA DOS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA (OU DOS TRABALHADORES DA VINHA)

“Porque o Reino dos Céus é semelhante ao pai de família que saiu de manhã cedo para contratar trabalhadores para a sua vinha. Depois de combinar com os trabalhadores um denário por dia, mandou-os para a vinha. Tornando a sair pela hora terceira, viu outros que estavam na praça, desocupados, e disse-lhes: ‘Ide também vós para a vinha, e eu vos darei o que for justo' Eles foram. Tornando a sair pela hora sexta e pela hora nona, fez a mesma coisa. Saindo pela hora undécima, encontrou outros que lá estavam e disse-lhes: ‘Por que ficais ai o dia inteiro sem trabalhar?’ Responderam: ‘Porque ninguém nos contratou ’. Disse-lhes: Ide, também vós, para a vinha. Chegada a tarde, disse o dono da vinha ao seu administrador.' ‘Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário começando pelos últimos até os primeiros’. Vindo os da hora undécima, receberam um denário cada um. E vindo os primeiros, pensaram que receberiam mais, mas receberam um denário cada um também eles. Ao receber murmuravam contra o pai de família, dizendo.' ‘Estes últimos fizeram uma hora só e tu os igualaste a nós, que suportamos o peso do dia e o calor do sol'. Ele, então, disse a um deles: Amigo, não fui injusto contigo. Não combinamos um denário? Toma o que é teu e vai. Eu quero dar a este ultimo o mesmo que a ti. Não tenho o direito de fazer o que quero com o que é meu? Ou estás com ciúme porque sou bom? Eis como os últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos.” (Mt 20:1-16).

Nesta parábola, Jesus estará incentivando a injustiça, a discórdia e valorizando a inação? Não seria injustiça pagar o mesmo salário, tanto aos que trabalharam doze horas, como aos que trabalharam nove, seis, três ou uma hora?

Transportando esta parábola para o campo da espiritualidade, teremos: a vinha é um campo de trabalho; o proprietário é Deus, o Pai Criador; os trabalhadores somos nós, a Humanidade, que, nas mais variadas horas de nossa existência, somos convidados ao cultivo das virtudes e a cuidar com dedicação do que nos cabe realizar.

Esta é uma parábola que por seu rico simbolismo traz-nos diversos ensinamentos. Encontramos, assim, na bibliografia espírita, mais de uma forma de interpretá-la.

Atendo-nos ao “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no cap. XX, encontraremos duas interpretações. Vejamos: “O trabalhador da ultima hora tem direito ao salário. Mas, para isso, é necessário que se tenha conservado com boa vontade à disposição do Senhor que o devia empregar; e que o atraso não seja fruto da sua preguiça ou da sua má vontade.”

Como vemos nesta passagem, é ressaltada a condição de disponibilidade, de boa vontade para o trabalho. Refletindo sobre as oportunidades de trabalho que chegam a todos os Homens, notaremos que são muitas as pessoas que desperdiçam inúmeras ocasiões de realizar suas tarefas.

Grande desperdício, repetimos, porque, como nos ensina Doutrina Espírita, a Lei do Trabalho é uma das Leis de Deus. Pelo trabalho alcançamos o progresso intelectual e moral.

O ponto essencial é, repisamos, estarmos disponíveis e de boa vontade, e então a oportunidade aparece, pois, quando nos dispomos a servir, seremos auxiliados pela Espiritualidade Superior a realizar a tarefa que nos compete.

Portanto, não importa qual é a hora que o chamado é feito, mas, sim, a prontidão em atendê-lo. Nesse caso, mereceremos o salário integralmente.

No mesmo capitulo de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no item 3, encontramos outra instrução acerca desta parábola: “Últimos a chegar os Espíritas aproveitam o trabalho intelectual dos seus antecessores, porque o homem deve herdar do homem, e porque os trabalhos e seus resultados são coletivos: Deus abençoa a solidariedade.”

Segundo a Lei de Progresso, que também é uma Lei Divina, a Humanidade avança, passo a passo, sempre adiante. E, figuradamente falando, como se fosse à construção de um grande edifício que vai se elevando as alturas.

Em relação ao avanço do progresso intelectual é surpreendente o estado a que chegamos em tão pouco tempo. Os avanços científicos e tecnológicos são admiráveis.

Especialmente em relação à condição moral, vemos também que a Humanidade dia a dia vai se aprimorando, e costumes bárbaros, que outrora eram comuns, vão sendo deixados de lado, e vão sendo substituídos por outros mais moderados, elevados.

Os homens, hoje, estão mais receptivos para o conhecimento espiritual. Existe, compilado, um verdadeiro acervo de obras que tratam das verdades espirituais. Mas, lembremos, nem sempre foi assim.

Na antiguidade, era grande a dificuldade para obter esses ensinamentos: os livros eram raros, os professores escassos, o analfabetismo era regra, e o conhecimento superior era fechado, pertencia a alguns iniciados.

Embora existissem essas dificuldades apontadas, sempre existiram os trabalhadores da seara do Mestre.

Mas, os trabalhadores daquela primeira hora precisavam de muito esforço, muitas horas de trabalho, para a propagação das verdades espirituais e, assim, obter o seu salário.

Hoje, os trabalhadores da ultima hora - os Espíritas - recebem, como “herança”, todo o resultado desse trabalho, mas tem o compromisso de levar adiante esse processo, de continuar construindo para que, também, deixem um legado as futuras gerações, sendo assim colaboradores diretos de Jesus nesta fase de transição planetária para um Mundo de Regeneração.

No item 5, do mesmo capítulo já citado, há uma mensagem do Espírito de Verdade, incentivando-nos ao trabalho: “Chegastes no tempo em que se cumprirão as profecias referentes a transformação da Humanidade. Felizes serão os que tiverem trabalhado o campo do Senhor com desinteresse, e movidos apenas pela caridade! Suas jornadas de trabalho serão pagas ao cêntuplo do que tenham esperado. Felizes serão os que houverem dito a seus irmãos: ‘Trabalhemos juntos, e unamos nossos esforços, a fim de que o Senhor; na sua vinda, encontre a obra acabada...”

OS ÚLTIMOS SERÃO OS PRIMEIROS

Em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. XX, item 2 o Espírito Constantino faz uma reflexão sobre as diferentes posturas que um trabalhador poderia adotar.

Em primeiro, há aquele que, com disposição, espera apenas ser chamado para aceitar imediatamente a tarefa. O segundo é preguiçoso e não quer trabalho, mas aceita o salário. E há um terceiro que, além de não se interessar por trabalho algum, usa o seu tempo para fazer o mal, esperando ainda assim ser empregado, propositalmente ao final do dia; a este o Senhor lhe diria: “Não tenho agora nenhum trabalho para ti. Desperdiçaste o teu tempo, esqueceste o que havias aprendido, não sabes mais trabalhar na minha vinha. Cuida, pois, de aprender de novo, e quando te sentires mais bem disposto, vem procurar-me e te franquearei as minhas terras, onde poderás trabalhar a qualquer hora do dia.”

“Aprender de novo” é refazer o caminho, pois em cada nova existência o Espírito retoma com novas oportunidades para fazer a tarefa não cumprida.

Na mesma mensagem, Constantino aconselha os espíritas: “Bons espíritas, meus bem-amados, todos vós sois trabalhadores da última hora. (...) Todos viestes quando chamados, uns mais cedo, outros mais tarde, para a encarnação cujos grilhões carregais. Mas há quantos e quantos séculos o Senhor vos chamava para a sua vinha, sem que aceitásseis o convite? Eis chegado, agora, o momento de receber o salário. Empregai bem esta hora que vos resta. Não vos esqueçais de que a vossa existência por mais longa que vos pareça, não é mais do que um momento muito breve, na imensidade dos tempos que constituem para vos a eternidade”.

Os Espíritos possuem relativa liberdade para decidirem seus rumos. Não há, ensina-nos a Doutrina Espírita, determinismo absoluto, pois podemos exercer o livre arbítrio e optarmos pelo caminho que nos agrade.

Assim, segundo suas opções, os Espíritos avançam mais ou menos. Muitos, por livre escolha, permanecem, então, estacionários por anos infindáveis, por vários séculos.

Poderá haver, no entanto, um momento em que aquele que desperdiçou quase todo o seu tempo procurará trabalho e não o encontrará. Isso lhe servira de lição para que aprenda a valorizar as horas. Necessitará, então, de uma nova encarnação para que “aprenda de novo”.

Esse panorama, qual seja: de haver a possibilidade de avançar mais rápido segundo nossas decisões, é, para nós, um estimulo para aproveitamos as horas para o trabalho dignificante.

Há, ainda, um outro aspecto para se interpretar esse ensinamento. O Espírito Henri Heine, no item 3 do mesmo capítulo, diz que os trabalhadores da primeira hora são os profetas, Moisés e tantos outros Espíritos que reencarnaram ao longo dos séculos, auxiliando o progresso espiritual da Humanidade, nas mais diversas atividades terrenas.

Os espíritas, nessa interpretação, são os últimos a chegar, usufruindo do resultado do trabalho dos que vieram antes, e então: “... já não trabalham mais nos fundamentos, mas na cúpula do edifício. Seu salário será, portanto, proporcional ao mérito da obra“.

Essa orientação encerra-se assim: “Este é um dos verdadeiros sentidos desta parábola, que encerra, como todas as que Jesus dirigiu ao povo, as linhas do futuro, e também, através de suas formas e imagens, a revelação dessa magnífica unidade que harmoniza todas as coisas no universo, dessa solidariedade que liga todos os seres atuais ao passado e ao futuro”.

QUESTÃO REFLEXIVA:

Como podemos contribuir na seara do Mestre, como “trabalhadores da última hora”?

Bibliografia:
- A Bíblia de Jerusalém.
- Kardec, Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP
- Godoy, Paulo Alves - As Maravilhosas Parábolas de Jesus - Ed. FEESP
- Almeida, José de Sousa e - As Parábolas - Ed. FEESP
- Schutel, Cairbar - Parábolas e Ensinos de Jesus.


Fonte da imagem: Internet Google.

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