Parábola da Figueira Estéril, Parábola dos
Trabalhadores da Última Hora, Os Últimos Serão os Primeiros
PARÁBOLA
DA FIGUEIRA ESTÉRIL (OU DA FIGUEIRA QUE NÃO DAVA FRUTOS)
“Um homem
tinha uma figueira plantada em sua vinha. Veio a ela procurar frutos, mas não
encontrou. Então disse ao vinhateiro: ‘Ha três anos que venho buscar frutos
nesta figueira e não encontro. Corta-a; por que há de tornar a terra
infrutífera?’
Ele, porém,
respondeu: ‘Senhor deixa-a ainda este ano para que cave ao redor e coloque
adubo. Depois, talvez, dê frutos... Caso contrário, tu a cortarás'.” (Lc
13:6-9).
Quando
contou esta parábola, Jesus estava indo para Jerusalém, que, na época, era a
sede do poder econômico, político e religioso do povo judeu, e iria ali se
confrontar com uma sociedade onde a injustiça era comum, a força militar era
dominante e a religião servia para assegurar os privilégios aos sacerdotes e
Doutores da Lei.
O dono da
propriedade é Deus e a vinha, a Humanidade, de quem o Pai espera pacientemente
os frutos.
A figueira
estéril pode simbolizar, a princípio, a sociedade que Jesus encontrou em
Jerusalém: uma árvore que tinha folhas, mas não dava frutos e nem alimentava o
povo faminto.
Ampliando
seu simbolismo, a figueira estéril representa todo aquele que é improdutivo;
representa as pessoas que aparentam ser boas, mas, na realidade, nada produzem
de bom; representa aqueles que têm a possibilidade de serem uteis, mas são
inertes na prática do Bem.
Elas não
acolhem o ensino moral de Jesus, assim tomam-se infrutíferas, e por serem
inúteis poderiam ser “cortadas”. No entanto, ainda assim, o dono da vinha
conceder-lhes-á a oportunidade de receberem cuidados e “adubo”, para que tenham
a chance de produzir frutos no futuro.
Estes frutos
podem ser representados por todo bom emprego das faculdades humanas que tragam
beneficio ao semelhante. Entre essas faculdades, destaca-se a mediunidade, que
é um instrumento precioso para gerar bons frutos através da caridade.
Nesse
sentido, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, cap. XIX, item 10, Kardec faz
um alerta aos médiuns, que, em verdade, serve a todos nós: “Os médiuns são os
intérpretes dos Espíritos. (...) Nestes tempos de renovação social, desempenham
uma missão especial: São como árvores que devem dispensar o alimento espiritual
aos seus irmãos. Por isso, multiplicam-se, de maneira que o alimento seja
abundante. (...) Mas se eles desviam de seu fim providencial a faculdade
preciosa que lhes foi concedida, se a colocam a serviço de coisas fúteis e
prejudiciais, ou dos interesses mundanos; se, em vez de frutos salutares, dão
maus frutos; se, recusam-se a torná-la proveitosa para os outros; se nem mesmo
para si tiram os proveitos da melhoria própria, então, assemelham-se a figueira
estéril”.
Aproveitemos,
enquanto é dia, para produzir bons frutos!
PARÁBOLA DOS TRABALHADORES DA ÚLTIMA HORA
(OU DOS TRABALHADORES DA VINHA)
“Porque o
Reino dos Céus é semelhante ao pai de família que saiu de manhã cedo para
contratar trabalhadores para a sua vinha. Depois de combinar com os
trabalhadores um denário por dia, mandou-os para a vinha. Tornando a sair pela
hora terceira, viu outros que estavam na praça, desocupados, e disse-lhes: ‘Ide
também vós para a vinha, e eu vos darei o que for justo' Eles foram. Tornando a
sair pela hora sexta e pela hora nona, fez a mesma coisa. Saindo pela hora
undécima, encontrou outros que lá estavam e disse-lhes: ‘Por que ficais ai o
dia inteiro sem trabalhar?’ Responderam: ‘Porque ninguém nos contratou ’.
Disse-lhes: Ide, também vós, para a vinha. Chegada a tarde, disse o dono da
vinha ao seu administrador.' ‘Chama os trabalhadores e paga-lhes o salário
começando pelos últimos até os primeiros’. Vindo os da hora undécima, receberam
um denário cada um. E vindo os primeiros, pensaram que receberiam mais, mas
receberam um denário cada um também eles. Ao receber murmuravam contra o pai de
família, dizendo.' ‘Estes últimos fizeram uma hora só e tu os igualaste a nós,
que suportamos o peso do dia e o calor do sol'. Ele, então, disse a um deles:
Amigo, não fui injusto contigo. Não combinamos um denário? Toma o que é teu e
vai. Eu quero dar a este ultimo o mesmo que a ti. Não tenho o direito de fazer
o que quero com o que é meu? Ou estás com ciúme porque sou bom? Eis como os
últimos serão primeiros, e os primeiros serão últimos.” (Mt 20:1-16).
Nesta
parábola, Jesus estará incentivando a injustiça, a discórdia e valorizando a
inação? Não seria injustiça pagar o mesmo salário, tanto aos que trabalharam
doze horas, como aos que trabalharam nove, seis, três ou uma hora?
Transportando
esta parábola para o campo da espiritualidade, teremos: a vinha é um campo de
trabalho; o proprietário é Deus, o Pai Criador; os trabalhadores somos nós, a
Humanidade, que, nas mais variadas horas de nossa existência, somos convidados
ao cultivo das virtudes e a cuidar com dedicação do que nos cabe realizar.
Esta é uma
parábola que por seu rico simbolismo traz-nos diversos ensinamentos.
Encontramos, assim, na bibliografia espírita, mais de uma forma de
interpretá-la.
Atendo-nos
ao “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no cap. XX, encontraremos duas
interpretações. Vejamos: “O trabalhador da ultima hora tem direito ao salário.
Mas, para isso, é necessário que se tenha conservado com boa vontade à
disposição do Senhor que o devia empregar; e que o atraso não seja fruto da sua
preguiça ou da sua má vontade.”
Como vemos
nesta passagem, é ressaltada a condição de disponibilidade, de boa vontade para
o trabalho. Refletindo sobre as oportunidades de trabalho que chegam a todos os
Homens, notaremos que são muitas as pessoas que desperdiçam inúmeras ocasiões
de realizar suas tarefas.
Grande
desperdício, repetimos, porque, como nos ensina Doutrina Espírita, a Lei do
Trabalho é uma das Leis de Deus. Pelo trabalho alcançamos o progresso
intelectual e moral.
O ponto
essencial é, repisamos, estarmos disponíveis e de boa vontade, e então a
oportunidade aparece, pois, quando nos dispomos a servir, seremos auxiliados
pela Espiritualidade Superior a realizar a tarefa que nos compete.
Portanto,
não importa qual é a hora que o chamado é feito, mas, sim, a prontidão em
atendê-lo. Nesse caso, mereceremos o salário integralmente.
No mesmo
capitulo de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, no item 3, encontramos outra
instrução acerca desta parábola: “Últimos a chegar os Espíritas aproveitam o
trabalho intelectual dos seus antecessores, porque o homem deve herdar do
homem, e porque os trabalhos e seus resultados são coletivos: Deus abençoa a
solidariedade.”
Segundo a
Lei de Progresso, que também é uma Lei Divina, a Humanidade avança, passo a
passo, sempre adiante. E, figuradamente falando, como se fosse à construção de
um grande edifício que vai se elevando as alturas.
Em relação
ao avanço do progresso intelectual é surpreendente o estado a que chegamos em
tão pouco tempo. Os avanços científicos e tecnológicos são admiráveis.
Especialmente
em relação à condição moral, vemos também que a Humanidade dia a dia vai se
aprimorando, e costumes bárbaros, que outrora eram comuns, vão sendo deixados
de lado, e vão sendo substituídos por outros mais moderados, elevados.
Os homens,
hoje, estão mais receptivos para o conhecimento espiritual. Existe, compilado,
um verdadeiro acervo de obras que tratam das verdades espirituais. Mas,
lembremos, nem sempre foi assim.
Na
antiguidade, era grande a dificuldade para obter esses ensinamentos: os livros
eram raros, os professores escassos, o analfabetismo era regra, e o
conhecimento superior era fechado, pertencia a alguns iniciados.
Embora
existissem essas dificuldades apontadas, sempre existiram os trabalhadores da
seara do Mestre.
Mas, os
trabalhadores daquela primeira hora precisavam de muito esforço, muitas horas
de trabalho, para a propagação das verdades espirituais e, assim, obter o seu
salário.
Hoje, os
trabalhadores da ultima hora - os Espíritas - recebem, como “herança”, todo o
resultado desse trabalho, mas tem o compromisso de levar adiante esse processo,
de continuar construindo para que, também, deixem um legado as futuras
gerações, sendo assim colaboradores diretos de Jesus nesta fase de transição
planetária para um Mundo de Regeneração.
No item 5,
do mesmo capítulo já citado, há uma mensagem do Espírito de Verdade,
incentivando-nos ao trabalho: “Chegastes no tempo em que se cumprirão as
profecias referentes a transformação da Humanidade. Felizes serão os que
tiverem trabalhado o campo do Senhor com desinteresse, e movidos apenas pela
caridade! Suas jornadas de trabalho serão pagas ao cêntuplo do que tenham esperado.
Felizes serão os que houverem dito a seus irmãos: ‘Trabalhemos juntos, e unamos
nossos esforços, a fim de que o Senhor; na sua vinda, encontre a obra
acabada...”
OS ÚLTIMOS SERÃO OS PRIMEIROS
Em “O
Evangelho Segundo o Espiritismo”, Cap. XX, item 2 o Espírito Constantino faz
uma reflexão sobre as diferentes posturas que um trabalhador poderia adotar.
Em primeiro,
há aquele que, com disposição, espera apenas ser chamado para aceitar
imediatamente a tarefa. O segundo é preguiçoso e não quer trabalho, mas aceita
o salário. E há um terceiro que, além de não se interessar por trabalho algum,
usa o seu tempo para fazer o mal, esperando ainda assim ser empregado,
propositalmente ao final do dia; a este o Senhor lhe diria: “Não tenho agora
nenhum trabalho para ti. Desperdiçaste o teu tempo, esqueceste o que havias
aprendido, não sabes mais trabalhar na minha vinha. Cuida, pois, de aprender de
novo, e quando te sentires mais bem disposto, vem procurar-me e te franquearei
as minhas terras, onde poderás trabalhar a qualquer hora do dia.”
“Aprender de
novo” é refazer o caminho, pois em cada nova existência o Espírito retoma com
novas oportunidades para fazer a tarefa não cumprida.
Na mesma
mensagem, Constantino aconselha os espíritas: “Bons espíritas, meus bem-amados,
todos vós sois trabalhadores da última hora. (...) Todos viestes quando
chamados, uns mais cedo, outros mais tarde, para a encarnação cujos grilhões
carregais. Mas há quantos e quantos séculos o Senhor vos chamava para a sua
vinha, sem que aceitásseis o convite? Eis chegado, agora, o momento de receber
o salário. Empregai bem esta hora que vos resta. Não vos esqueçais de que a
vossa existência por mais longa que vos pareça, não é mais do que um momento
muito breve, na imensidade dos tempos que constituem para vos a eternidade”.
Os Espíritos
possuem relativa liberdade para decidirem seus rumos. Não há, ensina-nos a
Doutrina Espírita, determinismo absoluto, pois podemos exercer o livre arbítrio
e optarmos pelo caminho que nos agrade.
Assim,
segundo suas opções, os Espíritos avançam mais ou menos. Muitos, por livre
escolha, permanecem, então, estacionários por anos infindáveis, por vários
séculos.
Poderá
haver, no entanto, um momento em que aquele que desperdiçou quase todo o seu
tempo procurará trabalho e não o encontrará. Isso lhe servira de lição para que
aprenda a valorizar as horas. Necessitará, então, de uma nova encarnação para
que “aprenda de novo”.
Esse
panorama, qual seja: de haver a possibilidade de avançar mais rápido segundo
nossas decisões, é, para nós, um estimulo para aproveitamos as horas para o
trabalho dignificante.
Há, ainda,
um outro aspecto para se interpretar esse ensinamento. O Espírito Henri Heine,
no item 3 do mesmo capítulo, diz que os trabalhadores da primeira hora são os profetas,
Moisés e tantos outros Espíritos que reencarnaram ao longo dos séculos,
auxiliando o progresso espiritual da Humanidade, nas mais diversas atividades
terrenas.
Os
espíritas, nessa interpretação, são os últimos a chegar, usufruindo do
resultado do trabalho dos que vieram antes, e então: “... já não trabalham mais
nos fundamentos, mas na cúpula do edifício. Seu salário será, portanto,
proporcional ao mérito da obra“.
Essa
orientação encerra-se assim: “Este é um dos verdadeiros sentidos desta parábola,
que encerra, como todas as que Jesus dirigiu ao povo, as linhas do futuro, e
também, através de suas formas e imagens, a revelação dessa magnífica unidade
que harmoniza todas as coisas no universo, dessa solidariedade que liga todos
os seres atuais ao passado e ao futuro”.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Como podemos
contribuir na seara do Mestre, como “trabalhadores da última hora”?
Bibliografia:
- A Bíblia
de Jerusalém.
- Kardec,
Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. FEESP
- Kardec, Allan - A Gênese - Ed. FEESP
- Godoy,
Paulo Alves - As Maravilhosas Parábolas de Jesus - Ed. FEESP
- Almeida,
José de Sousa e - As Parábolas - Ed. FEESP
- Schutel,
Cairbar - Parábolas e Ensinos de Jesus.
Fonte da
imagem: Internet Google.
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