Noções Gerais Sobre A Bíblia
O
Velho Testamento
A Bíblia é o
livro considerado o mais importante dentre todos os que já foram escritos em
todos os tempos e lugares, o mais editado e já traduzido em mais de mil línguas
e dialetos humanos, não havendo termos de comparação entre ela e todos os
outros livros.
O termo
Bíblia tem origem no grego “Biblos“, plural de “Biblion“, que significa livros.
Em “Visão
Espírita da Bíblia”, Herculano Pires escreve: “A Bíblia (que o nome quer dizer
simplesmente: O Livro) é na verdade uma biblioteca, reunindo os livros diversos
da religião hebraica”.
Representa a
codificação da primeira revelação do ciclo do Cristianismo. Livros escritos por
vários autores estão nela colecionados, em numero de 42. Foram todos escritos
em hebraico e aramaico e traduzidos mais tarde para o latim, por São Jerônimo,
na conhecida Vulgata Latina, no século quinto da nossa era. As igrejas
católicas e protestantes reuniram a esse livro Os Evangelhos de Jesus, dando a
estes o nome geral de “Novo Testamento”.
Até o alemão
Johann Gutenberg inventar a tipografia (processo de impressão com caracteres
móveis) – no século XV - a Bíblia era um livro raro e extremamente caro, pois
todas as cópias eram feitas artesanalmente, manuscritas em material muitas
vezes difícil de obter e manipular.
Os textos
bíblicos foram escritos nos mais diversos materiais. Encontramos inscrições em
pedra no Egito e na Babilônia, datadas de 850 a.C., em argila e cerâmica, em
madeira (utilizada durante muitos séculos pelos gregos, em couro, em papiro, em
velino (preparado a partir da pele de bezerros), em pergaminho (pele de ovelhas
ou cabras) e, mais recentemente, em papel, desde o comum até os extremamente
delicados e finos, com bordas douradas. Hoje já podemos ouvi-la em CD e ler
seus belos textos em livros virtuais na Internet.
Foi somente
no século 16 que o padre católico Martinho Lutero, fundador do Protestantismo,
traduziu a Bíblia para o alemão, deixando-a ao alcance das classes menos
cultas. Posteriormente, as traduções para outras línguas se popularizaram, o
que universalizou seu conteúdo, permitindo a todos o acesso aos seus ensinamentos.
Por causa
das inúmeras traduções, da grande quantidade de símbolos, alegorias e sentidos
ocultos, das interpretações diferentes dos textos e ate mesmo das alterações
propositais de palavras e trechos inteiros, há, em muitos casos, distorções dos
textos primitivos. Isso, no entanto, absolutamente, não invalida a Bíblia.
Em “A
Gênese“, Cap. IV, item 6, Kardec escreve: “A Bíblia contém evidentemente fatos
que a razão, desenvolvida pela ciência, não poderia aceitar hoje, e outros que
parecem estranhos e inspiram aversão, porque se prendem a costumes que não são
mais os nossos. Mas, ao lado disso, haveria parcialidade em não se reconhecer
que ela contém grandes e belas coisas. A alegoria, nela, tem lugar
considerável, e sob esse véu ela esconde verdades sublimes que aparecem se se
buscar a essência do pensamento, pois nesse caso o absurdo desaparece
Em “O Livro
dos Espíritos“, item 59, Kardec discorre sobre alguns pontos divergentes entre
as afirmações bíblicas e a Ciência, como as questões da Criação em seis dias, a
existência de Adão como o primeiro homem, o dilúvio universal, etc., e
considera que as contradições entre ambas são mais aparentes do que
verdadeiras, pois decorrem da interpretação dada a elas por homens que tomam ao
pé da letra o que tem sentido simbólico ou alegórico. E Kardec questiona:
“Devemos concluir, então, que a Bíblia é erro? Não; mas que os homens se enganaram
na sua interpretação.”
Kardec
mostra um enorme respeito e uma profunda compreensão quanto à importância e a
beleza da Bíblia e essa deve ser também a atitude dos espíritas perante ela:
devemos conhecê-la e estudá-la como um valioso patrimônio da Humanidade, um
instrumento fundamental para trilharmos os caminhos espirituais a que estamos
destinados.
COMPOSIÇÃO DA BIBLIA
Em sua forma
inicial, a Bíblia não tinha a disposição atual e para facilitar sua leitura e
entendimento, em 1227 d.C., convencionou-se dividi-la em capítulos. A
subdivisão em versículos se aconteceria em 1551 d.C.
Foi também
nesse período, durante o Concilio Ecumênico de Trento (1545-1563), na Itália,
que se determinou que a Bíblia, para os católicos, seria composta de 73 livros,
divididos em duas partes: Antigo Testamento (46 livros) e Novo Testamento (27
livros).
Esse número
varia um pouco, dependendo da religião cristã que a adota, pois algumas
rejeitam alguns textos e algumas os acrescentam ou os substituem.
Testamento
significa “pacto“, “convênio“ ou “aliança“, e assim temos a Antiga Aliança ou
Velho Testamento (Deus e os Hebreus) e a Nova Aliança ou Novo Testamento
(Jesus, os Hebreus e toda a Humanidade).
Quanto ao
assunto e a forma, seus textos podem ser divididos em três classes:
- Livros históricos;
- Livros doutrinais;
- Livros proféticos.
O Antigo
Testamento (AT) é o conjunto dos livros escritos por inúmeros autores na
Antiguidade: profetas, escribas, sacerdotes, reis, que relataram os
acontecimentos, os costumes, as leis, as regras de convivência social e moral
que regiam a vida dos povos da época.
Conta a
história do povo de Israel, descrevendo a aliança feita por Deus com Abraão e
seu povo, bem como as condições e as leis dessa aliança.
Os livros
que o compõem estão assim divididos:
- Livros
históricos (21): Gênesis, Êxodo, Levítico, Números, Deuteronômio, Josué,
Juízes, Rute, I Samuel, II Samuel, I Reis, II Reis, I Crônicas, II Crônicas,
Esdras, Neemias, Tobias, Judite, Ester, I Macabeus, II Macabeus. Cada um destes
textos narra uma parte da história do povo hebreu;
- Livros
doutrinais (7): Jó, Salmos, Provérbios, Eclesiastes, Cântico dos Cânticos,
Sabedoria, Eclesiástico.
São escritos
voltados a indicar a correta conduta moral para o Homem de bem;
- Livros
proféticos - Muitos séculos antes de Jesus vir ao planeta, para aqui vieram
profetas que anunciaram grandes acontecimentos futuros; entre eles, alguns se
destacaram pela importância e abrangência de suas profecias:
- Profetas
Maiores (6): Isaías (8 a.C.), Jeremias (7 a.C.), Lamentações de Jeremias (6
a.C.), Baruc, Ezequiel, Daniel;
- Profetas
Menores (12): Oséias, Joel, Amos, Abdias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuc,
Sofonias, Ageu, Zacarias, Malaquias.
Os Cinco
primeiros livros do Antigo Testamento (Genesis, Êxodo, Levítico, Números e
Deuteronômio) formam o que se denomina Pentateuco. Desde os antigos judeus e
também entre os cristãos, considera-se que eles são de autoria de Moisés, mas
pode haver ali trechos e textos não escritos por ele, como a narração de sua
própria morte ou a continuação de certas genealogias envolvendo personagens que
viveram depois dele.
O estudo do
Antigo e do Novo Testamentos, considerando-se os contextos histórico e cultural
do momento da elaboração de cada um dos textos, permite-nos perceber a evolução
histórica e moral da Humanidade, as razoes dos acontecimentos e transformações
que, progressivamente, conduzem-nos a caminhos espirituais cada vez mais
elevados.
Percebemos
que homens primitivos, rudes, muito mais ligados as sensações materiais, que
necessitavam de um Deus agressivo e vingativo, com a vinda de Jesus, passam a
conhecer um Deus amoroso e compassivo, e que o Mestre não tinha vindo “destruir
a Lei“, mas fazê-la cumprir, dando-lhe o seu verdadeiro sentido e preparando a Humanidade
para a plena vigência interior da Lei Divina.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Qual a
importância do conhecimento do Antigo Testamento para nós, espírita?
Fonte da imagem: Internet Google.
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