O Novo Testamento
O Novo
Testamento (NT) é o conjunto dos textos escritos após a vida publica e a morte
de Jesus. Expõe a história da Nova Aliança, feita entre Jesus e os homens e as
principais condições e leis dessa aliança.
Esses livros assim se dividem:
- Livros históricos (5): Mateus (Mt),
Marcos (Mc), Lucas (Lc), João (Jo), Atos dos Apóstolos; “
- Livros doutrinais (21): Epístolas
(cartas) de Paulo: Romanos, I e II Coríntios, Gálatas, e Efésios, Filipenses,
Colossenses, I e II, Tessalonicenses, I e II Timóteo, Tito, Filemon e Hebreus; Epístola
de Tiago; I e II Epístolas de Pedro; I,II,III Epístolas de João; Epístola de
Judas.
- Livro profético (1): Apocalipse de
João.
Os manuscritos
originais desses textos, assim como suas cópias feitas nos três primeiros
séculos, desapareceram totalmente, não somente porque o material usado (papiro,
cerâmica) se deteriorava facilmente, mas também porque os perseguidores dos
cristãos destruíam sistematicamente todos os escritos sagrados que lhes caiam
nas mãos.
Os cristãos,
por sua vez, os escondiam para não serem destruídos. Muitos desses textos foram
enterrados e jamais recuperados; outros foram encontrados nas buscas
arqueológicas mais recentes, como os riquíssimos manuscritos do Mar Morto,
deixados nas cavernas de Qumran pelos Essênios, após a destruição de Jerusalém,
e encontrados em 1947.
Apos essa
descoberta, na Escola Bíblica de Jerusalém, teólogos e religiosos, de vários
segmentos cristãos reunidos, compilaram uma bíblia atualizada com as novas
informações, cuja tradução foi denominada A Bíblia de Jerusalém.
Os
Evangelhos (Evangelho significa Boa Nova, livro portador da mensagem) nasceram
do desejo dos fiéis de possuírem, por escrito, a pregação dos Apóstolos,
narrando a vida e a mensagem de amor de Jesus. A Igreja Católica rejeitou
inúmeros textos, por considerá-los de autenticidade duvidosa e aceitou como
canônicos, isto é, divinamente inspirados, apenas quatro Evangelhos: Mateus, Lucas,
Marcos e João.
Todos
começaram a ser escritos muitos anos após a morte de Jesus, embora não se
conheça as datas com exatidão.
É
interessante notar que os Evangelhos são sempre intitulados da seguinte forma:
“Evangelho segundo Mateus“, “Evangelho segundo João”, etc. É provável que nem
todos os textos tenham sido escritos diretamente pelos evangelistas, mas sim
por outras pessoas que se baseavam em seus depoimentos e anotações, pois, a
exceção de Mateus e Lucas, os discípulos eram pessoas bastante simples do ponto
de vista intelectual.
Por serem
muito semelhantes entre si, os Evangelhos de Mateus, Marcos e Lucas são
conhecidos como sinópticos. O Evangelho de João é considerado o mais espiritual
de todos.
A influência
dos ensinamentos evangélicos é sentida em todo o mundo, através de todos os
tempos, trazendo o código moral que permite a criatura sua renovação interior,
pensando nosso caminho evolutivo com maior serenidade, confiança, esperança,
até a perfeição relativa e a felicidade para a qual fomos criados.
OS AUTORES DOS EVANGELHOS
EVANGELHO
SEGUNDO MATEUS
Mateus -
Também chamado Levi, era cobrador de impostos (publicano) em Cafarnaum. Seu
Evangelho (O primeiro do NT) foi escrito em aramaico, narra principalmente as
pregações na Palestina e era destinado aos judeus, para convencê-los de que
Jesus era o Messias prometido ao povo hebreu. No seu Evangelho ha muitas citações
do Antigo Testamento.
EVANGELHO SEGUNDO MARCOS
Marcos -
João Marcos, primo de Barnabé, discípulo de Pedro e seu companheiro nas
pregações. Pedro falava aramaico, e era traduzido para o grego, por Marcos.
Considerado o “eco da voz de Pedro“. Esse aprendizado deve ter influenciado os
seus escritos. Ele também fez parte da primeira viagem de Paulo. Seu Evangelho
(O segundo do NT) foi escrito em grego e procura demonstrar com clareza que
Jesus era, verdadeiramente, Filho de Deus. Não era dirigido essencialmente aos
judeus, mas aos cristãos da Igreja Romana convertidos do paganismo.
EVANGELHO SEGUNDO LUCAS
Lucas - Era
médico, pagão, natural de Antióquia, bastante culto. Não conheceu Jesus em
vida, mas converteu-se ao Cristianismo graças à pregação de Paulo, seguindo-o
em quase todas as suas viagens missionárias. Seus textos foram elaborados a
partir de sua convivência e de seu acesso pessoal aos apóstolos e a Maria, mãe
de Jesus.
Foi Lucas
quem deu aos seguidores de Jesus o nome de cristãos. Além do seu Evangelho (O
terceiro do NT), atribui-se também a ele a autoria dos “Atos dos Apóstolos“.
Seu Evangelho também foi escrito em grego e é dirigido aos pagãos convertidos.
EVANGELHO SEGUNDO JOÃO
João - O
quarto Evangelho do NT foi escrito por um discípulo direto de Jesus, um dos
doze apóstolos: João, conhecido como o Evangelista, testemunha da vida e da
morte de Jesus. Ele foi o único apostolo a estar com Jesus na sua crucificação
e foi a ele que o Mestre entregou Maria, sua mãe, para que ficasse sobre seus cuidados.
João tornou-se, posteriormente, líder da comunidade crista de Jerusalém, ao
lado de Tiago e Pedro.
Além do
quarto Evangelho, é o autor do Apocalipse e de três Epistolas do NT.
ATOS DOS APÓSTOLOS
“Atos“ é o
quinto livro do NT, escrito em grego. Lucas foi o autor de “Atos“,
provavelmente entre 80 e 90 d.C., e se apresenta como a continuação de seu
Evangelho. Ele descreve a igreja nascente, as primeiras comunidades cristas,
seus triunfos e dificuldades, o esforço para seguir o ensino do Cristo e para
divulgar a sua doutrina de amor e paz.
Embora o
relato se refira aos atos dos Apóstolos, seus principais protagonistas são Pedro
(12 primeiros capítulos) e Paulo (os 16 capítulos restantes) - dois personagens
fundamentais no Cristianismo.
Lucas
escreveu uma obra histórica: Seu Evangelho abrange os atos e ensinamentos de
Jesus até sua ascensão aos céus; e “Atos“ é a comprovação de que Jesus, lá do
Plano Espiritual, continua sua missão através de seus discípulos. Por isso,
“Atos“ é chamado também de “Evangelho do Espírito Santo“ ou “Evangelho do
Espírito de Jesus“. Para os espíritas é o “Evangelho da Mediunidade“.
AS EPÍSTOLAS
CARTAS
DE PAULO
Paulo de
Tarso é provavelmente o personagem mais conhecido e mais admirado do NT, depois
de Jesus. A sua personalidade apaixonada, a sua vida dedicada a um ideal
religioso, primeiro defendendo o Judaísmo e perseguindo os cristãos, posteriormente
pregando com zelo e abnegação incansáveis a doutrina ensinada por Jesus,
impressiona-nos profundamente.
Suas catorze
cartas ou epistolas consistem em respostas a situações concretas do dia-a-dia
difícil que viviam os cristãos da época; são explicações e orientações,
conselhos, advertências, cuidados, dirigidos a pessoas ou comunidades cristãs e
para além delas, a todos os que se decidiram seguir os ensinos do Mestre.
EPÍSTOLAS UNIVERSAIS OU CATÓLICAS
As outras
sete Epístolas do NT foram escritas por diversos autores: uma de Tiago, três de
João, duas de Pedro e uma de Judas. Foram reunidas e denominadas de “católicas
ou universais“, porque a maioria delas não é direcionada a pessoas ou
comunidades em particular, mas aos cristãos em geral.
O APOCALIPSE
Depois de
perseguido, João, o quarto Evangelista, foi exilado na ilha de Patmos, na
Grécia, onde escreveu também o Apocalipse, um livro considerado profético. O
Apocalipse (Revelação) é considerado o livro profético do NT e tem até hoje as
mais diversificadas interpretações dentro das várias religiões. Seu objetivo
principal é sustentar a fé e a esperança nos momentos de testemunho e renovação
da humanidade, alertando-nos para a nossa responsabilidade frente às escolhas
evolutivas que fazemos.
OS EVANGELHOS APÓCRIFOS
O
TERMO APÓCRIFO
Essa palavra
tem origem no grego “apokrypha“, que significa “escondido“. Costuma ser usada
por escritores e/ou autoridades religiosas para indicar temas, textos ou obras
de origem ignorada ou duvidosa, falsa ou sem autenticidade comprovada.
Apócrifos
(dicionário Aurélio): “Entre os católicos, Apócrifos eram os escritos de
assuntos sagrados que não foram incluídos pela Igreja no Canon das Escrituras
autêntica e divinamente inspiradas”.
O TERMO CANÔNICO
A palavra deriva
de “Cânon“, que é o catálogo de Livros Sagrados admitidos pela Igreja Católica,
livros divinamente inspirados. A maior parte dos textos considerados apócrifos
surgiu entre os séculos II e IV d.C., na mesma época dos denominados canônicos.
A escolha
dos Evangelhos canônicos e a rejeição dos apócrifos não foram pacíficas: houve
inúmeros problemas e controvérsias, perseguições e exílios de bispos
discordantes, jogos políticos, uso e abuso de poder, imposições pela forca e
até lutas corporais, para que se definisse o que deveria ou não fazer parte da
Bíblia.
O termo
canônico surgiu a partir de 385 d.C., quando foi solicitado a São Jerônimo que
avaliasse os evangelhos existentes. Foram aprovados como canônicos os
Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João.
Em 1945, em
Nag Hammadi, no Egito, foram encontrados diversos textos, entre os quais alguns
que passaram a ser denominados Evangelhos apócrifos. Existem mais de 60
Evangelhos apócrifos, mas esse é um número que provavelmente esta longe de ser
exato. Exemplos: Evangelho de Tomé, de Pedro, de Felipe, de Tiago, dos Hebreus,
Judas, dos Nazarenos, dos Doze, dos Setenta, dos Judeus, dos Egípcios, de
Madalena, entre outros.
O importante
é que saibamos analisar cada obra pelo seu conteúdo, isto é, pela sua essência
moral, que é a marca do Cristo. O conhecimento traz a responsabilidade da
prática que se traduz pela vivência diária dos ensinamentos do Mestre.
QUESTÃO
REFLEXIVA:
Os textos
canônicos e os apócrifos fazem parte da história religiosa do ser humano. Qual
deve ser a atitude do espírita em relação a esses testos?
Bibliografia
A Bíblia de
Jerusalém.
Kardec,
Allan - A Gênese - Ed. FEESP.
Kardec,
Allan - O Livro dos Espíritos - Ed. F EESP.
Lippelt,
Waldyr C. - A Bíblia, um Estudo Sinóptico - Ed. F EESP.
Kardec,
Allan - O Evangelho Segundo o Espiritismo - Ed. F EESP.
Martins,
Sebastião P. - História da Formação do Novo Testamento.
Fonte da imagem: Internet Google.
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