CARACTERÍSTICAS BÁSICAS DO ESPÍRITA: PACIÊNCIA, INDULGENCIA, FÉ, HUMILDADE, DIGNIDADE E CARIDADE.

terça-feira, 8 de março de 2016

1ª Aula Parte A – CURSO APRENDIZES DO EVANGELHO 1º ANO – FEESP

A Evolução Da Religiosidade Através Dos Tempos

O Início

Quando observamos nosso mundo, ficamos admirados com toda a diversidade cultural e religiosa que encontramos. Há uma multiplicidade de manifestações que estampam uma infinidade de tons e matizes, e ressaltam a beleza do processo de evolução da religiosidade humana.

Sinos ainda podem ser ouvidos em Jerusalém, essa grande cidade que abrigou e ainda abriga diversas religiões.

No extremo oriente, as vozes dos antigos sábios da China, da Índia, do Tibet ainda ecoam por aquelas nações. As mensagens indeléveis do Buda, de Krishna, de Lao Tse, de Confúcio, compõem um verdadeiro acervo de religiosidade e sabedoria.

As mensagens redentoras do Cristo dividiram a História, transformaram o mundo e originaram a maior religião de nosso planeta. Compuseram, no entanto, por ora, não uma plena unidade, mas, diante da capacidade humana de diversificar, de interpretar segundo seu grau de entendimento, deram origem a um sem número de seitas, correntes, escolas, etc.

Naturalmente, tudo isso faz parte da evolução do Ser. Mas como tudo isso começou? Como e por que se formaram as primeiras religiões? Que impulso é esse que faz com que todos os povos, todos os homens busquem esse algo além de suas vidas materiais?

Façamos uma viagem no tempo e regressemos em momento anterior aos grandes profetas, anterior a todos os sábios da antiguidade, anterior a todos os sinos e trombetas, anterior a todas as seitas, escolas, sistemas, anterior a todas as civilizações que conhecemos.

Essa conquista - eis que o sentimento de religiosidade é uma aquisição do Espírito - iniciou-se nos primórdios da evolução. Foi um longo trabalho no tempo para o despertar da consciência espiritual.

Somos o resultado do acumulo de experiências! Cada ser vive, vê o mundo e suas facetas de modo diverso, segundo seu grau de evolução.

A diversidade das religiões obedece ao fato de que na evolução, cada um de nos desenvolveu sua espiritualidade, também de modo diverso. Cada qual busca em si forças para viver, saúde, proteção; enfim, busca a felicidade.

Na antiguidade mais remota, para os hominídeos, o céu era um ponto de interrogação, um mistério total. A princípio o termo DEUS não significava o “Senhor da Natureza“, mas todo ser existente fora das condições de humanidade.

Desprovido da capacidade de abstração, ou seja, de pensar sobre a vida teoricamente, conceitualmente, simples e ignorante das leis que regiam o mundo, observa os fenômenos naturais com admiração, perplexidade e certa idolatria.

O que representava para ele a ação furiosa de um vulcão em erupção, o ataque feroz de um animal selvagem?

Que força e poder detinha um raio, um trovão? Quais os mistérios encontrados nos rios e mares, de onde tirava os meios de sobrevivência?

Estas e muitas outras questões instigavam este Ser, estimulando-o a observação dos motivos e meios pelos quais estes fenômenos aconteciam. Adorou desde o principio, tudo o que transcendia e mostrava força e poder.

Na sua trajetória evolutiva, desenvolveu primeiro a sensibilidade e a imaginação, depois a razão. Buscando o significado essencial de adoração, podemos remeter-nos a questão 649 de “O Livro dos Espíritos”:

P. Em que consiste a adoração?

R. É a elevação do pensamento a Deus. Pela adoração o homem aproxima d'Ele a sua alma.

E a seguir, na questão 650:

P. A adoração é o resultado de um sentimento inato ou produto de um ensinamento?

R. Sentimento inato, como o da Divindade. A consciência de sua fraqueza leva o homem a se curvar diante daquele que o pode proteger.

Desse capitulo de “O Livro dos Espíritos“ - Lei de Adoração - podemos sintetizar que:

- A adoração e a elevação do pensamento a Deus; é um sentimento inato, uma Lei Natural;

- Essa veneração leva o Homem a curvar-se diante d’Aquele que o pode proteger;

- O Homem primitivo venerava e idolatrava as forças da natureza, vistas como sobrenaturais e, portanto, Divinas;

- Projetava no ser divinizado sua imagem e semelhança, dando-lhe atributos humanos;

- Em sua concepção primária, e por medo e imaginação, busca agradar a Divindade, para submetê-la aos seus interesses, ofertando lhe tudo o que concebe ser bom. É a barganha com o Divino. Nesse universo, surgem os primeiros rudimentos do antropomorfismo. Antro: homem + morfhe: forma de = forma de homem.

Imaginemos os homens pré-históricos, imaginemos a sua admiração e tentativa de compreender as forças manifestas de um vulcão em erupção. Pensaria, talvez: “O Divino se movimenta... demonstra força e poderes, sobrenaturais e implacáveis...”

O medo o leva a esconder-se. De longe observava e talvez pensasse: “Como acalmar esta fúria? Como fazê-la minha aliada? Como aliciá-la a meu favor?”

Observando e analisando, deve ter concluído no simplismo de sua interpretação: “A força manifesta-se através de sons, cores, cheiros característicos, tem movimentos, ora calmos, ora rudes, demonstrando vontade e outros atributos que denotam personalidade e individualização.”

Tudo muito semelhante ao que ele sabe de si mesmo. Como atrair essa força a favor dele mesmo? Deve ter pensado: “Talvez se agradá-la, repetindo o modo como se manifesta, pintando-se com as cores que a caracteriza; tudo em busca da intimidade e da amizade das forças destruidoras.”

Se uma parte da erupção, como uma rocha incandescente, ficava próxima de sua moradia, passava a divinizá-la como parte do Deus maior ou filho deste. Tratava-o com mimo e proteção, porque fazia o mesmo com os seus, projetava, enfim, sua personalidade e valores emocionais para a divindade e assim acreditava que com ela estabelecia uma intimidade e parceria na vida.

Na busca de uma forma metódica de vislumbrar, de ver e abordar toda essa realidade acima exposta, podemos encontrar vários sistemas.

Um deles é o “método cultural“ dos antropólogos ingleses. Este método, a propósito, foi abordado por Herculano Pires em sua obra “O Espírito e o Tempo“. Lá, cita o autor:

“Para maior clareza do nosso estudo, servimo-nos do esquema que nos fornece o chamado método cultural dos antropólogos ingleses, aplicados por John Murphy, com pleno êxito, em seus estudos sobre as origens e a história das religiões”.

A antropologia, como sabemos, é a ciência que analisa física e culturalmente o Homem em seu avanço através dos tempos. E um estudo que assinala as variações, evoluções e o encadeamento entre cada uma das etapas que se sucedem umas as outras. Aqui, por ora, importa-nos apenas o panorama do avanço espiritual do Ser.

O esquema apresentado por Herculano Pires na obra a pouco referida, segue a seguinte sequência:

- Horizonte Tribal;

- Horizonte Agrícola;

- Horizonte Civilizado;

- Horizonte Profético, e

- Horizonte Espiritual (este último exigido agora pelo Espiritismo).

Vejamos, então, em rápida síntese, esses horizontes culturais:

1ª FASE: HORIZONTE TRIBAL

Esta fase caracteriza-se pelo mediunismo primitivo.

MEDIUNISMO - Palavra criada por EMMANUEL para designar a mediunidade natural. Engloba as práticas mágicas ou religiosas baseadas nas manifestações dos Espíritos. São práticas empíricas da mediunidade. Possui as seguintes fases sucessivas: primitivo, oracular e bíblico. Com o Espiritismo, transcende-se, e alcança-se a fase positiva da mediunidade.

Interpretavam-se, então, pela limitação intelectual, todas as coisas em termos exclusivamente humanos. Ao exterior eram aplicadas as noções básicas que se possuía da natureza humana, dando esta forma aos elementos naturais (Antropomorfismo).

Na questão 668 de “O Livros dos Espíritos” temos:

P. Os fenômenos espíritas, sendo produzidos desde todos os tempos e conhecidos desde as primeiras eras do mundo, não podem ter contribuído para a crença na pluralidade dos deuses?

R. Sem dúvida, porque os homens que chamavam Deus a tudo que era sobre-humano, os Espíritos pareciam deuses.

Assim o Politeísmo se desenvolve em diferentes graus; simultâneos, mas não necessariamente sucessivos.

Vejamos algumas modalidades:

- Litolatria - adoração de pedras, mares, rios, montanhas e relevos;

- Fitolatria - adoração de plantas, árvore, flores e bosques;

- Zoolatria - adoração de animais;

- Mitologia - adoração de seres como características humanas mescladas com animais...

Deste modo, do mineral ao humano, os elementos de adoração se misturam.

2ª FASE: HORIZONTE AGRÍCOLA

Vislumbrando o horizonte agrícola, ou seja, o mundo das primeiras formas sedentárias de vida social – diz Herculano Pires - vemos o animismo tribal desenvolver-se no plano da racionalização.

Outras características são: a domesticação de animais, a invenção e empregos de instrumentos, o aumento demográfico. Nesta fase, funde-se a imaginação com a experiência, dando origem a Mitologia popular, impregnada de magia. É o inicio das primeiras grandes civilizações.

3ª FASE: HORIZONTE CIVILIZADO

Nesta fase ocorre a formação dos estados Teológicos e do Mediunismo Oracular. Há o surgimento das classes sacerdotais. E o período do “Homem-Divino“, do “Monarca-Deus“. Surgem também as primeiras filosofias secretas. Na índia: a Vedanta, na Judéia: a Cabala, etc. Em muitos lugares, Religião e Estado apoiam-se na manipulação do poder.

4ª FASE: HORIZONTE PROFÉTICO

É caracterizada pelo Mediunismo Bíblico dos Profetas (especialmente entre o povo hebreu). Surge nesta época o que se denomina de “espírito civilizado“, caracterizado por três novas funções mentais:

a) a capacidade de formular conceitos abstratos;

b) a capacidade de formular juízos éticos, jurídicos e religiosos;

c) o poder de racionalização.

A individualização da ideia de Deus decorre da individualização humana.

5ª FASE: HORIZONTE ESPIRITUAL

Implantado por Jesus, é caracterizado pela mediunidade positiva. Aqui, ha a prevalência do mundo espiritual sobre o mundo físico, pela comunicação dos Espíritos com os homens, pelas muitas moradas, pela pluralidade das existências, pela Lei de Amor como a Lei Divina por excelência. Com Jesus, temos a libertação do dogmatismo!

QUESTÃO REFLEXIVA:

Comente sobre os primeiros passos do ser humano em sua busca por Deus.


Fonte da imagem: Internet Google.

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